domingo, 8 de abril de 2012

[Carta O BERRO] Relações da mídia com a ditadura: sobre um histórico debate da Falha de São Paulo - Vanderley Caixe

Relações da mídia com a ditadura: sobre um histórico debate da Falha de São Paulo

Aconteceu na noite desta quinta-feira, na Casa Fora do Eixo, em São Paulo, um programa histórico da Pós-TV de Lino Bocchini, sobre o tema da cumplicidade entre a mídia brasileira e a ditadura militar de 1964-85. Reuniram-se Lino, a jornalista Thaís Barreto, do Núcleo da Memória, a pesquisadora Beatriz Kushnir e o jornalista e escritor Alípio Freire. Bia talvez seja a principal pesquisadora brasileira das relações entre a mídia e a ditadura, e é autora do livro Cães de Guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988 (Boitempo, 2004), fruto de sua tese de doutoramento na Unicamp, para a qual realizou mais de sessenta entrevistas. Alípio foi militante da Ala Vermelha, grupo dissidente do PcdoB. Preso pela Operação Bandeirantes em 1969, esteve no DOPS, no Presídio Tiradentes, na Casa de Detenção do Carandiru e na Penitenciária do Estado de São Paulo. Trabalhou duas vezes na empresa Folha, a primeira em 1968, e depois de 1975 a 1979, período no qual testemunhou a demissão de Cláudio Abramo a pedido do II Exército.
O programa pode ser assistido na íntegra aqui:

No programa, Beatriz explica que dois fatos serviram de trampolim inicial para sua pesquisa. Os dez primeiros censores que chegaram a Brasília para servir à ditadura eram jornalistas, o que por si só já coloca em pauta a cumplicidade que norteia o livro. Em segundo lugar, na morte de Joaquim Alencar de Seixas sob tortura, no DOI-CODI (SP), ocorrera um fato curioso: seu filho Ivan Seixas, também torturado pelo carniceiro David dos Santos Araújo (que trucidava seres humanos no DOI-CODI com o codinome “Capitão Lisboa”), lera na Folha da Tarde a notícia da morte do pai 24 horas antes de que ela ocorresse. Numa saída com os torturadores, Ivan vê a manchete e, depois de regressar ao inferno do DOI-CODI, encontra seu pai ainda vivo. Ele só seria assassinado um dia depois.
O episódio mostra – e há outros do mesmo tipo – que a colaboração da Folha com a ditadura militar foi além do apoio puro e simples, em editoriais golpistas antes de 31/03/1964 e em sustentação ideológica depois de instalado o regime. Essa colaboração também incluía a produção antecipada da mentira sobre a morte, manchetada, em geral, como resultado de um tiroteio ou um acidente antes que o regime procedesse ao assassinato da vítima. No momento do assassinato, a vítima já estava, perante os olhos do público, “morta como resultado de tiroteio [ou acidente]”. A morte de Eduardo Leite, o Bacuri, assassinado pela ditadura, também foi anunciada antecipadamente, e de forma mentirosa, pela Folha. Seus torturadores chegaram a lhe exibir, no cativeiro, os jornais que afirmavam que ele havia fugido da prisão.
A pesquisa de Bia Kushnir e o testemunho de Alípio Freire também confirmam a já conhecida história do empréstimo de carros do grupo Folha às operações do DOI-CODI. Os carros serviram para albergar agentes da repressão em eventos de protesto contra a ditadura, para que dali eles capturassem ativistas de esquerda com mais facilidade. Os carros também foram usados para transportar presos políticos.
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O programa de Lino, que é uma verdadeira aula de história do Brasil, também tocou no tema da auto-censura e da delação. Como exemplo desta última, Alípio citou fato ocorrido no dia 07 de setembro de 1975, quando ele trabalhava an TV Bandeirantes. Alípio afirmou que depois de editada sua matéria sobre os desfiles, Roberto Corte Real, locutor do jornal do meio-dia, telefonou para a Polícia Federal, que recebeu cópias do programa.
No esforço de desarquivar o Brasil, é importante também abrir a caixa-preta da imprensa, inclusive para que os jornalistas que hoje lá trabalham possam saber um pouco mais sobre a história que lhes precede. Apesar da pesquisa pioneira de Beatriz e dos vários testemunhos de militantes anti-ditadura como Alípio, é impressionante como ainda sabemos pouco sobre esse capítulo do Brasil.
A QUEM INTERESSA A PRESCRIÇÃO ? - Ir Alberto

Nos Estados Unidos, Inglaterra e França não há prescrição. Se alguém comete um crime, passe o tempo que passar, quando for preso irá cumprir sua pena. Aqui no Brasil ninguém cumpre sua pena. Primeiro porque os processos são eternos. Depois porque o crime prescreve. Assim, até hoje nenhum parlamentar, juiz ou governante pagou pelos crimes que um dia cometeram. E não pagarão enquanto vigir o instituto da prescrição. A quem interessa a prescrição ? Ao cidadão trabalhador e pobre com certeza não. Só aos endinheirados e detentores de foro privilegiado - parlamentares, governantes, ministros e juízes.
O Blog Manifesto a Nação enviou ao Congresso Nacional mais de cem ementas de projetos de lei , entre estes o fim da prescrição nos direito civil e criminal do Brasil. Até agora nenhum deputado ou senador se manifestou a respeito . Por quê ?
Ajude a revogar o instituto da prescrição acessando e divulgando os projetos defendidos pelo Manifesto a Nação.

A Maior História já Contada - "Zeitgeist, o Filme", do norte-americano Peter Joseph, já teve 10 milhões de acessos desde quando foi lançado, em julho de 2007. Barbet

Com uma hora de duração, o filme, que até agora não bateu no circuito comercial, começa bem: história e astronomia puras, de mãos dadas, na tentativa de mostrar que Jesus Cristo teria sido uma invenção, digamos, da "mídia" romana para apascentar as massas. Os suaves estertores dessa teoria começam devagar para tentar provar que Jesus Cristo, nas palavras de Peter Joseph, é um "híbrido", um antropomorfismo que englobou várias entidades solares, de outras culturas milenares. Todas nascidas a 25 de dezembro, todas filhas de virgens, todas com 12 discípulos, todas crucificadas e ressuscitadas após 72 horas de suas inumações, vulgo enterros.

A primeira seção do vídeo é impecável, plangente e tira você do sério. Vejamos: desde 10000 a.C., entidades solares têm sido purpurinamente festejadas em várias culturas. O deus egípcio Hórus, por exemplo: nasceu a 3000 a.C., é um messias solar que luta contra o messias das trevas, Set, rei na noite. Hórus nasceu a 25 de dezembro, é filho de Isis-Meri, uma virgem. Quando nasceu, três reis seguiram as pegadas de sua aurora. Como Cristo, começou a pregar aos 12 anos de idade e foi batizado também aos 30 anos.

Tifão (como Judas a Cristo) o traiu. Hórus foi crucificado e ressuscitou três dias depois. Na Frígia, temos outro caso: o messias Attis nasce a 25 de dezembro, da virgem Nana, e passa por martírio, traição e calvário como Cristo.

Na Índia, em 900 a.C., Krishna nasceu da virgem Devaki, no mesmo dia de Cristo. Tudo igual, também, refere o filme, a Dionísio, na Grécia de 500 a.C., o mesmo também para Mittra, na Pérsia, renascido, depois de uma traição, a 25 de dezembro, só que em 1200 a.C. O que nivela os destinos de tantos avatares, tão iguais em culturas tão díspares e tão distantes em seus tempos e latitudes? "Zeitgeist" sustenta que, no hemisfério norte, a 22 de dezembro, o Sol encontra o seu ponto mais baixo, o solstício de inverno. A partir dessa data, por três dias, ele fica parado, morto. Volta a se mexer, isto é, renasce, somente a 25 de dezembro. No dia em que o astro atinge seu ponto mais baixo, você pode ver em cima dele o Cruzeiro do Sul, ou seja: o sol morreu na cruz. Em 25 de dezembro o sol volta a renascer e se alinha nos céus com a estrela mais brilhante na Terra nessa data, Sírius, que por sua vez está alinhada com as Três Marias.

O filme tenta dizer que essas coincidências astrológicas porfiaram por construir, em várias culturas, entidades solares, como Cristo, cujos apóstolos, por exemplo, nada mais representam que as 12 constelações pelas quais o sol passa durante 365 dias. Se você acha que tudo isso é lorota, veja o vídeo.

sábado, 7 de abril de 2012

Laerte Braga

A solicitação ou cogitação da Secretaria Geral da ONU de pedir o envio de tropas brasileiras à Síria é um simples jogo de cooptação da forças armadas brasileiras no processo de terror imposto ao Oriente Médio pelos Estados Unidos e Israel. Já é um escárnio a presença de militares brasleiros no Haiti e agora a presença de uma fragata brasileira nas forças que vigiam o Irã - apesar dos eufemismos qu...e usam . O governo Dilma cometeu o erro de enviar a fragata sob comando de um almirante, cometerá outro maior se aceitar um eventual convite para participar da "paz" na Síria. Os EUA e Israel (que hoje vai ocupando setores estratégicos em nosso país na moita e o responsável é Lula querem apenas transferir os custos da guerra que fazem, dos seus interesses envolvendo outros países e pior, criando condições objetivas para o controle das nossas forças armadas (comandaram o golpe de 1964 até com general deles aqui que falava português) e no futuro, eliminar qualquer perspectiva de nação livre, soberana, caminhos próprios, transformando-nos definitivamente em parte da Grande Colômbia que é como chamam a área que envolve Colômbia, Venezuela, Equador, Bolivia e Amazônia brasileira, para depois cuidar do resto, vale dizer, virarmos entreposto. O governo precisa acordar, se é que tem interesse e já não está dominado, penso que está e as forças armadas brasileiras, agarradas à intransigência de admitir que deram um golpe em 1964, expurgaram militares brasileiros lato senso, de evitar a punição de torturadores, precisam decidir se são forças armadas brasileiras ou forças auxiliares do império terrorista e capitalista dos EUA e de israel.

Te Amo - Barbet

Quem realmente foi Maria Madalena? Este documentário baseado no best-seller de Dan Burstein e Arne de Keijer trará muitos esclarecimentos sobre esta enigmátiga personagem bíblica - Barbet

O Evangelho Proibido de Judas - BBT

Ele é um dos homens mais odiados da história: Judas Iscariotes, o apóstolo que traiu Jesus. Durante séculos, seu nome significou deslealdade e trapaça. Mas esta imagem pode mudar. Escondido por quase duzentos anos, um evangelho ancestral emerge das areias do Egito e conta uma versão muito diferente sobre os últimos dias de Jesus, questionando o retrato de Judas como o "apóstolo do mal". Junte-se a National Geographic e a um time de investigadores bíblicos enquanto eles exploram a história deste extraordinário texto e lutam com seu significado religioso. Começou a corrida para determinar a autenticidade deste documento, reunindo seus pedaços antes que suas delicadas páginas se transformem em pó. Com dramatizações de qualidade cinematográfica e análises profundas de alguns dos maiores especialistas do mundo, O Evangelho Segundo Judas revela ao mundo moderno uma nova abordagem da traição que Jesus teria sofrido. Oque a igreja escondeu durante 2 mil anos,com exclusividade pra você !

Beethoven - 10.000 pessoas cantando no Japão - Antonioxistonet

Tenho recebido de vários amigos este filme estonteante: “Beethoven – 10.000 people singing in Japan!” Todos admiram, mas não explicam que aqueles 10.000 cantores estão ali gratuitamente, movidos por uma causa comum: lembrar os desaparecidos na catástrofe de há um ano, próximo de Sendai, no norte do Japão. Esta “cerimónia” é transmitida de Sendai, o maior centro urbano das proximidades da catástrofe de 2011! Como os japoneses (orientais e de outra cultura) lembram os desaparecidos e se unem no esforço de reconstrução... com o “Hino da Alegria!”… O Beato Diogo Carvalho, um missionário jesuíta, natural de Coimbra, martirizado em Sendai, em 22 de Fevereiro de 1624, deve ter lá estado em espírito a iluminar aquelas vozes!... E viram como estão todos vestidos?... Não há um único a destoar. Em 1993, aquando dos 450 anos da chegada dos portugueses ao Japão, não conseguimos reunir nos Jerónimos 450 vozes para cantar a mesma parte da Nona Sinfonia!... Só quem viveu entre os japoneses ou os conhece profundamente percebe o que está por trás deste belíssimo espectáculo... Sem dúvida, um povo ultra civilizado!... Já em 1550 São Francisco Xavier percebeu isso muito bem!... Vejam, ouçam, deliciem-se e emocionem-se!...

QUESTÃO DE NOME - Laerte Braga

Imagine que por esse Brasil continental num arroubo de “patriotismo”, naquele negócio de “ame-o ou deixe-o”, um pai vestido de verde e amarelo tenha ido ao cartório registrar o nome do filho e o nome dado ao funcionário era exatamente o de Emílio Garrastazu Medice, o carniceiro de plantão à época. E que tenha ficado assim Emílio Garrastazu Medice da Silva.
Jorge Rafael Videla foi um dos mais cruéis ditadores da safra latino americana de tiranos nas décadas de 60 e 70. Um funcionário público de 34 anos de idade conseguiu na justiça argentina mudar o seu nome de batismo. Jorge Rafael Videla. Segundo disse ao juiz o pai havia feito uma aposta com um irmão. O primeiro a ser pai de um filho homem daria o nome do presidente.
O funcionário alegou que perdeu empregos, era alvo de críticas, chacotas, enfim, que o nome Jorge Rafael Videla só lhe trazia problemas. O ex-ditador cumpre pena de prisão perpétua. Foi autorizado a mudar o nome. Agora é Jorge Videla Shiel. O sobrenome é o da mãe.
No Brasil há uma lei que proíbe nomes considerados aberrações. Garrastazu Medice seria sim uma aberração.
No auge da carreira do apresentador de tevê Flávio Cavalcanti – de extrema direita e com papel importante no golpe de 1964 – um pai num estado do Nordeste tentou colocar o nome de Flávio Cavalcanti Rei da Televisão Brasileira em seu filho. Não conseguiu.
Esses nomes bizarros são acrescidos de contradições. Em Minas houve ou há, não se tem notícia dele mais, um Lenine Hitler. 
Bem mais sincero e autêntico foi Mané Garrincha que quando um pai lhe disse, ao final do treino no Botafogo, que seu filho iria chamar Garrincha, disse na bucha – “deixa de ser bobo, bota João que é melhor”.
Sincero e autêntico porque Garrastazu Medice teria enviado um telegrama ao pai do hipotético Emílio Garrastazu Medice da Silva, até tirado foto com o bebê, como fez Flávio Cavalcanti. Foi além do telegrama. Passou quinze minutos de um dos seus programas falando sobre o fato e declinando “modestamente” da homenagem.
Em tempos passados quanto mais nomes fossem dados ao bebê mais forte ele seria. Era costume na nobreza. Dom Pedro II tinha quinze ou dezesseis nomes.
A quantidade de Luís Carlos existente no Brasil resulta do extraordinário prestígio popular do líder comunista Luís Carlos Prestes. Mas nenhum Luís Carlos Prestes do Partido Comunista Brasileiro da Silva. Luís Carlos bastava.
Quando o presidente Eurico Gaspar Dutra cassou o registro do PCB alegando tratar-se de organização estrangeira, um dos temores da direita no Brasil era que Prestes, então senador eleito pelo PCB no Rio de Janeiro, a capital do País, viesse a disputar a presidência e vencesse.
Eu não posso adivinhar o motivo que levou a mãe ou o pai do governador de Minas, Antônio Anastásia a buscar esse nome. Em voga à época o nome da princesa Anastácia, suposta sobrevivente da família real russa após a revolução de 1917.
Mas posso imaginar que o colírio Moura Brasil aliviou problemas oftalmológicos de Colírio Moura Brasil de Sousa.
Getúlio Vargas foi outro que deixou uma “prole” imensa. Juscelino nem tanto e Jânio nem deu tempo, renunciou com sete meses de governo.
Pelé andou em voga durante um bom tempo, mas com seu nome de batismo, Edson.
É fácil entender porque tanto José e tanta Maria. O curioso aí é que José é só José e Maria é das Graças, de Fátima, das Dores, Maria José, da Piedade e vai por aí afora.
Um senhor de escravos, barão dos velhos tempos, para que não houvesse erros quanto ao tratamento a ser dispensado à sua filha chamou-a de Senhorinha Barão não sei das quantas. Lá pelo fim, depois do sexto ou sétimo qualificativo, vinha o nome Maria da Glória.
O trem é complicado e nem Freud se aventurou por esse terreno.
Mas convenhamos Jorge Rafael Videla é dose para leão, como dose para leão seria – quem sabe não existe? – Emílio Garrastazu Medice da Silva. No caso do brasileiro o problema seria o desconhecimento da imensa maioria das pessoas. No máximo uma pergunta sobre o esquisito Garrastazu. Nome de carrasco francês.
Qual era o nome do cara que baixou a lâmina da guilhotina cortando o pescoço de Maria Antonieta? Garrastazu?
O daqui tinha métodos diferentes. Pau de arara, choques elétricos, estupros, porradas pura e simplesmente e um monte de garrastazuzinhos incrustrados em DOI/CODI tudo em nome da “democracia”.
Não tem uma semana essa turma andou pulando de pára-quedas numa praia do Rio de Janeiro, saudando o golpe de 1964 no Clube Militar e inflando o peito em patriotismo acendrado todos vestidos com a saia modelo Geisel da anistia ampla, geral e irrestrita.
Já o Videla original está na cadeia e lá vai ficar o resto da vida. É lugar de tiranos, de torturadores.
Nos velhos carnavais havia uma dessas marchinhas que hoje não se encontra mais, dizendo que em Cuba quem anda na contramão vai para o paredón e aqui, acaba na televisão.
Ou colunista da FOLHA DE SÃO PAULO.
Já pensou um pai patriota batizando o filho de Brilhante Ulstra Patriota do Brasil Pereira da Silva
Ia haver uma revolução só de Pereiras da Silva indignado

O CACHOEIRA É CACHOEIRINHA - Laerte Braga

A corrupção no Brasil é conseqüência do sistema político e econômico. A expressão “desprivatizar o Estado” foi usada, pelo menos eu a ouvi pela primeira vez, na campanha de 1989. E da boca de Roberto Freire, hoje um dos principais aliados da privataria tucana. Foi em resposta a uma pergunta numa palestra sobre os propósitos anunciados por Collor de Mello, ambos eram candidatos a presidente, de privatizar setores essenciais da economia.
Collor chamava isso de “modernizar o Estado”. Como não deu certo chamaram FHC.
Quem?
Os principais acionistas do Estado brasileiro. Banqueiros, grandes corporações nacionais e internacionais e latifúndio.
Quando a REDE GLOBO através do FANTÁSTICO denunciou uma série de contratos fraudulentos de terceirização de serviços públicos e colocou-se como paladina da moral e dos bons costumes, estava, na prática, denunciando bagrinhos que despencavam nessas várias cachoeiras da corrupção.
Se quisesse mesmo denunciar corrupção de alto coturno teria pego empresas como a QUEIROZ GALVÃO, a NORBERTO ODEBRECHT, a ANDRADE GUTIERREZ, os grandes bancos que operam no País, as companhias que foram agraciadas com os serviços de telefonia e energia no governo de FHC e todo o entorno da PETROBRAS que FHC conseguiu colocar em mãos de companhias estrangeiras, descaracterizando a empresa brasileira.
Ou toda a malha de máfias que opera os serviços públicos privatizados ou terceirizados e ainda os que executam obras públicas sob contrato.
Não o fez e nem o fará, existe concorrência entre essas máfias e a GLOBO é parte delas.
O mesmo vale para VEJA, hoje caracterizada como revista de uma banda do crime organizado.
Carlinhos Cachoeira é uma queda de pequeno porte diante das grandes quadrilhas financeiras e empresariais e Demóstenes Torres um anão perto de FHC, José Serra, Pedro Malan, Geraldo Alckimin, Aécio Neves, Daniel Dantas, Nagi Nahas, etc. Um fio d’água nesse processo.
Capitalismo e corrupção são inseparáveis. Um é parte intrínseca do outro.
Quando o então delegado Protógenes Queiroz chegou perto da cúpula dessas máfias, a prisão de Daniel Dantas, a reação foi imediata e fulminante. Gilmar Mendes, à época presidente do Supremo Tribunal Federal – STF – concedeu dois habeas corpus em menos de duas horas, a Operação Satiagraha foi desqualificada e Protógenes jogado no inferno da execração pública por supostas irregularidades na investigação. Ele, o juiz e o procurador que participaram da Operação.
Para tirar o foco da repercussão negativa dos habeas corpus, num espaço ínfimo de tempo arranjaram uma gravação de conversa entre o senador Demóstenes Torres e o ministro Gilmar Mendes, virou capa de VEJA e a acusação estrondosa – o gabinete de Gilmar Mendes estava sendo alvo de escutas ilegais por parte da ABIN. Lula não comprou a briga, como de fato não comprou nenhuma briga grande em seu governo, contornou os momentos difíceis – afinal é um clube de amigos e inimigos cordiais – e afastou o diretor da ABIN.
Mataram o assunto, esvaziaram a Satiagraha, recolocaram a “reputação” de Gilmar Mendes no seu lugar (um lugar complicado), mas essencial dentro do clube.
A maior parte, esmagadora, de deputados e senadores faz suas campanhas com doações de bancos, empresas e latifundiários. É uma forma de ver o problema dos financiamentos de campanhas eleitorais. No duro mesmo a esmagadora maioria dos deputados, senadores, governadores, prefeitos, deputados estaduais, etc, etc, é resultado de ajustes entre os principais acionistas do Estado. Compram, é simples.
Demóstenes Torres é um dos que integram o grupo de faz tudo. Fac totum. Opera para bancos, para empreiteiras, como opera para Carlinhos Cachoeira.
Desde as grandes quedas d’água como a QUEIROZ GALVÃO, os bancos, etc, como as pequenas, aquelas denunciadas pela GLOBO no FANTÁSTICO.
Há uma regra básica nas máfias. Se alguém cai as “famílias” cuidam das famílias do que caiu, mas esse vai para o brejo sozinho, pois se abrir a boca acorda no fundo de uma cachoeira preso a um bloco de concreto.
Demóstenes sabe disso. Não vai colocar em risco uma aposentadoria tranqüila. O argumento de seu advogado, segundo o qual as escutas eram ilegais, pois como senador tem foro privilegiado são ridículas. Carlinhos Cachoeira era o alvo das investigações, Demóstenes foi um peixe pego em meio a queda do fio d’água. No momento da denúncia basta ao procurador denunciá-lo ao STF e pronto. Não há como excluir essas escutas, essas gravações.
Qualquer governo que se disponha a governar segundo as regras do jogo acaba dentro dessa armadilha. Bancada evangélica, bancada ruralista, quadrilhas específicas que atuam no Congresso Nacional ao lado de figuras como Demóstenes, Stephan Nercessian, Roberto Freire, ACM Neto e por conta disso acaba desfigurado em seus propósitos como aconteceu com o governo Lula e acontece com o governo Dilma.
Refém de figuras como Michel Temer por exemplo
Sob constante ameaça de escândalos fabricados pela mídia de mercado.
Verdadeiros ou não.
Um exemplo? A GLOBO sabe que o sogro de Sérgio Cabral é o “dono” do negócio de transportes coletivos em boa parte dos municípios do estado do Rio, quer colocar as mãos no bonde de Santa Teresa e transformá-lo em privilégio para turistas, mas não denuncia.
O que há é guerra de quadrilhas, ou ajuste da placas tectônicas das máfias que operam e controlam o Estado como instituição em suas três dimensões (nacional, estaduais e municipais), situação que se repete historicamente desde a primeira quadrilha de banqueiros, ou grandes empresários, ou latifundiários, na história da humanidade.
Num dado momento alguém vai para o sacrifício. É preciso mostrar ao povo que “estão atentos” na vigilância da coisa pública.
Não é nem o caso da Polícia Federal nessa situação de Carlinhos Cachoeira. No duro mesmo entra de gaiato nessa conversa toda. No tempo de FHC nem se movia diante de verdadeiras monstruosidades no processo de privatizações.
Carlinhos Cachoeira, bandido sim, vai pagar o pato até um determinado ponto. Demóstenes Torres idem ibidem e o rio volta a correr normalmente até o momento em que vira a grande cachoeira de banqueiros, empreiteiros, latifundiários, as grandes corporações multinacionais que controlam o Brasil, o de sempre.
A questão é de modelo político e sistema econômico. O capitalismo não leva a lugar nenhum diferente disso que estamos vendo. A ênfase que a mídia de mercado coloca nas denúncias faz parte do espetáculo, do show para manter inerte e ludibriada a esmagadora maioria dos brasileiros.
Eike Batista, outro exemplo. Vira modelo de empreendedor, de gerador de progresso, etc, mas salva o seu, afunda suas empresas com o dinheiro do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – e vende tudo para um fundo de Abu Dhabi.
E o Brasil e os brasileiros vamos para as cucuias.
Ao lado as privatizações do governo FHC, um dos maiores crimes que se cometeu contra o País foi o acordo de livre comércio entre o Brasil e Israel, no governo Lula. Grupos econômicos sionistas começaram a comprar o País de forma voraz e o que chamam de potência emergente, aquela que surge no cenário como protagonista, é apenas potência de ocasião, ou seja, no tempo certo, a critério dos donos, vira entreposto.
Estão infiltrados em setores chaves do Estado.
Por trás do fio d’água Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres, o governador Marcondes Perrillo de Goiás (que retirou de circulação a revista CARTA CAPITAL em seu estado por revelar suas ligações com Cachoeira), existe uma corja muito maior.
Está aboletada no Estado, controla o mundo institucional e nenhuma eleição vai resolver esse tipo de problema.
A luta é nas ruas até porque nem somos mais o ponto nevrálgico da América Latina como dizia Nixon e sempre imaginaram os norte-americanos. Somos agora parte da Grande Colômbia.
E isso tudo com governo petista. Imagine se fosse tucano.

domingo, 1 de abril de 2012

ONDE ESTÁ O AMOR?
Barbet
01 abril 2012

Certamente,
Caminhando por aí, prestando atenção,
Procurando um Lugar para se alojar.
Ele não é exigente, simplesmente sente e
Precisa de algo para combinar.

Bem, o Vejo no sorriso verdadeiro,
Nas palavras do poeta se forem do coração,
Nas escritas dos jornalistas coerentes,
Na emoção que alimenta tantas lutas,
Na labuta mais pesada pelo pão.

Por vezes,
Esconde-se atrás das palavras mais ríspidas,
Quando direcionadas ao melhoramento,
No acalento tão necessário á vida,
Nos pequenos momentos.

Ele é tão necessário,
Morremos por ele se for preciso,
Instiga OS mais céticos a pensar e
Tenta fazê-lOS de alguma forma acreditar
Na força de se conseguir amar.

Ah! O amor é apaixonante,
Uma utopia para OS mais resistentes,
Presente sempre mesmo quando não se sente,
Ao alcance das mãos em modo transparente,
Fast-food Na linguagem popular,
Basta querer aceitar.

***

ORAÇÃO DE UM VICIADO CRÔNICO TERMINAL EM CRACK.(A AMY WINEHOUSE)



Eu te disse que eu era problema, você sabe que eu não sou boa
Eu me enganei como eu sabia que enganaria
Eu te disse que eu era problema, você sabe que eu não sou boa
I know I´m no good

crack nosso que estais no céu,
santificado seja o vosso nome,
vem a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no céu.
A pedra nossa de cada dia nos daí hoje,
perdoai-nos as nossos roubos,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem roubado,
não nos deixei cair em abstinência
mas livrai-nos da overdose
Amém.

Mon Cher Poète - Barbet

"Le cinéma, comme la peinture, montre l'invisible."

Haroldo Oliveira

A Lei de Murphy diz que "Se alguma coisa puder correr mal, correrá mal." Esta é a frase mais conhecida do engenheiro aeroespacial norte-americano Edward Murphy, criada depois de uma experiência mal sucedida que consistia em testar a tolerância à gravidade por seres humanos.

As 100 melhores Leis de Murphy
1. Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.
2. Um atalho é sempre a distância mais longa entre dois pontos.
3. Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual.
4. Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível.
5. Se há possibilidade de várias coisas darem errado, todas darão - ou a que causar mais prejuízo.
6. Se você perceber que uma coisa pode dar errada de 4 maneiras e conseguir driblá-las, uma quinta surgirá do nada.
7. Seja qual for o resultado, haverá sempre alguém para:
a) interpretá-lo mal. b) falsificá-lo. c) dizer que já o tinha previsto em seu último relatório.
8. Quando um trabalho é mal feito, qualquer tentativa de melhorá-lo piora.
9. Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série.
10. Toda vez que se menciona alguma coisa: se é bom, acaba; se é ruim, acontece.
11. Em qualquer fórmula, as constantes (especialmente as registradas nos manuais de engenharia) deverão ser consideradas variáveis.
12. As peças que exigem maior manutenção ficarão no local mais inacessível do aparelho.
13. Se você tem alguma coisa há muito tempo, pode jogar fora. Se você jogar fora alguma coisa que tem há muito tempo, vai precisar dela logo, logo.
14. Você sempre encontra aquilo que não está procurando.
15. Quando te ligam: a) se você tem caneta, não tem papel. b) se tem papel não tem caneta. c) se tem ambos ninguém liga.
16. A Natureza está sempre à favor da falha.
17. Entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável.
18. Quase tudo é mais fácil de enfiar do que de tirar.
19. Mesmo o objeto mais inanimado tem movimento suficiente para ficar na sua frente e provocar uma canelada.
20. Qualquer esforço para se agarrar um objeto em queda provocará mais destruição do que se deixássemos o objeto cair naturalmente.
21. A única falta que o juiz de futebol apita com absoluta certeza é aquela em que ele está absolutamente errado.
22. Por mais bem feito que seja o seu  trabalho, o patrão sempre achará onde criticá-lo.
23. Nenhum patrão mantém um empregado que está certo o tempo todo.
24. Toda solução cria novos problemas.
25. Quando político fala em corrupção, os verbos são sempre usados no passado.
26. Você nunca vai pegar engarrafamento ou sinal fechado se saiu cedo demais para algum lugar.
27. Os assuntos mais simples são aqueles dos quais você não entende nada.
28. Dois monólogos não fazem um diálogo.
29. Se você é capaz de distinguir entre o bom e o mal conselho, então você não precisa de conselho.
30. Ninguém ficará batendo na sua porta, ou telefonando para você, se não houver trabalho algum a ser feito.
31. O trabalho mais chato é também o que menos paga.
32. Errar é humano. Perdoar não é a política da empresa.
33. Toda a idéia revolucionária provoca três estágios: 1º. é impossível - não perca meu tempo. 2º. é possível, mas não vale o esforço 3º. eu sempre
disse que era uma boa idéia.
34. A informação que obriga a uma mudança radical no projeto sempre chega ao projetista depois do trabalho terminado, executado e funcionando maravilhosamente (também conhecida como síndrome do: "Porra! Mas só agora!!!").

35. Um homem com um relógio sabe a hora certa. Um homem com dois relógios sabe apenas a média.
36. Inteligência tem limite. Burrice não.
37. Seis fases de um projeto: Entusiasmo; Desilusão; Pânico; Busca dos culpados; Punição dos inocentes; Glória aos não participantes.
38. Conversas sérias, que são necessárias, só acontecem quando você está com
pressa.
39. Não se dorme até que os filhos façam cinco anos.
40. Não se dorme depois que eles fazem quinze.
41. O orçamento necessário é sempre o dobro do previsto. O tempo necessário é o triplo.
42. As variáveis variam menos que as constantes.
43. Pais que te amam não te deixam fazer nada. Pais liberais, não estão nem ai para você.
44. Entregas de caminhão que normalmente levam um dia levarão cinco quando você depender da entrega.
45. O único filho que ronca é o que quer dormir com você.
46. Assim que tiver esgotado todas as suas possibilidades e confessado seu fracasso, haverá uma solução simples e óbvia, claramente visível a qualquer outro idiota.
47. Qualquer programa quando começa a funcionar já está obsoleto.
48. Nenhuma bola vai parar em um vaso que você odeia.
49. Só quando um programa já está sendo usado há seis meses, é que se descobre um erro fundamental.
50. Crianças nunca ficam quietas para tirar fotos, e ficam absolutamente imóveis diante de uma câmera filmadora.
51. Nenhuma criança limpa quer colo.
52. A ferramenta quando cai no chão sempre rola para o canto mais inacessível do aposento. A caminho do canto, a ferramenta acerta primeiro o seu dedão.
53. Guia prático para a ciência moderna: a) Se se mexe, pertence à biologia. b) Se fede, pertence à química. c) Se não funciona, pertence à física. d) Se ninguém entende, é matemática. e) Se não faz sentido, é psicologia.
54. O vírus que seu computador pegou, só ataca os arquivos que não tem
cópia.
55. O número de exceções sempre ultrapassa o numero de regras. E há sempre exceções às exceções já estabelecidas.
56. Seja qual for o defeito do seu computador, ele vai desaparecer na frente
de um técnico, retornando assim que ele se retirar.
57. Se ela está te dando mole, é feia. Se é bonita, está acompanhada. Se está sozinha, você está acompanhado.
58. Se o curso que você desejava fazer só tem n vagas, pode ter certeza de que você será o candidato n + 1 a tentar se matricular.
59. Oitenta por cento do exame final que você prestará, será baseado na única aula que você perdeu, baseada no único livro que você não leu.
60. Cada professor parte do pressuposto de que você não tem mais o que fazer, senão estudar a matéria dele.
61. A citação mais valiosa para a sua redação será aquela em que você não consegue lembrar o nome do autor.
62. Caras legais são feios. Caras bonitos não são legais. Caras bonitos e legais são gays.
63. A maioria dos trabalhos manuais exigem três mãos para serem executados.
64. As porcas que sobraram de um trabalho nunca se encaixam nos parafusos que também sobraram.
65. Quanto mais cuidadosamente você planejar um trabalho, maior será sua confusão mental quando algo der errado.
66. Tudo é possível. Apenas não muito provável.
67. Em qualquer circuito eletrônico, o componente de vida mais curta será instalado no lugar de mais difícil acesso.
68. Qualquer desenho de circuito eletrônico irá conter: uma peça obsoleta, duas impossíveis de encontrar, e três ainda sendo testadas.
69. O dia de hoje foi realmente necessário?
70. A luz no fim do túnel, é o trem vindo na sua direção.
71. A vida é uma droga. E você ainda reencarna.
72. Se está escrito "Tamanho Único", é porque não serve em ninguém.
73. Se o sapato serve, é feio!
74. Nunca há horas suficientes em um dia, mas sempre há muitos dias antes do sábado.
75. Todo corpo mergulhado numa banheira faz tocar o telefone.
76. A beleza está à flor da pele, mas a feiúra vai até o osso!
77. A informação mais necessária é sempre a menos disponível.
78. A probabilidade do pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.
79. Confiança é aquele sentimento que você tem antes de compreender a situação.
80. A fila do lado sempre anda mais rápido.
81. Nada é tão ruim que não possa piorar.
82. O material é danificado segundo a proporção direta do seu valor.
83. Se você está se sentindo bem, não se preocupe. Isso passa.
84. No ciclismo, não importa para onde você vai; é sempre morro acima e contra o vento.
85. Por mais tomadas que se tenham em casa, os móveis estão sempre na frente.
86. Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda, e o que não sai.
87. Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.
88. Você sabe que é um dia ruim quando: O sol nasce no oeste; você pula da cama e erra o chão; o passarinho cantando lá fora é um urubu; seu bichinho de cerâmica te morde.
89. Por que será que números errados nunca estão ocupados?
90. Mas você nunca vai usar todo esse espaço de Winchester!
91. Se você não está confuso, não está prestando atenção.
92. Na guerra, o inimigo ataca em duas ocasiões: quando ele está preparado, e quando você não está.
93. Tudo que começa bem, termina mal. Tudo que começa mal, termina pior.
94. Amigos vêm e se vão, inimigos se acumulam.
95. "Pilhas não incluídas"
96. Você só precisará de um documento quando, espontaneamente, ele se mover
do lugar que você o deixou para o lugar onde você não irá encontrá-lo.
97. A crianças são incríveis. Em geral, elas repetem palavra por palavra aquilo que você não deveria ter dito.
98. Uma maneira de se parar um cavalo de corrida é apostar nele.
99. Toda partícula que voa sempre encontra um olho.
100. Um morro nunca desce.

Vanderley Caixe

Crise económica global:
Três anos de percurso

Osvaldo Martinez*
22.Mar.12 :: Outros autores

Osvaldo MartinezNo texto desta conferência proferida no Centro de Investigações de Economia Mundial, Osvaldo Martinez não só desmonta a argumentação dos vendedores da ilusão da retoma económica na Europa e Estados Unidos e «a fantasia social-democrata [de que] a luta de classes acabou”, como explica por que razão a América Latina, desta vez e por enquanto, parece ser imune à crise do capitalismo.


Não vamos fazer agora uma análise da genesis da crise, das suas causas. Já o debatemos anteriormente, e o melhor que podemos fazer agora é tirarmos algumas conclusões do que aconteceu nestes 38 meses já passados de crise, fazer o prognóstico de ora em diante e terminar com algumas reflexões sobre a situação peculiar que nela está a viver a América Latina.
Antes de iniciar a abordagem da crise queria comentar um comentário, que me parece interessante, porque dá ideia da temperatura político-ideológica, inclusive académica, que nesta crise se está a atingir. Apesar de pouco divulgado, alguns de vós provavelmente já o conhecem, porque é uma dessas notícias desagradáveis para o monopólio mediático: no dia 2 de Novembro um grupo de estudantes retirou-se em bloco da Cátedra de Introdução à Economia da Universidade de Harvard, como protesto pelo conteúdo e abordagem a partir do qual se lecciona esta matéria. Sabiam disto? O destinatário directo deste protesto foi o Professor Gregory Mankiw, ex-assessor de Bush e autor de um dos manuais de macro-economia mais usados, um livro extremamente popular no universo neoclássico. Os alunos entregaram uma carta explicando as suas razões, que se podem sintetizar no seguinte:
Indignação pelo vazio intelectual e a corrupção moral de grande parte do mundo académico, cúmplices, por acção e omissão, da actual crise económica; e vou citar alguns parágrafos avulsos dessa carta que os estudantes entregaram ao Professor Gregory Mankiw, como explicação das razões pelas se retirarem em bloco da aula, cito:
«Estamos hoje a abandonar a sua aula com o objectivo de expressar o nosso descontentamento com o caminho inerente a este curso. Um estudo académico legítimo da economia deve incluir uma discussão crítica das vantagens e dos defeitos dos diferentes modelos económicos. Na medida em que as suas lições não indicam as fontes primárias e raramente se apresentam artigos em revistas académicas, temos muito pouco acesso a aproximações económicas alternativas; não há qualquer justificação para a apresentação das teorias económicas de Adam Smith como algo mais fundamental ou básico que por exemplo a teoria keynesiana. Hoje estamos a retirar-nos da sua aula como protesto pela falta de discussão da teoria económica básica, e também para dar o nosso apoio a um movimento que está a mudar o discurso estadunidense sobre a injustiça económica: Ocupar Wall Street. Professor Mankiw, pedimos-lhe que leve a sério as nossas inquietações e a retirada da sua aula».
Isto não se passou numa qualquer Universidade, aconteceu na Universidade de super elite, a que forma a elite empresarial e política norte-americana, a Universidade de Harvard. Tudo isto dá ideia de até que ponto, inclusive entre estudantes da elite – para Harvard não vão estudantes pobres, salvo raras excepções – se está a silenciar este fenómeno da crise económica. E, naturalmente, o abismo entre o que se ensina nessas universidades nos cursos de Economia predominantes e o que na realidade está a ocorrer.
Para iniciar a abordagem destes três anos de percurso da crise económica global queria começar por algumas informações de carácter histórico que andam à volta do próprio conceito de crise; algumas delas demonstram quão longe do tema está a teoria económica neoclássica imperante. Em 1973, o prémio Nobel da Economia, muito famoso entre nós, Paul Samuelson, autor de um livro muito divulgado no mundo inteiro escrevia, e cito:
«O National Bureau of Economic Research trabalhou tão bem que de facto eliminou uma das suas tarefas principais, as flutuações cíclicas» e acrescentava: «Graças ao emprego apropriado de políticas monetárias e fiscais, o nosso de economia mista pode evitar os excessos dos booms e das depressões e desenvolver o crescimento económico são e sustentado».
Era a altura em que as crises se consideravam absolutamente domesticadas e não havia que temê-las.
Na história do Ocidente o termo crise remonta à Antiga Grécia, usou-o Tucídides na Guerra do Peloponeso e utilizava-o para definir o momento de decisão de uma batalha militar. Posteriormente, na Antiga Grécia o termo crise começou a usar-se na medicina. Hipócrates utilizou-o na medicina e no campo da medicina permaneceu durante séculos, até que no final do século XVIII, na Europa, se começou a aplicar a sucessos sociais. Na economia clássica burguesa o conceito de crise começa a ser debatido, não tanto em Adam Smith, quer porque escreve em finais do século XVIII, num momento de relativa imaturidade da economia capitalista quer, entre outras coisas, pelo conhecido «Dogma de Smith» que o impediu – juntamente com a referida imaturidade do capitalismo – de avançar muito no estudo das crises. Em David Ricardo já o tema das crises está mais elaborado, ainda que em toda a economia não marxista do século XIX haja um peso muito forte do dogma de Say, o de que «toda a oferta cria a sua própria procura», a partir do qual era impossível a ocorrência de uma crise económica. Marx, naturalmente, é o grande economista que, pela primeira vez, elabora uma teoria mais profunda e coerente sobre o tema das crises e é a partir da sua detecção da primeira crise na economia inglesa, em 1825, que estatisticamente estas se começam a verificar, e a partir de então podemos começar a falar de uma história das crises económicas capitalistas.
O termo crise económica, ou crise, em geral, foi tão prodigalizado que confunde, converteu-se numa espécie de jóquer que serve para qualquer coisa. Em Economia costuma chamar-se crise à fase descendente do ciclo e há, naturalmente, muitas variantes de crises económicas: financeiras, agrárias, comerciais, de sobreprodução, de subconsumo, etc., apesar de toda e qualquer a crise não ser somente económica mas envolver também o político, o cultural, etc. Um elemento interessante sobre isto foi Friedrich Engels ter dito, em 1870, que as crises que até aquele momento, na economia inglesa, se tinha observado com períodos aproximados de dez anos entre uma e outra, eram já coisa do passado e disse ainda o seguinte, e cito: «A supressão do monopólio inglês sobre o mercado mundial e os novos meios de comunicação – sublinho e os novos meios de comunicação, dito por Engels em 1870 – contribuíram para liquidar os ciclos decenais da crise industrial» e prognosticava um encurtamento do ciclo até chegar a uma espécie de «crise crónica», que ele chamou de uma «super crise», provavelmente acompanhada por guerras, pelo que, podemos dizer, é uma quase antecipação do desastre de 1914 a 1918: crise económica acompanhando a guerra mundial. Isto disse-o em 1870, e chamo a atenção como em referência às crises Engels sublinhava os «novos meios de comunicação», que na época eram o telégrafo e a navegação a vapor.
Entrando na situação actual da crise, dizia eu no começo que não ia entrar na sua etiologia e no desenvolvimento havido, começando pela crise imobiliária nos Estados Unidos, etc.
O que vou apresentar são algumas conclusões que creio podem extrair-se após três anos de crise.
Vou-as dizendo e comentando uma a uma, não necessariamente num encadeamento lógico, ou seja uma conclusão não é consequência da anterior, indicá-las-ei de uma forma aleatória.
Em primeiro lugar uma coisa óbvia que nunca é demais repetir: a actual crise é a mais grave, profunda e abrangente desde 1929, e é diferente de qualquer outra, ainda que o seu ADN seja o de uma crise capitalista, tipificada pela economia marxista. Não é uma crise norte-americana alargada ao resto do mundo como por vezes se apresenta, mas é uma crise global com centro nos Estados Unidos, o que não é o mesmo. Ela provocou comentários de muitas e personalidades conotadas com o sistema. Selecionando algumas destas personalidades, Paul Volcker, desde muito cedo, logo no rebentar da crise, chamou a atenção que esta era muito mais complicada que a crise de 1929. Brzezinsky comentou, também muito cedo, que estando de acordo em que esta crise era mais complicada que a 1929, falou do perigo de conflitos sociais que podiam tornar-se violentos. Hoje, de certo modo, começa a cumprir-se essa expressão de Brzezinsky, e já iremos falar um pouco da reacção social provocada pela crise. Dois conhecidos economistas, Stiglitz e Roubini fizeram, em termos diferentes e com diferentes matizes, a exumação de Karl Marx, reconhecendo que sobre as crises, Karl Marx tinha feito uma análise atendível, naturalmente não aderindo ao marxismo, mas reconhecendo que Marx tinha coisas importantes a dizer sobre isto e de acordo com o movimento de um certo retorno à leitura de Marx, que tinha ficado empoeirado nas prateleiras das livrarias.
Além disso, esta crise está a revelar um elemento novo no sistema que podemos chamar de um sentença orgânica múltipla, ou seja sentencia a economia mas também sentencia a energia, o sector de alimentação e sentencia naturalmente o meio-ambiente, pelo menos se não o sentencia revela a sua profunda degradação. Pela primeira vez tudo junto numa crise, uma grande crise económica, uma crise energética, uma crise alimentar, uma crise ecológica. Será isto o cumprimento de certas teorias sobre o chamado capitalismo senil que o economista argentino Jorge Bernstein vem sustentando? Ele fala de quatro traços da senilidade do sistema, compreendendo o capitalismo senil não como um capitalismo que vai morrer amanhã, mas um capitalismo que na sua senilidade pode durar um século mais, mas com as características de vida de um organismo senil. Ele destaca quatro características que me parecem interessantes:
a) Um primeiro traço, uma tendência a longo prazo para a desaceleração do crescimento económico mundial, estatisticamente comprovada.
b) Um segundo traço é a hipertrofia financeira global, a tal extremo hegemónica que domina a totalidade do sistema mundial ou, por outras palavras, a financeirização manda hoje sobre a economia mundial.
c) Um terceiro elemento por ele indicado é os rendimentos produtivos decrescentes da revolução tecnológica, que se vai convertendo em factor destruidor de forças produtivas, mais do que criador ou factor de desenvolvimento de forças produtivas, e coloca um exemplo muito claro: o dueto da informática e da financeirização, com o primeiro ao serviço do segundo que, por sua vez se converte num factor de destruição de empregos e destruidor de forças produtivas, contribuindo para alimentar bolhas financeiras que exploram e provocam a destruição de forças produtivas.
d) E um quarto factor é a decadência do Estado burguês, o que também me parece visível: deterioração institucional nos Estados Unidos. Neste momento, crise dos Estados europeus.
Depois de trinta e oito meses de crise, passando a outra conclusão, não há recuperação à vista, as perspectivas para 2012 são, atrever-me-ia a dizer, sombrias. Alguns economistas como Roubini que se tornou famoso por prognosticar a ocorrência da crise em 2008, consideram que há 50% de possibilidades de em 2012 acontecer outra queda numa crise semelhante, ou mais grave que a de 2008. Presentemente os elementos de destruição predominam sobre os de criação.
Outra conclusão é a que nunca na história do sistema tinha havido uma resposta estatal tão rápida e avultada em desembolsos, mas com resultados nulos. Refiro-me aos pacotes de resgate que se puseram em prática pelo governo de Bush ou pelo de Obama, pela Europa, pelo Japão. Estes resgates tiveram uma característica dual: por um lado, provavelmente evitaram uma queda ainda mais profunda, mas este elemento positivo para o sistema mostra uma cara muito feia, porque mantiveram uma estrutura especulativa parasitária, pelo que apenas a ampararam; deram respiração artificial com vida limitada, ou seja, quando estes pacotes de resgate acabam, também termina a respiração artificial; criaram uma nova bolha financeira que é a do resgate e aumentaram o sobre-endivamento público que hoje pesa como um fardo nos Estados Unidos e na Europa; ou seja, os pacotes de resgate foram como um remédio que a curto prazo evitou um agravamento do estado do paciente, mas também teve outros efeitos muito negativos.
Outro elemento que quero assinalar: por vezes ouvimos, lemos, que a solução da crise, a solução para o capitalismo, está em abandonar o vício da hipertrofia financeira e voltar ao bom capitalismo, ou seja ao capitalismo produtivo, ao capitalismo empresarial, ao capitalismo da economia real, o que constitui um dos grandes temas social-democratas.
Reflectindo sobre tudo isto, tenho a opinião de que não se trata de um problema de preferências, isto é, não é voltar àquele, abandonando este como se fossem modelos que se podem adoptar consoante as conveniências do momento. Parece-me que o sistema não pode voltar ao capitalismo produtivo e à cultura produtiva, e isto com base nas estatísticas que demonstram que 50% dos lucros das grandes empresas (as mega empresas) nos Estados Unidos e na Europa, pelo menos, provêm dos negócios financeiros. Não se trata de dois mundos, um mundo financeiro e o mundo da economia real; trata-se de um todo, um sistema produtivo financeiro integrado no interior das próprias mega empresas; não se trata, repito, de dois mundos, o mundo da economia real e o mundo da economia financeira; e esse sistema integrado está de tal forma arreigado e à volta de interesses económicos tão fortes que pensar que é possível separar um do outro é pura e simplesmente uma utopia. Creio que o fracasso de Obama e de toda a Europa e do Japão ao avançarem na desregulação financeira não é só o resultado da pusilanimidade de Obama, ainda que esta esteja presente, mas da impossibilidade de a oligarquia financeira amputar uma das suas pernas. O que não se avança quanto à desregulação financeira não é um problema de liderança politica, é o problema das mega empresas estarem tão integradas no produtivo e no financeiro que é impossível pensar que elas vão amputar uma das suas pernas, talvez tendo em conta um interesse, uma visão superior da sobrevivência do sistema; isso parece-me ser impossível, por isso me parecem utópicas estas afirmações de voltar ao capitalismo bom, ao capitalismo não de George Soros mas de Henry Ford.
Uma conclusão mais sobre a política económica é a de que o neoliberalismo fracassou, o que não é nenhuma notícia surpreendente, mas ele está vivo. E continua com toda a força, com tanta força que foi capaz de envolver as tímidas medidas keynesianas, de tal maneira que conseguiu conservar a liberalização financeira e alimentá-la com a despesa pública, ou seja, pegando na keynesiana despesa pública e convertendo-a num instrumento ao serviço da liberalização financeira; tudo isto com um discurso crítico à desregulação financeira à mistura. Até que ponto demonstrou uma grande ductilidade e capacidade de manobra esta oligarquia financeira… E impôs mais recentemente a política liberal pura e dura, isto é, a política do equilíbrio fiscal e do ajuste recessivo no caso europeu, como uma suposta fórmula anticrise. Isto coloca-nos uma interrogação, que é a de que talvez se tenha encerrado para sempre o ciclo keynesiano, ou seja, a possibilidade de haver verdadeiro keynesianismo, não o keynesianismo de mentiritas praticado por Obama de despesa pública sem uma verdadeira regulação financeira, na realidade, uma despesa pública ao serviço da sustentação das grandes entidades financeiras especulativas. Então, fechou-se a possibilidade da política keynesiana. O peso e o poder dessa oligarquia financeira totalmente integrada no produtivo e no financeiro, provavelmente chegou a um grau tal que hoje o sistema não pode fazer o que fez na década de trinta, quando esta financeirização era muito menor do que é agora; e naquela altura pode fazê-lo ajudada também pela guerra mundial, mas encerrou-se para sempre o ciclo keynesiano? Ficou Keynes como um elemento de referência académica e política para determinada época? Creio que se disséssemos isto a Krugman, ele nos responderia irritado que não, que para ele o keynesianismo tem toda a razão de ser e ele, naturalmente, continua um defensor do essencial do keynesianismo, mas numa crise de tal profundidade como esta, onde os receios de Keynes de que a economia de casino engolisse toda a economia e convertesse o sistema capitalista num sistema de apostas financeiras, numa crise destas, os receios de Keynes tornaram-se realidade, já não são receios teóricos, são a realidade; e 38 meses de crise não foram capazes de provocar um regresso ao keynesianismo. Na realidade, o que temos visto é uma utilização de certas fórmulas de Keynes, mas sempre dentro de uma matriz de conservação da financeirização.
Assim, uma conclusão mais que me parece muito importante é a de que a situação hoje é muito diferente da de 2008, a de Setembro de 2008, quando rebentou a crise. Naquele momento os Estados, os governos capitalistas tinham um arsenal de medidas anticrise que podiam, pelo menos teoricamente, ser aplicados. A crise rebentou, forte, mas temos com que enfrentá-la, temos um arsenal de medidas anticrise. Esse arsenal aplicou-se completamente ao longo destes três anos, de tal modo que hoje já não resta nada, esgotaram-se todos os recursos do arsenal anticrise. Que recursos? Diminuição das taxas de juro, que permaneceram praticamente a nível zero durante larguíssimos períodos e assim continua sem que a reanimação surja; baixa de impostos, Bush fê-la em larga escala, naturalmente uma baixa de impostos que incidiu principalmente sobre os sectores mais ricos, na pressuposição de estes sectores iriam investir estimulados pela baixa de impostos, mas não se verificou o esperado investimento; outro recurso foi injecções massivas de liquidez, o «quantitave easing» de Obama: 600 000 milhões de dólares foram injectados sem que a economia americana parecesse inteirar-se disso; e, naturalmente, o que mencionei anteriormente, os pacotes de resgate massivamente utilizados pelos Estados Unidos, pela Europa e pelo Japão. Parece que já não há mais medidas para ensaiar excepto uma, um regresso à regulação estatal pura e dura, ou seja, o keynesianismo de verdade que é o que tenho muitas dúvidas que seja possível, para além de algumas elucubrações teóricas.
Algumas palavras sobre um outro elemento, o custo social da crise. A crise cobrou um custo social: mais 300 milhões de pobres, mais cerca de 170 milhões de famintos, e mais 30 milhões de desempregados do que quando rebentou a crise; no entanto, até há alguns meses, a reacção social tinha sido mais de direita que de esquerda, era muito mais significativa a insurreição de movimentos como o Tea Party nos Estados Unidos e grupos fascistoides de extrema-direita, racistas e xenófobos na Europa, que um movimento de esquerda, de protesto social perante a crise. Nos últimos meses o quadro mudou, apareceram Os Indignados, o movimento de ocupação de Wall Street e na Europa também animou o movimento de protesto social. Embora seja impossível fazer vaticínios dá a impressão que começa a mover-se um movimento de protesto social que pode tornar-se muito importante. Isto foi importante nos anos 30, então, foi um dos factores que motivaram a mudança política económica naquela época, particularmente nos Estados Unidos com o governo de Roosevelt. É impossível dizer até onde tudo isto vai chegar, mas este movimento de ocupação de Wall Street, que é o protesto contra os grandes símbolos do sistema, pode ser um elemento politicamente muito importante, se esse movimento for capaz de traçar metas concretas, criar um certo nível de organização, escolher uma liderança pois, caso contrário, corre o risco de ser absorvido e ficar como uma coisa anedótica. Mas é por aí que se começa, e o facto de terem aparecido Indignados até em Israel é um elemento, sem dúvida, a ter em conta.
Um ponto mais quero acrescentar, que é o facto de nesta crise ter ocorrido um elemento novo: a especulação assenhorou-se não só nos lugares ou terrenos onde sempre actuou, ou seja os mercados financeiros, mas assenhorou-se também dos mercados de alimentos e matérias-primas, especialmente dos alimentos, e produzindo uma alta de preços dos alimentos; parece-me até que se ligou a especulação com qualquer coisa como uma caldeira social perigosa para o sistema, e que pode ter uma grande conexão com os indignados, indigná-los mais, e não apenas os de Wall Street, mas as grandes massas de pessoas do mundo inteiro. Os acontecimentos do Egipto e de Tunes estiveram muito ligados à alta dos preços dos alimentos, e agora no Egipto começa a ver-se que o que aparentemente tinha sido a capacidade do sistema absorver o movimento de rebelião e o domesticar parece não se ter verificado; aparece agora como não domesticado, voltaram a surgir os manifestantes, pedem mais e não se contentam com soluções de mercurocromo, como a que lhe tinha sido administrada. O sistema usou a especulação com os preços dos alimentos como uma das fórmulas de manter a taxa de lucro, mas ao fazê-lo está a dar aso a um jogo muito mais perigoso que o da especulação de títulos, de taxas de câmbio, ou com os muitos derivados financeiros que existem. Está a jogar com os preços dos alimentos, está a jogar com a fome das pessoas, e por isso parece-me que estamos na presença de uma caldeira social cuja temperatura pode subir a níveis muito perigosos para o sistema.
Neste final de 2011 observam-se na economia mundial algumas coisas curiosas, que prendem a atenção, como o facto de esta crise que leva já 38 meses de evolução estar num momento álgido e, no entanto, os lucros capitalistas não diminuíram, estão em alta, a bolha financeira não diminuiu, apesar da destruição de uma parte dela, destruiu-se uma parte mas criou-se outra, pelo que a bolha não diminuiu, até aumentou alimentada pelos pacotes de resgate que criaram a bolha do resgate, alimentada pela diminuição dos impostos e até, inclusive, pelos empréstimos da Reserva Federal; e por último observa-se que continua a crescer a desigualdade social; nos Estados Unidos é uma tendência sustentada que continua em crescimento. Quais são as perspectivas para o ano de 2012? Um possível agravamento da crise pois não se prevê, em parte alguma, uma recuperação para 2012. Se pegarmos nos grandes centros do poder económico mundial, os Estados Unidos, o crescimento deste ano deve estar entre 1 e 1,5%, não mais do que isso, isto é um crescimento que virtualmente é uma estagnação, o desemprego mantém-se à volta de 9%, a inflação continua a aumentar, os preços das casas no sector imobiliário continuam em queda e o investimento não aumenta. Esta é a situação da economia norte-americana. Na Europa estão numa situação tal que já não se trata do embate da crise económica mas da salvação da União Europeia e da salvação do euro que estão hoje a tratar. Para o Japão as perspectivas da sua economia, vítima de uma estagnação quase crónica que vem já de longa data, não são de recuperação em 2012. Quanto à China, apesar das suas enormes taxas de crescimento conseguidas durante largos anos, são as próprias autoridades chinesas que estão a colocar a necessidade de alguma desaceleração do crescimento em 2012, desaceleração que seria crescer uns sete e meio, uns 8% talvez, isto é, um enorme crescimento mas não a 10%. Isto é o que as autoridades chinesas estão a colocar, para evitar um sobre-aquecimento da economia, ou seja tratar de conter uma certa tendência inflacionista que se está a manifestar, estimulada por taxas de crescimento muito altas com alimentos importados muito caros, com petróleo importado muito caro, alguma bolha imobiliária, e um grau de incerteza quanto às exportações para os Estados Unidos e Europa, os grandes mercados de venda das exportações chinesas. Há uma grande incerteza de quanto se vai aprofundar a crise nos Estados Unidos e na Europa, e isso, naturalmente, significa que vai diminuir a exportação chinesa para esses mercados. Na China não se vai verificar uma crise em 2012, mas vai provavelmente desacelerar alguma coisa o crescimento, o que se vai somar aos problemas centrais na economia dos Estados Unidos, da Europa e do Japão.
Não é possível omitir a relação da América Latina com a crise económica global porque é uma relação muito peculiar. A América Latina vive uma situação atípica no contexto destes três anos de crise global já percorridos, e a verdade é que, enquanto há uma profunda crise nos grandes centros capitalistas, a América Latina vive uma bonança económica, naturalmente uma bonança económica dentro do seu subdesenvolvimento, dentro da dependência, mas bonança económica em termos de taxas de crescimento. A América Latina em 2010 cresceu muito perto dos 6% como média regional. No ano de 2011 deve crescer à volta de 5%, que continua a ser uma taxa muito alta. Em 2009 a América Latina sofreu o impacto da crise e teve um crescimento negativo de 1,2%, mas em 2010 e 2011 mudou radicalmente o quadro. A América Latina entre 2010 e 2011 teve uma melhoria de 13% da relação dos termos de intercâmbio. Então temos na América Latina: relativa bonança económica, uma relação de termos de intercâmbio favorável, altos preços das exportações de commodities, e no entanto os Estados Unidos e a Europa, os seus grandes centros de referência, estão em plena crise económica. Aparentemente é desconcertante, atendendo à lógica e à história. A lógica diz-nos que nas áreas dependentes, subdesenvolvidas, a crise impacta com mais força ainda que nos centros do capitalismo, e se olharmos a história foi assim nos anos trinta; a crise dos anos 30 impactou na América Latina com uma força multiplicada; em Cuba foi a crise económica que acompanhou o machadato: [1] açúcar a menos de um centavo a libra, fome generalizada na população cubana, o que se repetiu pela América Latina, a baixa dos preços das exportações, quase as mesmas commodities que se exportam hoje porque não houve uma mudança estrutural nessas exportações, as mesmas dos anos 30 são em boa medida quase as mesmas de hoje, no entanto hoje têm preços mais altos. Que explicação tem isto e que conclusões se podem tirar? Há duas explicações para a manutenção dos altos preços das commodities na América Latina: a especulação, o capital especulativo tomou os alimentos e as matérias-primas como objectos de especulação, o que não aconteceu em etapas anteriores, especulando na alta e entrando nesta especulação centenas de milhares de milhões de dólares; há informações que falam de que foram 600 000 milhões de dólares que entraram nos últimos quatro, cinco anos na especulação com commodities, contribuindo assim para aumentar os preços da soja, do cobre, da polpa de madeira, do açúcar, enfim, um variado mostruário de alimentos e matérias-primas. Esse é um factor, o segundo factor, naturalmente, é a procura na China. A China consumia 5% dos produtos básicos, das commodities que se comercializam no mundo. Hoje a China é o principal exportador mundial de alumínio, cobre, estanho, soja, cereal, e é o segundo consumidor mundial de petróleo e de açúcar, entre outras coisas. A China, e este dado é muito eloquente, no ano 2000 ocupava o 16º lugar entre os parceiros da América Latina. Hoje ocupa o segundo lugar e cresce com mais velocidade que todos os outros. Portanto, a China irrompeu como um mercado de enorme importância para a América Latina, sendo hoje o principal parceiro da Argentina, um dos principais do Perú, do Chile, do Brasil e assim sucessivamente. Por isso a procura chinesa foi um factor que contribuiu para a manutenção das exportações latino-americanas, da alta dos preços e que tem estado a actuar como um amortecedor da crise. Nalguma medida, o que a América Latina deixou de exportar para os Estados Unidos e para a Europa foi compensado com o aumento das exportações para a China e a preços elevados. Será isto o resultado de uma concertação latino-americana? Não. De modo algum. Esta situação começa a provocar uma justificação, uma certa racionalização teórica, começa a falar-se da possibilidade de um longo ciclo de 20 anos, da possibilidade de 20 anos de preços elevados das commodities; a CEPAL [2] embora ainda a coloque como uma possibilidade já introduz o conceito. Outros convertem a necessidade em virtude e dizem que é o resultado da previsão latino-americana, de a América Latina ter saneado as suas economias, de ter elevadas reservas monetárias, de ter a inflação controlada, que isto é um fruto que a América Latina está a colher pela sua boa política económica anterior. Na realidade, nem a acção especulativa do grande capital em commodities, nem a procura chinesa têm nada a ver com uma concertação latino-americana, nem com nenhuma previsão latino-americana. Quase podíamos dizer que são coisas que caíram como uma luva, no meio do azar da crise mundial.
Esta bonança tem duas características: a primeira é a sua fugacidade. A fugacidade tem a ver com o facto de a acção especulativa em commodities ser algo que está muito longe de ser um factor estável, em que se possa confiar como uma tendência a longo prazo. Este capital especulativo tão volátil pode voar para qualquer outro nicho de especulação e deixar a América Latina pendurada no pau da roupa, pelo que, eliminado esse factor, as commodities voltarão a fazer o que durante séculos fizeram, baixarem. A procura chinesa tampouco é um factor que se possa considerar eterno. Dissemos que a China, logicamente, vai avançando para um desenvolvimento tecnológico e, assim, reduzir o consumo relativo de matérias-primas, vai depender cada vez mais da sua capacidade interna de produção pelo que as importações da América Latina podem ir diminuindo com o tempo. Não pode pensar-se que a China vai continuar a importar estas quantidades de soja, para além doutro importante factor, outro importante custo, que faz parte de um importante debate latino-americano, que é a chamada reprimarização da economia latino-americana. Nos últimos anos deu-se um retrocesso na estrutura das exportações latino-americanas no sentido da reprimarização, ou seja, a América Latina está a vender à China grão de soja, minério de ferro, cobre em boa medida sem refinar, um conjunto de produtos básicos, primários, a um preço alto, mas produtos que significam uma consolidação desse padrão de exportação primária. A ideia que quero sublinhar é que esta bonança latino-americana está segura com pinças frágeis: a especulação em commodities que provoca preços elevados é instável, e a procura chinesa deve ser aproveitada para avançar numa transformação da estrutura de exportação, e num maior conteúdo tecnológico e do conhecimento das exportações latino-americanas e evitar que estas se convertam num factor de consolidação da estrutura primária, inclusive voltando mais para trás que estava a América Latina há dez anos.
O neoliberalismo também fracassou na América Latina. Fracassou tanto que na região se deu uma reacção antineoliberal e uma procura de alternativas ao neoliberalismo, em associação com movimentos sociais. No entanto, o neoliberalismo perdura na região. Conta com coisas que nenhuma outra proposta de política económica tem, uma proposta integral, uma proposta completa, abarcadora, tem uma estrutura internacional comercial e financeira; tem uma rede de Tratados de Livre Comércio. Na América Latina há mais de dez Tratados de Livre Comércio vigentes com os Estados Unidos e a Europa; e conta ainda com uma coisa tão importante como o domínio mediático.
Hoje, na América Latina, um dos grandes debates é sobre as alternativas ao neoliberalismo, alternativas que podemos perguntar-nos se estão dentro ou fora do capitalismo? As respostas são de uma gama variadíssima e vão, das propostas de um chamado capitalismo nacional, como é o caso da Argentina, um capitalismo nacional, e ver se tal coisa é possível na era da globalização actual, no que é um pouco uma volta a certos tons peronistas de há sessenta anos, até ao caso do Brasil, uma potência emergente, com um neoliberalismo mitigado; o facto de Lula ter terminado a sua governação com 80% de aceitação, é um sucesso político importante mas isso significa também uma coisa muito peculiar, quer dizer que Lula é aplaudido tanto pelos pobres como pelos ricos. É a fantasia social-democrata, a luta de classes acabou e Lula conseguiu este resultado. Também não é difícil apercebermo-nos que ocorreu em condições essenciais, incluindo a política externa praticada pelo governo de Lula, independente e muito positiva. Mas ali deu-se uma combinação peculiar, onde as estruturas neoliberais fundamentais não foram tocadas, a política económica foi neoliberal durante todo o tempo, inclusive os protagonistas individuais foram essencialmente os mesmos da política anterior no Banco Central, no ministério da Fazenda. Nem sequer se fez a reforma agrária, mas houve uma elevada receita com as exportações, devido ao alto preço das commodities que permitir à burguesia fazer excelentes negócios, mas também permitiu que várias dezenas de milhões de brasileiros saíssem da extrema pobreza, através dos programas Bolsa de Família e Fome Zero; pessoas que não comiam passaram a comer alguma coisa e são hoje entusiastas partidários do governo que, pela primeira vez, lhes deu de comer, e isto é uma coisa que tem muito a ver com a conjuntura actual da América Latina.
Para terminar, duas palavras sobre o que me parece ser uma oportunidade especial para a integração latino-americana. A integração latino-americana tem hoje, talvez, uma conjuntura especialmente favorável para avançar verdadeiramente e que é, em poucas palavras, o facto de os Estados Unidos e a Europa estarem tão enredados na sua própria crise que nenhum deles está em posição de propor à América Latina um plano sedutor de associação que arraste, como tantas outras vezes, os latino-americanos em perseguição de uma associação idílica com os Estados Unidos e a Europa. Hoje os Estados Unidos estão absorvidos com a sua própria crise, não estão em condições de poder colocar à América Latina nada que se compare com uma Aliança para o Progresso, ou mesmo com uma ALCA. A braços com a sua própria crise, os Estados Unidos só podem propor à América Latina mais do mesmo: exclusivamente TLC’s; e isso a América Latina conhece muito bem, sabe o que dá, não constitui novidade alguma. A Europa tem colocada para a América Latina uma grandiloquente proposta de Associação Estratégica Bi-regional, que mais não é do que uma rede de Tratados de Livre Comércio, mas hoje na Europa ninguém dá qualquer atenção a essa proposta. A Europa está demasiado mergulhada na sua crise, demasiado preocupada em salvar a União Europeia e o euro para pensar numa associação estratégica com a América Latina. Isto significa que os latino-americanos têm a possibilidade de avançar com a sua própria integração sem o fardo que significa combater contra propostas oriundas dos Estados Unidos ou da Europa, como tradicionalmente teve que fazer a integração latino-americana, ou seja, há a possibilidade de a integração ser pensada pelos próprios latino-americanos. Fazê-lo ou não depende de muitíssimos factores, mas se a América Latina utilizasse esta bonança económica relativa – que ninguém sabe até quando vai durar, mas pelo menos em 2012 talvez continue – e, aproveitando esta conjuntura, avançasse em termos substantivos na integração seria muito bom. Não se trata, como alguém já me perguntou uma vez, de aproveitar agora porque norte-americanos e europeus estão distraídos, não é que estejam distraídos, não é aproveitar não estarem a olhar para nós para fazer a nossa integração, pois eles estão muito atentos, o problema é que não podem fazer outra coisa. Então, é aproveitar esta bonança, esta «distração» dos Estados Unidos e da Europa para avançar. Uma direcção positiva é indubitavelmente a próxima criação da CELAC, o primeiro organismo latino-americano que reúne todos os latino-americanos sem a presença dos Estados Unidos nem de nenhum outro país extra regional.
Nota do tradutor:
[1] Refere-se à ditadura do general Gerardo Machado que tomou o poder em 1925 e caiu em 1933.
[2] CEPAL, Comissão Económica para a América Latina e o Caribe, criada em 1948 pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas com o objectivo de incentivar as relações económicas entre os seus membros.
* Economista e Professor universitário cubano, Osvaldo Martinez é Deputado na Assembleia Nacional do Poder Popular, Director do Centro de Investigação de Economia Mundial e presidente da Comissão de Assuntos Económicos da Assembleia Nacional do Poder Popular
Este é o texto de uma conferência proferida pelo autor no Centro de Investigações da Economia Mundial, publicado originalmente em Cubadebate a 4 de janeiro de 2012 em:
http://cuba.cubadebate.cu/opinion/2012/01/04/crisis-economica-global-tres-anos-de-recorrido/
Tradução de José Paulo Gascão
Quem decide a política dos EUA,
“Bibi” o Ferrabrás ou o presidente Obama?

Pepe Escobar*
Pepe EscobarO mundo está refém dos caprichos de Israel, mesmo quando os mais de 120 membros dos Não-Alinhados (MNA) apoiam o direito do Irão de enriquecer urânio e os membros do BRICS, Rússia, China e Índia, bem como a Turquia, rejeitam o embargo ao petróleo dos EUA e a UE – uma verdadeira declaração de guerra económica – contra o Irão.

Laerte Braga

As revelações contidas na agenda do sargento que morreu no atentado terrorista dos militares no Riocentro mostram coroneis, oficiais de alta patente planejando atentados para voltar ao esquema da linha dura e manter a ditadura nos moldes do AI-5. Dois fatos estão claros ali. A estupidez dos tais "patriotas", hoje covardemente escondidos atrás da anistia e a corrupção.Os caras ganhavam dinheiro com... isso, em firmas de vigiância, segurança, poleiros em estatais, etc. E ainda comemoram e se escondem atrás do tal "patriotismo", ou viram colunistas da FOLHA DE SÃO PAULO. Deve ter alguma coisa errada por aí, pois foi O GLOBO que publicou. Desavença no crime organizado do capitaismo? Da boçalidade? O ideal é aguardar o jornal de Leilane Neubarth na segunda-feira com comentários pertinentes e apropriados sobre a crise na Europa, ainda acaba Míriam Leitão.