quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Deus livre o Brasil deste economista. Será mesmo economista??? - Nós por cá

Serra sempre escondeu esse vídeo. - Nós por cá


É o presidente da UNE José Serra no Comício da Central do Brasil, em março de 64, que precipitou o golpe contra o presidente democraticamente eleito João Goulart..
Serra não foi professor de Princeton. E entrou para a Unicamp de forma irregular

A DIREITA PREPARA O GOLPE FATAL CONTRA DILMA. Como será a bala de prata no final da campanha.- Vanderley - Revista


Como será a bala de prata na campanha
Deu no blog do Nassif, uma hipótese bastante plausível:
Qual a bala de prata, a reportagem que será apresentada no Jornal Nacional na quinta-feira que antecederá as eleições, visando virar o jogo eleitoral, sem tempo para a verdade ser restabelecida e divulgada?
Ontem, no Sarau, conversei muito com um dos nossos convivas. Para decifrar o enigma, ele seguiu o seguinte roteiro:
1. Há tempos a velha mídia aboliu qualquer escrúpulo, qualquer limite. Então, tem que ser o episódio mais ignóbil possível, aquele campeão, capaz de envergonhar a velha mídia por décadas, mas fazê-la acreditar ser possível virar o jogo. Esse episódio terá que abordar fatos apenas tangenciados até agora, mas que tenham potencial de afetar a opinião pública.
2. Nas pesquisas qualitativas junto ao eleitor médio, tem sobressaído a questão da militância de Dilma Rousseff na guerrilha. Aliás, por coincidência, conversei com a Bibi que me disse, algo escandalizada, que coleguinhas tinham falado que Dilma era "bandida" e "assassina". Aqui em BH, a Sofia, neta do meu primo Oscar, disse que em sua escola - em Curitiba - as coleguinhas repetem a mesma história.
As diversas pesquisas de Ibope e Datafolha devem ter chegado a essa conclusão, de que o grande tema de impacto poderá ser a militância de Dilma na guerrilha. A insistência da Folha com a ficha falsa de Dilma e, agora, com a ficha real, no Supremo Tribunal Militar, é demonstração clara desse seu objetivo.
Assim como a insistência de Serra de atropelar qualquer lógica de marketing, para ficar martelando a suposta falta de limites da campanha de Dilma – em cima de um episódio que não convenceu sequer a Lúcia Hipólito.
Aliás, o ataque perpetrado por Serra contra Lúcia – através do seu blogueiro – é demonstração cabal da importância que ele está dando à versão da falta de limites, mesmo em cima de um episódio que qualquer avaliação comezinha indicaria como esgotado.
A quebra de sigilo é apenas uma peça do jogo, preparando a jogada final.
A partir daí, meu interlocutor passou a imaginar como seria montada a cena.
Provavelmente alguém seria apresentado como ex-companheiro de guerrilha, arrependido, que, em pleno Jornal Nacional, diria que Dilma participou da morte de fulano ou beltrano. Choraria na frente da câmera, como o José Serra chora. Aí a reportagem mostraria fotos da suposta vítima, entrevistaria seus pais e se criaria o impacto.
No dia seguinte, sem horário gratuito não haveria maneiras de explicar a armação em meios de comunicação de massa.
Será um desafio do jornalismo brasileiro saber quem serão os colunistas que endossarão essa ignomínia - se realmente vier a ocorrer -, quem serão aqueles que colocarão seu nome e reputação a serviço desse lixo.
Essa loucura - que, tenho certeza, ocorrerá - será a pá de cal nesse tipo de militância de Serra e de falta de limites da mídia. Marcará a ferro e fogo todos os personagens que se envolverem nessa história.
Incendiará a blogosfera. Todos os jornalistas que participarem desse jogo serão estigmatizados para sempre.
Todas essas possibilidades são meras hipóteses que partem do pressuposto da falta de limites total da velha mídia.
Mas a hipótese fecha plenamente.
Redator: Cristóvão Feil -

Ativistas condenados - Barbet


Nessa semana, Junichi Sato e Toru Suzuki, ativistas do Greenpeace Japão, foram condenados a um ano de prisão, com pena suspensa por três anos. Ou seja, durante esse período não poderão se envolver em atividades do Greenpeace.
Junichi e Toru investigavam a caça ilegal de baleias em seu país. Em 2008, interceptaram caixas de carne de baleia desviadas para venda ilegal, e não para a pesquisa científica, como alega o governo japonês. Essas caixas foram entregues como parte da denùncia ao Ministério Público Federal. Em resposta, o governo japonês os prendeu por 26 dias e abriu julgamento por roubo e invasão de propriedade.
O Greenpeace considera injusta a condenação. A liberdade de expor pacificamente problemas ambientais não é só parte fundamental da democracia, é um direito. O Greenpeace continuará a tratar o caso como prioridade global até que seja exposto o verdadeiro crime, diz o diretor internacional da organização, Kumi Naidoo.
Em protesto contra o resultado, ativistas brasileiros foram na quarta-feira ao Consulado do Japão, em São Paulo, com a faixa "Ativismo não é crime". Vestidos de preto, fizeram uma hora de silêncio e protocolaram uma carta ao cônsul. A ação faz parte de um conjunto de atividades organizadas por escritórios do Greenpeace ao redor do mundo para apoiar Junichi e Toru.
Barbet
ativista do Greenpeace

O SENSATO E OS INSENSATOS - A LIÇÃO DE KHAMENEY - Laerte Braga

“Em nome de Deus, o Compassivo, o Generoso – Nós lhes demos o Corão e zelaremos por Ele, diz o Ponderado, o Sábio – Santo Corão, 15:9.”
É difícil explicar o deserto. Para Djavan “amar é um deserto e seus temores...” Os guerreiros dos desertos iraquianos, na primeira guerra do Iraque, montados em seus camelos ou cavalos, brandiam suas cimitarras ao ar na coragem/desespero das bombas despejadas por aviões da “liberdade” enviados por George Bush pai.
Sayyed Ali Khamenei é o principal líder da revolução islâmica no Irã. Um país amaldiçoado pela “democracia cristã e ocidental” espalhada em bombas mundo afora.
Um pastor norte-americano, enfurecido de patriotismo, doença comum a boa parte daquele povo, convocou seus seguidores a queimarem exemplares do Corão em lembrança/protesto pela derrubada das torres gêmeas, o World Trade Center, uma espécie de Babel construída na reverência a onipotência nuclear dos EUA.

Os embriagados pelo poder de seu arsenal e de suas bases que vomitam o fogo ao qual chamam da paz universal.
Khameney é um dos grandes homens de nossos tempos.
Sua reação foi a de dar a outra face e deixar exposta a grandeza “da nação iraniana” e da “Ummah islâmica”.
Uma palestina tenta passar em terras de seu povo tomadas por Israel e é submetida a uma revista por soldados invasores. É apalpada em suas partes íntimas, resiste, mostra-se indignada, mas o soldado integra o “povo eleito” e, portanto, a mulher palestina, mãe, trabalhadora, é “terrorista”.
“O insulto insano, revoltante, contra o Santo Corão nos EUA, incidente que ocorreu sob a vista da polícia dos EUA, é evento dos mais trágicos que não pode ser visto apenas como ato enlouquecido de uns poucos mercenários. É ato calculado, praticado por aqueles que, há anos, mantêm em sua agenda políticas antimuçulmanos e de islamofobia e que combatem o Islã e o Corão por inúmeras vias, recorrendo sempre à propaganda e a campanhas. É mais um elo da cadeia de medidas escandalosas que começaram com as blasfêmias de Salman Rushdie, o apóstata, continuaram nas imagens desenhadas por um caricaturista dinamarquês, nas dezenas de filmes anti-islâmicos que Hollywood continua a produzir e que, agora, avançam com esse show de loucuras. Quem e o quê está por trás desses atos do mal?”
O primeiro parágrafo da nota de Khameney.A mulher palestina consegue ultrapassar o posto militar de Israel, em terras palestinas e vai seguir sua jornada de luta. Escorraçada e tratada como ser inferior.
“Se se analisa a cadeia de atos e movimentos, como se veem em anos de operações atrozes no Afeganistão, Iraque, Palestina, Líbano e Paquistão, não se pode deixar de ver que aí operam os think tanks do imperialismo e do sionismo, ambos com profunda influência no governo, entre os militares e nas agências de segurança dos EUA, da Grã-Bretanha e de alguns outros países europeus. São os mesmos entre os quais se devem buscar os grupos e os indivíduos responsáveis pelos ataques às torres gêmeas de 11/9. O então presidente dos EUA, criminoso, conseguiu o pretexto de que precisava para invadir o Iraque e o Afeganistão; e declarou sua Cruzada. Dizem os jornais que, ontem, aquele mesmo presidente criminoso teria declarado que, com a entrada dos grupos religiosos dos EUA na ‘guerra ao terror’, sua Cruzada realmente começara”.
O segundo parágrafo da nota de Khameney.
Milhares de palestinos estão cercados em Gaza, à mercê da fome, de doenças, enquanto navios com ajuda humanitária são presos em alto mar pela marinha de Israel. Os produtos arrecadados em várias partes do mundo são tomados e se percebe que muitos lucram com a venda dos mesmos. Os “negócios”. Abrem um tal inquérito para apurar responsabilidades, afinal o “povo eleito” não rouba nada, tudo o que toma é o que está na Bíblia.
“O objetivo desse incidente repulsivo é, simultaneamente, levar o confronto com o Islã e os muçulmanos para a população na comunidade cristã, para dar um toque de ‘religião’ e misturar o zelo e os sentimentos religiosos ao esforço de guerra dos EUA e aliados. Ao mesmo tempo, o incidente visa também a criar tumulto e agitação nas nações muçulmanas, compreensivelmente enfurecidas por essa afronta, e que, assim, tirariam os olhos e a atenção das questões e desdobramentos políticos do que se passa no mundo muçulmano e no Oriente Médio”.
O terceiro parágrafo da nota de Khameney.
Segundo Hilary Clinton, no mesmo diapasão de George Bush filho, o Irã é um “estado que exporta terrorismo e tem que aceitar as resoluções da ONU sobre suas usinas nucleares”.
À época do apartheid, Mandela ainda preso, o governo de Israel ofereceu armas nucleares ao governo branco e racista da África do Sul para conter a revolta dos “inferiores”, os negros.
“Esse ato de vingança e afronta não é o início, mas um passo adiante na sempre mesma história de fazer, dos muçulmanos, inimigos do ocidente. Começou com os sionistas e o governo dos EUA – para tentar fazer com que todos os líderes da hegemonia mundial se voltem contra o Islã. O Islã é a religião da libertação humana, do homem como ser espiritual. O Corão é o Livro da compaixão, da sabedoria e da justiça”.
O quarto parágrafo da nota de Khameney.
Mil duzentos e cinqüenta e quatro presos sem julgamento, sem defesa, aguardam execução no Iraque controlado pelos norte-americanos e por um governo títere. A invasão justificada pela “necessidade” de destruir armas químicas e biológicas que não existiam, terminou no controle dos campos petrolíferos do Iraque. Milhares de soldados norte-americanos sofrem de doenças as mais variadas por conta de armas químicas e biológicas usadas pelos EUA contra iraquianos. São os veteranos de guerra, vítimas também do mesmo efeito desse tipo de arma.
“O Islã tem muito a dizer a todos os homens e mulheres do mundo e a todas as religiões abrâmicas que se unem hoje ao lado dos muçulmanos contra as políticas e os atos anti-islâmicos. Discursos vazios ou mentirosos não bastam para absolver o governo dos EUA da acusação de comprometimento nesse movimento horrendo. Por muitos anos as palavras consideradas sagradas por milhões de muçulmanos oprimidos no Afeganistão e Paquistão, no Iraque, no Líbano e na Palestina foram insultadas, e os muçulmanos agredidos em seus direitos e em sua dignidade. Centenas de milhares de muçulmanos foram mortos, dezenas de milhares de homens e mulheres aprisionados e torturados, milhares de crianças e mulheres muçulmanas raptadas, milhões de feridos, um número infinito de famílias aos quais se roubaram o teto, as terras, os bens – e culpados de quê?”
Quinto parágrafo da nota de Khameney.
O “Ato Patriótico” assinado por George Walker Bush, o filho, permite a tortura, o seqüestro, o assassinato seletivo (de “inimigos”) em qualquer parte do mundo. O presidente afirma que protege os interesses norte-americanos. Na arrogância característica dos texanos não fala propriamente “interesses norte-americanos”. diz interesses da América”. Tem o continente americano como propriedade. Considera-o assim. Toda essa barbárie democrática se materializa, por exemplo, no campo de concentração de Guantánamo, ou nas prisões iraquianas, onde presos são seviciados por “soldados da liberdade”.
“Apesar de tudo isso, por que a mídia ocidental apresenta os muçulmanos como a violência encarnada e o Islã e o Corão, como ameaça à humanidade? Como alguém acreditaria que essa vasta conspiração seria possível sem o apoio e o envolvimento dos círculos sionistas no governo dos EUA?!”
Sexto parágrafo da nota de Khameney.
Em nome de Deus um cidadão dos EUA entende que sua mulher não preparou seus ovos com bacon na temperatura adequada e sai de seu trailer depois de matar a mulher e os filhos, atirando a esmo contra tudo e todos que via. Acontece todos os dias e segundo Obama “a nossa sociedade está doente”.
Irmãos e irmãs bem-amados, muçulmanos no Irã e em todo o mundo!
É necessário prestar atenção aos seguintes pontos:
A conclamação de Khameney.
Milhões de norte-americanos perdem suas casas na especulação de bancos e agentes financeiros imobiliários. Vão para as ruas, vão morar em trailers. O governo dos EUA salva os bancos e as grandes corporações imobiliárias com empréstimos a fundo perdido. A indústria automobilística se vê às portas da falência e o governo dos EUA socorre com fartos recursos. A primeira providência dos “executivos” é pagar a si próprios gratificações por desempenho.
“Primeiro, esse incidente e outros semelhantes mostram que o alvo visado hoje pela hegemonia e pelo imperialismo global são as fundações do Islã e o Santo Corão. A inimizade manifesta pelos poderes arrogantes do mundo contra a República Islâmica do Irã é reação à resistência do Irã contra aqueles mesmos poderes arrogantes; a alegação daqueles poderes arrogantes de que não são inimigos de outros muçulmanos e do Islã é enorme mentira, encenação satânica. Os poderes arrogantes são inimigos do Islã, do que o Islã significa e dos que crêem no Islã”.
A análise de Khameney.
Documentos secretos da guerra do Afeganistão trazidos a público por um site especializado em investigações sobre papéis assim, revelam que soldados norte-americanos no Afeganistão, no Paquistão e no Iraque se associam ao tráfico de drogas e de mulheres. São “soldados/empregados” na terceirização das guerras em contratos fabulosos com grandes corporações. “Os negócios”.
“Segundo, esses atos desprezíveis contra os muçulmanos e o Islã brotam do fato de que, há já várias décadas, o Islã brilha mais do que jamais e conquista corações e mentes no mundo muçulmano; e, mesmo no ocidente, o Islã também brilha mais do que nunca antes; brotam do fato de que a Ummah islâmica é hoje mais vigilante e determinada a libertar-se dos antolhos que lhe impuseram dois séculos de colonialismo e interferências. O insulto ao Corão e ao Grande Profeta, apesar da violência e da amargura, é prenúncio de avanços. A luz do Corão brilhará mais forte do que nunca”.
O olhar de Khameney.
O presidente Obama afirma que não conseguirá reduzir contratos de terceirização e privatização dos serviços de inteligência, de recrutamento, treinamento e operações militares do governo Bush para as guerras mundo afora, além de sete por cento. Tudo foi muito bem amarrado, os EUA não são uma república, mas uma grande corporação. Some a nação, surge o EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
“Terceiro, temos todos de saber que aquele incidente nada tem a ver com os cristãos e a Igreja cristã. Não se vejam atos de marionetes, de pastores imbecilizados e mercenários, como atos dos cristãos e religiosos ocidentais. Os muçulmanos jamais cometeremos atos semelhantes àqueles, contra o que outras religiões e homens e mulheres diferentes de nós considerem sagrado. Os autores e encenadores daquele show insano visam, exatamente, a semear o conflito entre muçulmanos e cristãos e levá-los para as ruas e as televisões. O Corão nos ensina ensinamento diametralmente oposto a tudo isso”.
A lição de Khameney.
O governo de Israel diz que não devolverá terras tomadas a palestinos, não acata sanções da ONU e não é punido por dispor de armas nucleares. Já o Irã...
“Quarto, hoje, os protestos de todos os muçulmanos do mundo visam ao governo e aos políticos dos EUA. Se forem honestos no que dizem – que nada têm a ver com a cena ‘midiática’ orquestrada por meia dúzia de dementes –, devem punir exemplarmente os planejadores e executores desse crime de ódio que feriu os sentimentos mais profundos de 1,5 bilhões de muçulmanos em todo o planeta”.
A lógica exemplar de Khameney para desmascarar a hipocrisia.
É a lição final.
Que a paz acompanhe os que crêem na paz.
Sayyed Ali Khamenei, 13/9/2010
É a sensatez de Khameney diante dos insensatos e tresloucados.
A mensagem original foi traduzida na VILA VUDU, pode ser lida em Leader’s message on Quran desecration. Você não vai ver na GLOBO.

UMA ELITE PRECONCEITUOSA - Laerte Braga

O preconceito não chega às claras. É politicamente correto disfarçá-lo. Vem embutido na ira e na forma sórdida como é distribuído pelos mais diversos canais de comunicação, até o boca a boca.
Falo da eleição de uma presidente e não de um presidente.
A campanha contra Dilma Roussef traz explícito o rancor e o preconceito dos porões onde se escondem os torturadores da ditadura militar e disfarçado no noticiário de jornais como a FOLHA DE SÃO PAULO, ou revistas como VEJA (não tão disfarçado assim). O JORNAL NACIONAL se imagina uma espécie de porta voz divino e acredita que o trono de Deus esteja no PROJAC. Os anúncios se materializam pelo anjo William Bonner e arcanjos são os Marinho.
Deus, o deles, de fato, está em Wall Street e espalhado pelas várias agências de propaganda que transformam esse cheiro fétido de ódio em sabão em pó que tira todas as manchas. Ou perfume que perfuma como nenhum outro o seu banheiro, acrescido do fato de ter vida inteligente.

No início da campanha eleitoral o jornal FOLHA DE SÃO PAULO, um dos braços da ditadura militar (Operações Bandeirantes e Condor), montou um currículo de Dilma Roussef insinuando assaltos a bancos, assassinatos de inocentes e ações terroristas.
A primeira reação veio de dentro do próprio jornal. O Onbudsman, um jornalista eleito para fazer a análise crítica dos fatos noticiados e corrigir distorções, levantou uma série de incorreções no tal currículo.
Ao contrário do que apregoa a FOLHA DE SÃO PAULO – UM JORNAL DE RABO PRESO COM O LEITOR –, o rabo está preso na FIESP e no esquema corrupto que tenta transformar o Brasil em colônia de um mundo gerido pelo terror nuclear com sede em Washington. Não foram feitas as retificações, ou correções. Prevaleceu a mentira dos donos.
Que Dilma Roussef foi integrante de um grupo de resistência à ditadura militar o País inteiro já sabe. Junto com ela milhares de mulheres e homens enfrentaram o golpe de 1964 e toda a barbárie que caracterizava o movimento.
Que Dilma Roussef foi presa e torturada, submetida a vexames diversos nem ela própria nega, nem jamais tentou negar e isso ficou claro na resposta que deu a um senador numa das muitas CPIs fajutas que os tucanos armaram para tentar atingi-la, só não sabe quem não quer.
Um dos filmes brasileiros que mais comoveu a opinião pública foi o que mostrou a saga de Zuzu Angel, a célebre figurinista, assassinada pela ditadura militar por exercer com bravura e dignidade o ofício de mãe, na busca de seu filho morto nos cárceres da ditadura. Pelos bravos “patriotas” que apregoavam a tal “democracia a brasileira”.
Bem mais que o ofício de mãe. O exemplo de dignidade da mulher como um todo, revestida do caráter que único, de ser humano em seu sentido pleno. Isso significa coragem, porque coragem aí não é bem um ato de heroísmo, mas bravura indômita de quem não se curva ao tacão dos poderosos.
Ademar de Barros, ex-governador de São Paulo e um dos protagonistas do golpe militar de 1964 (protagonista de segunda categoria) foi uma espécie de precursor do malufismo. Chegou a fugir do País quando a justiça quis prendê-lo pelas mais variadas formas de corrupção possíveis. Surgiu com Ademar o slogan “rouba mas faz”.
A Dilma se imputa uma ação onde um cofre do ex-governador teria sido roubado. No cofre, um milhão de dólares, guardado na casa de uma amante, resultado de propina.
Na prática, quando abjetos torturadores tentam desqualificar Dilma Roussef (e nem estou entrando no mérito de sua candidatura) estão tentando desqualificar também centenas de mulheres anônimas que foram vítimas da ditadura e todas as mulheres em todo o País.
É o preconceito odioso da supremacia da barbárie.
Há anos nos tribunais brasileiros maridos que se julgavam vítimas de traição e executavam a mulher e o suposto amante, eram absolvidos com um argumento solerte de “legítima defesa da honra” e adultério era crime. A própria palavra adultério, em si, é uma aberração.
Saiam aplaudidos ao final de seus julgamentos.
Há uma verdade em qualquer canto do mundo sobre mulheres submetidas a sevicias, quaisquer que sejam elas. A cara machista da sociedade se apieda num primeiro momento e rotula como mulher vulgar num segundo momento.
Está no assédio, na vulgarização, nas práticas deliberadas de transformar coragem em terrorismo, loucura, histerismo, um monte de ismos.
Numa cidade do interior mineiro, anos atrás, um comprador de cabelos para a indústria de perucas (era comum as mulheres não cortarem seus cabelos), assustou-se ao chegar a uma determinada residência onde compraria os cabelos das filhas de um lavrador com um detalhe que nunca poderia imaginar.
Eram três filhas e o pai iria vender o cabelo de apenas duas. Segundo ele, a terceira “já foi usada por um sem vergonha, o cabelo não presta”.
Não sei quantas mulheres tombaram na luta contra a ditadura. Aqui no Brasil, no Chile, na Argentina, nas Filipinas, na Indonésia, mas sei que muitas mulheres emprestaram dignidade e determinação à luta contra tiranos.
Entre nós a anistia na verdade não beneficiou a exilados, presos políticos e que tais. Como concebida e determinada em lei garantiu a impunidade de torturadores, estupradores, assassinos. Permanecem sob as sombras de sua covardia a destilar veneno. Foi conseqüência da percepção simples que os governos militares não iriam se sustentar por mais tempo, estavam sendo surrados nas urnas desde 1974 e para evitar derrotas maiores recorriam ao casuísmo da legislação autoritária que lhes garantia a maioria que não tinha.
Uma espécie de saída não tão devagar que pareça provocação, nem tão depressa que pareça medo. Mas saída. E aí, louve-se a capacidade de enxergar esse óbvio do presidente/ditador Ernesto Geisel. Mas registre-se o preço pago junto às hordas de assassinos dos DOI/CODI, a impunidade.
Dilma Roussef foi uma dessas resistentes. Como o seu adversário José Arruda Serra.
Ao contrário de Arruda Serra foi presa, torturada, submetida a humilhações, cumpriu pena. Arruda Serra trocou de lado ao primeiro aceno do dinheiro. Veio pelas mãos de seu mentor FHC (entre os traidores, dedos duros, havia um esquema de patente também. Anselmo era cabo, FHC general).
É mulher, é mãe, é avó, como milhões de mulheres no País e sobreviveu e superou toda essa caminhada, suportou todas essas provações, manteve-se e mantém-se incólume, preservada em seu caráter, em sua dignidade de ser humano e ser humano mulher.
A despeito dos avanços e conquistas da mulher na chamada sociedade civil organizada (trem também que é de lascar, sociedade civil organizada, parece clube de aleluia, aleluia), o preconceito ainda é imenso e se manifesta das mais variadas formas.
Neste momento a candidata Dilma Roussef simboliza essa luta que no dizer de Celso Furtado “a revolução feminista foi a mais importante revolução do século XX”.
A dela, de lutar pela presidência da República, a primeira a chegar ao cargo, a de mulheres que saem de suas casas ainda pela madrugada para jornadas de trabalho e se obrigam a lutar ombro a ombro numa tal sociedade que ainda se lhes vê como melancia, ou melão, ou pera.
Uma vez uma professora perguntou ao então deputado César Maia se ele sabia o preço do pão de sal. Ele respondeu que não. Ou da condução, do ônibus, ele respondeu que não.
A moça, perto de trinta anos de magistério, em sala de aula, salário miserável, mas caráter exemplar, dedicação absoluta, respondeu apenas o seguinte. “Pois deveria saber, afinal você é deputado, que não se vive sem pão e nem se vai ao trabalho sem ônibus”. “Será que você sabe o que é trabalho?”
Cada uma dessas afirmações recheadas da polidez do politicamente correto sobre Dilma e mulheres que não estão preocupadas em ser miss laje para aparecer no Faustão, traz em si, além do preconceito contra a mulher como ser humano, a arrogância das elites políticas e econômicas que enxergam apenas pernas, seios e bundas e acham que os cabelos de uma “mulher usada” já não servem.
O que a mídia privada tenta imputar a Dilma e deve reforçar esse tipo de canalhice no final da campanha é o que pensam da mulher brasileira. Objeto.
Mais que isso. Escondem, ou tentam disfarçar a prepotência na suposição que a tarefa de cada mulher é achar o desodorante certo para o banheiro.
São primatas na prática e na essência.

Carta O BERRO] URGENTE! UTILIDADE PÚBLICA! Atenção! Este ano são necessários dois documentos para votar ! - Vanderley - Revista


Atenção! Este ano são necessários dois documentos para votar !
1- Carteira de identidade, ou carteira de trabalho com foto (ou carteira de habilitação com foto, certificado de reservista e passaporte)
2- Título do eleitor.
Procure e separe seus documentos! E avise a todo mundo !
Uma segunda via do título de eleitor pode ser tirada até o próximo dia 23/9 !
Se necessário, vá até algum posto do TSE ou do TRE para tirar o seu.

[Carta O BERRO] Tudo é culpa da Dilma - Vanderley - Revista

COMENTANDO : Rubem Alves:GANHEI CORAGEM - bismarck frota xerez

GANHEI CORAGEM
Rubem Alves
Colunista da Folha de São Paulo...

"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente
tem coragem para aquilo que ele realmente conhece",
observou Nietzsche.
É o meu caso.
Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo.
Por medo.
Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe
acerca da hora em que a coragem chega:
"Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos".
Tardiamente.
Na velhice.
Como estou velho, ganhei coragem.
Vou dizer aquilo sobre o que me calei:
"O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.
Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus
como fundamento da ordem política.
Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar:
a democracia é o governo do povo.
Não sei se foi bom negócio;
o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável,
é de uma imensa mediocridade.
Basta ver os programas de TV que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo
como instrumento de libertação histórica.

A BIBLIA, A HISTORIA, NÃO DEVEM SER LIDAS ISOLANDO FATOS, PASSAGENS, TUDO É PROCESSO, PROCESSO.
A teologia da libertação surge com pastor batista norteamericano na Nicaragua. Tomada emprestado e assumida pelos catolicos, após o Concilio VATICANO II, tomam a TL como arma CONTRA o centralismo romano.
SE NÃO LER A TL EM SUA GENESE: na Nicaragua catolica, + um missionario despertando um povo adormecido para assumir seu papel eclesial, + a America catolica pós concilio ecumenico vaticano, que desmontou a idade média na curia romana, etc.
SE NÃO ANALISAR TL NO CONTEXTO, A AFIRMAÇÃO FICA ABSTRATA.
NA REALIDADE AS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE NASCIDAS COM A TL, colocaram a biblia na mão dos catolicos, com isso, retirou o poder do padre.
Então o sentido de POVO na TL não é de massa, mas grupos de estudos biblicos que em consequencia da sua fé, assumem compromisso com a comunidade.
Os batizados saem da sacristia, saem debaixo das batina do padre.
O que R.A. escreveu é verdade, MAS ESTÁ FORA DO CONTEXTO.
O Povo foi elevado a categoria de protagonista, o que NÃO EXISTIA na Igreja pré-concilio Vaticano II. Rubens Alves sofre do VICIO ACADEMICO, TOMAR O DISCURSO COMO REALIDADE, LER TEORIAS E IMAGINAR QUE SÃO REALIDADES, PIOR, NÃO OLHAR A REALIDADE.
Ele omite o poder abusivo do clero, omite aquela igreja de beatos e beatas, sob cabresto.
TUDO TEM CONTEXTO, TUDO TEM INTENÇÃO
OS VOCABULOS NÃO SÃO UNÍVOCOS, SÃO POLÍ-VOCOS.
TEM VÁRIOS SENTIDOS DEPENDENDO DO CONTEXTO E DAS INTENÇÕES DE QUEM USA TAL VOCABULO, assim é o vocabulo povo.
Nada mais distante dos textos bíblicos.
Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas.
Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha
para que o povo, na planície,
se entregasse à adoração de um bezerro de ouro.
Aqui lemos o texto biblico (segundo o ex-pastor evangélico Rubens Alves, "Moisés, líder, se distraísse'), Exodos 32,7: "então disse o Senhor a Moisés: vai, desce; porque o teu povo, que fiseste sair do Egito, se corrompeu, v. 8 e depressa se desviou do caminho que lhes havia eu ordenado: fizeram para si um bezerro fundido e o adoram, e lhe sacrificam, e dizem: são estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito".

O ex-pastor presbiteriano Rubens Alves não mentiu, só 0MITIU, que este texto foi escrito séculos depois, bão é texto histórico, conta e COMENTA os CONFLITOS VIVIDOS ENTÃO, desde ( SEMPRE) focando a saída do Egito.

Sabemos que o povo de Israel, como TODOS os povos, assume a cultura do lugar, o Exodo retrata os CONFLITOS DE LIDERANÇA, retrata além da disputa de liderança, entre os que apoiavam Moisés e os que desejavam a liderança de Moisés. CONFLITO eterno em TODOS os grupos. RETRATA também um momento de transição povo de Israel, recém saido do Egito, onde se contaminou com as crenças dos egipios, seu politeismo.

Esta informação ESTÁ CLARA na continuação do texto do Exodo, pois só na ocasião da travessia do Jordão é que o povo de Israel, antes de entrar na Terra da Promessa, deixará seus ídolos. É comum interpretarmos os 40 anos, que significa um tempo e meio, como o tempo de morrer a geração corrompida que nasceu no Egito, para que ao entrarem na Terra da Promessa entrasem com nova mentalidade.

v.10 "agora, pois, deixa-me; para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação." DESTAQUE-SE o modo de escrever é humanizando Deus, Deus não é humano, não reage como nós, mas não sabemos descrevê-lo senão conforme nossa experiencia de humanos. DESTAQUE-SE que o texto quer RESSALTAR que Deus é o Senhor, pode desfazer a ALIANÇA e refaze-la com outro, no caso com Moisés, "e de ti farei uma grande nação", promessa feita a Abraão, Isaac e Jaco, como relembra Moisés no v. 13 "Lembra-te de Abraão, de Isaque, e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado, e lhes disseste: multiplicarei a vossa descendencia como as estrela do céu, e toda esta terra de que tenho falado, da-la-ei à vossa descendencia , para que a possuam por herança eternamente.

Moisés intercede pelo povo.

É nítido que o texto foi escrito para glorificar Moisés.

a explicação é encontrada na critica ao texto, (época que foi escrito, quem (grupo: sacerdotes? monarquia ? suas INTENÇÕES AO ESCREVER O TEXTO DO EXODO.....

O texto não é historico, quem escreveu o escreveu com uma determinada intenção, usar qualquer texto biblico ABSTRAINDO contexto e intenção, É FRAUDAR.

Moisés é FIGURA de Jesus, toda a biblia NÃO É LIVRO DE HISTORIA é livro que testemunha a fé que aponta para Jesus Cristo.

Esta interpretação a temos abundantemente nas cartas de Paulo.

Note-se que Paulo era judeu, de formação rabinica, descendente de rabinos.

Paulo dirá que Jesus Cristo é o nosso intercessor.

Constatar nossa tendencia à oscilação, NA BIBLIA, que NÃO SENDO LIVRO DE FILOSOFIA e sim ESCRITO como TESTEMUNHO de como a fé vivida no povo PARA UMA MISSSÃO. A biblia não esconde nossa fraqueza. O FAZ PARA RESSSALTAR A CAUSA EFICAZ DA NOSSA CAMINHADA: A GRAÇA DE DEUS.

O APOSTOLO PAULO NA PRIMEIRA CARTA A TIMÓTEO 1,12-17 RESSALTARÁ A GRAÇA COMO CAUSA EFICAZ. FÉ como adessão NÃO AO CATECISMO, mas á PESSOA de Cristo.

Não se trata de sacralizar o povo, mas de afirmar que, apesar de nossa inconstancia, DEUS É FIEL. FIEL A QUE??: Á PROMESSA DE NOS CONDUZIR ATÉ ELE, APESAR DE NOSSAS INFIDELIDADES, INCONSTANCIAS, APESAR DE NOSSOS PECADOS, POIS QUEM É EFICAZ NÃO SOMOS NÓS, MAS "A PALAVRA DE DEUS que NAO VOLTA SEM PRODUZIR FRUTOS".

Toda a biblia, Paulo diz as nossa tendencia nas suas cartas, deixa-nos nus como nos salmos.O salmo 51,5 diz " eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe."
Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso
que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.

E a história do profeta Oséias, homem apaixonado!
Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava!
Mas ela tinha outras ideias.
Amava a prostituição.
Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias
pulava de perdão a perdão.
Até que ela o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário
pelo mercado de escravos.
E o que foi que viu?
Viu a sua amada sendo vendida como escrava.
Oséias não teve dúvidas.
Comprou-a e disse:
"Agora você será minha para sempre.".
Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa
numa parábola do amor de Deus.

Deus era o amante apaixonado.
O povo era a prostituta.
Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável.
O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros,
porque os falsos profetas lhe contavam mentiras.
As mentiras são doces;
a verdade é amarga.

Não sei se é velhice, se o ex-pastor ao abandonar o ministério de pastor, junto deixou a adesão a Cristo, ou outras razões, o certo é que como exegeta assumiu o oposto do cristianismo, que ESPERA, APESAR de: como Paulo diz de si, "não fazer o bem que quer, fazer o mal que não quer', APESAR dos nossos fracassos pessoais e eclesiais, cremos que a GRAÇA nos basta, lemos a biblia é vemos tantos Jeremias, e outros profetas e seus seguidores, que desmentem esta visão pessimista, derrotista do ex-pastor. Em nenhum lugar na biblia o povo é sacralizado, muito pelo contrário, porem o que anima aos que creem, é uma expressão biblica: "o resto de Israel', um punhado de gente com quem sempre Deus está RECOMENÇANDO a Aliança, Não importando que o ciclo venha a se repetir.

Pelo contrário, os evangelistas contam deles mesmos, com interesseiros,covardes, conta com quem Jesus comia, bebia, convivia. Aos olhos dos moralista de plantão, com !"pecadores". Com esta gente e para esta gente, Jesus fundou o seu MOVIMENTO.

Não se preocupou se eram inconstantes.

Academicos sofrem de outro mal, teóricos, não metem a mão na massa, vivem no mundo das idéias, ficam arrogantes com a plebe.

Volto a imagem daquelas mulheres

do povo parisiense indo a Versalhes buscar o rei Luiz XVI e Ma Antonieta,

Ah!
temos a nossa democracia ou o fim do poder absoluto graças a aquelas mulheres de Paris.
Luiz XVI e Ma.Antonieta não fugiram graças àquelas mulheres do povo.

Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola
com pão e circo.
No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos
sendo devorados pelos leões.
E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!
As coisas mudaram.
Os cristãos, de comida para os leões,
se transformaram em donos do circo.

O ex-pastor evangélico sabe muito bem como o Movimento Cristão virou PODER. Qualquer evangélico explica esta encruzilhada da História. OMITE para defender sua tese academica. Novamente OMITE o CONTEXTO HISTORICO, E A INTENÇÃO de quem deu tal PODER.

O circo cristão era diferente:
judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas.
As praças ficavam apinhadas com o povo em festa,
se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.
Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro
"O Homem Moral e a Sociedade Imoral"
observa que os indivíduos, isolados, têm consciência.
São seres morais.
Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem.
Mas quando passam a pertencer a um grupo,
a razão é silenciada pelas emoções coletivas.

Supondo que a observação seja verdadeira, E DAÍ??

não existimos individualmente, nascemos num grupo, e assumimos a moral do grupo. E não só, nenhum grupo existe fora de uma Sociedade, e HOJE num mundo globalizado, eletronicamente trocando intensamente, pessoas, grupos e sociedades assumem conjunto denominado MORAL alhures.As antigas IDENTIDADES são repaginadas, reconfiguradas. O que sobra para pessoas interligadas no JOGO???

Indivíduos que, isoladamente,
são incapazes de fazer mal a uma borboleta,
se incorporados a um grupo tornam-se capazes
dos atos mais cruéis.
Participam de linchamentos,
são capazes de pôr fogo num índio adormecido
e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.

Novamente uma abstração. DESISTORIZA o tais"individuos" como se eles ANTES fossem bons, Ah! Rousseau ! como se não tivessem aprendidos valores na Sociedade que os criou. Como se a KKK dos evangélicos americanos não fosse fruto de uma teologia, de um racismo alimentado todos os domingos, quando separavam negros e brancos em templos diferentes. Como se a prática cristã dos evangélicos americanos não praticasse diariamene o racismo! O linchamento. Como se não fossem em grupo a reprodução da Historia da Sociedade.
Indivíduos são seres morais.
Mas o povo não é moral.
O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional,
segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade.

ACADEMICOS são fogo, imaginam um mundo racional. como se meu gerente não tivesse me dito um dia :

"nem tudo que é lógico é psicológico".

"Verdade" qual "verdade"???

"interesses da coletiviade" !! quais são? O que interessa a um grupo é o oposto do interesse de outro. Se o R.A. recordasse como se analisa a biblia, lembraria dos CONFLITOS, dos textos contraditórios porque escritos por grupos com interesses opostos. O maravilhoso é que tudo foi para o texto biblico por respeito à "Palavra de Deus" mesmo que em contradição.
É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia.

Mas uma das características do povo
é a facilidade com que ele é enganado.
O povo é movido pelo poder das imagens
e não pelo poder da razão.
Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.

Isto é HOJE nesta Sociedade VIRTUAL, não só em Poltica, em tudo,da bunda de silicone a sobrancelha, ou à peruca. É A CULTURA, é o VALOR atual.

Um professor universitario americano dá entrevista com microfone adequado à voz dele, sabendo que será editado, masterizado, etc. Especialista em comunicação, diz dos politicos e atores que fazem o mesmo. NÃO HÁ NADA ERRADO. somos HOJE esta Sociedade VIRTUAL, MEDIÁTICA, DA IMAGEM.

Quem soube usar dela foi João Paulo II .

Nem sempre foi assim, afinal tais recursos são recentissimos. O primeiro a se beneficiar foi John Kenndey.

Somos filhos da HISTÓRIA. E não da MORAL , nem das idéias.

Somos filhos da TECNOLOGIA.

Em todas as épocas.
Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista
que produz as imagens mais sedutoras.
O povo não pensa.

ARROGANCIA DE INTELECTUAL, ENQUANTO ELE ESCUTA BACH, NÃO OUVE O POVO, PESSOAS, NAS MESAS DOS BARES TROCANDO IDÉIAS.
Somente os indivíduos pensam.
Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam
a ser assimilados à coletividade.
Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo.
Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás.
Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung,
o povo queimava violinos em nome da verdade proletária.
Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.

O nazismo era um movimento popular.
O povo alemão amava o Führer.

NOVA OMISSÃO ! Hitler é produto do Tratado de Versalhes 1919, onde o Ocidente, contrário à opinão do Presidente dos EEUU humilhou a Alemanha, lhe retirando quaisquer perspectivas de futuro. O povo desesperado, embora culto, etc, desesperado, agiu como todo grupo que buscar um "bode expiatório". Mas não esqueçamos que os cristãos evangélicos e catolicos fazia séculos cultivavam o antisemitismo. Foi fácil projetar suas frustrações nos judeus, como fazem hoje franceses com ciganos, e outros grupos. A crise não é do povo, mas da TRAGÉDIA ANUNCIA de um sistema que se alimenta da manipulação. Esta é OUTRA OMISSÃO DO ACADEMICO.
Conveniente para "provar"! sua tese elitista.

Sem fundamento na Historia, na Vida, na REALIDADE.

O povo, unido, jamais será vencido!

Tenho vários gostos que não são populares.
Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos.
Mas, que posso fazer?
Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche,
de Saramago, de silêncio;
não gosto de churrasco, não gosto de rock,
não gosto de música sertaneja,
não gosto de futebol.
Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo,
eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos
e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno",
à semelhança do que aconteceu na China.

MEDO INFANTIL, IRRACIONAL, SEM BASE NO NOSSO PROCESSO HISTORICO. É UM ERRO METODOLOGICO TRANSPOR EVENTOS HISTORICOS DE OUTROS CONTEXTOS. AS SOCIEDADES NÃO FUNCIONAM ASSIM.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito.
Mas, para que esse acontecimento raro aconteça,
é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:
"Caminhando e cantando e seguindo a canção.",
Isso é tarefa para os artistas e educadores.
O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.

Rubem Alves


GANHEI CORAGEM
Rubem Alves
Colunista da Folha de São Paulo...

"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente
tem coragem para aquilo que ele realmente conhece",
observou Nietzsche.
É o meu caso.
Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo.
Por medo.
Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe
acerca da hora em que a coragem chega:
"Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos".
Tardiamente.
Na velhice.
Como estou velho, ganhei coragem.
Vou dizer aquilo sobre o que me calei:
"O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.
Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus
como fundamento da ordem política.
Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar:
a democracia é o governo do povo.
Não sei se foi bom negócio;
o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável,
é de uma imensa mediocridade.
Basta ver os programas de TV que o povo prefere.
A Teologia da Libertação sacralizou o povo
como instrumento de libertação histórica.
Nada mais distante dos textos bíblicos.
Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas.
Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha
para que o povo, na planície,
se entregasse à adoração de um bezerro de ouro.
Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso
que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.
E a história do profeta Oséias, homem apaixonado!
Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava!
Mas ela tinha outras ideias.
Amava a prostituição.
Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias
pulava de perdão a perdão.
Até que ela o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário
pelo mercado de escravos.
E o que foi que viu?
Viu a sua amada sendo vendida como escrava.
Oséias não teve dúvidas.
Comprou-a e disse:
"Agora você será minha para sempre.".
Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa
numa parábola do amor de Deus.
Deus era o amante apaixonado.
O povo era a prostituta.
Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável.
O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros,
porque os falsos profetas lhe contavam mentiras.
As mentiras são doces;
a verdade é amarga.
Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola
com pão e circo.
No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos
sendo devorados pelos leões.
E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!
As coisas mudaram.
Os cristãos, de comida para os leões,
se transformaram em donos do circo.

O circo cristão era diferente:
judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas.
As praças ficavam apinhadas com o povo em festa,
se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.
Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro
"O Homem Moral e a Sociedade Imoral"
observa que os indivíduos, isolados, têm consciência.
São seres morais.
Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem.
Mas quando passam a pertencer a um grupo,
a razão é silenciada pelas emoções coletivas.
Indivíduos que, isoladamente,
são incapazes de fazer mal a uma borboleta,
se incorporados a um grupo tornam-se capazes
dos atos mais cruéis.
Participam de linchamentos,
são capazes de pôr fogo num índio adormecido
e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.
Indivíduos são seres morais.
Mas o povo não é moral.
O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.
Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional,
segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade.
É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia.
Mas uma das características do povo
é a facilidade com que ele é enganado.
O povo é movido pelo poder das imagens
e não pelo poder da razão.
Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.
Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista
que produz as imagens mais sedutoras.
O povo não pensa.
Somente os indivíduos pensam.
Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam
a ser assimilados à coletividade.
Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.
Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo.
Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás.
Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung,
o povo queimava violinos em nome da verdade proletária.
Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.
O nazismo era um movimento popular.
O povo alemão amava o Führer.
O povo, unido, jamais será vencido!
Tenho vários gostos que não são populares.
Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos.
Mas, que posso fazer?
Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche,
de Saramago, de silêncio;
não gosto de churrasco, não gosto de rock,
não gosto de música sertaneja,
não gosto de futebol.
Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo,
eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos
e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno",
à semelhança do que aconteceu na China.
De vez em quando, raramente, o povo fica bonito.
Mas, para que esse acontecimento raro aconteça,
é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:
"Caminhando e cantando e seguindo a canção.",
Isso é tarefa para os artistas e educadores.
O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.
Rubem Alves

A PRESIDENCIA DA CNBB SEM A EDIÇÃO DA IMPRENSA. - bismarck frota xerez

Dom Walmor Oliveira de Azevedo *

Adital -
"A sociedade precisa de exercícios educativos solidários como o grito e o plebiscito".
Dom Walmor de Oliveira.
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou carta aos bispos membros da Conferência Episcopal esclarecendo sobre a proposta do plebiscito de iniciativa popular pelo limite da propriedade da terra no Brasil, em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar. A proposta, nessa Semana da Pátria, "não é de iniciativa da CNBB, nem se realiza sob sua responsabilidade". Somente o Congresso Nacional pode convocar um plebiscito - o Executivo, no máximo, pode enviar mensagem ao Parlamento propondo sua convocação.
A presidência da CNBB entende que o apoio das pastorais sociais ao proposto plebiscito "está em sintonia com suas orientações sobre as questões da terra. Nas igrejas particulares, os senhores bispos darão orientações que julgarem convenientes". A CNBB poderia liderar tal iniciativa somente se estivesse convencida de que é "o latifúndio intrinsecamente ilegítimo", respaldada por documentos oficiais, por decisão da Assembleia Geral, ou do próprio Congresso.

Este plebiscito está se realizando, portanto, apoiado pelas pastorais sociais, com a participação de movimentos populares e outros segmentos da sociedade, inclusive partidários. Por isso mesmo, há bandeiras de várias cores, entendimentos e posições ideológicas diversas, com seus partidarismos, interesses e razões comuns, que, como numa grande praça, permitem o encontro dos mais diferentes atores. Nesta hora, a Igreja Católica evoca, com sabedoria e cautela, os princípios que norteiam suas posições e opções. A Igreja não se entrincheira nas plagas partidárias e não se deixa levar pela ambição de poder articular, por exemplo, bancadas no Parlamento ou nas assembleias legislativas.
Esse é o desafio sempre posto nas discussões quando se pensa o papel e a participação da Igreja nos tempos eleitorais. Há quem pense que a Igreja perde por não posicionar-se diretamente contra ou a favor de nomes, sem deixar de considerar, é claro, o direito e a autonomia de cada cristão católico e de seus grupos. O cuidado é exatamente no sentido de não permitir que se confunda ou se abandone a ambiência própria da sua ética alimentada pelo evangelho de Jesus Cristo, diferentemente dos partidos. A ética da Igreja é um luzeiro que não se abandona ou se substitui, como acontece, por exemplo, na troca de partidos e nas alianças políticas, por interesses, até condenáveis e espúrios, muitas vezes.
Compreende-se que a Igreja permanecendo no território da ética, alavancada pelos ensinamentos do evangelho, não se aventura em posicionamentos e pronunciamentos que se tornam partidários. Por isso, não têm lugar adequado os pronunciamentos que se tornam, por si e por sua forma, partidários. A palavra e o pronunciamento da Igreja são importantes e têm autoridade e força educativa para trabalhar, não os interesses partidários, mas a consciência cidadã dos eleitores. A Igreja procura garantir critérios e juízos que, na sua liberdade, inclusive partidária, lhes permitam avaliar os candidatos e não escolher aqueles que agirão, por princípios e opções pessoais e partidárias, na contramão dos valores do Evangelho e dos ensinamentos da Igreja.
Uma posição que guarda enorme nobreza e inteligência. Nesse mesmo horizonte, está o posicionamento sobre o plebiscito, enquanto se prepara mais uma edição do Grito dos Excluídos a ser celebrada no Dia da Pátria. O Grito dos Excluídos tem que ser escutado para que seja verdadeiro e eficaz o grito da Independência - que nasceu da coragem de ouvir e de acabar com a exclusão comprometedora da dignidade e do direito de uma nação. Ainda que no grito, as cores variadas desenhem o seu som, a Igreja, pela aposta na caridade, intrínseca à sua identidade, como afirma o Papa João Paulo II: "Nesta página, não menos do que o faz com a vertente da ortodoxia, a Igreja mede sua fidelidade de esposa de Cristo. É certo que ninguém pode ser excluído do nosso amor... mas há na pessoa dos pobres uma especial presença de Cristo, obrigando a Igreja a uma opção preferencial por eles". A sociedade precisa de exercícios educativos solidários como o grito e o plebiscito.
* Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte - MG
Fonte http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=50857

O GOLPE DA REVISTA VEJA - Laerte Braga

Uma vez perguntaram a Al Capone (controlava jornalistas, congressistas,
juízes, policiais) como ele convivia com a monteira de corpos dos seus
inimigos em cada refrega por disputa dos “negócios.”
A resposta de Capone, que era um tipo arrogante, algo assim como novo rico,
tucano, foi direta – “isso é o de menos, morre gente todo dia, não há nada
pessoal, são só negócios. Tinha até estima por alguns dos meus desafetos.”

E o arremate. “Não me choco, a gente se acostuma, sabe que é a luta pela
sobrevivência, igual a qualquer empresa em qualquer lugar do país.”
Porcos se acostumam a viver em seu ambiente. Tucanos e DEMocratas não têm
esse tipo de preocupação, são como Capone.
No dia imediato à tentativa de golpe contra Chávez, abril de 2002,
jornalistas das maiores redes privadas da Venezuela foram comemorar a
notícia falsa que de comum acordo com os outros grupos golpistas havia
desfechado a fracassada investida.
Riram de sua mentira, brindaram sua mentira.
Fizeram tudo certinho, só se esqueceram de combinar com o povo. Está tudo
documentado em “A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TRAÍDA”. Dois dias após a posse do
“presidente” golpista Pedro Carmona se viram diante de um dilema. Ou matavam
milhões de pessoas que estavam nas ruas pedindo a volta de Chávez e
transformavam a Venezuela num deserto particular, para eles, ou saiam,
fugiam, pois lhes faltava a sustentação básica, a popular.
Fugiram.
Diogo Mainardi é um jornalista da revista VEJA. Disparou acusações durante
os últimos anos contra figuras do governo Lula. Seus artigos eram citados e
apontados como exemplo de coragem, de jornalismo independente (pelos que
vivem com os porcos, que me perdoem os porcos).
A cada golfada de vômito de Mainardi em cada edição da revista VEJA os
atacados iam, como acontece no processo democrático, exigir na Justiça a
prova do que estava sendo afirmado, denunciado.
Mainardi está na Itália, tem dupla nacionalidade. Não conseguiu provar coisa
alguma e fez um acordo com VEJA, a revista que abrigava suas denúncias
falsas, forjadas e montadas em função de contratos assinados com o governo
de José Arruda Serra (as revistas da ABRIL, sem concorrência, eram
distribuídas nas escolas, são aliás, de São Paulo, em contrato milionário).
Fugiu para evitar ser condenado diante de todos processos e VEJA, num acordo
com o jornalista, que continua a escrever, paga as indenizações às vítimas
das mentiras de Mainardi. Na Itália Mainardi escapa da prisão.
VEJA não é única. O sistema GLOBO é um câncer na comunicação. FOLHA DE SÃO
PAULO idem. ESTADO DE SÃO PAULO ibidem. A mídia privada vive com os porcos
no Brasil (mais uma vez que me perdoem os porcos).
Quando o delegado Protógenes Queiroz prendeu o doublê de banqueiro/tucano e
assaltante de cofres públicos Daniel Dantas o ministro do STF – SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL – Gilmar Mendes (que emprega o jornalista Eraldo não sei
das quantas em uma arapuca que mantém sustentada com dinheiro público e de
incautos e emprega para calar a boca do jornalista e cala) concedeu em tempo
recorde dois habeas corpus a Dantas.
Gilmar e Dantas foram companheiros no governo de FHC. Um garantindo a parte
jurídica das maracutaias e outro na turma da privatização.
Essa gente chama liberdade de expressão o direito de inventar, injuriar,
forjar e concentra em suas mãos, poucas “famiglias”, o poder de tentar
iludir os brasileiros com suas “verdades” montadas nas agências de
propaganda, nas grandes empresas, em Washington e Wall Street.
O Brasil é apenas um objetivo num contexto global que os donos do mundo
consideram essencial. José Arruda Serra é o capataz designado para cumprir
essa tarefa.
No caso dos habeas corpus concedidos a Daniel Dantas, na semana seguinte, a
revista VEJA surgiu com uma misteriosa suspeita que o gabinete do ministro
presidente do STF estivesse sendo alvo de escuta e uma conversa entre Gilmar
e o senador Heráclito Fontes (ficha suja) foi apresentada como prova.
VEJA nem toca no assunto mais, era a mentira para ajudar salvar Dantas e
Gilmar, a gravação era uma farsa, foi montada nos laboratórios/chiqueiros
desse jornalismo fétido da mídia privada.
Protógenes e o juiz De Sanctis viraram réus por combater a bandidagem.
As denúncias feitas na última edição de VEJA cumprem esse papel. Tentar
evitar a todo custo que Dilma Roussef vença as eleições no primeiro turno e
jogar a decisão para o segundo, na tentativa de obter o controle do Brasil.
São mentirosas, são falsas e foram orquestradas, como serão várias até o dia
das eleições, no esquema FIESP/DASLU.
O jornalista Luís Nassif, ele mesmo alvo de vários processos por ter
denunciado esse jornalismo podre dessas quadrilhas, tocou num ponto chave
nesse tipo de matéria. O do repórter, de quem assina as denúncias.
Nassif revela uma conversa com um amigo jornalista que lembrou a ele que um
direito nunca foi tirado dos repórteres. O de dizer não. “Se não concorda
com o teor da edição, se acredita que a matéria foi mutilada, pode dizer
não. A matéria sai sem assinatura e o repórter se preserva. A matéria da
VEJA tem a assinatura do repórter Diego Escostegui. Para o bem (caso esteja
certo) ou para o mal (caso tenha manipulado informações), marcará o nome
desse repórter para sempre”.
O empresário Fábio Bacarat, um dos alvos da denúncia, em nota oficial
desmentiu todo o teor da reportagem de capa de VEJA.
A ministra Erenice Guerra, chefe do Gabinete Civil, em nota desmente todas
as afirmações de VEJA e vai mais além, afirma que foi procurada pelo
repórter (que disse sim a se prestar ao papel de pústula, aquele sujeito que
faz tudo pelo chefe, cai de quatro sem problema) e todas as suas declarações
foram ignoradas ou manipuladas.
O JORNAL NACIONAL, não poderia deixar de ser, a coisa é orquestrada, cada
hora entra um instrumento, deu ênfase às “denúncias” e cumpriu seu papel
nessa história de tentar eleger José Arruda Serra a todo custo.
Vamos ter tentativas semelhantes de golpe através da mentira até o dia das
eleições.
Pode parecer repetitivo, mas é preciso lembrar que a GLOBO deixou de
anunciar o fato jornalístico mais importante do dia, em 2006, ante véspera
da eleição, a queda do avião da GOL, para não prejudicar o impacto de um
dossiê falso que iria jogar no ar tentando levar as eleições para o segundo
turno e viabilizar condições para um tucano vencer, no caso Geraldo
Alckimin. As concorrentes, todas, já haviam divulgado o acidente.
E outras tantas, é prática corriqueira da GLOBO, de VEJA, da FOLHA DE SÃO
PAULO, do ESTADO DE SÃO PAULO, da RBS (não noticia quando o filho do diretor
estupra, aí fica em silêncio) esse tipo de jornalismo marrom, podre.
É por isso que William Bonner afirma que o telespectador do JORNAL NACIONAL
“é como Homer Simpson”, rotulando-o de idiota. É a maneira como ele enxerga
o cidadão que assiste ao filme diário travestido de JORNAL DA MENTIRA.
A ética desse tipo de gente é a dos que pagam por esse amontoado de farsas.
Não tem a menor idéia do que seja dignidade profissional. Só de quanto está
no contracheque e na conta bancária.
São canalhas plenos, absolutos. Tinham como lembrou o amigo citado por
Nassif, o direito de dizer não. Ou seja, de manifestar princípios de
dignidade e caráter. Fala mais alto o dinheiro, vence a capacidade de serem
camaleões dos patrões, bonecos ventríloquos.
O Brasil é vital para os interesses dos que tocam o mundo a seu bel prazer,
em função de seus interesses, certamente, não são os interesses dos
brasileiros.
José Arruda Serra não apresentou uma única proposta de governo, só calúnias,
acusações e choro.
Tem dito com freqüência que essa mania de compará-lo com FHC, seu
inspirador, é um erro, pois não estamos falando de passado, mas de futuro.
É claro. Só que é preciso olhar para o passado, o governo corrupto e podre
que foi o de FHC, para não incorrermos no mesmo erro. Do contrário não
teremos futuro. Ele vende tudo. PETROBRAS, BANCO DO BRASIL, o que estiver no
“estoque” do item patrimônio público. E como FHC e seus apaniguados embolsam
polpudas propinas.
O que VEJA mostra, como o JORNAL NACIONAL, é o desespero dos que estão
perdendo a perspectiva de continuar a crescer em cima do dinheiro público,
aquele pago e gerado pelo trabalho de milhões de brasileiros.
A mídia privada vive entre os porcos (que me perdoem os porcos, não têm
culpa disso).
O que tentam é um golpe. Para eles pouco importa o Brasil e os brasileiros.
A corrupção e a venalidade, a subserviência é intrínseca a eles.
Já nascem com esse imprimatur. De seres repugnantes.
O desafio de uma comunicação calcada na ética da verdade, sem distorções,
não importa o direito de opinião, é líquido e certo, ninguém precisa ser a
favor disso ou daquilo que não seja o ditame de sua consciência, de seu
saber, mas é necessário que esses estejam assentados sobre pilares de
dignidade. É um desafio que precisa ser objeto de amplo debate popular.
Não é o caso de VEJA, nem da GLOBO, ou da FOLHA DE SÃO PAULO, da RBS, da
mídia privada como um todo.
A sujeira é parte deles, se acostumaram, como Al Capone.
Que tal exibir a verdadeira história da quebra de sigilos fiscais e mostrar
o papel de Verônica Serra, a filha do bandido, nos “negócios”? Ou a origem
real da história que virar livro e contar quem de fato é José Arruda Serra e
os interesses que representa?
Não fazem, estão no bolso dos donos.

domingo, 12 de setembro de 2010

''Papa, ordene mulheres já'': as novas propagandas nos ônibus de Londres - BBT

Os ônibus londrinos passarão a levar uma propaganda instando o Vaticano a ordenar mulheres durante a próxima visita do Papa ao Reino Unido, em meados de setembro.
A reportagem é da agência Efe, 23-07-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Trata-se de uma iniciativa de um grupo católico favorável ao sacerdócio feminino, que escolheu esta frase para a propaganda: "Papa Bento, ordene mulheres agora".
O grupo Catholic Women's Ordination (CWO) pagou o equivalente a 12 mil libras para que essa propaganda seja colocada em uma dezena de ônibus que passam em frente à catedral católica de Westminster, em Londres.
Pat Brown, membro desse grupo, disse que, durante a visita papal, será realizada uma coletiva de imprensa na qual defenderão a ordenação de mulheres.
"Amamos a Igreja e não queremos perturbar. Estamos tentando obter apoio e gostaríamos que o Papa nos recebesse por cinco minutos. Preocupa-nos muito o que está acontecendo com a Igreja", explicou Brown ao jornal The Guardian.
Os ônibus se converteram em veículo predileto de crentes e não crentes em Deus para expressar publicamente suas opiniões, desde que em janeiro do ano passado um grupo de ateus pagou por propagandas em que instava as pessoas a não se preocupar e desfrutar a vida "porque provavelmente Deus não existe".
Esse foi um dos dez anúncios mais controversos do ano passado, mas, graças à polêmica levantada, seus promotores chegaram a arrecadar mais de 180 mil euros, quase 30 vezes mais do que o objetivo que haviam fixado.
Logo apareceu uma resposta paródica do chamado Partido Cristão na forma de outro anúncio que dizia: "Certamente existe um Deus. Por isso, una-se ao Partido Cristão e desfrute a vida".

Brigas e homenagens marcam o aniversário do atentado de 11 de setembro nos EUA


Os Estados Unidos lembraram neste sábado (11) as vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001. O dia foi de emoção em Nova York, mas também de muita discussão sobre a polêmica construção de uma mesquita no local dos ataques. No Pentágono, o presidente Barack Obama disse que o único inimigo americano é a Al-Qaeda, autora dos atentados, e não o Islã.

[Carta O BERRO] Chile - 11 de Setembro de 1973 - (real-passo à passo) e ao final assista os dois vídeos. e / ARGENPRESS + O médico Danilo Bartulín, que viveu os últimos momentos do presidente chileno, reconstrói o assalto golpista a La Moneda - Vanderley - Revista


A 11 de Setembro de 1973 o regime democrático chileno caiu e uma sangrenta ditadura foi instaurada.
Augusto Pinochet, o rosto da ditadura militar responsável pela morte de mais de 3.000 pessoas e um número ainda não apurado de desaparecidos, morreu no final de 2006.
Passados estes 34 anos, publicamos um notável artigo da Revista brasileira Veja sobre os acontecimentos.
A nossa Memória também se faz com a Memória dos outros:

Violência e golpe em Santiago
Como a sangrenta subida ao poder dos militares chilenos liquidou Allende e seu socialismo
"Tencha, a situação tornou-se grave. A Marinha se sublevou."
(Telefonema de Allende a sua mulher, "Tencha", às 7h40 de terça-feira, em Santiago.)
"Ramón, a situação é gravíssima."
(Telefonema de Allende ao embaixador do Chile em Buenos Aires, Ramón Huidobro, às 10h30 de terça-feira.)
Pela razão ou pela força, ensina a divisa do emblema nacional do Chile. "Como é claro e azul teu céu", canta o Hino Nacional. Finalmente, após três anos de inviabilidade política, 45 dias de paralisação econômica e a exaustão de todas as combinações partidárias que ainda seria possível imaginar, os símbolos do país conduziram ao golpe. Na manhã da última terça-feira, o céu brilhava claro e azul em Santiago, e a razão nada mais podia. Restava a força, e ela foi empregada com uma severidade inédita na história recente da América Latina. A gravidade que o presidente Salvador Allende anunciava em seus últimos e dolorosos telefonemas não poderia ter sido mais verdadeira. Pouco depois ele estava morto, a sua "experiência socialista" no Chile sepultada, e o continente, em estado de choque, assistia ao que foi provavelmente seu golpe militar mais violento desde a derrubada de Perón na Argentina, dezoito anos atrás.
"Não vou renunciar. Pagarei com a minha vida a liberdade do povo. Tenho certeza de que meu sacrifício não será em vão. Este é o meu testamento político." Do Palacio de la Moneda, no coração de Santiago, cercado por tanques, soldados e carabineiros, a voz cansada de Allende falava pela última vez aos chilenos, pelas ondas da Radio Magallanes, a emissora comunista. Era quase meio-dia, relata a enviada especial de VEJA a Santiago, Dorrit Harazim, e os jatos da Fach, a Força Aérea Chilena, que acabariam reduzindo a escombros os salões presidenciais, já roncavam nos céus da capital. Selava-se, nesse instante, o destino de Allende e de seu Chile socialista, com uma furiosa explosão de violência que em 48 horas de fogo cerrado pulverizou o governo de esquerda e deixou milhares de mortos através do país.
Augusto Pinochet
No final da semana, com os últimos focos de resistência aparentemente postos fora de combate, a Junta Militar que deu o golpe e rege com poderes praticamente absolutos os destinos de 10 milhões de chilenos dava mostras de estar solidamente entrincheirada no poder. Na falta de um palácio presidencial - o existente não oferece condições de habitabilidade, depois do tratamento que recebeu terça-feira - a Junta instalou-se no Ministério da Defesa para um governo de duração ainda desconhecida. Seus quatro membros - general Augusto Pinochet, do Exército, o chefe supremo, almirante Toribio Merino, da Marinha, brigadeiro Gustavo Leigh, da Aeronáutica, e general Cesar Mendoza, do Corpo de Carabineiros - e seu Ministério de seis generais - dois contra-almirantes, um vice-almirante, dois coronéis, um brigadeiro e dois civis - contam, basicamente, com um compromisso: incinerar todos os vestígios possíveis do falecido governo da Unidade Popular.
CARRO TROCADO - O regime esquerdista, asfixiado por uma lenta agonia, entraria finalmente em coma na manhã da terça-feira da semana passada. Desde o início, o dia não prometia nada de bom para Salvador Allende. Às 7 horas ele deixou sua casa no número 200 da rua Tomás Moro, no bairro de Las Condes, mas não conseguiu completar o trajeto até o Palacio de la Moneda no seu Fiat 600, placa BF-80: no meio do caminho, por razões de segurança, teve de trocar de condução, passando para um tanque preto e branco do Corpo de Carabineiros. A precaução, motivada por rumores de uma iminente rebelião na Marinha, logo se revelaria bem fundamentada. As 7h30, 10 minutos após o seu marcial desembarque no palácio, Allende recebia a confirmação da notícia - num momento em que, por via das dúvidas, já estava escrevendo um discurso para denunciar o assédio ao governo.
O levante tinha ocorrido no porto de Valparaíso, a partir da base naval comandada pelo truculento almirante Merino, e Allende iniciou imediatamente um discurso pelo rádio, com a esperançosa declaração de que em Santiago as tropas "estavam aquarteladas". Na verdade, já se tratava do feroz movimento que iria depô-lo algumas horas mais tarde, e o presidente, após concordar com alguns assessores que seu governo estava à "beira do precipício", telefonou para sua mulher Hortencia "Tencha" Bussi proibindo-a de sair de casa: "Eu vou ficar aqui. Você permanece em Tomás Moro".
Pouco depois das 8 horas Allende faria sua última aparição em público. Apressado, parecendo tão curioso com a crescente movimentação militar em torno de La Moneda quanto os surpresos transeuntes que começavam a se concentrar nas redondezas, o presidente emergiu na janela de sua sala de despachos para espiar rapidamente os tanques que ronronavam a seus pés, na Plaza de la Constitución. A última imagem de Allende em vida ficou gravada em poucas fotos e alguns pés de filme: de casaco esporte, sem gravata, ele deu um aceno para os poucos que estavam na praça e sumiu no interior do palácio, de onde só sairia morto.
'TENDO EM CONTA...' - A essa altura, contingentes inteiros em farda de combate eram despejados do prédio do Ministério da Defesa, vizinho a La Moneda, soldados começavam a tomar posição nos jardins da Plaza Bulnes e outras ruas adjacentes, e os tanques apertavam seu cerco em torno do palácio. Por volta das 8h30 finalmente a população tomou conhecimento pela primeira vez da existência de uma Junta Militar de governo.
Uma voz que se tornaria extraordinariamente familiar para toda a nação, no decorrer das 48 horas seguintes, anunciou pelo rádio o "bando" número 1, primeiro comunicado de uma prolífica série enumerada e expedida pela Junta. O tom era inconfundível. "Tendo em conta a gravíssima crise..." "...as Forças Armadas e os Carabineiros decidem que o presidente deve entregar imediatamente seu cargo às Forças Armadas e aos Carabineiros".
Pelo manual latino-americano do golpe de Estado a história poderia ter perfeitamente acabado aí: o presidente, sem cacife militar para continuar no jogo, toma o rumo do exílio, e os golpistas se instalam no palácio. Desta vez, entretanto, nada correu de acordo com esses consagrados usos e costumes. Allende tomou a raríssima decisão de não se entregar, e o golpe deixou a órbita do folclore para encaixar-se no das grandes tragédias políticas. Enquanto a Junta tratava de se apoderar rapidamente de todas as rádios disponíveis e motoristas retiravam com manobras apressadas os carros que acabavam de estacionar no centro da cidade, o presidente chileno começava a viver o ato final de seu governo e de sua existência.
De fato, às 10h30 em ponto - após ter silenciado um discurso de Allende pelo rádio, feito vôos rasantes sobre La Moneda e ocupado os principais pontos de Santiago -, a Junta anunciou um ultimato: se o presidente não se rendesse em 30 minutos o palácio seria bombardeado pela Força Aérea. As 11 horas, quando vencia o prazo, o vasto portão principal de La Moneda foi aberto sob a mira dos tanques instalados na Plaza de la Constitución. E os jornalistas que testemunhavam a cena pelas frestas de janelas do Hotel Carrera - posteriormente transformado em ímã para todo tipo de tiros - viram surgir, silenciosamente, os primeiros pares de braços levantados, com um lenço branco de rendição nas mãos.
Ao todo, foram 27. E, entre eles, estava o infeliz general José María Sepúlveda, derrubado pelo levante militar de seu cargo de diretor-geral do Corpo de Carabineiros. Como seus companheiros de rendição, Sepúlveda não carregava o passaporte do golpe: um lenço cor de laranja distribuído nas primeiras horas da madrugada a todos os membros do Exército, para evitar que esquerdistas se infiltrassem em suas fileiras, usando uniformes roubados nos dias anteriores.
PIQUES PRECISOS - "Mas Salvador Allende não se encontrava entre as figuras quietas, dramáticas, que desfilavam com a cabeça erguida pelo asfalto da rua Teatinos, até desaparecerem de nossas vistas", relata Dorrit Harazim, uma das testemunhas instaladas no Hotel Carrera. A voz do presidente ainda seria ouvida mais uma vez, na última transmissão clandestina da Radio Magallanes. Pouco depois, ao meio-dia, com 60 minutos de atraso sobre o ultimato e quando já se começava a descartar a possibilidade de sua execução, dois jatos Hawker Hunter da Fach surgiram sobre Moneda e, em piques precisos, lançaram as primeiras duas bombas de 50 quilos sobre o palácio presidencial.
Nos prédios vizinhos, relata a enviada especial de VEJA, a terra tremeu, as vidraças se estraçalharam, os lustres despencaram do teto. Através da fumaça e da poeira que os dois jatos deixaram em seu rastro, contudo, podia-se ver La Moneda ainda intacto. Segundos depois, com meticulosidade cronométrica, seguiram-se uma segunda, uma terceira, uma quarta dose de bombas de 50 quilos. Apenas na quinta vez o cinzento, maçudo palácio construído em 1786 se rendeu a fogo.
E às 12h30, completada a missão de quinze bombardeios, as chamas finalmente se apossavam de todos os cinco janelões da ala direita, enquanto as primeiras labaredas rompiam o teto e passavam a arder em céu aberto.
Último símbolo de um Chile em extinção, a bandeira hasteada no mastro central do palácio ainda sobrevivia intacta. Mas não por muito tempo. No lugar dos bombardeios aéreos, catorze tanques e dezenas de canhões, bazucas, morteiros, metralhadoras e fuzis passaram a atirar ferozmente contra o palácio, em salvas que se alternavam a cada 2 ou 3 minutos. Como não se pôde perceber, em momento algum, qualquer resistência vinda de dentro do palácio, todo esse dilúvio de fogo foi se tornando progressivamente incompreensível. E pouco antes das 14 horas, com o que restava da bandeira colado ao metal derretido do mastro, o portão frontal lembrando uma caverna, os balcões iluminados pelo fogo e o miolo do palácio às claras com o desabamento parcial do teto, era impossível imaginar que houvesse sobreviventes.
PONCHO BOLIVIANO - Havia sobreviventes, mas não o principal deles - ao entrarem finalmente no palácio, os soldados encontraram o corpo de Salvador Allende caído sobre um divã no segundo andar, ao lado de uma poça de sangue e uma metralhadora com a inscrição: "A seu amigo e companheiro de luta Salvador, Fidel Castro". Quatro horas e meia depois, às 18h30, colocado numa maca e coberto por um modesto poncho boliviano, o cadáver do presidente era carregado para fora de La Moneda e desaparecia numa autópsia militar (um pedido de autópsia regular, feito pelo Partido Democrata Cristão, foi sumariamente ignorado pela Junta) e numa cerimônia semi-secreta de sepultamento no dia seguinte, na vizinha estância balneária de Viña del Mar.
Como morreu Allende? Até a sexta-feira os fatos ainda estavam nebulosos, mas nesse dia um relato da Agência Latina, obtido junto às quinze últimas pessoas que viram Allende vivo, indicava que o presidente tinha se suicidado e esclarecia as dramáticas 7 horas vividas em La Moneda entre 7 da manhã e 2 da tarde da última terça-feira. Segundo este relato, Allende teria recusado quatro ofertas de rendição feitas pelos militares através do telefone - na primeira delas, inclusive, o general Pinochet teria lhe garantido um avião e salvo-condutos para ele, sua família e assessores. "Não faço acordo com traidores", disse Allende a Pinochet, no primeiro telefonema, por volta de 9 horas. Com um capacete de aço na cabeça, calças escuras e um suéter branco, o presidente se empenharia nas horas seguintes em afastar para fora do palácio o maior número possível de pessoas - especialmente um grupo de mulheres, entre as quais sua filha Beatriz. Ao ponderar que cairia em poder dos golpistas ao deixar o palácio, podendo tornar-se assim um instrumento de chantagem para a rendição, Beatriz ouviu do pai a frase solene: "Se você for feita refém, serei eu quem pedirá que a matem. Não vou me render".
POR ÚLTIMO - Mas Beatriz não foi feita refém, nem executada - juntamente com sua irmã Isabel e sua mãe "Tencha", acabou encontrando refúgio na Embaixada do México, de onde seguiria para Cuba, após ter saído de La Moneda. Dentro do palácio, Allende vivia seus instantes finais. Às 11h30 recusou uma última oferta do insistente general Pinochet e suportou em silêncio com um pequeno grupo de amigos e guardas pessoais o bombardeio aéreo e terrestre que arrasava o prédio. Às 13 horas o secretário de Imprensa Augusto Olivares resolveu matar-se com um tiro na cabeça. Pouco depois um grupo de quatro sitiados saiu para negociar sem sucesso uma suspensão do fogo (os militares, alegando a presença de franco-atiradores nas redondezas, não aceitaram a proposta). Às 13h45, encerrado finalmente o bombardeio, um pelotão de infantaria conquistou o palácio, entrando pela porta da rua Morande, número 80.
Enquanto os soldados davam seus primeiros passos dentro de La Moneda, Allende dava suas últimas ordens como presidente da República. Instalado no segundo andar, ele mandou que seus remanescentes companheiros descessem e se entregassem ao pelotão, a essa altura já no andar de baixo. "Deixem as armas, levantem as mãos e rendam-se ao Exército", disse Allende. "Eu vou sair por último." Por volta das 14 horas, quando começavam a descer a escadaria para render-se, os guardas pessoais ouviram um disparo de metralhadora no andar de cima: Allende, conclui o relato, acabava de se suicidar.
CASA SAQUEADA - A partir daí, um novo mistério - o destino dado ao corpo do desafortunado presidente - viria se somar à espessa nuvem de dúvidas que envolveu Santiago nas primeiras 48 horas após o golpe. A questão acabaria sendo respondida na sexta-feira por Hortencia "Tencha" Allende, ao relatar a saga que viveu desde o momento em que recebeu o primeiro telefonema de seu marido, na manhã de terça-feira, até asilar-se na Embaixada do México, no fim do dia seguinte. "Tencha", cujas relações com o marido andavam atribuladas nos últimos tempos - segundo o comentário corrente em Santiago, os dois continuavam a viver juntos mais para manter as aparências - mal tivera tempo de retornar de uma viagem ao exterior quando se viu envolvida no drama que a deixaria viúva e quase lhe custava a própria vida.
A mulher de Allende voltara no domingo do México e, por volta de 11h30 de terça-feira, após três horas de angústia na sua residência da rua Tomás Moro, começou a viver uma aventura inédita: aviões passaram a bombardear sistematicamente a casa, que depois de semidestruída acabou sendo saqueada. "Os aviões lançavam seus foguetes e depois voltavam às suas bases para reabastecer", contou Hortencia Allende. "Havia cheiro de pólvora, fumaça, destruição..." Numa interrupção dos ataques, ela conseguiu fugir da casa através de um colégio de freiras que existe no fundo e dali, sem ser seguida, correu para esconder-se na casa do economista Felipe Herrera, morador das vizinhanças. Era o momento em que, em La Moneda, Salvador Allende se preparava para morrer.
No dia seguinte, "Tencha" teve de enfrentar a dura prova do sepultamento. Convocada inicialmente a um hospital militar, recebeu os pêsames de um general e em seguida foi levada à base aérea militar do Grupo 7, onde um avião estava à sua espera. "Imaginem o que vi", relatou Hortencia Allende. "Um ataúde, no meio do avião, coberto com uma manta militar..." Acompanhada de dois sobrinhos, uma cunhada e diversos oficiais, "Tencha" voou então para Viña del Mar, onde seria realizado o sepultamento de Allende, no jazigo familiar do cemitério Santa Inês. O avião pousou na Base Aérea de Quinteros, o esquife foi colocado num furgão e o pequeno grupo rumou apressadamente para o cemitério.
Em nenhum momento, contou a mulher de Allende, os militares deixaram que ela visse o corpo de seu marido alegando, sem maiores detalhes, que o caixão estava soldado. "Salvador Allende não pode ser enterrado de forma tão anônima", gritou ela a um dos oficiais. Mas foi. "Tencha" não pôde fazer mais do que jogar umas flores sobre o ataúde, para logo ser embarcada de volta a Santiago e a um asilo na Embaixada mexicana. Nas últimas horas tinha ficado viúva, sua filha Beatriz partira para Cuba e sua casa era um monte de ruínas.
CORDÕES - Além da residência de Allende, houve outros alvos de bombardeios. A Embaixada de Cuba, onde teria morrido, ao tentar asilar-se, o líder mais radical e polêmico do Partido Socialista, Carlos Altamirano, também foi atacada. A sede do Partido Comunista foi arrombada e invadida a tiros, e presos seus 23 ocupantes. E segundo uma lista publicada no "El Mercurio" de quinta-feira - único jornal a circular, juntamente com o tablóide "La Tercera de la Hora" - até as 16 horas do dia anterior as Forças Armadas haviam ocupado mais de vinte pontos esquerdistas de Santiago, em grande parte para "reduzir extremistas armados". Enfim, havia alguma resistência.
No dia do golpe e nos dois seguintes, ainda se ouvia o matraquear de metralhadoras e dos disparos de fuzis dos soldados tentando liquidar franco-atiradores instalados nos telhados de edifícios de vários pontos da capital. O distante som de bombardeios prolongados em locais diferentes indicava que havia combates mais duros. Houve batalhas de uma violência desconhecida pelos chilenos, nas tomadas da Universidade do Chile e da gigantesca fábrica de tecidos Sumar, estatizada por Allende e um dos bastiões principais da militância governista. Mas uma resistência generalizada, proporcional ao poderio militar empregado pelas Forças Armadas, jamais existiu.
A combatividade de uns poucos, na verdade, esbarrou na força dos canhões e dos tanques. Mais que isso, os "cordões allendistas" não contavam realmente senão com raros e esparsos elos.
No Chile, além dos protagonistas da resistência vã, poucos acreditavam nela. No exterior, porém, jornais afirmavam em manchetes que o general Carlos Prats, ex-comandante do Exército, apóstolo da legalidade, amigo pessoal de Allende e esperança derradeira das esquerdas, assumira o comando da resistência e marchava do sul para Santiago. Na sexta-feira, o próprio Prats, de paletó esporte e gola rulê, rosto abatido e mãos sob a mesa, afirmava na televisão jamais ter participado de atividades públicas desde que se afastou do comando do Exército e do Ministério da Defesa. E revelou sua intenção de abandonar o Chile, o que fez no sábado, quando se retirou para a Argentina.
COMUNICADOS - A primeira noite do Chile sob nova tutela acabou sendo de insônia nacional. Todas as comunicações com o exterior estavam cortadas. As fronteiras com o Peru e a Argentina, fechadas. E as contas bancárias dos residentes no país, congeladas por tempo indeterminado, dificultando ainda mais eventuais tentativas de fuga. A normalmente escassa comida praticamente desapareceu. Coroando tudo, reinava a mais absoluta ignorância do que se passava no país, nas cidades, na casa vizinha. Na quarta-feira, o "El Mercurio" e "La Tercera", embora tivessem rodado na noite anterior, não puderam circular, pois a Junta Militar se esqueceu de que, por causa do rigor exigido no acatamento ao toque de recolher, os dois jornais não poderiam ser distribuídos. E, se o fossem, não poderiam ser comprados.
A sucessão contínua de comunicados oficiais, longe de esclarecer, desconcertava ainda mais. Quando, durante o toque de recolher, rádio e televisão anunciavam que os parentes daqueles que morreram estavam autorizados a dirigir-se a um lugar determinado para cuidar dos sepultamentos, a incerteza quanto ao número de mortos crescia. No sábado, defronte ao Ministério da Defesa uma fila dava volta ao quarteirão. Era pessoas tentando obter notícias sobre mortos e desaparecidos. "A cifra de 10.000 mortos é exagerada", disse um funcionário. De qualquer forma, soa como bastante sintomática.
Por outro lado, ao ser transmitida a ordem de apresentação às autoridades militares para 23 estrangeiros radicados no país - entre eles dois brasileiros e um jornalista boliviano morando em Buenos Aires há mais de seis meses - instalou-se o pânico entre as comunidades estrangeiras mais comportadas, e não apenas entre os 14.000 latino-americanos (dos quais 1.200 brasileiros) residentes no Chile. O pânico não era injustificado. Em sua determinação de "extirpar o câncer marxista", a Junta advertiu que as empresas jornalísticas que divulgassem informações não confirmadas pelo novo governo seriam "inapelavelmente destruídas". A caça aos seguidores de Allende começou imediatamente, com os militares apelando à população para denunciar a existência de arsenais clandestinos e solicitando colaboração para a captura de dirigentes da Unidade Popular.
REALISMO - Alguns, como o ex-ministro da Defesa e do Interior, José Tohá, o ex-chanceler Clodomiro Almeyda e seu irmão, Jaime, ex-ministro da Agricultura, e Orlando Letellier, ex-embaixador nos EUA, foram intimados a apresentar-se às autoridades militares. A não-apresentação, dizia a intimação divulgada pelo rádio, significaria "uma transgressão, com as conseqüências fáceis de se prever". Tohá e Almeyda acataram a ordem imediatamente. Outros demoraram algumas horas. Talvez nenhum tenha sido de realismo mais surpreendente do que o líder comunista Jorge Godoy. Numa entrevista televisionada, ele declarou, ainda na noite de quarta-feira: "Sou casado, tenho quatro filhos, fui dirigente sindical durante vários anos e ocupei até este momento, por 58 dias, o Ministério do Trabalho. Espero que o país, neste momento tão grave, possa normalizar sua vida".
Logo começaram, também, as manifestações de apoio incondicional por parte do Partido Nacional, da Confederação dos Transportes e Cargas, agricultores, comerciantes, pequenos e médios industriais, médicos, advogados e engenheiros. O presidente da Corte Suprema, Enrique Urrutia Manzano, manifestou sua "mais íntima satisfação" em nome da administração da Justiça "pelo propósito do governo militar de respeitar as decisões do Poder Judiciário".
Apesar da guerra, e do conceito que os chilenos fazem de si mesmo, de que não são "tropicales", o tropicalismo transpareceu em alguns episódios. Numa boate em que quatro jovens marxistas confessas ficaram retidas durante 52 horas devido ao toque de recolher, os soldados que intermitentemente surgiam à procura de esquerdistas eram recebidos com rodadas de presunto, pão e café. A uma delas, inconformada com essa extemporânea manifestação de coexistência pacífica e dizendo-se "inimiga dos golpistas até a morte", um soldado respondeu: "Respeito seus ideais, senhorita, mas lhe asseguro que este golpe de Estado é para o bem de todos".
SEMI-REMORSOS - A violência com que foi desfechado o golpe, contudo, causava espanto até mesmo entre os adversários do governo deposto. O próprio senador Eduardo Frei, líder da linha mais conservadora da Democracia Cristã e favorável a uma intervenção militar, confidenciou a um alto funcionário das Nações Unidas em Santiago, ao ver as coisas consumadas, que jamais teria suspeitado que o golpe ocorreria de maneira tão brutal.
Esses semi-remorsos, porém, não impediram que, ainda na noite de terça-feira, seu partido, juntamente com o Nacional, manifestasse total apoio à Junta, sob o argumento de que "as Forças Armadas não buscaram o poder, e sua tradição garante que tão logo terminem as tarefas por elas assumidas devolverão o poder ao povo soberano". E o episcopado chileno, se não aprovou, também não reprovou o golpe, manifestando pesar pelo sangue derramado, pedindo "moderação com relação aos vencidos" e esperando "que não haja represálias desnecessárias".
Assim, em meio às manifestações de apoio das principais forças do país, e à resistência de franco-atiradores e operários em algumas fábricas ocupadas, o novo governo começou a tomar suas primeiras medidas, além das repressivas. Imediatamente rompeu relações diplomáticas com Cuba - providência complementada com a expulsão dos 170 membros da volumosa delegação cubana no país - e anunciou a decisão de não mantê-las também com "alguns Estados socialistas".
CONVERSAS, ROUPAS, ARMAS - No campo interno, os passos iniciais consistiram em estabelecer um pouco de ordem no campo de batalha. Foram então concedidos, já a partir de quinta-feira, salvo-condutos para os interessados em sepultar seus mortos, enquanto se pedia à população para colaborar na tarefa de limpar as paredes de todo tipo de propaganda política. Em sucessivos comunicados garantindo que as conquistas dos trabalhadores seriam mantidas, as autoridades militares pediam que todos retornassem ao trabalho. As categorias em greve durante os últimos dias do governo de Unidade Popular - médicos, engenheiros, comerciantes, enfermeiros, dentistas, técnicos, químicos e farmacêuticos - disseram-se dispostas a atender ao apelo, de resto prejudicado pelo toque de recolher.
O presidente da Confederação dos Transportes Rodoviários, Juan Jara, depois de registrar sua "satisfação com a libertação da pátria", conclamou na quarta-feira os motoristas de caminhão, cujo locaute de três quinzenas praticamente paralisou o País, a retornarem às atividades. Até o final da semana isso não ocorrera, em parte devido à confusão geral e em parte pelo compreensível temor dos motoristas de sofrerem ataques de esquerdistas. As Juntas de Abastecimento e Preços, instrumento com o qual a Unidade Popular controlava a distribuição de alimentos ao nível dos consumidores, foram dissolvidas, como o Congresso Nacional.
Outra providência da Junta foi exibir na televisão um filme mostrando o interior da casa de Allende, com a despensa repleta de conservas, armários cheios de roupas, móveis enfeitados com valiosos objetos de arte e, principalmente, grande quantidade de armas, "todas de fabricação soviética". Ainda no terreno psicológico, o acesso ao coração de Santiago, compreendido pela Plaza de la Constitución e ruas próximas, permaneceu proibido até a manhã de sexta-feira. A Junta parecia querer adiar o choque da população ao ver o Palacio de la Moneda, um dos mais antigos monumentos históricos do país, parcialmente em escombros.
UM TELEGRAMA - Como de hábito, a opinião pública européia manifestaria o seu espanto. As capitais da Europa, como algumas latino-americanas, onde foi decretado luto nacional por três dias pela morte de Allende, transformaram-se em palcos de manifestações de hostilidade aos militares chilenos. Os ingleses, por exemplo, ficaram ainda mais chocados na sexta-feira, quando o adido naval chileno em Londres, contra-almirante Oscar Buzeta, ocupou a embaixada em nome da Junta Militar e proibiu a entrada do embaixador Álvaro Bunster. Da capital britânica sairia também uma das mais extravagantes manifestações de repulsa ao novo regime. Um obscuro cônsul-geral panamenho, Jaime Padilha Beliz, enviou um telegrama ao general Pinochet, em que dizia: "A humanidade se envergonha de ter em suas fileiras uma besta como o senhor".
DOIS MODELOS - Passados os momentos de entusiasmo ou de depressão de partidários do governo de Allende, a América Latina, Pelo menos, tem desde a semana passada razões mais fortes para refletir na experiência chilena. Até terça-feira, a "via chilena para o socialismo", com malogros ou não, tinha seus adeptos no continente. O trágico desfecho da aventura, seja qual for o rumo que imporão ao Chile os militares, restringe a somente dois os "modelos" que na América do Sul substituíram recentemente as tradicionais fórmulas da democracia liberal: o "brasileiro" e o "peruano".
Nessa perspectiva, a Argentina, que tinha no Chile um eventual parceiro para a nebulosa experiência do "socialismo nacional" peronista, talvez tenha sido a mais prejudicada. Não faltarão, por exemplo, as queixas de que, com o fim do "socialismo à chilena" se fechou mais o "cerco" da Argentina pelo Brasil. O certo é que o estreitamento de vínculos políticos e econômicos com o Chile, seja qual for o regime que o governe, é uma premissa admitida como necessária por quase todos os setores de atividade da Argentina e pelas Forças Armadas em primeiro lugar. Apesar disso, as manifestações de repúdio ao golpe brotaram como cogumelos por todo o país na semana passada.
Entretanto, a Junta recebeu também outro tipo de manifestações. No final da semana, o Brasil, o Uruguai e o Paraguai já a haviam reconhecido. Uma nota do serviço diplomático chileno, enviada a todos os países com os quais Santiago tem relações e expressando o desejo de continuar mantendo "firmes laços de amizade", estava sendo estudada calmamente no sábado por diversos governos. O pedido causava algum embaraço especialmente nos Estados Unidos, onde, na quarta-feira, o "Washington Post" afirmou em manchete de oito colunas que o Departamento de Estado fora informado do golpe pelos militares rebelados com dezesseis horas de antecedência. Algumas especulações chegaram a brotar da repentina viagem a Washington no dia 7 passado do embaixador americano em Santiago, Nathaniel Davis, que lá não se demorou mais do que um dia e meio.
O reconhecimento externo, que mais cedo ou mais tarde infalivelmente virá, não é porém o suficiente para garantir um futuro tranqüilo ao novo governo. As forças da esquerda foram derrotadas mas não extintas no Chile e só poderão ser neutralizadas com uma repressão férrea e permanente. Principalmente porque, desencantadas com a experiência legal, serão tentadas a desviar-se para movimentos clandestinos.
Por outro lado, o alto nível de violência atingido nas primeiras horas do movimento talvez venha a se constituir numa barreira para a normalização da situação. Na verdade, é possível que, se os militares chilenos continuarem por muito tempo no mesmo nível de repressão, venham a encontrar-se em situação semelhante à dos militares argentinos, com enormes dificuldades para devolver o poder aos civis.
Posted by Paula Cabeçadas