domingo, 27 de novembro de 2011

SELO DE QUALIDADE NA CORRUPÇÃO? VAI PARA OS TUCANOS - Laerte Braga

Se você encontrar pelas ruas de sua cidade um cidadão parecido com José Serra e ele lhe disser “eu sou seu presidente”. Não se assuste e nem se preocupe. É o próprio Serra e não está louco, é cretino mesmo.
Eu não sei que critérios norteiam essa concessão, digamos assim, de selo de qualidade. Eduardo Galeano matou a charada – Mata sempre – sobre esse negócio de Verde. É só um exemplo. O Banco Mundial resolveu trabalhar com a cor Verde, pinta a sujeira de Verde e pronto, vira ambientalista.
Fica igual Marina DA Silva e seus vários “tons” de Verde, inclusive o tal Verde marrom. Sei lá como é que é, mas sei que existe.
É o mesmo notável Galeano que mostra num trabalho exemplar – como sempre – que 80% dos danos ambientais são causados por 20% DA população do planeta, logo, fácil entender que por banqueiros, grandes corporações e latifundiários.


Há alguns anos atrás um desses “sábios” DA política, ou tecnocrata, não me lembro, sugeriu pintar de cores vivas OS barracos nas favelas do Rio para atenuar o impacto DA miséria sobre OS turistas. “Miséria colorida”. Virou música/crítica.
O WIKILEAKS divulgou na sexta-feira, dia 18, telegramas que mostram o lobby de petroleiras norte-americanas sobre o Congresso brasileiro para que a exploração do pré-sal viesse a ser regulamentada dentro dos interesses dessas empresas. Ou seja, saquear o petróleo brasileiro.
Lobista um trem que pode ser definido assim – a legalização DA atividade de corruptor.
À frente a embaixada dos EUA, diplomatas norte-americanos, empresários, toda a corja e a preocupação – “a indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?” Ficaram aborrecidos, embora contem hoje com figuras como Sérgio Cabral, Renato Casagrande e outros maiores e menores (Casagrande é boneco ventríloquo, por exemplo).
O mais importante foi o contato feito com José Serra, então candidato a presidente. Chamado a cumprir seu dever de agente estrangeiro, “tranqüilizou OS patrões”.
“Deixem esses caras fazer o que quiserem, depois a gente muda tudo”. Em linha reta, contando com a sua vitória, garantiu a entrega do pré-sal às companhias norte-americanas.
Os telegramas DA embaixada dos EUA, de consulados, mostram que as empresas se enfureceram em 2009 com a definição que a PETROBRAS seria a única operadora. Os parceiros dessas empresas eram – são – Eike Batista, a FIESP e a CNI – Confederação Nacional das Indústrias. A Chevron, note-se que OS telegramas são documentos oficiais, fez pressão junto ao governo dos EUA para manter no Brasil o embaixador Thomas Shannon “considerando que ele pode ter Grande influência nesse debate”.
A estratégia era simples. Esperar as eleições, a posse de José Serra e mudar tudo, entregar tudo.
O acidente com um poço DA Chevron na bacia de Santos não foi só um acidente. A quadrilha estava perfurando em áreas for a dos seus limites e tentando chegar à camada do pré-sal para piratear petróleo brasileiro.
São criminosos. Compram empresários brasileiros – o que não é muito difícil e nem são tão caros assim, qualquer cacho de bananas e um apartamento em Paris resolve – e disponibilizam lobistas para atuar junto a deputados e senadores dispostos a aceitar uma grana extra – não são poucos, pelo contrário –.
No Parlamento o PSDB é a porta de entrada. Na ação conjugada, na mídia, a GLOBO é o canal e William Waack o preferido de Hilary Clinton. Hoje, 27 de novembro, ao comentar OS movimentos populares no Egito, evidente a mando e seguindo instruções dos patrões, afirmou que “são puxados por um fio de for a”. Estava insinuando o Irã.
Quando se trata DA Síria reclamam sanções contra violações dos direitos humanos. Manifestantes no Egito são massa enfurecida organizada pelo Irã. E na hora de jogar bombas despejam sobre a Líbia, o Afeganistão, o Iraque, ocupam e colonizam a Colômbia, quebram as colônias DA Comunidade Européia e David Cameron é o porta-voz de sua majestade embalsamada, Elizabeth II. Obama até hoje não perdoou não ter sido convidado para o casamento do príncipe Williams.
Selo de qualidade é por aí. No Brasil o selo de submissão e faço qualquer negócio vai para OS tucanos. Não existe tucano inocente. O ser tucano já é atividade criminosa. Alguém escreveu dias DA semana passada que a presença de José Serra na política nacional e seu desespero de representar qualquer coisa, “é patética”.
Acho que pior, mas em dimensão menor, é Míriam Leitão. No Natal então a moça desespera com previsões de cataclismas para o próximo ano. Aquele negócio que o Fantástico apresenta sempre, todo Janeiro. Tipo um vulcão vai causar muitos danos, uma figura célebre vai morrer, um avião vai cair, FHC não vai pagar o financiamento que pegou com o governo para construir sua pirâmide, coisas óbvias e a mais óbvia delas, que José Serra vai continuar a imaginar que despacho no Planalto.
Que Dilma não é lá essas coisas tudo bem. Que o PT é um partido que cada vez mais se assemelha ao PSDB é fato.
Mas o selo de qualidade na corrupção vai para os tucanos. É conferido por Wall Street, pelas grandes corporações e bancos internacionais e costumam preferir hotéis de Foz do Iguaçu para “fazer negócios”.
Juntam uma horda de criminosos, mandam fazer um grande bolo de onde emerge uma pin up com cara de Regina Duarte trinta anos atrás e mandam rodar um filme “patriótico” sobre a entrega da Amazônia.
O porteiro dessa história toda para não entrar nenhum estranho ao ninho é o coronel Brilhante Ulstra, especialista em pau de arara, estupros, seqüestros, assassinatos, folha corrida de dar inveja a qualquer mequetrefe em tortura.
O tradutor é Hélio Costa, global que lustrava as botas de Dan Mitrione.
E estou falando de tucanos e afins (tem os braços, os tentáculos, etc) de alto coturno. Nem falei do prefeito de minha cidade, o tal Custódio Matos.
Juiz de Fora corre o risco de acabar transformando-se num grande loteamento da quadrilha tucana, em todos os sentidos. O mínimo para liberar pagamento de fatura devida pela Prefeitura é vinte por cento.
Nem falo dos estragos causados por aterros sanitários aqui e ali. Estão comprando até prefeito de Ewbank da Câmara para despejar lixo hospitalar,
“gerar empregos”, trazer Progresso.
Tudo com selo de qualidade de corrupção plena, absoluta e pintado de verde. Inclusive os restos de corpos despejados pela TRUSCHER quadrilha especializada nesse negócio de selo de qualidade.

sábado, 26 de novembro de 2011

Va Pensero de Giuseppe Verdi - Dá opera "Nabucco" - 1842 - Elio Mollo

Hino cantado pelo povo hebreu que, no "Nabucco", foi derrotado pelos Assírios, deportado para Babilônia e reduzido em escravidão.Uma verdadeira obra prima musical, tanto na pauta músical como da letra.
Significado de algumas virtudes
Caridade - Humildade - Fé - Esperança - Paciência - Diligência - Justiça Generosidade - Temperança - Tolerância - Serenidade - Respeito - Dignidade Fortaleza - Moderação Sinceridade - Franqueza - Lealdade - Solidariedade Prudência.
AMOR
O AMOR é a força que preside a ordem do Universo. (frase com base in Empedocles - Agrigento, 495/490 - 435/430 aC) Amor é um sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa ou Amor é um sentimento de dedicação absoluta de um ser ao outro. O amor resume toda a doutrina de Jesus, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. (...) ... o amor é o requinte dos sentimentos. (Lázaro - Paris, 1862 in O Evangelho segundo o Espiritismo, obra codificada por Allan Kardec) Existe o amor sentimento, contendo a paixão e o desejo que necessita de outras virtudes para se sustentar e os relacionamentos animar. Mas o Universo é regido pelo AMOR FORÇA que age naturalmente e, quando o deixamos fluir entre nossas relações une todas as conexões; estrutura amizades, constrói lindos romances e mantém a afinidade para que possam durar por toda a eternidade. (E. Mollo)
Leia o texto por inteiro no link abaixo.
http://www.aeradoespirito.net/EstudosEM/SIGNIF_DE_ALG_VIRT.html

A copa (não) é nossa - Wanderley Caixe

Frei Betto


Para bem funcionar, um país precisa de regras. Se carece de leis e de quem zele por elas, vale a anarquia. O Brasil possui mais leis que população. Em princípio, nenhuma delas pode contrariar a lei maior – a Constituição. Só em princípio. Na prática, e na Copa, a teoria é outra.
Diante do megaevento da bola, tudo se enrola. A legislação corre o risco de ser escanteada e, se acontecer, empresas associadas à Fifa ficarão isentas de pagar impostos.
A lei da responsabilidade fiscal, que limita o endividamento, será flexibilizada para facilitar as obras destinadas à Copa e às Olimpíadas. Como enfatiza o professor Carlos Vainer, especialista em planejamento urbano, um município poderá se endividar para construir um estádio. Não para efetuar obras de saneamento...
A Fifa é um cassino. Num cassino, muitos jogam, poucos ganham. Quem jamais perde é o dono do cassino. Assim funciona a Fifa, que se interessa mais por lucro que por esporte. Por isso desembarcou no Brasil com a sua tropa de choque para obrigar o governo a esquecer leis e costumes.
A Fifa quer proibir, durante a Copa, a comercialização de qualquer produto num raio de 2 km em torno dos estádios. Excetos mercadorias vendidas pelas empresas associadas a ela. Fica entendido: comércio local, portas fechadas. Camelôs e ambulantes, polícia neles!
Abram alas á Fifa! Cerca de 170 mil pessoas serão removidas de suas moradias para que se construam os estádios. E quem garante que serão devidamente indenizadas?
A Fifa quer o povão longe da Copa. Ele que se contente em acompanhá-la pela TV. Entrar nos estádios será privilégio da elite, dos estrangeiros e dos que tiverem cacife para comprar ingressos em mãos de cambistas. Aliás, boa parte dos ingressos será vendida antecipadamente na Europa.
A Fifa quer impedir o direito à meia-entrada. Estudantes e idosos, fora! E nada de entrar nos estádios com as empadas da vovó ou a merenda dietética recomendada por seu médico. Até água será proibido.
Todos serão revistados na entrada. Só uma empresa de fast food poderá vender seus produtos nos estádios. E a proibição de bebidas alcoólicas nos estádios, que vigora hoje no Brasil, será quebrada em prol da marca de uma cerveja made in usa.
Comenta o prestigioso jornal Le Monde Diplomatique: “A recepção de um megaevento esportivo como esse autoriza também megaviolação de direitos, megaendividamento público e megairregularidades.”
A Fifa quer, simplesmente, suspender, durante a Copa, a vigência do Estatuto do Torcedor, do Estatuto do Idoso e do Código de Defesa do Consumidor. Todas essas propostas ilegais estão contidas no Projeto de lei 2.330/2011, que se encontra no Congresso. Caso não seja aprovado, o Planalto poderá efetivá-las via medidas provisórias.
Se você fizer uma camiseta com os dizeres “Copa 2014”, cuidado. A Fifa já solicitou ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) o registro de mais de mil itens, entre os quais o numeral “2014”.
(Não) durmam com um barulho deste: a Fifa quer instituir tribunais de exceção durante a Copa. Sanções relacionadas à venda de produtos, uso de ingressos e publicidade. No projeto de lei acima citado, o artigo 37 permite criar juizados especiais, varas, turmas e câmaras especializadas para causas vinculadas aos eventos. Uma Justiça paralela!
Na Árica do Sul, foram criados 56 Tribunais Especiais da Copa. O furto de uma máquina fotográfica mereceu 15 anos de prisão! E mais: se houver danos ou prejuízo à Fifa, a culpa e o ônus são da União. Ou seja, o Estado brasileiro passa a ser o fiador da FIFA em seus negócios particulares.
É hora de as torcidas organizadas e os movimentos sociais porem a bola no chão e chutar em gol. Pressionar o Congresso e impedir a aprovação da lei que deixa a legislação brasileira no banco de reservas. Caso contrário, o torcedor brasileiro vai ter que se resignar a torcer pela TV
- Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.

Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tupac Amaru - Filme - Compareçam e Divulguem!. Dia 8 de Dezembro (quinta) às 20 horas - Vanderley Caixe

TUPAC AMARU






















Dia 8 de Dezembro (quinta) às 20 horas
Local: Cinemateca Brasileira
Direção: Federico García Hurtado
Elenco: Reynaldo Arenas, Zully Azurin, Carlos Cano de la Fuente Origem: Cuba | Peru
Duração: 95 min
Legenda em português
Ano: 1984
O filme conta a história de um herói da luta pela libertação da América Latina. Tupac Amaru liderou uma revolta popular que abalou os alicerces da dominação colonial e oligarquica. Derrotado, preso, torturado, foi brutalmente assassinado em 1781. Considerado um dos mais importantes filmes políticos da América Latina, recebeu o prêmio da Associação de Cineastas Latino-americanos em Havana (1985) e a Menção Honrosa no Festival de Cinema de Londres (1986). Co-produzido com o Instituto Cubano del Arte y la Industria Cinematográficos (ICAIC), contou com a participação de organizações populares de Cusco no Perú.
Federico García Hurtado iniciou sua carreira nos anos 1960 com Huando, Tierra sin patrones e Inkari. Em 1975 dirigiu Donde nacen los cóndores. Outro destaque de sua obra é “Melgar, sangre de poeta” (1982), que trata da vida de outro herói independentista. Mais recentemente esteve à frente da produção da mini-série chamada “El Amauta” sobre a juventude do líder comunista peruano José Carlos Mariategui.

CELSO FURTADO E A MULHER - Laerte Braga

O ex-governador de Minas Hélio Garcia, numa das greves do professorado mineiro, chamou as professoras de “mal amadas”. A expressão é do jornalista Antônio Maria e aconteceu num contexto completamente diverso. Foi durante a campanha eleitoral de 1960. Num programa de televisão Maria chamou as integrantes de um comitê de Carlos Lacerda de “malamadas” (ele próprio passou a escrever a palavra dessa forma). À época o jornalista foi um dos responsáveis pela extraordinária votação do candidato Sérgio Magalhães, uma dos grandes figuras do Parlamento na História do Brasil. Feliz ou infeliz a expressão usada por Antônio Maria não tinha o mesmo caráter quando usada por Hélio Garcia. O ex-governador de Minas apelidado de “maverick” – tinha um tanque maior para combustível – afogava no combustível as mágoas de uma paixão não correspondida. Sua ofensa aos professores foi uma sórdida vingança de sua perda, sua fraqueza. Celso Furtado afirmou que “a revolução feminista foi o maior movimento revolucionário do século XX”. Ao contrário do que pode pensar a Mulher Melancia, ou a Miss Laje essa afirmação não se refere a exibir a bunda na revista PLAYBOY. Trata da conquista da condição de ser humano pleno de direitos políticos, econômicos e sociais. Nada daquele negócio de levar dois ou três tiros do marido por conta de legítima defesa da honra e a absolvição garantida. Jorge Amado fala disso em GRABRIELA CRAVO E CANELA. A idéia que tiro lava a honra é complicada. Grupos muçulmanos hoje buscam formas de interpretação do Islã que elimine os preconceitos e os costumes bárbaros em determinadas parte do mundo do Islã contra a mulher. No Irã onde a evolução foi significativa com a Revolução Islâmica se consegue preservar os fundamentos religiosos/culturais com a percepção dessa necessidade, embora em alguns cantos do país prevaleça a cultura milenar da submissão. É um processo a busca de avanços. Na Praça Tahir no Egito as mulheres são parte da luta do povo daquele país contra a opressão de militares, norte-americanos e o governo de Israel. As dificuldades que mulheres encontram pela frente, em países como o Brasil, ou nos Estados Unidos, para citar dois, decorrem de um fenômeno típico dos nossos tempos. A imensa goela do capitalismo se apropria de cada movimento popular e transforma, por exemplo, calça jeans em símbolo de liberdade. É o grande dilema dessa revolução fantástica. Que traz a mulher da condição de objeto de cama e mesa para o centro de decisão e parte do processo maior de vida e de construção de um mundo alternativo, diverso do que temos. É claro, pois nele a mulher continua sendo subjugada na forma espetáculo. É só lembrar a transmissão ao vivo e exclusiva do parto de Xuxa. Do nascimento de Sasha. Serve para ilustrar várias situações. Não é possível construir um mundo alternativo ao mundo do espetáculo e da barbárie se não estivermos juntos homens e mulheres, no mesmo patamar. Boçais como Jair Bolsonaro sempre existirão e sempre se farão presentes. E nem importa que seja caso de psiquiatra, importa que encontra eco em parcela da opinião pública para o amontoado de sandices que diz cada vez que abre a boca. Reflete o pensamento fascista da ordem unida em torno dos porões da estupidez, onde o estupro era regra geral em nome do “patriotismo”. O desafio hoje é maior que as passeatas pelo direito ao voto – nas primeiras décadas do século XX – ou por queimar sutiãs. O direito de cada mulher ser dona de si, portanto, do seu corpo, vai mais além. É o de estar presente no processo decisório. Temos hoje uma presidente da República e essa afirmação exclui ser contra ou a favor, mas é inegável o caráter pessoal de Dilma Roussef. Há outra goela imensa a serviço do modelo na tarefa de se apropriar da revolução feminista e de todos os movimentos sociais que possam colocar em risco não o mundo dos homens propriamente dito, mas da estupidez que é regra geral do capitalismo. É a goela da mídia. A construção da mulher objeto fazendo-a crer que um reality show é um momento supremo de revelações e afirmações. Vivemos um tempo em que se estimula expor de público as nossas vísceras. Uma das “preocupações” da mídia no caso Nardoni foi sobre como a mãe reagiria ao assédio de outras mulheres na prisão, acostumada a uma vida confortável. Um debate se gerou em torno disso, até com “análises” de especialistas, enquanto a violência contra a mulher era deixada de lado. Ou a questão do trabalho, os salários mais baixos que os pagos aos homens. em toda mulher tem a dimensão de Frida Khalo e nem todo homem tem a dimensão Lenine. Mas isso não significa que todos temos que ser Frida Khalo ou Lenine. Temos que ser apenas humanos conscientes dos nossos papéis e da igualdade plena de direitos. Isso porque, certamente, a mulher bóia fria que cata laranjas num latifúndio hoje, o faz sob condições desumanas e é desrespeitada a cada momento em cada situação de vida. E tem a dimensão de Frida. Há um caminho imenso a ser percorrido e uma encruzilhada a ser vencida hoje. O da apropriação pelo capitalismo das conquistas da mulher, moldadas ao sabor do espetáculo, enquanto permanecem a violência, o preconceito, enfim a barbárie, numa igualdade de fantasia, acessível na prática a poucas diante da totalidade do universo feminino. Num campeonato feminino de futebol, quem prestar atenção, vai notar que os que transmitem os jogos vão eximir-se de comentar o que consideram “tipos estranhos”, sempre achados por uma câmera indiscreta na arquibancada, mas em seguida, ato contínuo, vão de forma asséptica, comentar a beleza de uma ou outra jogadora, num outro jogo, esse sórdido, de tentar execrar o que consideram “aberrações” ao padrão de beleza e comportamento estabelecido pelos ditadores do “o que deve ser e como deve ser”. Chegam ao desplante de “até essas mulheres têm o direito de ter seu espaço”. O modelo paulista quatrocentão, por exemplo. Reunido e discutindo questões como a ocupação da USP em torno de salgadinhos, sucos naturais, temendo que Chávez possa descer em Brasília montado num cavalo baio e afetar a pipoca dançante de cada dia em favor dos que sofrem. Há um longo caminho a ser percorrido pela mulher em todos os cantos do mundo, para que manifeste em sua totalidade a revolução feminista que e sua importância definidas por Celso Furtado. Não passa só pela mulher. Passa por todo o conjunto que equivocadamente chamam de “minorias”. Minorias são eles, os donos, os que estampam objetos melancia, morango, laje, melão, Xuxa, Angélica, dóceis ao mundo dos refletores, para o gáudio do que William Bonner chama de idiota, a tradução correta de Homer Simpson. Uma vez perguntaram ao pintor Degas, filho de banqueiro, sobre a razão de quadros tão grandes e especificamente em torno de bailarinas. Ele respondeu de uma forma direta, sem vacilar – “você queria que eu pintasse o que? A hipocrisia dos desejos reprimidos das mulheres dos salões dos banqueiros de Paris? Pois eu pinto a leveza e a pureza da dança e das bailarinas. Você não sente o cheiro de paz e vida em cada quadro desses? Se não sente não entendeu nada. Nem as imperfeições que são perfeitas” É uma luta da mulher e dessas “minorias” contra um modelo opressor. Imagine se um Brilhante Ulstra da vida vai entender tudo isso.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

[Carta O BERRO] Lançamentos do livro "Crime de Imprensa" em São Paulo dia 25 de novembro e dia 30 de novembro - Vanderley Caixe

Banca Bruno Av Paulista – metrô consolação
Dia 25 de nov. - a partir das
19 horasSão Paulo
ECA-USP (aberto ao público)Cidade UniversitáriaAuditório Freitas Nobre
Dia 30 de nov. -
19:30 horas

O VERDADEIRO HOMEM DE BEM - Elio Mollo

Imaginem se no mundo estas ações fossem gerais das pequenas às grandes coisas do dia a dia.
CARACTERES DO HOMEM DE BEM
Por que sinais se pode reconhecer no homem o progresso real que deve elevar o seu Espírito na hierarquia espírita? -- O Espírito prova a sua elevação quando todos os atos da sua vida corpórea constituem a prática da lei de Deus e quando compreende por antecipação a vida espiritual. O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade na sua mais completa pureza. Se interroga sua consciência sobre os atos praticados, perguntará se não violou essa lei, se não cometeu nenhum mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém teve de se queixar dele, enfim, se fez para os outros tudo o que gostaria que os outros lhe fizessem. O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, e sacrifica o seu interesse pela justiça. Ele é bom, humano e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem exceção de raças ou de crenças. Se Deus lhe deu o poder e a riqueza, olha essas coisas como um depósito do qual deve usar para o bem, e disso não se envaidece porque sabe que Deus, que lhos deu, também poderá retirá-los. Se a ordem social colocou homens sob a sua dependência, trata-os com bondade e benevolência porque são iguais perante Deus; usa de sua autoridade para lhes erguer a moral e não para os esmagar com o seu orgulho. É indulgente para com as fraquezas dos outros porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência e se recorda destas palavras do Cristo: "Que aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra". Não é vingativo: a exemplo de Jesus, perdoa as ofensas para não se lembrar senão dos benefícios, porque sabe que lhe será perdoado assim como tiver perdoado. Respeita, enfim, nos seus semelhantes, todos os direitos decorrentes da lei natural, como desejaria que respeitassem os seus.
  Questão 918 de O Livro dos Espíritos, obra codificada por Allan Kardec

* * *

Fantástico (BBC)*^* - Adriana Toscano

[Carta O BERRO] "Heróis Condenados" por Frei Betto - Vanderley Caixe

23 de Novembro de 2011 - 11h15        
Frei Betto: Heróis condenados
"Os últimos soldados da guerra fria”, livro de Fernando Morais editado pela Companhia das Letras (2011), teria suscitado inveja em Ian Fleming, autor de 007, se este não tivesse morrido em 1964, sobretudo por comprovar que, mais uma vez, a realidade supera a ficção.
Por Frei Betto, em Adital

Suponhamos que na esquina de sua rua haja um bar que abriga suspeitos de assaltarem casas do bairro. Como medida preventiva, você trata de infiltrar um detetive entre eles, de modo a proteger sua família. A polícia, de olho nos meliantes, identifica o detetive. E ao invés de prender os bandidos, encarcera o infiltrado...
Foi o que ocorreu com os cinco cubanos que, monitorados pelos serviços de inteligência de Cuba, se infiltraram nos grupos anticastristas da Flórida, responsáveis por 681 atentados terroristas contra Cuba, que resultaram no assassinato de 3.478 pessoas e causaram danos irreparáveis a outras 2.099.
Desde setembro de 1998, encontram-se presos nos EUA os cubanos Antonio Guerrero, Fernando González, Gerardo Hernández e Ramón Labañino. O quinto, René González, condenado a 15 anos, obteve liberdade condicional no último dia 7 de outubro, mas por ter dupla nacionalidade (americana e cubana) está proibido de deixar o país.
Os demais cumprem pesadas penas: Hernández recebeu condenação de dupla prisão perpétua e mais 15 anos de reclusão... Precisaria de três vidas para cumprir tão absurda sentença. Labañino está condenado à prisão perpétua, mais 18 anos; Guerrero, à prisão perpétua, mais 10 anos; e Fernando a 19 anos.
Os cinco constituíam a Rede Vespa, que municiava Havana de informações a respeito de terroristas que, por avião ou disfarçados de turistas, praticaram atentados contra Cuba, contrabandearam armas e detonaram explosivos em hotéis de Havana, causando ferimentos e mortes.
Bush e Obama deveriam agradecer ao governo cubano por identificar os terroristas que, impunes, usam o território americano para atacar a ilha socialista do Caribe. Acontece, no entanto, exatamente o contrário, revela o livro bem documentado de Fernando Morais. O FBI prendeu os agentes cubanos, e continua a fazer vista grossa aos terroristas que promovem incursões aéreas clandestinas sobre Cuba e treinamentos armados nos arredores de Miami.
Em 15 capítulos, o livro de Morais relata como a segurança cubana prepara seus agentes; a saga do mercenário salvadorenho que, a soldo de Miami, colocou cinco bombas em hotéis e restaurantes de Havana; o papel de Gabriel García Márquez, como pombo-correio, na troca de correspondência entre Fidel e Bill Clinton; a visita sigilosa de agentes do FBI a Havana, e o volume de provas contra a Miami cubana que lhe foram oferecidas por ordem de Fidel.
"Os últimos soldados da guerra fria” é fruto de exaustivas pesquisas e entrevistas realizadas pelo autor em Cuba, EUA e Brasil. Redigido em estilo ágil, desprovido de adjetivações e considerações ideológicas, o livro comprova por que Cuba resiste há mais de 50 anos como único país socialista do Ocidente: a Revolução e suas conquistas sociais incutem na população um senso de soberania que a induz a preservá-las como gesto de amor.
Em país capitalista, para quem, graças à loteria biológica, nasceu em família e classe social imunes à miséria e à pobreza, é difícil entender por que os cubanos não se rebelam contra as autoridades que os governam. Ora, quando se vive num país bloqueado há meio século pela maior potência militar, econômica e ideológica da história, da qual dista apenas 140 km, é motivo de orgulho resistir por tanto tempo e ainda merecer elogios do papa João Paulo II ao visitá-lo em 1998.
Em mais de 100 países – inclusive no Brasil – há médicos e professores cubanos em serviços solidários em áreas carentes. O número de desertores é ínfimo, considerada a quantidade de profissionais que, findo o prazo de trabalho, retornam a Cuba. E a Revolução, como ocorre agora sob o governo de Raúl Castro, tem procurado se atualizar para não perecer.
Talvez este outdoor encontrado nas proximidades do aeroporto de Havana, e citado com frequência por Fernando Morais, ajude a entender a consciência cívica de um povo que lutou para deixar de ser colônia, primeiro, da Espanha e, em seguida, dos EUA: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana.”
* Frei Betto é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros

STF libera “marcha da maconha” - Barbet

A MARCHA DA MACONHA E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO...



Ao responder ao amigo Jorge Cortazar, vieram-me várias idéias à cabeça sobre o tema, que resolvi publicar aqui neste espaço e em outros.

A MARCHA DA MACONHA E A "LIBERDADE DE EXPRESSÃO"
Jorge Linhaça
Antes de entrar na questão em si, uma placa na imagem chamou minha atenção.
Alguém empunha um cartaz com os dizeres " Deus Fez a Maconha"...verdade...mas também fez animais peçonhentos e outros venenos em foma de plantas...aí eu pergunto...será que esse boca-aberta que escreveu tal cartaz já tomou veneno de cobra ou sai por ai mastigando plantas venenosas?
Vamos ter um mínimo de bom senso!!! Dito isto passemos ao texto.
Acompanho ressabiado a liberação das tais "Marchas da maconha"
Embora as pessoas tenham o direito sagrado de manifestar-se sobre qualquer assunto , preocupa-me o que possa resultar disso.
Daqui a pouco teremos pessoas se manifestando sobre o direito de ser corrupto, quem sabe não começam a pipocar Marchas pela corrupção? Afinal se marchar pela maconha não é apologia ao crime, marchar pela corrupção também não é...e imaginem quantas marchas podem ser inventadas passando por essa premissa.
Quanto à descriminação da maconha, é importante realçar, a titulo de contribuição, que não se trata de descriminar o tráfico e sim o uso da maconha.
Na verdade a maconha seria vendida como o cigarro ou as bebidas alcoólicas.
Da parte dos governantes ( sabe-se lá se isentos ou não ) o olhar é para a arrecadação de impostos sobre o produto.
Por outro lado, que existem políticos enterrados no mar de lama do tráfico não é segredo para ninguém.
Dificilmente o crime organizado teria chegado ao patamar a que chegou em nosso país se não fosse a "vista grossa" das autoridades (in) competentes.
Ou alguém acredita que é "por acaso" que o policiamento de nossas fronteiras é feito por "meia dúzia" de policiais? E isso não é de hoje não...antes que alguém imagine que esse quadro iniciou-se durante o governo petista ( o que não o isenta da responsabilidade de não haver mudado em quase nada o quadro que recebeu).
A questão quanto à liberação das " marchas da maconha" , levando em conta a tão propalada liberdade de expressão, esbarra num problema mais do que comum em nosso país, onde os limite entre se manifestar a favor da liberação e a apologia ao uso de drogas é demasiado tênue.
Um dos grandes defensores da descriminação das drogas é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que incluiu no seu raciocínio que isso deve ser feito em conjunto com medidas na área de saúde para o tratamento dos dependentes químicos.
Oras, em um país onde a internação para tal tratamento é opcional e, dizem os especialistas, o tratamento não tem resultado se feito de maneira compulsória ; onde o estado simplesmente não dá conta nem de atender a saúde de um modo geral e onde levantou-se recentemente que vários médicos "de prestígio" inclusive o Secretário de Esportes do estado de São Paulo, recebem /biam do Governo sem dar os plantões ( e isso com certeza é apenas a ponta do iceberg, embora infelizmente logo vá cair no esquecimento), num país onde a saúde pública é tratada com descaso e o cidadão que depende de tratamento em hospitais públicos é tratado pior do que gado, imaginem de onde sairão os recursos para tal fim.
Pior, imaginem qual será o fim desses recursos ( provavelmente desviados para o pagamento de profissionais que não comparecerão aos locais de trabalho ) imagine quantos medicamentos não serão "devidamente" desviados desses locais a exemplo do que já acontece com os medicamentos para tratamento de doenças graves como o câncer e que acabam sendo encontrados em clínicas particulares, vendidos a peso de ouro.
Há muito mais por trás dessas passeatas do que "apenas" o direito de se expressar. Seria interessante saber quem as financia, afinal não é qualquer um que resolve deixar o trabalho ou seus afazeres para iniciar uma campanha dessas proporções.
Quem pretende faturar alto com esse movimento, tome ele o rumo que tomar?
Dinheiro, prestígio político, lavagem de dinheiro, tudo isso entra no jogo e quem estiver jogando pretende ganhar muito.
Não amigos, com a descriminação nenhum traficante será libertado para esvaziar cadeias, ao menos não se ficar apenas na descriminação do uso, afinal a maconha é mesmo "tolerada" discretamente dentro dos presídios pois "acalma" os detentos.
Mas, quem estabelecerá o limite de posse de drogas que possa ser considerado para uso pessoal ou o que é tráfico, quando a maconha estiver sendo vendida em bares e farmácias?
Vão limitar a quantidade de quanto o cidadão pode comprar?
E se ele comprar em vários lugares ? Quem fará o controle?
Em países europeus onde isso ( a descriminação ) acontece já estão restringindo as vendas apenas para os locais, pois habitantes de países vizinhos iam lá abastecer-se das drogas proibidas em sua pátria.
A geração dos anos 60, baseada em sexo , drogas e rock and roll,
parece ter deixado uma herança perversa para as gerações atuais.
A tal geração do sexo livre, do uso das drogas , deixou-nos a proliferação das drogas, a desculpa das novas gerações de que se meu pai, avô usou, usa, não há problemas.
Fica a questão, algum desses antigos usuários tem força moral para convencer seus filhos a seguir outro rumo?
Há aqueles que dizem que a maconha acalma e libera a sensibilidade artística...grandes nomes da música foram ou são usuários de drogas e arrastam uma multidão de fãs.
Não sei se a maconha tem esse feito, mas sei que nunca precisei dela para escrever uma única linha nem para atuar em um palco.
Enfim...muito há que se discutir sobre isso, eu , dentro do meu ponto de vista sou contra a descriminação da maconha ou de outras drogas. Mas cada um tem o seu pensar pra cada cabeça a sua sentença.
Hoje o mercado do tabaco investe pesado em campanhas e produtos que atraiam os mais jovens já que os mais velhos estão cessando com esse hábito.Hoje não é raro encontrar cigarros com vários sabores e coloridos.
Com as drogas a coisa não há de ser diferente.
O público alvo hão de ser realmente os jovens independente de sua classe social.
Pesquisas revelam que nossos filhos começam a beber cada vez mais cedo, estimulados mesmo pelos pais, alguns tem seu primeiro contato com o álcool por volta dos doze anos, Afinal, uam cachacinha , vinho ou cerveja não fazem mal...que o diga a saúde pública e/ou as estatísticas do trânsito.
Que o digam as milhares de famílias destruídas pelo àlcool.
Será que com a maconha será diferente?
Será que uma pai que "dá uns pegas" não levará seus filhos, desde a mais tenra idade pelo mesmo caminho?
Será que se um filho seu estiver em uma casa onde o uso de maconha é comum e não mais um crime, ele resistirá á "curiosidade" de conhecer seus efeitos?
O interessante é que me parece que estamos caminhando na contra mão da saúde, ou ao menos num grande paradoxo pois, afinal, os fumantes em todo o mundo tem seu "direito de fumar" cada vez mais restrito, mesmo áreas abertas como parques estão sendo alvos de lei contra esse hábito.
A maioria das pessoas aprova tais restrições em nome da saúde...alega-se que os não fumantes ficam expostos aos males do cigarro como fumantes passivos...o mesmo ocorre com a maconha, só que se dá o nome de "brisa" - fulano ficou chapado só na "brisa" ou seja, no meio do fumacê de quem consome. Qual a diferença ?
Enquanto isso se marcha a favor da maconha...vá lá entender a cabeça desse povo.
Contatos com o autor
anjo.loyro@gmail.com

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Mon chéri - Barbet


TRISTEZA SEM RAZÃO(?)
Barbet
23 novembro 2011

Ela caminhava, olhar baixo,
Andava devagar e um tanto sem rumo,
Pobre dela que seguia sem brilho,
Não era por querer e sim por estar.
Uma vontade imensa de encontrar,
Alguma coisa que nem sabe o quê,
Mas certamente perdera em algum lugar,
Mas onde? Sabe-se lá.
Muitos a olham admirados condenando,
Quando ela vai descansar?
Nem ela sabe, mas certamente entende,
Deve continuar.
Julgam-me tão mal por ser assim,
Mas sou aquela que inspira,
De mim um dia nascerá a "alegria"
E não será desprezada por ti.
Sou fugaz e necessária,
Para valorizar a vida que brilhando,
Ilumina teu caminho, mas sem mim,
Não teria o mesmo encanto.
Sou a tristeza mais profunda,
Oriunda da consciência profana,
erros cometidos e agora despertos,
Sou totalmente
Humana.

***

A BOMBA SUPERSÔNICA - Laerte Braga

Habitantes das ilhas de Faroe, província dinamarquesa, se refestelam em matança de baleias num festival que se repete todos os anos. Matam e comem a carne desses mamíferos. É uma prova de masculinidade segundo explicações de lideranças locais.
Para quem tiver estômago, o massacre de baleias está em
O governo dos EUA testou um míssil supersônico capaz de atingir qualquer parte do planeta em uma hora. O míssil, óbvio, destina-se ao transportes de ogivas nucleares de poder muitas vezes maior que as duas bombas que destruíram Hiroshima e Nagazaki na insensatez histórica de norte-americanos.
No início de seu mandato o presidente Barack Obama denunciou publicamente os contratos de privatizações e terceirizações do governo de George Bush em áreas militares. Abrangiam desde o recrutamento e treinamento de soldados, o setor de logística e o de inteligência. Em alguns casos as empresas contratavam mercenários (de preferência latinos, negros, europeus do leste para servirem de bucha de canhão) para atuação de campo propriamente dito. Foi o que aconteceu e continua a acontecer na Somália e em alguns países não oficialmente invadidos, caso da Colômbia.
Obama ao fazer a denúncia afirmou que não conseguiria anular todos os contratos por conta de garantias legais deixadas pelo governo Bush, mas chegaria ao fim do seu governo reduzindo em 7% o número deles. Quis deixar claro que não concordava com a privatização de funções militares dadas a natureza e o caráter dessas atividades.
Fez o contrário. Faz o contrário. Rendeu-se ao poder dos acionistas que detêm o controle da Casa Branca (grandes corporações industriais, banqueiros, grupos sionistas e militares, lógico).
Os Estados Unidos têm militares e agentes de inteligência em todos os países do mundo. Ocupados ou não. Monitoram cada canto do planeta através de satélites com as mais variadas funções e conhecem, por exemplo, com maior riqueza de detalhes e precisão o subsolo brasileiro, que os próprios brasileiros.
Arnold Toynbee dizia que não há sentido em tantas armas nucleares, em investimentos pesados nesses artefatos, se não houvesse disposição de usá-los.
À época da guerra do Iraque George Bush disse com todas as letras que se a resistência iraquiana fosse maior que o previsto não hesitaria em usar armas nucleares de pequeno porte.
Insânia pura.
O massacre de baleias nas ilhas de Faroe é um exemplo claro do significado da civilização cristã, ocidental e democrática. O governo da Dinamarca nunca fez e nem faz nenhuma ação efetiva para acabar com a barbárie.
Aos domingos todos estão nas igrejas agradecendo a caça pródiga e farta.
O míssil supersônico tem um objetivo primeiro. O Irã. Obsessão do governo terrorista de Benjamin Netanyahu e de grupos radicais norte-americanos. Um dos principais pré candidatos a presidente pelo Partido Republicano já avisou que se eleito destrói o Irã.
Ao mesmo tempo sinaliza a países como o Brasil, a Índia e a China que tudo tem limites, não importa que no caso do governo brasileiro as portas estejam abertas aos EUA e Israel no tratado de livre comércio com o governo de Tel Aviv – firmado no governo Lula – uma espécie de operação triangular para compensar a negativa ao projeto da ALCA – Aliança de Livre Comércio das Américas – o “mercado de um trilhão de dólares” na visão do general Colin Powell, então secretário de Estado do governo Bush – primeiro mandato.
O “acidente” com a CHEVRON na bacia de campos não se esgota num poço que vazou. Mas na tentativa da empresa de chegar de forma ilegal às camadas do pré-sal. O poço é o bode expiatório da ação criminosa da empresa. O assunto está sendo investigado pela Polícia Federal, mas duvido que se chegue a uma conclusão efetiva. Não a Polícia Federal, mas o governo, sem forças e sem pernas para enfrentar o avanço de empresas estrangeiras sobre o petróleo e as reservas de água doce do País.
O problema é que segundo um senador de quinta categoria – existem muitos – disse no Senado que “ninguém pede para nascer negro”. É Magno Malta o nome do distinto. Especialista em superfaturamento de ambulâncias e, segundo alguns, acusado de pedofília num inquérito que corre ou correria de forma secreta no Espírito Santo.
O que aparentemente são fatos distintos, um não tem nada a ver com o outro, refletem apenas o modelo político e econômico falido. O institucional a serviço de elites e uma sociedade dominada pela alienação imposta pela mídia que a tem como idiota na definição do jornalista William Bonner – “nosso telespectador é como Homer Simpson”.
Se somarmos cada ponta desde as menores em todo esse processo vamos chegar sempre ao mesmo lugar. O capitalismo imperialista a desafiar os povos de todo o mundo a uma unidade capaz de enfrentar o modelo nas ruas.
É o que começa a acontecer no Egito. O povo derrubou Mubarack e Mubarack continua na figura de generais corruptos e golpistas. Foi o que aconteceu na Líbia onde a eventual criação de uma moeda diferente do dólar para o petróleo levou a OTAN – braço terrorista europeu de ISRAEL/ EUA a destruir o país. Como fizeram com o Iraque, não estão conseguindo completar no Afeganistão e se fartam na Colômbia e agora no Chile, novamente em mãos de grupos ligados à ditadura de Pinochet. Pior, começam a ocupar o Brasil em cavalos de Tróia que não têm nada a ver com a pantomima de atores da GLOBO contra Belo Monte e a “favor” do Brasil.
Estudantes cubanos decidiram comemorar o DIA DOS ESTUDANTES com um festival de arte e música em solidariedade aos estudantes do Chile. Milhares acorreram à praça pública para o evento. Cuba é o país com o maior índice de desenvolvimento humano em todo o mundo segundo a ONU.
A festa pode ser vista em
http://www.cubadebate.cu/fotorreportajes/2011/11/18/los-indignados-estudiantes-de-cuba/
ou
no blog BRASIL MOBILIZADO
http://brasilmobilizado.blogspot.com/
Nesse festival de barbárie promovido pelo complexo terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A o ex-primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, dublê de banqueiro e boneco de Mussolini, lançou um CD em que canta canções românticas.
Já os trabalhadores gregos, italianos, espanhóis, portugueses, franceses, alemães e britânicos, além dos de todos dos países da Comunidade Européia – colônia do complexo terrorista na Europa – pagam a conta dos bancos falidos, do capitalismo/imperialista tentando de todas as formas evitar sua morte.
A propósito, Berlusconi cantando canções românticas lembra Nero enquanto morria – “que grande artista perde o mundo”.
E nem falo dos imigrantes que vivem nos EUA e em países da Comunidade Européia. Breve serão afastados como leprosos para que os “superiores” possam viver segundo suas tradições boçais na “festa da masculinidade” nas ilhas de Faroe.
E noutra ponta desse novelo capitalista/imperialista, tem o centro e dele é irradiada a barbárie, são como peças de encaixe, as presas grávidas em São Paulo quando levadas a hospitais públicos para o parto permanecem algemadas durante todo o procedimento.
O governador do estado, funcionário da OPUS DEI S/A, controladora de VATICANO S/A, disse que vai mudar esse estado de tortura, digamos assim e nomeou um policial militar assassino (massacre do Carandiru) para comandante da ROTA, versão paulista do BOPE.


Tudo supersônico.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cai Mubarak, fica Mubarak: A bomba supersônica - Laerte Braga

Richard Nixon disse numa de suas campanhas eleitorais que não temia perder as eleições a despeito da barulhada feita pelos democratas. E explicou porque – “maioria silenciosa” –.


Segundo o ex-presidente a maioria do eleitorado não se expressa, não se manifesta e reflete no voto o medo de mudanças estruturais, ou perda do que a vista alcança, vale dizer, interesses individuais e imediatos.
Nixon foi uma das últimas raposas da política dos EUA. De lá para cá só presidentes títeres do complexo militar e industrial que governa o país, agora aliado ao sistema financeiro, na prática o principal acionista do Estado e a forte presença de grupos sionistas.
Nixon perdeu as eleições presidenciais em 1960 para John Kennedy por exígua maioria de votos do democrata, perdeu as eleições para governador da Califórnia, foi dado como morto politicamente e ressurgiu em 1968 derrotando um dos mais importantes líderes democratas, Huber Horacio Humphrey.
Essa ressurreição foi o início do processo de transformação definitiva dos EUA em uma grande corporação. Clinton num e noutro momento tentou escapar das imposições, Carter foi um fracasso absoluto e Reagan o momento supremo dos republicanos de extrema-direita. “Governou” por oito anos sendo portador do mal de Alzheimer.
Obama se contenta em servir cerveja nos salões da Casa Branca e a assinar o que lhe é posto à frente sem contestar. É possível até que o branco travestido de negro chame os generais de “bwana”, como nos velhos filmes de Tarzã. Quer mais quatro anos e se mostra ávido de exibir seu servilismo movido a uma retórica demagógica e sem perspectivas de qualquer mudança. É um dos grandes cínicos desse início de século.
Os EUA testaram, em meio a grave crise que vive, 20 milhões de indigentes, um míssil que carrega uma bomba capaz de atingir a qualquer país do mundo em menos de uma hora.
A crise econômica vai ser resolvida dessa forma, com os arsenais da boçalidade.
Generais e grandes corporações – empresários e banqueiros – não se importam de voltar às cavernas desde que os “inimigos” estejam abatidos, destroçados e os cofres salvos.
O Egito e a Espanha são flagrantes exemplos que movimentos populares podem resultar em direções opostas àquelas desejadas pela população.
No Egito caiu Mubarak e continua Mubarak através de militares subordinados aos EUA. A maior parte das forças armadas aliadas norte-americanos são comandadas de fora para dentro, inclusive a brasileira. E se não aliados, de países considerados estratégicos para o complexo terrorista que governa os EUA. Forças armadas são grupos à parte de suas nações no processo imperial/capitalista que vivemos, em sua grande maioria.
Os egípcios estão de novo nas ruas exigindo democracia na essência da palavra. É substantivo, não é adjetivo. Querem o rompimento do acordo militar com o Estado genocida e terrorista de Israel. Os conflitos se multiplicam a cada dia e os militares percebem que cada cidadão daquele país já identificou a farda norte-americana por baixo do uniforme egípcio. Ou as fardas norte-americana e israelense.
A vitória da direita na Espanha é simples de explicar, até porque não foi vitória. Foi troca de comando (quem disse que Zapatero é de esquerda?).
Em meio à crise que varre o país, conflitos internos, os altos índices de desemprego, a maioria silenciosa prefere ceder os anéis e adiar a entrega dos dedos aos banqueiros e grandes corporações, trocando o governo. O medo de perder o imediato, o que está ao alcance das mãos.
Por que isso? Por que o sentimento de medo de mudanças?
A comunicação sempre foi vital em momentos de guerra e hiatos de paz presumida. Tempo para recarregar a bateria. Desde os sinais de fumaça dos índios nos EUA, aos símbolos usados por povos da antiguidade.
A derrota militar que os norte-americanos sofreram no Vietnã mostrou a importância de total controle dos meios de comunicação. Ali, àquela época, a liberdade de imprensa mostrou a barbárie do napalm, das torturas, dos assassinatos em massa de civis vietnamitas, do repúdio do cidadão comum a uma guerra sem sentido. Comunicação sempre foi importante, ali foi o divisor da máxima importância.
O filme MASH, dirigido por Robert Altman, Oscar de melhor roteiro, é uma das mais sérias críticas às guerras feitas pelos EUA. Refere-se à guerra da Coréia e exibe todo o desprezo e insensibilidade, em forma de comédia, pela característica boçal e imperialista dos norte-americanos.
Kulbrick também trata do assunto noutro filme exemplar. DOUTOR FANTÁSTICO. Um general norte-americano que enlouquece (existe general norte-americanos são?) e cisma que os comunistas estão chegando pela água. Manda que seus mísseis, à revelia do Pentágono e da Casa Branca, sejam disparados contra Moscou. O principal consultor do presidente dos Estados Unidos é um alemão egresso do nazismo e que numa cadeira de rodas mantém a mão direita segura. Às vezes escapa e sai o grito – “Heil Hitler”.
Ao lado do arsenal militar os EUA constroem uma rede mundial de comunicações – financiando e assumindo empresas privadas, como acontece no Brasil – para veicular as “verdades” que interessam ao império e manter o povo desinformado. E onde entram figuras desprezíveis como William Waack, ou o Bonner e etc e tal.
Nasce aí a alienação em massa, a sociedade girando em torno de fetiches como a mercadoria, a imagem e agora o espetáculo das bombas supersônicas (Guy Debord).
O chip do espetáculo é também o do medo.
É outro arsenal indispensável aos propósitos do capitalismo e do imperialismo.
Nasce aí também uma forma de plutocracia. O governador exercido pelos ricos, pelos donos do capital.
Os povos viram zumbis no processo de alienação imposto pela mídia e, a democracia se transforma em farsa e as multidões se arrastam pelas ruas dominadas pelo medo que o carro nosso de cada dia possa virar uma ilusão, ou que o sanduíche do McDonald’s desapareça. Pior, que a Coca Cola deixe de existir.
Modesty Blaise, no meio do deserto, recusou água e pediu champanhe. Um tanto pernóstico, outro tanto de evidente mordacidade crítica. Se é que mordacidade em si já não é crítica.
É por aí que a Mulher Melancia ganha uma importância maior que a fome de milhões de pessoas em todo o mundo, pois mulheres melancias existem para todos os cantos, são geradas pela mídia. É o papel que cabe à mídia, o arsenal que antecede às bombas supersônicas.
Quando um terrorista vestido de fraque e cartola como se embaixador fosse, Roger Noriega, diz a VEJA – produzida e impressa nos esgotos do capitalismo – que uma eventual morte de Chávez vai gerar o caos na Venezuela e forçar uma intervenção militar dos EUA para “restabelecer a ordem”, está confirmando o golpe militar que derrubou Zelaya e ao mesmo tempo, noutra proporção, mostrando que o complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A não está preocupado com os gregos, mas com os bancos da Comunidade Européia.
A direita não venceu na Espanha. Venceu o medo produzido pela alienação. Andam juntos, de mãos dadas na mesma calçada.
A democracia é um cadáver insepulto que se presta à mentira veiculada no dia a dia da mídia em qualquer parte do mundo.
Ao saírem às ruas para protestar contra os militares de seu país os cidadãos egípcios estão apenas mostrando que perceberam o logro que lhes foi vendido por militares supostamente egípcios. Como aconteceu no Brasil em 1964. Militares comandados por norte-americanos derrubaram um governo legítimo, constitucional, varreram as forças armadas dos que traziam em si o gene da legalidade e da brasilidade e aterrorizaram o país por mais de duas décadas. Hoje se escondem na covardia costumeira desse tipo de gente atrás de bravatas e da lei da anistia feita para eles.
Não há saída fora das ruas e os próprios cidadãos norte-americanos já perceberam isso. Estão nas ruas. O institucional aqui, ou em qualquer lugar do mundo capitalista faliu.
Como estão os gregos, os italianos, os espanhóis, franceses (próxima vítima do furor de banqueiros) e tantos outros que começam a perceber que sai Mubarak, mas fica Mubarak.
Ou alguém acha que os iraquianos melhoraram de vida depois da invasão e ocupação pelos norte-americanos e seus “aliados”?
O capitalismo tão somente saqueia. Transforma o trabalhador em zumbi, em objeto, em adereço de um processo que se escora na insânia de um arsenal militar capaz de destruir o mundo cem vezes, e no arsenal da mídia privada a vender mentiras por todos os dias.
A direita não venceu na Espanha. Venceu o medo e a incerteza de trocar o ruim pelo pior, ou vice versa – vice versa sim, já que o país caiu nas mãos de banqueiros e grandes corporações.
No Egito o povo está nas ruas à busca da democracia substantiva sonhada e desejada que não inclui um pacto militar traiçoeiro com Israel e nem militares subordinados aos EUA.
Na Grécia, onde existe direção e consequência no movimento e não o espontaneísmo da indignação sem caminhos alternativos, o povo continua nas ruas.
É por aí a saída dos escombros do capitalismo, cada vez mais feroz e brutal. Nas ruas. E com direção. Não é por outro motivo que em Wall Street estão lendo Marx. O que o precisamos, povos, é ler Lenine.
A democracia cristã, ocidental e de bombas supersônicas acabou. E o Irã não é culpado disso. É só o bode expiatório dos malucos que dirigem o complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A. Como foi a Líbia, o Iraque, o Afeganistão, está sendo a Colômbia e tantos outros.

sábado, 19 de novembro de 2011

O CAPITALISMO E A MISÉRIA AMERICANA - Vanderley Caixe 
O capitalismo, dizem alguns de seus defensores, foi uma grande invenção humana. De acordo com essa teoria, o sistema nasceu da ambição dos homens e do esforço em busca da riqueza, do poder pessoal e do reconhecimento público, para que os indivíduos se destacassem na comunidade, e pudessem viver mais e melhor à custa dos outros. Todos esses objetivos exigiam o empenho do tempo, da força e da mente. Foi um caminho para o que se chama civilização, embora houvesse outros, mais generosos, e em busca da justiça. Como todos os processos da vida, o capitalismo tem seus limites. Quando os ultrapassa no saqueio e na espoliação, e isso tem ocorrido várias vezes na História, surgem grandes crises que quase sempre levam aos confrontos sangrentos, internos e externos.
A revista Foreign Affairs, que reflete as preocupações da intelligentsia norte-americana (tanto à esquerda, quanto à direita) publica, em seu último número, excelente ensaio de George Packer – The broken contract; Inequality and American Decline. Packer é um homem do establishment. Seus pais são professores da Universidade de Stanford. Seu avô materno, George Huddleston, foi representante democrata do Alabama no Congresso durante vinte anos.
O jornalista mostra que a desigualdade social nos Estados Unidos agravou-se brutalmente nos últimos 33 anos – a partir de 1978. Naquele ano, com os altos índices de inflação, o aumento do preço da gasolina, maior desemprego, e o pessimismo generalizado, houve crucial mudança na vida americana. Os grandes interesses atuaram, a fim de debitar a crise ao estado de bem-estar social, e às regulamentações da vida econômica que vinham do New Deal. A opinião pública foi intoxicada por essa idéia e se abandonou a confiança no compromisso social estabelecido nos anos 30 e 40. De acordo com Packer, esse compromisso foi o de uma democracia da classe média. Tratava-se de um contrato social não escrito entre o trabalho, os negócios e o governo, que assegurava a distribuição mais ampla dos benefícios da economia e da prosperidade de após-guerra - como em nenhum outro tempo da história do país.
Um dado significativo: nos anos 70, os executivos mais bem pagos dos Estados Unidos recebiam 40 vezes o salário dos trabalhadores menos remunerados de suas empresas. Em 2007, passaram a receber 400 vezes mais. Naqueles anos 70, registra Packer, as elites norte-americanas se sentiam ainda responsáveis pelo destino do país e, com as exceções naturais, zelavam por suas instituições e interesses. Havia, pondera o autor, muita injustiça, sobretudo contra os negros do Sul. Como todas as épocas, a do após-guerra até 1970, tinha seus custos, mas, vistos da situação de 2011, eles lhe pareceram suportáveis.
Nos anos 70 houve a estagflação, que combinou a estagnação econômica com a inflação e os juros altos. Os salários foram erodidos pela inflação, o desemprego cresceu, e caiu a confiança dos norte-americanos no governo, também em razão do escândalo de Watergate e do desastre que foi a aventura do Vietnã. O capitalismo parecia em perigo e isso alarmou os ricos, que trataram de reagir imediatamente, e trabalharam – sobretudo a partir de 1978 – para garantir sua posição, tornando-a ainda mais sólida. Trataram de fortalecer sua influência mediante a intensificação do lobbyng, que sempre existiu, mas, salvo alguns casos, se limitava ao uísque e aos charutos. A partir de então, o suborno passou a ser prática corrente. Em 1971 havia 141 empresas representadas por lobistas em Washington; em 1982, eram 2445.
A partir de Reagan a longa e maciça transferência da renda do país para os americanos mais ricos, passou a ser mais grave. Ela foi constante, tanto nos melhores períodos da economia, como nos piores, sob presidentes democratas ou republicanos, com maiorias republicanas ou democratas no Congresso. Representantes e senadores – com as exceções de sempre – passaram a receber normalmente os subornos de Wall Street. Packer cita a afirmação do republicano Robert Dole, em 1982: “pobres daqueles que não contribuem para as campanhas eleitorais”.
Packer vai fundo: a desigualdade é como um gás inodoro que atinge todos os recantos do país – mas parece impossível encontrar a sua origem e fechar a torneira. Entre 1974 e 2006, os rendimentos da classe média cresceram 21%, enquanto os dos pobres americanos cresceram só 11%. Um por cento dos mais ricos tiveram um crescimento de 256%, mais de dez vezes os da classe média, e quase triplicaram a sua participação na renda total do país, para 23%, o nível mais alto, desde 1928 – na véspera da Grande Depressão.
Esse crescimento, registre-se, vinha de antes. De Kennedy ao segundo Bush, mais lento antes de Reagan, e mais acelerado em seguida, os americanos ricos se tornaram cada vez mais ricos.
A desigualdade, conclui Packer, favorece a divisão de classes, e aprisiona as pessoas nas circunstâncias de seu nascimento, o que constitui um desmentido histórico à idéia do american dream.
E conclui: “A desigualdade nos divide nas escolas, entre os vizinhos, no trabalho, nos aviões, nos hospitais, naquilo que comemos, em nossas condições físicas, no que pensamos, no futuro de nossas crianças, até mesmo em nossa morte”. Enfim, a desigualdade exacerbada pela ambição sem limites do capitalismo não é apenas uma violência contra a ética, mas também contra a lógica. É loucura.
Ao mundo inteiro – o comentário é nosso- foi imposto, na falta de estadistas dispostos a reagir, o mesmo modelo da desigualdade do reaganismo e do thatcherismo. A crise econômica mais recente, provocada pela ganância de Wall Street, não serviu de lição aos governantes vassalos do dinheiro, que continuaram entregues aos tecnocratas assalariados do sistema financeiro internacional. Ainda ontem, Mário Monti, homem do Goldman Sachs, colocado no poder pelos credores da Itália, exigia do Parlamento a segurança de que permanecerá na chefia do governo até 2013, o que significa violar a Constituição do país, que dá aos representantes do povo o poder de negar confiança ao governo e, conforme a situação, convocar eleições.
Tudo isso nos mostra que estamos indo, no Brasil, pelo caminho correto, ao distribuir com mais equidade a renda nacional, ampliar o mercado interno, e assim, combater a desigualdade e submeter a tecnocracia à razão política. É necessário, entre outras medidas, manter cerrada vigilância sobre os bancos privados, principalmente os estrangeiros, que estão cobrindo as falcatruas de suas instituições centrais com os elevados lucros obtidos em nosso país e em outros países da América Latina.

Sua ajuda é fundamental para proteger as baleias Jubarte que estão ameaçadas de extinção e migram todos os anos para procriar no Parque Nacional de Abrolhos.- Barbet

Angélica Fiqueiredo

É a Gota D' Água +10 from Movimento Gota d' Agua on Vimeo.

A Consulta - Adriana Toscano

De repente... 60 - Adriana Toscano

Regina de Castro Pompeu (3* colocado no premio Bradesco Longevidade de Jornalismo) 
DE REPENTE 60 (ou 2x30)
Ao completar sessenta anos, lembrei do filme "De repente 30",em que a adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse intervalo.
Meu sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.
Pergunto a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?
Ainda sou aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja, vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco!Ainda sou aquela mãe aflita com a primeira febre do filho que hoje tem mais de trinta anos.
Acho que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço!
Passei batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela sobrevivência.
Os quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.
Os cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo posto de trabalho.
Agora, aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.
Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS. Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos).
Nasci no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões,vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.
Passei por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet. Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta e dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as aventuras do viver.
Não me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos, faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me alimento e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro), gosto de cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei conhecer.
Por dois anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que ensinado.
Só agora comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos) e não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe (privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os setenta anos).
Há marcas do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também cicatrizes, testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz recordações do aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca minha iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente curado), me lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre agradáveis e que não tenho tempo a perder.
A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo.
Aliás, a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...
Mas, do que é que eu estava falando mesmo?
Ah, sim, dos meus sessenta.
Claro que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do metrô e a TPM passou a significar ?Tranquilidade Pós-Menopausa?.
Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher muito sex...agenária!