domingo, 24 de abril de 2011

UM SONORO NÃO - Laerte Braga

Paulo Henrique Ganso precisa tomar cuidados especiais. O “bom caráter” do futebol brasileiro – engenheiro de obras prontas – Muricy Ramalho chamou-o de artista. Ano passado fez isso com Conca e desde então o argentino não consegue mais reeditar as atuações que o consagraram no Fluminense. Quem sabe Ganso não se benze, faz uma pajelança, ou coisa assim, prevenir é melhor que remediar.
Catherine Ashton não joga futebol, mas é a chefe da diplomacia da União Européia (grupo de colônias norte-americanas no velho mundo e todas em estado pré-falimentar) e vem ao Brasil conversar com Dilma Roussef em maio.
Traz na bolsa uma proposta simples. Quer o Brasil participando de “missões de paz” na África, no Leste Europeu e no Oriente Médio. As tais “missões de paz” são executadas por militares.
As colônias européias dos EUA tomam conta de “missões” semelhantes em nove países, principalmente aqueles onde sejam fartas as reservas de petróleo, minerais estratégicos, aquele mesmo esquema do século XVII quando levavam tudo e mais alguma coisa de suas antigas colônias.
Um primeiro contato com o governo brasileiro foi feito em julho do ano passado e rejeitado pelo chanceler Celso Amorim. Pelo presidente Lula.
O acordo proposto prevê diversos “combos” (essa gente adora essa expressão) de participação. Envio de tropas, utilização de policiais e profissionais da área jurídica e a cereja da oferta das colônias chamadas União Européia são as ambições brasileiras de participar em maior escala de ações internacionais.
Vestir a camisa de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
O foco principal das “missões” é construir a “paz” – mais ou menos saquear o que pode e não pode – através do Estado de Direito (deles) e treinar militares e policiais dos países auxiliados. A velha história que conhecemos em 1964. Pegam parte das forças armadas brasileiras e dão um golpe. Foi assim que fizeram contra o governo Goulart. Dirigem o trânsito no Haiti há anos.
É assim que estão fazendo no Egito. Sai Mubarak, continua Hosni. As forças armadas baseadas naquele país não têm nada a ver com o Egito, mas com o soldo no fim do mês e esse vem de Washington.
O detalhe significativo dessa vocação das colônias européias de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A é que tais missões correm à margem da ONU – organização falida e sem prestabilidade alguma, pelo menos na forma e desenho atual.
Correm à revelia da Organização das Nações Unidas. Esvaziam o movimento pela reforma da estrutura da mesma ONU, caminho que o Brasil defendeu durante o governo Lula e foi empenho direto de Celso Amorim.
Como o chanceler atual é Patriota fica sempre a dúvida. “O patriotismo é o último refúgio dos canalhas”, a eterna frase de Samuel Johnson.
Uma decisão desse nível, se tomada pelo governo brasileiro – é uma incógnita até agora, estão explicando a Moreira Franco o que quer dizer “assuntos estratégicos” e é uma dificuldade entender que não tem nada a ver com vinte por cento –, tem que passar pelo Congresso.
Esse tipo de ação, via de regra, começa pelo deputado Eduardo Azeredo (funcionário do terceiro ou quarto escalão do esquema, faz o chamado serviço sujo) e termina nos braços de José Sarney, aquele que o ditador Figueiredo expulsou a pontapés do Planalto quando ele lá foi pedir desculpas por algumas lambanças (era do time da ditadura).
Agentes dos serviços de inteligência do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A agem à luz do dia no Brasil, estão infiltrados em setores importantes de instituições vitais para a nossa soberania (o pretexto é sempre o treinamento, o mesmo que fazia o professor de tortura, estupro, assassinato, etc, Dan Mitrione à época da Operação Condor) e neste momento retomam com força total o discurso de terrorismo na região de Foz de Iguaçu. O Itamaraty está entrando nessa dança, isso é lamentável.
Ato contínuo à participação desejada do Brasil em “missões de paz”, chegaremos à etapa “bases militares” para facilitar ações conjuntas. O ministro Aluísio Mercadante, ex-esquerda, vestindo atualmente as chamadas “camisas coloridas de Miami”, já cogita de trazer a público a discussão sobre a Base de Alcântara. Quer ir introduzindo o assunto aos poucos, até convencer que é melhor deixá-la com os norte-americanos.
É o tal rio subterrâneo que corre no Brasil e não tem nada a ver com os brasileiros, mas é a sombra viva de 1964.
Continua em destaque a opção “capitalismo a brasileira” (conceito definitivo de Ivan Pinheiro), só que agora com o viés de economistas, a começar pela presidente, naquele negócio de custo/benefício.
Se der lucro manda ver, até injeção na veia.
Acreditam que assim viramos potência. Belo Monte é um exemplo disso. Torcem todo o processo e entregam boa parte do território brasileiro a grupos econômicos ditos nacionais (são minoritários se formos às raízes e se compreendermos raízes como parte de um grande jardim, o conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A) e dane para além da soberania, o meio-ambiente e tudo o mais.
A MONSANTO, por exemplo, que aparentemente não tem nada a ver com o trem agradece penhoradamente.
Quando acordarmos estaremos pagando imposto a Eike Batista e não mais aos cofres públicos. Ou a Daniel Dantas (nesse caso não é imposto, é proteção).
Inseridos no contexto da União Européia, velhos e bolorentos modelos ornados de lojas da rede McDonald’s, com bases formosas e repletas de tecnologia de ponta capazes de nos alçar à condição de potência de coisa nenhuma. A bandeira dos EUA tremulando impávida em cada canto.
A questão maior é de fundo, modelo. Isso implica em participação popular e não em lista fechada imposta pelo cacique José Dirceu. “Mim querer mandato de volta a qualquer custo, mesmo sem voto”.
Desde os tempos de Gutenberg, por um bom período, jornais especificamente e no curso dos tempos toda a mídia, têm servido, serviram, aos interesses populares. Mídia foi igual a intermediária entre aspirações populares e governos. Mídia HOJE é parte do processo das elites, aquelas que FHC quer recuperar, ela e seus seguidores (a classe média, a que come arroz e feijão e arrota maionese).
Estamos lascados e achando que vamos ganhar o jogo.
Sabe a cidade de Anchieta no Espírito Santo? Onde o jesuíta escreveu nas areias da praia um poema dedicado à Maria? Tem um Ubu por lá, distrito, bairro, a nomenclatura pouco importa. Vão para o espaço, tanto Ubu como a praia, Anchieta. A VALE vai investir progresso predador na região.
Esse conjunto todo de coisas aparentemente sem nexo, ou ligação, mas suplementando a renda de chapas brancas espalhados pelo mundão de Deus, vai terminar quando um cara bater à sua porta, hoje. De seu filho, amanhã. De seu neto, depois de amanhã e cobrar o imposto que todo brasileiro deve pagar para ser brasileiro e morar no Brasil.
E ai de você se não souber inglês para entender direitinho como calcular o dólar do dia.
Ou se dá um sonoro não a esse conjunto todo, ou o brejo é ali mesmo.
O que, por exemplo, ficou óbvio no Encontro de Blogueiros do Estado do Mato Grosso, é que se não tirarmos a cabeça do buraco, que nem avestruz, enxergando coisas que não existem exceto na GLOBO e adjacências, nos chapas brancas (muito bem pagos), se o movimento social não for parte do processo, a tal sociedade civil organizada e a desorganizada também, a dança vai ser dolorosa.
Só falta dona Catherine querer que os ministros sejam revistados em nome do Brasil potência.
O que se espera (pode ser outra coisa?) é um não, um simples não.
O compromisso do Brasil é com a América Latina e não queremos ser a Israel latino-americana. Não temos essa vocação genocida, criminosa.
E nisso tudo a culpa é do Irã. Massacrar pode a vontade, mas no Barhein. Na Líbia não. Não são aliados.
A entrevista que Julian Assange concedeu ao jornal THE HINDU é perfeita e mostra como essa turma age, qual o perfil do conglomerado.

1º DE ABRIL - O GOLPE NORTE-AMERICANO NO BRASIL - Laerte Braga

A grande preocupação do governo do presidente Lyndon Johnson e do secretário de Estado Dean Rusk com o Brasil é que, antes de Nixon, haviam percebido a importância do País em toda a América Latina – isso em tempos de guerra fria – e os tempos de euforia entre setores populares dessa parte do mundo com a revolução cubana de 1959.
As chamadas reformas de base que vinham sendo implementadas pelo governo do presidente João Goulart eram entendidas pelo governo dos EUA como o fermento para uma vitória eleitoral em 1965. Acreditavam que no curso dos acontecimentos as diferenças que separavam Leonel Brizola (ex-governador do Rio Grande do Sul e então deputado federal da antiga Guanabara com 25% dos votos do eleitorado) do governador Miguel Arraes (Pernambuco) acabariam por sumir resultando numa aliança que provavelmente faria de Brizola o candidato do antigo PTB a presidente e Arraes seu companheiro de chapa, como vice-presidente.
A constituição de 1946 não estabelecia a necessidade de maioria absoluta dos votos, sendo assim, de um segundo turno entre os mais votados e esse fato já havia sido levantado por Carlos Lacerda na tentativa frustrada de impedir a posse de JK, eleito em 1965 com pouco mais de 30% dos votos.
Como o quadro se completava com uma divisão entre as forças à direita, o golpe de 1964 começou a se delinear de forma concreta bem antes de sua materialização, na posse do próprio Goulart.
Os norte-americanos tinham consciência da aversão de boa parte das forças armadas brasileiras por Goulart (desde o manifesto dos coronéis em 1954 contra o aumento do salário mínimo em 100% e Jango era o ministro do Trabalho).
Carlos Lacerda e Magalhães Pinto já estavam com suas campanhas nas ruas, desde 1963, ambos da UDN, mas certo era que Magalhães deixaria o partido se percebesse que seria derrotado na convenção. Teria, à sua disposição um leque de partidos para apresentar sua candidatura, a fidelidade partidária era um termo até então desconhecido. E o PSD lançara o JK-65 no dia seguinte ao da posse de Jânio Quadros.
A aliança Brizola-Arraes de saída traria três importantes estados da Federação. A antiga Guanabara, o Rio Grande do Sul e Pernambuco. A direita sairia dividida em Minas com a disputa JK e Magalhães Pinto e Lacerda dependeria de sua retórica golpista, seus dramalhões fascistas para tentar empolgar o eleitorado de outros estados, mas ainda assim com o risco de dividir São Paulo (o maior colégio eleitoral do País e tradicionalmente votando à direita) entre ele Lacerda, Magalhães e JK, que dos três era o mais fraco naquele estado.
A presença de Ademar de Barros no governo paulista e o fracasso de Jânio com sua renúncia poderiam vir a acrescentar fôlego à candidatura de Juscelino, abrigo natural para o governador paulista, isso se não cismasse de tentar a presidência pela terceira vez (fora derrotado em 1955 e em 1960.
O grande feito do governo Goulart, fato que assustou mais ainda os norte-americanos, foi o despertar dos trabalhadores de um modo geral e incluir entre esses, os até então silenciosos camponeses, em franco processo de organização a partir das Ligas Camponesas criadas pelo deputado Francisco Julião (para se ter uma idéia da força de Julião, em 1962 foi eleito deputado federal e arrastou consigo candidatos com menos de cem votos, isso em Pernambuco).
A percepção que as reformas de base poderiam fortalecer uma eventual candidatura de Leonel Brizola e eram muito mais amplas que a reforma agrária e a tributária, tocavam em setores considerados vitais pela direita, o das comunicações, levou os EUA a indicar Lincoln Gordon para embaixador no Brasil e Vernon Walthers, um general, para adido militar.
A missão da dupla era derrubar Goulart. Gordon era especialista em missões desse gênero e Walthers um dos mais importantes militares norte-americanos à época (chegou a ser diretor da CIA), além do que amigo íntimo e Castello Branco, primeiro ditador. Falava português fluentemente.
Coube a Gordon aliciar o empresariado paulista (o mais expressivo do Brasil), o seu entorno em outros estados da Federação, ligá-los aos setores golpistas da UDN (Lacerda e Magalhães Pinto) e a Walthers formar os batalhões norte-americanos dentro das forças armadas brasileiras.
Um registro é importante. A derrubada de Vargas em 1945, significava muito mais que colocar um ponto final num governo errático do ponto de vista ideológico, mas ao mesmo tempo, com fortes bases populares e começando a dar sinais de inclinações para a esquerda. Sonhavam com o início de um Brasil aliado incondicional dos EUA elegendo o brigadeiro Eduardo Gomes presidente da República. Não elegeram, mas não perderam. Eurico Gaspar Dutra, ex-ministro de Vargas, marechal do exército, figura preponderante no golpe de 1937 virou presidente e os EUA ganharam. Em parte, mas ganharam.
Militares brasileiros de extrema-direita torciam o nariz para Dutra, desejavam a capitulação total.
Magalhães Pinto, fiel ao seu estilo de cobra peçonhenta, traiçoeiro e ardiloso, ao mesmo tempo que se uniu ao esquema traçado pelo embaixador dos EUA, de olho na sua disputa com Lacerda pela indicação presidencial, fingia-se aliado de Jango e articulava com dois generais de expressão menor dentro do Exército, Carlos Luís Guedes e Mourão Filho (com comandos em Minas) um golpe particular em que pudesse despontar como o grande líder civil do Brasil.
Mourão não saiu com as tropas da IV Região Militar sediada em Juiz de Fora de maneira aleatória. Tinha um compromisso com Magalhães Pinto e era amigo pessoal de JK, a quem visitou aliás, quando chegou ao Rio e alojou seus soldados no estádio do Maracanã.
O 31 de março não foi o início do golpe de estado. Foi a aventura de Magalhães Pinto (esteve na cidade de Juiz de Fora horas antes das tropas começarem a descida para o Rio).
O golpe decidido em Washington, planejado pelo embaixador e pelo adido militar dos EUA no Brasil começou de fato no dia 1º de abril, quando Castello Branco, alertado pelos norte-americanos conseguiu a adesão de militares supostamente leais a Jango, caso de Justino Alves Bastos, comandante do IV Exército (Nordeste) e Amaury Kruel (II Exército, São Paulo). Beneficiou-se da presença das tropas de Mourão já no Rio e o apoio de figuras como o general Muricy, o general Antônio Bandeira, todos em comandos secundários, mesmo tendo perdido o comando do III Exército, Rio Grande do Sul para o general Ladário Telles, leal a Goulart e sem o apoio de Âncora de Moraes, comandante do I Exército que preferiu deixar as coisas correrem à sua revelia sem tomar partido. A maior parte dos seus comandados tomou partido pelo golpe.
Aeronáutica e Marinha, no espectro político do País sempre foram forças à extrema-direita, aliaram quase que incondicionalmente ao golpe, a despeito da ação do brigadeiro Moreira Lima, ministro da Aeronáutica, que resistiu com bravura e dignidade na defesa da ordem constitucional.
Todos os líderes políticos envolvidos no processo, Lacerda, Magalhães e Ademar de Barros e quando da consumação do golpe JK, contavam com um breve período de intervenção militar e a realização de eleições presidenciais em 1965.
Castello assumiu esse compromisso com todos eles. Terminou peitado pelo seu ministro Costa e Silva e acabou morrendo em condições misteriosas assim que deixou o poder.
A exceção de Magalhães Pinto que se manteve no entorno do golpe (ministro das Relações Exteriores de Costa e Silva e presidente do Senado), todos os demais, Lacerda. JK e Ademar de Barros se viram privados dos seus direitos políticos.
Obcecado, Magalhães acreditou que num determinado momento os civis voltariam a governar o País e era preciso estar ali perto dos militares, nem que isso custasse toda a sorte de concessões possíveis, além dos negócios, evidente, o Banco Nacional.
Para qualquer eventualidade a IV Frota norte-americana estava em águas territoriais brasileiras. A hipótese de uma reação de Goulart e uma guerra civil garantiria aos golpistas o apoio necessário para a luta.
Perto de dois mil e quinhentos oficiais, sub-oficiais e sargentos das forças armadas foram expurgados num processo de alinhamento absoluto com os norte-americanos e de 1º de abril de 1964 até o último dia do governo do general João Figueiredo, o Brasil foi parte integrante de uma sinistra operação tramada em Washington, que varreu toda a América Latina e se transformou numa longa noite de trevas e sombras, onde o ódio, a tortura, a barbárie foram a regra geral.
O rosnar do governo Geisel na ruptura do tratado militar entre os EUA e o Brasil terminou na concessão a pesquisas petrolíferas e empresas de fora dentro do território nacional, o inicio do fim do monopólio estatal, mais tarde liquidado pelo governo FHC e recuperado em alguns pontos pelo governo do presidente Lula, justiça seja feita. Mas só em alguns pontos.
Essa parte da História do Brasil ainda está oculta. Os militares resistem a que seja contada, exposta.
Hoje, sexta-feira, 1º de abril, fala-se em desmoralização e desrespeito aos militares brasileiros. O terão de volta quando forem capazes de abrir os baús desse período trágico e nocivo ao Brasil e aos brasileiros e se constituírem em forças armadas brasileiras, nunca em “policiais” do continente latino-americano, sob comando dos EUA.
Quando se inspirarem em militares do porte de Teixeira Lott. Rui Moreira Lima, Ladário Pereira Telles, major Cerveira, Carlos Lamarca e muitos outros.
Há um detalhe histórico de importância capital e que precisa ser visto com outros olhos. Quando Luís Carlos Prestes, ele próprio militar, líder da Coluna Prestes, defendeu o que chamaram de “queremismo”, ou seja, eleições em 1945, mas com Getúlio no governo, uma transição de Getúlio para um presidente eleito, Prestes não estava fazendo concessões ao algoz de Olga, ao seu algoz. Estava percebendo e entendendo a História e isso o torna maior ainda no panteão dos grandes brasileiros, dos grandes militares brasileiros, compreendendo que o sacrifício por um ideal é maior que o soldo de Washington, que qualquer soldo que Washington possa pagar. Washington ou qualquer outro.
Os militares querem respeito? Que se façam respeitar cessando as reações e intimidações à barbárie que os homens de 1964 promoveram no Brasil em todos os sentidos.
E um detalhe, o governo de Johnson apavorou-se quando o governo Goulart começou a ceder concessões de rádios e tevês a sindicatos e a organizações populares, ameaçando quebrar o poder da mídia padrão GLOBO (desde aquela época).
Esse artigo, longe de ser História, mas fatos que somam a ela, me trouxe à lembrança o encontro de Goulart com Lacerda, em 1968, presentes o ex-presidente Juscelino e o ex-deputado José Talarico Gomes.
Lacerda, no vôo para Montevidéu, estavam formando a Frente Ampla para enfrentar a ditadura, confessou a JK sua dificuldade em como cumprimentar Goulart, tendo sido ele o responsável, um dos principais, pela derrubada do governo. JK respondeu-lhe que não se preocupasse.
No encontro, na casa de Goulart, com os olhos cheios de lágrimas Lacerda disse a Jango – “presidente eu entendo que o senhor me tenha ódio, mas estou aqui de braços abertos pelo Brasil” –
Em sua extraordinária grandeza Jango abriu os braços e disse o seguinte – “não lhe tenho ódio governador, o senhor foi sempre meu adversário e me combateu pela frente. Não guardo ódios e nem rancores, mas desprezo pelo governador Magalhães Pinto que até a última hora se fingiu meu aliado. Esses são os covardes”.

A REFORMA DOS POLÍTICOS - Laerte Braga

Imagino que o PT esteja lutando pelos direitos dos trabalhadores das obras do PAC, já que inventou a esquerda no Brasil e transformou Nelson Jobim em ministro da Defesa, Moreira Franco em Secretário Nacional de Assuntos Estratégicos e o cinco ministros aceitam passivamente a revista para ter o direito de ouvir em inglês (sem tradutor simultâneo) o discurso do senhor de terra e mares Barack Obama.
O uso da Base de Alcântara pelos Estados Unidos é um dos temas da agenda do ministro revistado Aluísio Mercadante.
A manchete do dia, no entanto, é se Maria, a vencedora do BBB-11 (vinte por cento menos de audiência em relação aos anteriores segundo alguns veículos da mídia) foi ou não garota de programa e o que fará com o milhão e meio ganho, o prêmio por sua vitória.
Sua primeira declaração ao sair da casa/bordel foi dizer que possivelmente, ao final das comemorações pela vitória, rolaria sexo com o segundo colocado. A plaquinha que o identifica diz lá Wesley.
Meia dúzia de três ou quatro proclamam nos bares de Ipanema e Leblon as excelências do governo Dilma, enquanto acreditam estar ali o centro do universo. Lá pelas tantas não falam e andam ao mesmo tempo, a revolução vai para o espaço. Não freqüentam ensaios de escolas de samba, pois o cheiro de suor é desagradável.
Socialistas colgates.
A tendência da comissão que discute a reforma política é optar pela lista fechada. Teríamos uma eleição para a Câmara dos Deputados no chamado sistema misto. Metade eleita pelo voto direto do eleitor em distritos e outra metade votando nos partidos e listas fechadas de ungidos para o exercício do mandato popular.
Uma espécie de garantia prévia que as múmias atuais permanecerão na Câmara mesmo sem votos e outras voltarão a tentar alçar vôo rumo a sonhos/catástrofes assim que saírem do purgatório.
Escoram-se em clubes de vetustas senhoras ou desvairadas dondocas que se reúnem numa Kombi.
E antes de qualquer reunião airfresh, aquele que evita o cheiro de suor dos sambistas.
A reforma política é a reforma dos políticos para não mudar coisa alguma, manter intocados os privilégios e sem novos sócios o clube de amigos e inimigos cordiais que transforma PT e PSDB em inimigos de mentirinha. FHC já solicitou uma audiência a Dilma para passar as coordenadas.
Não adianta dizer que Lula apoiou publicamente decisões da presidente. Claro, um paralelepípedo saberia que o ex-presidente não vai manifestar a percepção que cada dia mais está sendo jogado para corner, ou pelo menos tentam.
Não há reforma política sem o cheiro do suor dos sambistas, mesmo que as dondocas não queiram.
Somos um ornitorrinco – definição de Chico Oliveira – (dondocas devem pensar que Chico Oliveira é algum garçom engraçado de algum bar da moda em Ipanema). Imagine se vão ter idéia do que seja Darwin.
Estão atentos apenas aos próprios umbigos.
O processo histórico transcende a essa camisa de força que tentam impor ao povo brasileiro e que chamam de reforma política.
Existem postes (postes de luz, não falo de Dilma) na minha cidade com marcas de balas disparadas pela polícia em greves no início do século XX, 1910 mais ou menos, quando os trabalhadores não tinham a menor idéia que a redenção viria pelas mãos do PT.
Não confundir com Lula. Se juntar o partido inteiro, fizer uma grande massa, não dá um por cento do ex-presidente. Falo de força eleitoral.
Mas, enfim, subsidiados por estatais, ou colados em gabinetes com carimbos, telefone, clips e uma dúzia de canetas bic para não decidir nada, só pelegar, mantêm o poder longe do suor dos sambistas e com um chope tirado no colarinho certo e exato.
Não há reforma política sem povo.
Só reforma dos interesses dos políticos.
Lista fechada é ditadura.
É só perceber que para ela correm quase todos os partidos – uma ou outra exceção, assim mesmo individual, de um ou outro parlamentar –.
São movidos a verdade absoluta da grande democracia que não existe.
Vai tudo acabar num bem disfarçado acordo de livre comércio que a presidente chama de “política de resultados”.
É bom ficar de olho no governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. É o porta-voz real do que de fato pensa Lula. Escapa dessa histeria incurável, já que não existe mais a Revista do Rádio. Pode ser que CARAS substitua, mas mesmo assim, para o rolo compressor que vem aí na tal reforma, para os interesses que cercam a tal reforma, para a alienação produzida pela grande mídia, pela vitória de Maria, CARAS acaba sendo tratado de filosofia a ser lido com cuidado enquanto se bebe um chope e come um bolinho de bacalhau.
Longe do suor dos sambistas que, certamente, preferem a “lua furando nosso zinco/salpicava de estrelas nosso chão/tu pisavas os astros distraída, sem saber que a maior ventura dessa vida/é a cabrocha, o luar e o violão”.
Na obra arquitetônica dessa nova realidade não existem “roupas comuns dependuradas”. Porque não existem bandeiras desfraldadas. Só o amém, a tropa formada e vestida de branco.
Pronta a marchar sem ter a menor idéia que estamos diante de um abismo que vira tsunami no curso do processo, pois o sambista com cheiro de suor, à frente, vai querer tocar seu violão, sem bandolim, seu cavaquinho.
Não é reforma política que estão discutindo, é reforma dos políticos.
E enquanto rola tudo isso não se fala mais nos trabalhadores das empresas que tocam as obras do PAC. Ou por outra, fala-se da polícia a caminho.
É a política de resultados.
Meio dia e meia, hora dos “revolucionários” acordarem, banho frio para a ressaca, um ou dois comprimidos de “engov” e pernas para que te quero, até a hora do chope e de salvar a Líbia.
Ah! Antes ler a ordem do dia do chefe.

Dilma, o embuste: Oito anos de independência jogados fora - Laerte Braga

As declarações da embaixadora brasileira na Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, justificando o voto vergonhoso do Brasil a propósito do tema em relação ao Irã jogam foram os oito anos de política externa independente que Lula construiu com Celso Amorim e transformam o nosso País na Colômbia preferida dos EUA na América Latina.
Deixamos de ser protagonistas e viramos coadjuvantes, carregadores de pastas dos donos.
Dilma Roussef é um embuste, um caso claro de estelionato eleitoral. Ludibriou a Lula e aos brasileiros que acreditaram em suas palavras durante a campanha eleitoral.
O levante popular no Egito contra a ditadura de Hosni Mubarak, aliado dos EUA e de Israel produziu uma violenta reação dos Estados Unidos, países da Europa e Israel no sentido de evitar que os povos árabes alcancem a democracia, já que os levantes se estendem a outros países onde os ditadores são aliados dos EUA.
O Irã e a Turquia são os únicos países de maioria muçulmana onde existe democracia. O governo turco, na quinta-fera, se viu na contingência de ceder às pressões da OTAN – organização terrorista que alia EUA e Europa Ocidental.
Os bombardeios aéreos contra a Líbia são um crime contra a humanidade, violam todos os preceitos e princípios de direitos humanos, matam civis e na prática nem se preocupam com eles, mas com o petróleo. Sem levar em conta que Gaddafi era aliado dos EUA, dos europeus, financiou as campanhas de Obama e Sarkozy, o que torna visível que a ação é queima de arquivo.
Que tipo de sanção o funcionário destacado para o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Anthony Patriot vai recomendar à embaixadora Maria Nazareth Azevedo contra o campo de concentração de Guantánamo (que o próprio Obama disse que fecharia e não o fez, não governa nada, é apenas garoto propaganda do terrorismo)?
Ou contra o massacre constante de palestinos por Israel, o roubo de terras, de água, as prisões indiscriminadas e torturas, estupros de mulheres palestinas? A violência contra os revoltosos no Bahrein, no Iêmen, cujos ditadores são aliados dos EUA e de Israel?
Que tipo de atitude, por exemplo, contra a prisão injustificada de Cesare Battisti no Brasil, em manobra vergonhosa da Suprema Corte atendendo a um governante acusado de pedofilia, o de Silvio Berlusconi? Será que porque é ungido pelo papa Bento XVI e as suásticas que desfraldam em todos cantos do Vaticano pos João XXIII? Vai vigorar o escandaloso acordo firmado entre o presidente do STJ – sionista ligado a grupos políticos de Israel – e o Banco Mundial, que submete a Justiça brasileira aos princípios dos donos?
Os bombardeios de alvos civis no Afeganistão e os constantes pedidos de desculpas de generais norte-americanos por falha nas tais bombas de alta precisão?
Os milhões de mortos no Iraque?
Marco Aurélio Garcia está fazendo o que no governo de Dilma? Foi assessor de política externa de Lula oito anos e agora vai referendar essa postura submissa do governo brasileiro?
Observadores internacionais, inclusive da própria ONU, foram unânimes em atestar que a reeleição de Ahmed Amadinejad foi limpa, cristalina, vontade do povo iraniano e que os protestos foram conduzidos de fora para dentro a partir de grupos econômicos e de uma seita criada como braço dos serviços de inteligência dos EUA, a Baha’i? A sede, aliás, é no território norte-americano e nunca na história da falácia religiosa usada como instrumento político se produziu algo tão confuso em matéria de crença.
Dilma começa a disputar com a Colômbia o direito de ser a menina dos olhos dos EUA na América Latina. Joga fora oito anos de independência e como disse a embaixadora Maria Nazareth Azevedo em entrevista à mídia brasileira, “a política externa mudou”.
O País voltou a ser uma república de bananas, a mudança é essa.
Vinte e dois membros do Conselho votaram a favor da resolução apresentada pela Suécia (país que fabrica escândalos sexuais para tentar entregar Júlio Assange – fundador do WIKILEAKS – aos EUA). Sete países votaram contra e catorze se abstiveram.
A resolução que pede que os direitos humanos no Irã sejam objeto de investigação se insere na reação norte-americana/israelense – a Europa Ocidental é adereço, até a Alemanha já percebeu isso e está tirando o time de campo – de por um fim às revoltas nos países árabes, criar simulacros de democracia e manter o controle do petróleo e as políticas genocidas de Israel contra o povo palestino.
A chamada nova ordem política e econômica mundial, a globalização, se impõe pela boçalidade e no caso de Dilma nem isso foi necessário, bastou um festival de palhaçadas de Barack Obama num final de semana no Brasil.
Estamos com a cara da Colômbia, principal – até o voto do Brasil – colônia norte-americana na América Latina.
A mídia, como sempre, silente sobre os fatos e pródiga nas mentiras e distorções. Num programa no canal GLOBONEWS na quinta-feira, horário das 12 horas mais ou menos, ao perguntar a dois “especialistas” sobre a “guerra da Líbia”, a apresentadora cometeu um ato falho que dá a exata dimensão dessa farsa midiática – “eu gostaria de ouvir dos senhores se vamos ganhar a guerra?” –. Ato contínuo tentou corrigir-se, mas já havia dito.
Mais de cem civis já morreram nos bombardeios de “alta precisão”, cerca de mil estão feridos e os rebeldes líbios já massacraram centenas de adeptos de Gaddafi.
O que conta é o petróleo, apenas o petróleo, nada além do petróleo.
O voto brasileiro e a declaração da embaixadora sobre a “mudança da política externa brasileira” são suficientes para caracterizar a essência submissa do governo Dilma Roussef e torna possível prever o que vem por aí em outros setores – está vindo aliás.
Nem a ressurreição das patrulhas ideológicas de parte – a que está colada em cargos públicos – do PT, suposto partido da presidente, servirá para impedir que se perceba que Dilma Roussef é um caso típico de estelionato eleitoral.
E vai por aí, desde um milhão e trezentos mil reais para o blog de Maria Betânia, a um voto que não deixa dúvidas sobre que país será a principal base de operações dos EUA na América Latina.
O Brasil.
É como disse Ivan Pinheiro ao definir o voto de seu partido, o PCB, diante do dilema Dilma e Serra. “É com Dilma nas urnas, contra Dilma nas ruas”.
O Brasil começa a andar para trás e o voto em Genebra é a prova cabal dessa marcha determinada por Washington.
A propósito, tão preocupada com os direitos humanos, a presidente poderia mandar saber das condições em que se encontra preso o soldado Bradley Manning, nos EUA, acusado de ter entregue documentos secretos do Pentágono ao WIKILEAKS. Até obrigado a dormir nu o prisioneiro já foi obrigado, fato que motivou protestos no próprio senado daquela organização terrorista. EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
O voto do Brasil significa que o País está tentando comprar ações da empresa.