sábado, 31 de dezembro de 2011

O ANO EM QUE AS MÁSCARAS DO TERROR CAPITALISTA CAÍRAM - AS CARETAS DO FILHO DO SENADOR - Laerte Braga


Retrospectivas de um ano, de um modo geral, são marcadas por uma estrita observância ao tempo cronológico. Janeiro, fevereiro, março e vai assim. É possível no entanto fugir desse modo usual de relacionar catástrofes, fatos de maior ou menor importância a critério de quem escreve, evidente.
Janeiro de 2011, por exemplo, a posse de Dilma Roussef. Prefiro olhar o fim dos dois mandatos de Lula, é inevitável o confronto com os oito anos de FHC – quatro por eleição e mais quatro num golpe branco –. A história começa a mostrar que Lula não trouxe avanços reais e efetivos para os brasileiros à medida que no afã de se equilibrar no fio da navalha aberta por Fernando Henrique fez de seu governo um exercício de malabarismo incrível. O resultado? Dilma era a figura que estava à mão, mostra-se, até agora, menor que o cargo.
O Brasil dança segundo as regras da “globalitarização”, de vez em quando emite mugidos de reações que Getúlio Vargas chamava de “guampada de boi manso”. Está assentado à mesa de negociações para a partilha do botim chamado Líbia. Devastada e com centenas de milhares de mortos pelo terror capitalista travestido de “ajuda humanitária” na preocupação democrática do terrorista Barack Obama, através do braço OTAN. Foram 20 mil bombardeios aéreos para “libertar” o país.
O ano em que o PT – Partido dos Trabalhadores – acentua e acelera seu processo de transformação em PSDB alternativo, pelas mãos de uma cúpula de “consultores”, no desespero da militância histórica que tenta evitar o naufrágio. Alternativo costuma ser pior que o original. Quem anda em companhia de Orlando Silva, Wellington Moreira Franco, Carlos Alberto Luppi, Paulo Bernardo e Fernando Pimentel não pode pretender respeito, ou ser aquinhoado com o epíteto de governo sério. É claro que a presidente não mete a mão em grana pública, nem de ninguém. Mas isso é outra história. Itamar não fazia isso. Enriqueceu boa parte da chamada “república de Juiz de Fora”.
O ano marca também a presença viva e nociva da quadrilha Sarney. O controle do Maranhão, do Amapá e toda a sorte de trapaças cometidas pelo “coronel” e seu séquito de filhos, cunhados, noras, sobrinhos, netos, amigos, etc. Sobrevive mais um ano sem que nada se lhes aconteça. Exceto, evidente, a impunidade.
Já no final do ano os tucanos se percebem devastados com as revelações do livro do jornalista Amaury Ribeiro mostrando que o processo de privatizações foi um grande negócio de quadrilhas que entre outros, envolvia desde o presidente de então, FHC, passando pelo candidato eterno José Serra e sua família, Tasso Jereissati, Aécio Bafômetro Neves, Daniel Dantas, Gilmar Mendes, uma extensa quadrilha com ramificações internacionais e que mesmo fora do poder central, detém o poder em algumas regiões, ou estados.
Caso do Rio Grande do Norte, João Faustino, ex-sub-chefe da Casa Civil de José Serra no governo de São Paulo, foi pego com a mão na grana no negócio de terceirização das vistorias de automóveis. Kassab está no meio e o plano era irradiar o “negócio” para todo o País.
Sobre o livro de Amaury Ribeiro – A PRIVATARIA TUCANA – nem um comentário da mídia podre. GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, RBS, ÉPOCA, etc. São os paladinos da “liberdade de expressão” segundo suas conveniências e interesses, pautados pelo número de zeros à direita nas faturas.
Foi um ano muito bem pago a gente como William Waack, agente preferido de Hilary Clinton, mas dançou Fátima Bernardes, na disputa pelo poder na maior empresa de comunicações/mentira do Brasil. Uma dúvida! Será que o programa MANHATTAN COLECTION continua com os mesmos cinco telespectadores ou caiu para quatro, quem sabe subiu para seis? O desespero de arranjar um novo Paulo Francis continua aterrador para a rede e o programa. Junta mediocridades absolutas e incorpora agora a turma de VEJA que foge do risco de cadeia por aqui, por conta das mentiras de toda semana.
Nem tudo, no entanto, tem cara daquele personagem que chamam de Funério. Helena Tavares do blog QUEM TEM MEDO DA DEMOCRACIA realizou uma entrevista histórica e extraordinária, fundamental, com o brigadeiro Moreira Lima, um militar em extinção. Sério, comprometido com a democracia e a legalidade constitucional e que por isso mesmo foi posto à margem dentro das forças armadas que permanecem agarradas ao golpe de 1964, temerosas da Comissão da Verdade (estão escondidos, torturadores “valentes” dentro de câmaras de repressão e covardes diante da história, escondidos atrás da saia da anistia).
O câncer acometeu Hugo Chávez, Fernando Lugo, Lula e agora Cristina Kirchner. Um paranóico diria que isso é coisa da CIA. Paranóia mesmo, recheada de cinismo, é coisa de norte-americanos e sionistas, naquela história de poder divino sobre o resto do mundo. Os caras, antes de dormir, olham embaixo da cama. É para ver se lá não está algum “terrorista” árabe.
O ano em que a Comunidade Européia afunda e se transforma numa grande base militar do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A e a sede do IV Reich deixa de ser, como seria natural Berlim, para dividir-se entre Washington e Tel Aviv. Tiro nos palestinos, líbios, afegãos, iraquianos e colombianos, além de alguns eventuais por outras plagas, é o esporte preferido do complexo.
Beth Carvalho numa entrevista concedida em seu apartamento no Rio explicou tim por tim tudo o que acontece e fez renascer a saudade de Leonel Brizola, o líder indispensável que a morte levou. Fica, no entanto, a imagem de Cid Moreira lendo a nota do ex-governador, em pleno JORNAL NACIONAL – o da mentira – e engolindo a saliva, a boca seca, na raiva do puxa saco eterno. A entrevista de Beth Carvalho foi outro acontecimento memorável. E nem importa que a nota de Brizola tenha sido em anos passados. Está viva na luta pelo marco regulatório da mídia.
Não há desnutrição infantil em Cuba. Único país do mundo onde isso acontece segundo a Organização Mundial de Saúde e a FAO, braços da ONU. Nos EUA o OCUPA WALL STREET, movimento destinado a buscar junto a bancos e especuladores o dinheiro que foi e continua sendo roubado aos trabalhadores, revela que existem no país 40 milhões de indigentes.
E perto de cinco mil ogivas nucleares para garantir a “democracia”.
Um desses boçais que pontificam na tevê brasileira em programas de boçalidades, desejou boa sorte ao líder norte-coreano no “inferno”. Vai esperar a chegada de Bush, pai e filho, de Clinton, de Obama, de Netanyahu, de tantos outros. O perigo vai ser quando FHC chegar. Vai descer em carruagem iluminada e em forma de pirâmide, afinal é o último faraó, isso segundo sua própria concepção. “FhC pensa que é superlativo de PhD”, definição precisa do gênio de Millôr Fernandes. E lógico, para um quitinete apertadinho nos domínios do demo, do próprio cara da tevê.
Duas grandes pragas assolam o Brasil. A bancada evangélica com o senador Magno Malta (pedófilo) e a bancada ruralista, pronta para desmatar toda a Amazônia e substituí-la por gado e transgênicos recheados de agrotóxicos, no Código Floresta do deputado Aldo Rebelo, hoje ministro dos Esportes e um dos sócios de PC do B S/A. Empresa de porte médio que atua no setor de partidos políticos.
Tem a Primavera Árabe. Derrubou Mubarak, o presidente da Tunísia, mas nem tem rumo e nem tem direção, do que se aproveitam militares norte-americanos, quer dizer, egípcios, para manter uma junta governando o país de Cleópatra. Enrolaram-se, como fez a imperatriz diante de Júlio Cesar, em tapete especial e se desnudaram em Washington e Tel Aviv.
Não têm os encantos de Cleópatra e cedo ou tarde acabarão sumindo.
O capitalismo em crise não significa necessariamente o fim. Crise e capitalismo estão associados, um não vive sem o outro. As crises são necessárias e fazem parte do processo de exploração do homem pelo homem. Os gregos sabem disso e estão nas ruas, com rumo e direção, protestando contra um governo títere de banqueiros. É como a corrupção. É fundamental para o capitalismo. Corruptores montam congressos, montam tribunais e ocupam executivos. Transformam nações em grandes corporações, é um fenômeno que se mostra claro neste ano, rateiam o controle acionário e deixam o óleo vazar por todas as baías enquanto em nota oficial se mostram preocupados com o meio-ambiente. Tem gente que acredita. Sérgio Cabral, que não é bobo, bota a boca no trombone pelos royalties enquanto embolsa no canto escuro da casa do sogro os “royalties” do bem fazer pelos donos. Tem outro nome, propina.
Os royalties são desculpa para entregar o petróleo do pré-sal para empresas que remuneram bem a governadores, deputados, senadores, prefeitos, etc, os que se dispõem a isso, inclusive ministros de cortes superiores.
Cabral, Eduardo Paes, Antônio Anastasia, Paulo Hartung, Renato Casagrande (faz o papel de banana) e Geraldo Alckimin são outros que se associaram aos “negócios” da política. Beira-mar preferiu o das drogas. São iguais, diferem no ramo. No caso de Alckimin tem a bênção da OPUS DEI, quadrilha que se arvora a voz de Deus. É a principal controladora de Vaticano S/A. Uma espécie de parafernália Edir Macedo com tradição e mais sofisticação.
No finalzinho do ano mais três entraram no “negócio” de “gratificações indevidas”. Um, para ajudar os que receberam, Marco Aurélio Mello. Dois, que embolsaram 700 mil, César Peluso – presidente da dita suprema corte – e Ricardo Lewandowsky. E mais a turma do STJ, um número expressivo de “abnegados” com o tal “auxílio moradia”. É o Judiciário indo para o esgoto a despeito de muitos de seus integrantes honestos. Já os funcionários ganharam uma big banana no final do ano, no orçamento neoliberal de D. Dilma Roussef.
Vai emprestar dinheiro para o FMI e 49% das receitas vão servir para pagar a dívida pública, a tal que foi paga no governo Lula, mas está aí vivíssima.
De qualquer forma é um ano em que os robôs que acham que automóvel é Deus, começam a sair do tacão alienante da mídia e perceber que apenas mudamos a forma de ditadura. Sai a borduna, entra a mídia de mercado e suas “verdades”. Mas é também o ano em que a classe média – mérdia – se perde na crença que caviar iraniano é o bom gosto supremo e que VEJA tem alguma coisa a dizer além de mentiras.
No fim de tudo a culpa é da Síria, do Irã, dos palestinos. Uma esplendida festa de fogos de artifícios e a contagem regressiva feita pelo Faustão – no caso do Brasil – ainda faz com que muitos acreditem que tudo vai ser diferente a partir do dia seguinte.
Dia de começar regime e parar de fumar.
Vai daí que ou acordamos e vamos para as ruas lutar pela construção de uma democracia em todos os sentidos, plena, sem Sarney, sem essa gente toda, ou vamos naufragar nas explicações inebriantes de Miriam Leitão e nas receitas de Ana Maria Braga. Mudar o modelo roto e opressor.
A panqueca de Dilma, até agora, só causou uma baita indigestão. E tem Obama. Protagonista do CANTOR DE JAZZ, célebre filme dos tempos de antanhos em Hollywood. O cantor original era negro, engraxaram o ator branco para ficar negro. Obama é remaker.
O gangster Jáder Barbalho foi empossado no Senado em pleno recesso. Salva um “dinheirinho” sem trabalhar. No ato seu filho fez caretas para os fotógrafos. Estendem-se a todos os brasileiros. Setecentos mil alguns ministros do STF e do STJ podem embolsar também sem trabalhar e ao mesmo tempo têm o poder de paralisar as investigações sobre essa irregularidade. Já ficha limpa não.
Fica no arquivo das vistas, mantém impunes bandidos como Barbalho. É amigo e aliado de outro dos muitos gangsters de nossa política. O presidente do Senado José Sarney. Se a turma não abrir os olhos, os senadores sérios – menos de 20% - a chamada Câmara Alta vira um daqueles cassinos de Las Vegas com shows explícitos de sem vergonhice política. É outra marca de 2011.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A GRANDE NOTÍCIA AO APAGAR DAS LUZES DESTE ANO: Invenção japonesa dá destino ao plástico - EVANDRO

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A GRANDE NOTÍCIA AO APAGAR DAS LUZES DESTE ANO: Invenção japonesa dá destino ao plástico... (Um ponto para os humanos, na pessoa deste japonês)

REJUBILE-SE ... um verdadeiro presente de Natal para todos nós, toda a Humanidade, para a Natureza também! Vamos agora torcer para que, ainda que movido pelo interesse econômico - não faz mal, governos municípais, estaduais e até federais se mexam. Se sensibilizem e dêm apoio massivo a projetos para reproduzir estas máquinas em grande escala para os depósitos de lixo (incentivando mais ainda a reciclagem), pagando bem pela coleta seletiva e aos empresários da industria, a ponto de criar pequenas usinas como esta apresentada de uso doméstimo mesmo - um ótimo eletro doméstico por sinal - Acho que este japonês devia ganhar o prêmio Nobel com relação a "bem para a humanidade".
Invenção dá destino para sacolinhas plásticas...

Sendo o plástico derivado de petróleo, agora podemos reinverter as coisas!

Trata-se de uma máquina para processar plástico, invenção japonesa, que permite reutilizar o plástico na forma de... gasolina, óleo diesel ou querosene!

Enfim, o plástico regressa ao petróleo, de onde veio.

Como afirma ironicamente o inventor, “as sacolinhas plásticas de supermercado vão valer ouro”...

Simplesmente incrível!

Produto do engenho e da perseverança japonesa.

Ainda bem que há sempre alguém que consegue inventar algo que ajuda a reparar os problemas surgidos ao longo da marcha humana: “problemas que encontram soluções que geram novos problemas”...

Vale a pena assistir.

O vídeo é falado em japonês, com legendas em inglês. Mas mesmo para quem não entende japonês ou inglês, a compreensão é plena.

Grande invenção!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Ano que se encerra - Laerte Braga

Quando Clarence Darrow, no célebre julgamento do macaco, na década de 20, nos EUA, perguntou a William Jennings Bryan, ex-secretário de Estado e três vezes candidato derrotado à presidência dos EUA, que Deus criou Noá, Bryan saiu pela tangente. Disse que deixava a busca de Noá para os agnósticos.

O processo era contra um professor que ensinava a teoria de Charles Darwin num liceu na cidade de Dayton, no Tennessee infringindo um édito proibitivo que perdurou até 1967.
Darrow foi um dos mais importantes advogados da história dos EUA na defesa dos direitos civis e foi a Dayton contratado por um jornal. Provou num processo provocado por um desses pastores que falam diretamente com Deus que os seis dias da criação descritos na bíblia poderiam ter sido milhões de ano, pois não havia a medida de 24 horas para o dia, como a temos hoje.
E dessa forma, nas nossas medidas de tempo, um dia de Deus pode ter durado milhões de anos, logo, uma pedra negada como prova desse fato, poderia ter os mesmos milhões de anos. E não os três mil anos que segundo os evangélicos seria o tempo de existência do mundo desde a sua criação, cálculos feitos pelo bispo de Ulster – se não me engano –. Três anos, não sei quantos dias e tantas horas, minutos e segundos.
No Brasil de hoje os pastores não chegam a essa precisão matemática em torno desse assunto. Só sobre os saldos bancários.
O ano de 2011 não mudou a essência do mundo. Vivemos sob o terror do capitalismo de Estado, duas potências acuando todas as demais nações. As que resistem – e são determinadas por isso – e as que cedem.
Cuba, por exemplo. Resiste e exibe números diversos das que não resistem. Segundo a Organização Mundial de Saúde o país de Fidel eliminou a desnutrição infantil. Nos Estados Unidos, milhares de ogivas nucleares e um arsenal de democracia e ajuda humanitária, perto de 40 milhões de indigentes.
De qualquer forma 2011 marca o ano em que o terror de Estado deixou de lado a máscara e assumiu suas características de barbárie.
O ano em que começa a desaparecer o conceito de nação, substituído pelo de conglomerados. São formados por banqueiros, grandes corporações e em países como o nosso pelos latifundiários (grupo que ainda não conhece a roda e nem garfo e faca, apenas trabalho escravo e pistolagem).
A Europa Ocidental, a chamada Comunidade Europeia, é uma ficção. Transformou-se numa base militar de um complexo maior. ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A. a Rússia desintegra-se no final do reinado de Putin (mesmo que venha a ser reeleito) e nos protestos populares pela volta do comunismo.
Os árabes se levantam contra ditaduras. Militares egípcios vestem duas fardas. A visível, que lhes dá a aparência exatamente de militares egípcios. A invisível que lhes determina o verdadeiro caráter. Submissos ao império terrorista de ISRAEL e EUA.
Numa das pontas a China, o “prodígio” da economia de mercado combinado com o óbvio, trabalho escravo, em condições sub humanas e uma rígida ditadura que teima em se auto rotular de comunista.
Por aqui a América Latina debatendo-se entre a necessidade de integração para sobreviver, mas patinando no maior país da região, o Brasil, sem saber bem que rumo seguir, vivendo a política de uma no cravo e outra na ferradura e sem perceber, ou percebendo e fingindo que não é com ele, transformando-se num grande entreposto do capital internacional.
Sumiu o México, depósito de lixo dos norte-americanos, o Canadá (que os norte-americanos em sua arrogância chamam de “México melhorado”), sobrevivem governos resistentes como os de Cuba, Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Equador e Argentina, mas sob constante ataque das principais bases norte-americanas. Uma na colônia de Honduras e outra na colônia colombiana.
A exceção dos protestos que acontecem na Grécia, todos os demais refletem apenas a gota d’água da população diante de um modelo cruel e de ditaduras sanguinárias. Não sabem bem o que querem para o futuro, não definiram um objetivo. Acabam servindo ao próprio capitalismo. Ao próprio vírus da doença da qual padecem.
O ano que se encerra, no entanto, inscreve em sua história, em meio a toda a barbárie que tem caracterizado o complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A, como o da destruição da Líbia, um ato de terror cuja dimensão real ainda não foi percebida, à medida que a mídia de mercado aliena, desinforma, mente, distorce e vende uma realidade de espetáculo em que as pessoas se extasiam com bombas explodindo hospitais, áreas civis, etc, como exemplo de tecnologia de ponta. De “alta precisão”, ao alcance de qualquer garoto numa loja de vídeo game.
Longas filas para adquirir um “iPod” de última geração e fingir que permanecemos humanos.
São milhões que não assistiram 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, notável filme de Stanley Kubrick e se assistiram não entenderam o momento em que a taça se quebra.
Preferem, se for o caso, ouvir as explicações de um pastor sobre a importância de doar dinheiro para a compra de casas no céu. A praga neopentecostal, semelhante a qualquer nuvem de gafanhotos a destruir tudo, como se agrotóxico fossem, ou transgênicos, no câncer nosso de cada dia.
E risonho, límpida, cristalina, em família e no Hawai, a figura sinistra de Barack Obama. Numa certa medida supera outro dos criminosos contra a humanidade, seu antecessor George Bush. Bush, como a própria palavra explica, é um moita. Obama é só um ventríloquo – o boneco – dos interesses do complexo militar e industrial que privatiza o mundo inteiro, some com nações e culturas, que dizem ser negro, mas tem que ser engraxado e lustrado todos os dias. É branco e representa a supremacia ariana vigente em cada bala de urânio empobrecido despejada contra civis no Afeganistão, no Iraque, ou no assassinato a sangue frio de Osama Bin Laden.
A propósito, a AL QAEDA é aliada dos EUA no golpe que se trama contra o governo Sírio, como o foi na Líbia.
A história do que aconteceu na Líbia pode ser lida letra por letra, no notável trabalho jornalístico de Mário Augusto Jakobskind, em seu “LIBIA, BARRADOS NA FRONTEIRA”.
O ano que se encerra não muda o caráter do ano passado e nem vai mudar o do próximo ano, o que vai começar. Nada de previsões sobre o fim do mundo, mas apenas a consciência que a barbárie capitalista, ferida de morte, vai buscar no arsenal nuclear atemorizar e aterrorizar populações no mundo inteiro.
E assim será enquanto não dermos objetivo à luta das ruas e ganharmos direção.
A direção do socialismo.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

[Carta O BERRO] Entre Papai-Noel e Menino Jesus por Frei Betto - Vanderley Caixe






Frei Betto
Escritor e assessor de movimentos sociais
Adital
Da última vez que visitei Oslo, reuniam-se na capital noruegue



sa ministros do turismo de países escandinavos e bálticos para decidir: qual é a terra de Papai-noel?
Ministros da Noruega, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Islândia quebravam a cabeça para decidir como evitar propaganda enganosa junto ao público infantil. A criançada queixava-se: alguém mentia. Papai-noel não pode ter nascido -como sugeria a concorrência entre agências de turismo- na Lapônia e na Groenlândia, lugares distintos e distantes um do outro.
Não conheço o resultado da conferência de Oslo. Espero que, se não chegaram a um acordo, pelos menos a guerra, se vier, seja apenas de travesseiros. Mas é a Finlândia que melhor explora a figura do velho presenteador transportado no trenó puxado por renas. Assinala inclusive a sua terra natal: Rovaniemi, onde o Santa Park é, todo ele, tematizado por Papai-noel, lá denominado Santa Claus.
Sabemos todos que Papai-noel nasce, de fato, na fantasia das crianças. Acreditei nele até o dia em que me perguntei por que o Paulo, filho da empregada, não recebera tantos presentes de Natal como eu. O velhinho barbudo discrimina os pobres?
Malgrado tais incongruências, Papai-noel é uma figura lendária, reaviva a criança que trazemos em nós. E disputa a cena com o Menino Jesus, cujo aniversário é o motivo de festa e feriado de 25 de dezembro. Papai-noel enriquece os correios no período natalino, tantas as cartas que são remetidas a ele. Aliás, basta ir aos Correios e solicitar uma das cartas que crianças remetem ao velhinho barbudo. Com certeza o leitor fará a alegria de uma criança carente.
Não se sabe o dia exato em que Jesus nasceu. Supõem alguns estudiosos que em agosto, talvez no dia 7, entre os anos 6 ou 7 antes de Cristo. Sabe-se que morreu assassinado na cruz no ano 30. Portanto, com a idade de 36 ou 37 anos, e não 33, como se crê.
Tudo porque o monge Dionísio, que no século 6 calculou a era cristã, errou na ddata do nascimento de Cristo.
Até o século 3, o nascimento de Jesus era celebrado a 6 de janeiro. No século seguinte mudou, em muitos países, para 25 de dezembro, dia do solstício de inverno no hemisfério Norte, segundo o calendário juliano. Evocavam-se as festas de épocas remotas em homenagem à ressurreição das divindades solares.
Os cristãos apropriaram-se da data e rebatizaram a festa, para comemorar o nascimento Daquele que é "a luz do mundo". Para não ficar de fora da festa, os não cristãos paganizaram o evento através da figura de Papai-noel, mais adequado aos interesses comerciais que marcam a data.
Vivemos hoje num mundo desencantado, porém ansioso de reencantamento. Carecemos de alegorias, mitos, lendas, paradigmas e crenças. O Natal é das raras ocasiões do ano em que nos damos o direito de trocar a razão pela fantasia, o trabalho pela festa, a avareza pela generosidade, centrados na comensalidade e no fervor religioso.
Pouco importa o lugar em que nasceu Papai-noel. Importa é que o Menino Jesus faça, de novo, presépio em nosso coração, impregnando-o de alegria e amor. Caso contrário, corremos o risco de reduzir o Natal à efusiva mercantilização patrocinada por Papai-noel. Isso é particularmente danoso para a (de)formação religiosa das crianças filhas de famílias cristãs, educadas sem referências bíblicas e práticas espirituais.
Lojas não saciam a nossa sede de Absoluto. Há que empreender uma viagem ao mais íntimo de si mesmo, para encontrar um Outro que nos habita. Esta é, com certeza, uma aventura bem mais fascinante do que ir até a Lapônia.
Contudo, as duas viagens custam caro. Uma, uns tantos dólares. Outra, a coragem de virar-se pelo avesso e despir-se de todo peso que nos impede de voar nas asas do Espírito.


[Carta O BERRO] Balanço do ano velho e perspectivas para 2012 - Vanderley Caixe




Balanço do ano velho e perspectivas para 2012
MST
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Brasil
Adital
O ano termina e, mais uma vez, temos o sentimento de dever cumprido por todas as nossas lutas, atividades e alianças que conseguimos construir e aprofundar com diversos setores da classe trabalhadora. Em mais um ano muito duro, tivemos que travar grandes lutas contra o latifúndio do agronegócio, que continua a sua ofensiva sobre as nossas terras, recursos naturais e investimentos públicos.
O agronegócio, que é formado pela aliança dos fazendeiros capitalistas com empresas transnacionais e o capital financeiro, controla a nossa agricultura e tenta aprofundar a sua dominação, lançando mão de iniciativas em várias frentes.
Uma das prioridades do agronegócio foi a flexibilização do Código Florestal. A legislação ambiental brasileira, que é avançada no sentido da preservação do meio ambiente, da produção sustentável e da geração de renda, é uma barreira para o avanço do capital na agricultura. Os conceitos de Reserva Legal e as Áreas de Preservação Permanente são obstáculos para que as empresas transnacionais avancem sobre as nossas terras para implementar a produção de monoculturas para a exportação, baseada na expulsão das famílias do campo e na utilização sem limites de agrotóxicos.
O projeto do senador Luiz Henrique, aprovado no Senado Federal, herdeiro do texto do deputado federal Aldo Rebelo, anistia os fazendeiros que desmataram e desobriga a recomposição de grande parte dessas áreas, cria a possibilidade de que, por meio de uma auto-declaração, qualquer um seja desobrigado de recuperar a área de Reserva Legal e não tem mecanismos para impedir mais desmatamentos.
Fizemos parte de uma grande articulação, que reúne os movimentos do campo, a agricultura familiar, o movimento sindical, as entidades de defesa do meio ambiente, cientistas, artistas e setores da Igreja Católica, das entidades de advogados e do Poder Judiciário para enfrentar o ofensiva do capital na agricultura e seus representantes, a bancada ruralista. No entanto, não tivemos força para tirar esse projeto da pauta e pressionar para que o governo tivesse uma posição firme para cumprir os compromissos de campanha da presidenta Dilma Rousseff.
Está prevista a votação do projeto na Câmara dos Deputados para o começo de março. Nesse período, temos a tarefa de fazer uma grande jornada de lutas, com a participação de todos os setores articulados na defesa das florestas, para impedir a aprovação do texto e pressionar para que a presidenta vete as mudanças que criem condições para ampliar o desmatamento e a controle do capital sobre a nossa agricultura.
Agrotóxicos
A sociedade brasileira está a cada dia mais atenta com os problemas causados com a má alimentação e problemas na saúde, especialmente com a contaminação pelos agrotóxicos. Os venenos são um dos eixos de sustentação do modelo de produção do agronegócio, como o latifúndio, a monocultura e a expulsão das famílias campo, para uma produção voltada para o exterior.
O Brasil ocupa desde 2008 o primeiro lugar no ranking mundial da utilização de agrotóxicos. Mais de 1 bilhão de litros são jogados nas lavouras. Em 2010, foi construída a campanha nacional contra os agrotóxicos, com a participação de entidades importantes como o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a Fiocruz e a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Especialistas têm apontado a relação dos agrotóxicos com o câncer. Nos próximos dois anos, mais de 1 milhão de brasileiros receberão o diagnóstico de câncer, de acordo com o Inca. Apenas 60% dos afetados conseguirão se recuperar. As contradições causadas na saúde de toda a população pelo uso sem limites de agrotóxicos levará a sociedade a questionar o modelo do agronegócio, que além de impor a concentração das terras, a devastação do meio ambiente e a expulsão das famílias do campo, contamina o organismo de toda a população.
Reforma Agrária
A ofensiva das forças do capital e a falta de iniciativa política do governo federal fizeram de 2011 mais um ano ruim para a Reforma Agrária. Apenas 35 áreas foram transformadas em assentamentos, beneficiando apenas 6 mil famílias. Os números correspondem a 20% do que o ex-presidente Lula realizou em seu primeiro ano de mandato, quando 135 assentamentos foram criados, assentando 9.195 famílias.
Ao mesmo tempo, 90 processos de desapropriação de terras amarelam nas mesas da Casa Civil e da Presidência da República. Para que estes processos, tecnicamente concluídos, transformem-se em assentamentos basta a assinatura da presidenta Dilma.
Durante todo o ano, realizamos mobilizações para denunciar a lentidão da Reforma Agrária, a inoperância do Incra e os crimes do agronegócio. No mês de abril, foram mais de 70 ocupações de latifúndios, além de marchas e acampamentos em 19 estados. Em agosto, os movimentos organizados pela a Via Campesina realizaram um acampamento com 4 mil trabalhadores rurais em Brasília, somado a mobilização de 50 mil agricultores em 20 estados. Essa jornada arrancou compromissos importantes do governo federal, que ainda não saíra do papel, e conquistou a suplementação de R$ 400 milhões para o orçamento da obtenção de terras.
Perspectivas
Com o avanço do capital na agricultura, a realização da Reforma Agrária depende tanto da luta dos trabalhadores rurais, com as nossas ocupações, marchas e protestos, como também de uma grande mobilização da sociedade brasileira por reformas estruturais, que serão impulsionadas a partir da organização e luta do povo brasileiro em torno de um projeto popular para o Brasil.
Por isso, temos acompanhado com bons olhos o aumento da quantidade de greves e mobilizações de diversas categorias por aumento de salários e melhores condições de trabalho, assim como os protestos dos estudantes nas universidades públicas.
As grandes empresas têm lucrado muito no último período, com o crescimento da economia, o que cria melhores condições de luta para os trabalhadores. Embora essas greves tenham na sua maioria um caráter economicista, demonstram que a classe trabalhadora está em movimento, abrindo um horizonte para intensificar as lutas e criando perspectivas de um debate político com a sociedade brasileira sobre a necessidade de transformações profundas no nosso país.
As políticas implementadas pelo governo desde 2003 conseguiram melhorar as condições de vida da população, mas não foram realizadas mudanças estruturais que transformassem o nosso país. Para enfrentar essas questões, as organizações da classe trabalhadora têm construído um programa político, tendo como pontos principais a redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução salarial, medidas para garantir melhores condições de trabalho e menor rotatividade, a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para educação, a realização da Reforma Agrária e a proibição de agrotóxicos, uma Reforma Urbana que garanta moradia, reorganização do sistema de transporte e melhores condições de vida nas grandes metrópoles, uma Reforma Tributária Progressiva para taxar aqueles que concentram a renda, a riqueza e o lucro e a democratização dos meios de comunicação de massa.
O desafio é construir a partir das lutas de todos os setores que defendem essas bandeiras um grande movimento de massas, que tenha organização e força para enfrentar a ofensiva do capital e garantir conquistas para o povo brasileiro. No próximo período, vamos participar dessas lutas e cobrar esses compromissos assumidos pelo governo, com muitas lutas, ocupações, marchas e mobilizações. Temos também a tarefa de avançar na organização dos nossos assentamentos para serem referência de produção de alimentos de qualidade e sem venenos para a população brasileira, organizar os pobres em novos acampamentos e ocupações e realizar alianças ainda mais fortes com a classe trabalhadora em todos os espaços. Os compromissos assumidos só se converterão em conquistas concretas com pressão social e unidade no programa e na luta com outros setores da classe trabalhadora.
Se o lema desse governo é "País rico é país sem pobreza”, temos que abrir os olhos da população brasileira que o modelo de desenvolvimento do agronegócio, baseado no latifúndio, na exportação, na exclusão social, no envenenamento da natureza e na destruição das florestas não poderá acabar com a pobreza no campo, pois é a própria raiz da pobreza. Com nossos lutas e campanhas, vamos avançar nas conquistas e a sociedade compreenderá que combater a pobreza no campo é fazer a Reforma Agrária. O ano novo será feliz com a força e mobilização do povo.
Secretaria Nacional do MST.

VEMOS O QUE QUEREMOS VER - Bismarck Frota Xerez

Exemplo Histórico.
Judaísmo e cristianismo são duas seitas de uma mesma árvore.
Divergem, como os partidos políticos, na leitura da Historia, da Vida, da Bíblia.
As árvores continuam se subdividindo em novas seitas, como os partidos.
A Vida muda, novas leituras da Historia e da Bíblia são acrescidas.
Quando o cristianismo se separava do judaísmo como seita autônoma, seus ideólogos foram buscar.
No Genesis uma justificativa para se constituírem em Poder autônomo.
Genesis 16,13.
Encontraram duas mulheres Sara e Agar.
Criaram a hermenêutica explicativa do novo Poder: ALEGORIAS do velho e novo testamento.
Desde então o Eterno não é chamado pelos cristãos das centenas de seitas pelo nome de IAHWEH.
Agar o denominou de AQUI VI AQUELE QUE ME VÊ.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Com direção de Frank Marshall que através deste filme, soube mostrar a todos uma grande lição de vida - Elio Mollo

A CADA 48 HORAS UM MORADOR DE RUA É MORTO PELO PRECONCEITO MOSAICO - Ir Alberto

No Brasil as estatísticas sérias confirmam que se mata um morador de rua a cada quarenta e oito horas. Deu no Jornal O Liberal de Belém, edição de hoje, natal de 2011.
Estes moradores de ruas são mortos por seguidores de Moises que os comparam aos estrangeiros. Naquele tempo todo estrangeiro era um sem teto, sem terra, sem família. Ele não podia ter nenhuma propriedade. Logo Moises os condenava a morte. Como os moradores de ruas sãos pessoas sem nenhum bem são condenados à morte pelos seguidores de Moises. Mais um motivo para se lutar pela aprovação do PLC 122

O Julgamento de Jesus... Abordarei esse assunto como advogado - Haroldo Oliveira


O Julgamento de Jesus


Hon. Harry Fogle


Editado por Frederick Graves, JD

© 2000 by Jurisdictionary Foundation, Inc.


Há tanto misticismo e confusão acerca da crucificação e ressurreição que acabamos perdendo de vista o fato de que Jesus de Nazaré foi julgado como homem diante de uma corte de homens sob as leis dos homens, condenado e executado como homem, e que como drama, o julgamento de Jesus supera quaisquer dos grandes julgamentos da história da justiça humana.

Abordarei esse assunto como advogado, não como teólogo. Recomendo a pesquisa dos aspectos teológicos dos eventos por conta de cada um. Creio que ter o ponto de vista de um advogado sobre os processos da lei que culminaram na morte de Jesus na cruz cruel do Calvário pode levar a uma melhor compreensão espiritual.

De início eu quero enfatizar que não considero que uma raça inteira de pessoas (os Judeus) tenha causado a morte de Jesus. E também não creio que nenhum Cristão inteligente pensaria isto.

Minha  opinião é que apenas uns poucos homens poderosos em Israel - principalmente os sacerdotes superiores daquela nação - foram os responsáveis pela injustiça que ocorreu. Para entender quão grande foi essa injustiça, vamos examinar a lei Judaica como ela existia na época... um verdadeiro e magnífico sistema de justiça criminal.

Sob as provisões da lei Judaica não poderia haver condenação por um crime capital baseado no testemunho de menos que duas pessoas. Uma testemunha era considerada a mesma coisa que nenhuma testemunha. Se houvessem apenas duas testemunhas, ambas teriam que concordar em todos os particulares até os mínimos detalhes.

Sob a lei rabínica, o acusado tinha o direito de ter um defensor (o precursor da garantia de ter um advogado em processos criminais que é definido pela Sexta Emenda da Constituição dos Estados Unidos). Se o acusado não pudesse pagar pela defesa, um defensor seria escolhido para ele. Alguém poderia pensar no caso Gideon versus Wainwright, que deu origem ao sistema de defensores públicos como uma inovação. Mas na realidade essa era a prática das cortes desde há 2000 anos atrás!

Sob a lei Mosaica, um acusado não poderia ser obrigado a testemunhar contra si mesmo. Esse era o espírito da Quinta Emenda (dos EUA): "Ninguém deve ser obrigado a servir de testemunha contra si próprio em nenhum caso criminal." Eis o conceito de "apelo a Quinta Emenda", que fez parte da justiça criminal desde os tempos de Moisés!

Uma confissão voluntária não era suficiente para a condenação sob a lei Judaica. O ônus da prova ainda era do Estado, que tinha que provar que a confissão, se houvesse sido feita, teria sido feita livremente, de forma voluntária e de plena consciência.

Hoje em dia, os policiais norte-americanos são obrigados a ler os "direitos Miranda" ("Você tem o direito de ficar calado. Tudo o que disser poderá ser usado contra você.", etc ...) para os acusados de forma que a Corte possa determinar que uma confissão seja feita livremente, voluntariamente e conscientemente.

Se uma confissão é feita depois que a lei Miranda foi ouvida e compreendida, a confissão pode ser admitida. Mas não era assim nos tempos de Jesus. A lei Judaica não admitia confissão, sob a crença de que o Estado jamais poderia se basear no que uma pessoa disse de sua própria boca para condená-la.

Uma evidência circunstancial é aquela que não está diretamente ligada ao crime, mas sim relacionada à outras evidências, que juntas, servem para que se deduza como um crime foi realizado. Em um julgamento, as impressões digitais da pessoa (evidência circunstancial) servem para deduzir que o acusado esteve em tal local e tocou em tal objeto, mesmo que ninguém tenha visto o acusado.

No caso em que uma testemunha diz "ouvi um tiro e quando cheguei à cena segundos depois, vi o acusado com uma arma na mão", essa evidência é circunstancial. O problema é que o acusado pode ter disparado um tiro contra o agressor que fugiu após o crime ou o acusado pode ter sido apenas alguém que pegou a arma depois que o agressor a jogou no chão.

Pois bem, as evidências circunstanciais também não eram admitidas. Hoje em dia, raramente se vê um caso nas cortes onde as evidências circunstanciais não sejam usadas. Atualmente, em muitos casos as únicas evidências existentes são totalmente circunstanciais.

Os depoimentos do tipo "ouvi fulano falar isso" (o "ouvir dizer") também não eram admitidos na época. Ainda temos essa regra contra admitir depoimentos de testemunhas que não estão no tribunal e que não podem ser examinadas pessoalmente, mas as exceções à essa regra têm demolido as proteções originais aos acusados.

A regra "inocente até prova em contrário" que nossas leis reconhecem hoje (isto é, um acusado é presumido inocente até que sua culpa tenha sido estabelecida por evidências e pela eliminação de qualquer dúvida razoável) também vem da lei Judaica e essa era a regra quando Jesus foi injustamente crucificado.

O acusado de um crime capital só podia ser julgado durante o dia e em público. Esse era o precursor da garantia constitucional de um julgamento em público.

Nenhuma evidência poderia ser apresentada se o acusado não estivesse presente. Isso deu origem ao atual direito que os acusados têm de estarem face a face com as testemunhas depondo contra eles.

As testemunhas não tinham que jurar. O mandamento "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" era considerado suficiente para deter o perjúrio. Mentir na corte era perjúrio - sob juramento formal ou não.

E mais ainda, havia dois desestímulos adicionais ao perjúrio: (1) qualquer testemunha em um caso de crime capital que desse falso testemunho recebia a pena de morte, e (2) se o acusado de um crime capital fosse condenado, as testemunhas eram obrigadas a assistir à execução. Sob essa provisão da lei, as testemunhas geralmente escolhiam suas palavras cuidadosamente e só davam testemunho com grande cuidado!

O Grande Sinédrio, a Suprema Corte Judaica, era a única corte com jurisdição sobre crimes puníveis com a morte. A criação do Sinédrio é atribuída à Moisés. Foi uma corte de 70 membros composta de um Sumo Sacerdote como juiz principal, uma Câmara Religiosa de 23 sacerdotes, uma Câmara Legal de 23 escribas, e uma Câmara Popular de 23 anciãos. Era a essa corte que Jesus se referia quando ele disse que devia ir a Jerusalém e sofrer nas mãos dos anciãos, sacerdotes e escribas. Ele sabia que pela decisão deles ele seria morto.

Extremo cuidado era usado para selecionar os juízes dessa grande corte. Cada um devia ter pelo menos 40 anos de idade com experiência em pelo menos 3 cargos de dignidade gradativamente maior. Cada um tinha que ser uma pessoa de integridade incontestável e tido em alta estima por seus conterrâneos.

Membros do Sinédrio atuavam como juízes e jurados. Eles não tinham um júri separado. Qualquer membro com interesses ou conhecimento pessoal das partes era requerido que se retirasse do julgamento. A Corte tinha que decidir a questão da culpa ou inocência apenas com evidências apresentadas no tribunal.

O Sinédrio era encarregado sob a lei rabínica de proteger e defender o acusado. Nenhum membro da corte poderia atuar inteiramente como acusador ou promotor. A lei requeria que a corte desse aos acusados o "benefício da dúvida" para ajudar o acusado a estabelecer sua inocência.

Os procedimentos de julgamento eram similares aos nossos. Seguindo-se à audiência preliminar, um sumário das evidências era dado por um dos juízes. Os espectadores eram então removidos do tribunal e os juízes votavam. Uma maioria era suficiente para condenar ou absolver. Se uma maioria votasse pela absolvição, o julgamento terminava e o condenado recebia a liberdade total. Se uma maioria votasse pela condenação, então um procedimento diferente era seguido.

Nenhum anúncio de veredicto poderia ser feito nesse dia. A corte teria que adiar por um dia inteiro. Os juízes recebiam permissão para voltarem às suas casas mas não poderiam ocupar suas mentes em quaisquer atividades sociais ou de negócios. Eles tinham que devotar seu tempo inteiro para a consideração e reconsideração solene das evidências e retornar no dia seguinte para votar de novo.

Nesse segundo dia, qualquer juiz que houvesse votado pela absolvição não poderia mudar seu voto, mas qualquer juiz que, na primeira votação, houvesse julgado o acusado como "culpado" poderia mudar seu voto.

Durante esse tempo, o acusado ainda era presumido inocente.

Uma outra provisão peculiar da lei Judaica era de grande importância, porque um veredicto unânime de culpa resultava na absolvição do acusado! Isso derivava do dever que a corte tinha de proteger e defender o acusado. A lei Mosaica estabelecia que desde que algum membro da corte tinha que fazer a defesa do acusado, um veredicto unânime de culpa indicava que ninguém teria feito essa defesa, que poderia ter havido uma conspiração contra o acusado, e que ele não teria tido um amigo ou defensor. Tal veredicto unânime era inválido e tinha o efeito de uma absolvição.

Israel não era uma democracia com Igreja e Estado separados, mas uma teocracia com Igreja e Estado entrelaçados como uma coisa só. Muitos acreditam que os altos sacerdotes ordenaram a prisão e julgamento ilegal de Jesus, que eles foram quem subornaram Judas, que eles sozinhos é que se sentiram ameaçados pelos ensinamentos de Jesus em público, e que eles sozinhos é que buscaram a morte de Jesus.

A prisão foi ilegal porque ela veio de noite, em violação à lei. Ela foi efetuada através das atividades do conspirador Judas Iscariotes em violação à lei rabínica. Ela não foi resultado de um mandado legal, novamente em violação ao código Mosaico. Os guardas romanos que prenderam Jesus no Jardim de Gethsemane e o trouxeram ao tribunal do Sumo Sacerdote não tinham uma ordem de prisão legal. O julgamento noturno é uma evidência adicional de conspiração contra Jesus por esses sacerdotes cuja hipocrisia o Carpinteiro denunciava publicamente. Sob a lei do Sinédrio, o primeiro passo deveria ter sido a audiência prévia com a leitura das acusações para o réu em uma corte aberta. O registro (incluindo os escritos de Mateus, Marcos, Lucas, João, Josephus, Philo e os Manuscritos do Mar Morto) não menciona nenhum audiência prévia. E eu assumo que Mateus, Marcos, Lucas e João são testemunhas com credibilidade. Nós podemos crer em seus testemunhos.

O registro diz que a corte procurou testemunhos falsos contra Jesus para justificar condená-lo à morte mas da primeira tentativa não conseguiram, apesar dos várias testemunhos falsos que surgiram. Houve perjúrios entre eles mas ninguém estava disposto a arriscar a terrível conseqüência de mentir contra um homem acusado de crime capital.

Mas finalmente surgiram duas falsas testemunhas, e nos disseram Mateus e Marcos que ambos os testemunhos não concordam entre si. A primeira testemunhou para acusação de blasfêmia dizendo que Jesus havia dito "Eu sou capaz de destruir o Templo." A segunda testemunhou que Jesus havia dito "Eu vou destruir esse Templo."

Não houve outras testemunhas além dessas duas, e elas não concordavam entre si. Jesus deveria ser absolvido ainda antes de ser questionado em sua defesa ... e certamente sem ser obrigado a testemunhar contra si próprio.

Porém, o sumo sacerdote Caifás invocou Jesus para que se defendesse (contrariando a lei). "E, levantando-se o sumo sacerdote no Sinédrio, perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes ? Que testificam estes contra ti?" Jesus não respondeu.

Em vez de proteger e defender o acusado como requerido pela lei deles, o próprio sumo sacerdote se tornou o acusador, em franca violação das regras do julgamento. "Conjuro-te pelo Deus vivo", ele gritou, "que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus!"

Agora, coloquemo-nos na posição de um carpinteiro humilde diante dos homens mais poderosos do país, no maior tribunal da nação. É difícil imaginar quão grande foi a coerção e a pressão!

Embora Jesus pudesse continuar em silêncio, ele decidiu falar. "Se vo-lo disse, não o crereis, e também, se vos perguntar, não me respondereis." Os sacerdotes novamente perguntaram "És tu o Filho de Deus ?" A resposta de Jesus foi apenas "Vós dizeis que eu sou." Caifás então anunciou à Corte "De que mais testemunho necessitamos? Pois nós mesmos o ouvimos da sua boca." O resto dos homens daquela corte terrível, ouvindo essas palavras ditas pelo seu sumo sacerdote, ilegalmente confirmaram seu julgamento gritando "É réu de morte!"

A primeira audiência diante do Sinédrio foi concluída por volta das três da manhã. A Corte só adiou o julgamento até o nascer do sol, embora a lei exigisse que cada um deles deliberasse a sós por um dia inteiro antes da segunda audiência.

Eles retornaram apenas algumas horas depois, ao amanhecer. Lucas nos conta "E logo que foi dia, ajuntaram-se os anciãos do povo, e os principais dos sacerdotes e os escribas, e o conduziram ao seu concílio." Essa sessão foi superficial. Nenhuma testemunha foi invocada novamente e a lei foi violada ao se exigir que Jesus respondesse à questão repetida "És tu o Filho de Deus?"

E novamente Jesus respondeu "Tu o disseste", e então acrescentou "digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu." Diante disso, a corte gritou "Para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia."

A votação foi feita, os votos dos juízes foram contados, e Marcos nos conta "todos o consideraram culpado de morte." A importância disso reside naquela provisão peculiar da lei Judaica que requeria a absolvição se houvesse veredicto unânime.

Sob a lei Judaica, a morte por apedrejamento era a sentença apropriada para uma ofensa capital. O povo Judeu não crucificava e esse método de executar a pena de morte era de origem Grega ou Romana. Os Judeus executavam os condenados por apedrejamento, decapitação ou estrangulamento de acordo com a natureza do crime. Para a blasfêmia era prescrita a morte por apedrejamento.

No entanto, o exército Romano que ocupava Jerusalém na época era o único com poder de anunciar e executar sentenças de morte. O Sinédrio tinha apenas autoridade para levantar a acusação perante um magistrado Romano ou governador militar, o qual tinha o dever de rever o processo inteiro em um julgamento separado tendo poder para decidir. Portanto, "logo ao amanhecer, os principais dos sacerdotes, com os anciãos, e os escribas, e todo o Sinédrio, tiveram conselho; e, ligando Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos."

Normalmente se diz que o reino de Judah nos deu a religião e a Grécia nos deu as artes, mas Roma nos deu as leis. O sistema judicial Romano era incomparável em matéria de jurisprudência, mas Pilatos não seguiu o sistema Romano. Ele não exerceu julgamento independente de acordo com a lei mas cedeu às pressões políticas dos sacerdotes Judeus, violando assim a própria lei que ele estava encarregado de fazer cumprir.

Sua história é um exemplo de como os juízes devem ser sempre livres de pressões políticas, livres para decidir os casos baseando-se apenas na lei e nas evidências. Como Procurador Imperial na Jerusalém ocupada pelos Romanos da época, Pilatos tinha o dever legal de rever todas as evidências e procedimentos nos casos capitais trazidos até ele pelos líderes Judeus. Ele foi um bom juiz (até que a segurança de seu cargo foi ameaçada pela política).

Os sacerdotes levaram Jesus para a entrada do palácio de Pilatos. (Eles não poderiam entrar porque se tornariam impuros, sendo uma época de Páscoa.) Pilatos foi até eles dizendo "Que acusação trazeis contra este homem?".

Essa pergunta é importante porque demonstra a intenção de Pilatos em levar o caso como um julgamento à parte desde o início, começando a julgar a própria acusação. Ele não perguntou "Vocês condenaram esse homem de quê?", mas em vez disso perguntou quais eram as acusações.

Os sacerdotes sabiam a importância da pergunta de Pilatos, então eles responderam indiretamente "Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos." Em outras palavras, Pilatos perguntou "Qual a acusação contra este homem?" e os sacerdotes responderam "Se ele não fosse culpado não estaria aqui!"

Pilatos percebeu essa tentativa de limitar sua jurisdição e induzi-lo a agir de acordo com a vontade deles. Isso o irritou e ele revidou: "Levai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei!" Os sacerdotes foram então forçados a admitir "A nós não nos é lícito matar pessoa alguma."

Tentemos entender o dilema desses sacerdotes em violação às leis. Se eles apresentassem Jesus como um homem condenado por blasfêmia com o depoimento de apenas duas testemunhas que não concordaram entre si, Pilatos reverteria o veredicto. Se eles apresentassem Jesus como alguém condenado por sua própria confissão, Pilatos também dispensaria o veredicto. E, é claro, se eles informassem que Jesus havia sido condenado por votação unânime, Pilatos entraria com um veredicto de absolvição.

Então, os maliciosos sacerdotes apresentaram Jesus a Pilatos sob uma nova acusação que eles inventaram naquele momento: traição contra César. "Havemos achado este, pervertendo a nossa nação", disseram eles, "proibindo dar o tributo a César, e dizendo que ele mesmo é Cristo, o rei."

Pilatos chamou Jesus para dentro do palácio e o perguntou em privado "Tu és o rei dos Judeus ?" E Jesus perguntou a Pilatos para saber a origem da nova acusação: "Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-to outros de mim?"

Pilatos replicou "A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim", explicando com isso de onde havia sido originada aquela acusação de traição.

Era uma coisa plausível que um Judeu acusasse um Romano de traição ou que um Romano acusasse um Judeu, mas naquele momento eram os Judeus mais proeminentes da nação acusando um de seus conterrâneos de crime de traição contra Roma!

Jesus disse a Pilatos "O meu reino não é deste mundo." E Pilatos insistiu "Logo tu és rei ?" Jesus respondeu "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz."

Pilatos então fez a famosa pergunta "Que é a verdade?"

Jesus não deu resposta alguma senão a presença silenciosa de Si, o cordeiro levado ao sacrifício por mentirosos, de forma que Pilatos saiu para onde os sacerdotes estavam e, de acordo com João, pronunciou sua absolvição enfática do carpinteiro Nazareno. Ele disse a eles "Não acho nele crime algum!"

Até então, Pilatos havia seguido a lei à risca. A lei era boa. A lei teria libertado Jesus mas pela persistência desses maldosos sacerdotes que não se importavam em nada com as leis pelas quais eles mesmos governavam a terra e seus habitantes.

Era intolerável para esses inimigos da verdade que seu complô assassino fosse frustrado dessa maneira. Os sacerdotes soltaram rugidos de indignação "Alvoroça o povo ensinando por toda a Judéia, começando desde a Galiléia até aqui."

Essa acusação era a de sedição (revolta, motim, crime contra o Estado), que era menos odiosa que a traição. Ela exigia a prova de uma motivação corrupta para a condenação, mas ainda nenhum motivo maldoso se pode provar que existira em Jesus.

Pilatos ignorou essa acusação, mas com a referência à Galiléia, ele encontrou uma oportunidade de escapar do que o esperava. Herodes, o Tetrarca da Galiléia, estava em Jerusalém para a Páscoa. Pilatos viu nisso uma chance de transferir a responsabilidade para Herodes, que tinha jurisdição para julgar acusações de sedição. Jesus era Galileu. Os sacerdotes aprovaram essa ação porque eles pensavam que Herodes faria o que eles quisessem para ganhar seus favores.

Jesus foi arrastado até o palácio de Herodes, onde as acusações de traição e sedição foram reiteradas.

Herodes, contudo, não se impressionou. Ele havia ouvido a respeito dos ensinamentos de Jesus e o questionou, mas quando Jesus se recusou a responder (um direito de todo acusado), Herodes colocou nele uma túnica branca e o mandou de volta a Pilatos sem dar uma decisão. Se esse procedimento irregular tivesse qualquer status legal, ele levaria a uma nova absolvição. Pilatos concordou.

Lucas nos conta que quando os sacerdotes trouxeram Jesus de volta do palácio de Herodes, Pilatos saiu de encontro a eles e disse "Haveis-me apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste homem. Nem mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem feito coisa alguma digna de morte. Castigá-lo-ei pois, e soltá-lo-ei."

Notemos que Pilatos naquele momento cometeu um erro. Ele declarou "Esse homem é inocente. Herodes o julgou inocente e eu o julguei inocente. Eu vou, portanto, castigá-lo e soltá-lo!" Mas que autoridade legal tinha Pilatos para castigar um homem inocente? Porque ele fez isso?

Apesar de contrária à lei Romana, eu creio que Pilatos fez isso na esperança de que o castigo deixaria os sacerdotes satisfeitos de modo que eles cessariam suas exigências de morte. Assim, Pilatos ordenou o castigo de Jesus, não com uma punição branda, mas com o açoitamento até quase matar, com tiras de couro embutidas com pedaços de chumbo!

A imposição desse açoitamento ilegal foi, em si, um impedimento para punições ainda piores. Qualquer punição adicional violaria as leis tanto de Roma como de Israel, que estabeleciam que, já tendo o acusado sido condenado e punido, ele não poderia ser julgado novamente pelo mesmo crime.

João diz que "desde então Pilatos procurava soltá-lo", mas Jesus foi levado ao quartel dos soldados e despido de sua túnica branca que havia sido dada por Herodes, foi coberto com uma capa púrpura, coroado com uma guirlanda de espinhos, dado uma cana como cetro, e levado para ser confrontado pelos irados sacerdotes novamente.

Pilatos anunciou "Eis aqui o homem." Os sacerdotes responderam "Crucifica-o!" Tudo isso por ter Jesus desafiado a autoridade daqueles homens que estavam dispostos a violar as leis para causar sua morte, homens que por esta razão corromperam sua própria autoridade.

Pilatos então disse "Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele." Ali estava um juiz de leis dizendo "este homem é inocente, mas vocês podem matá-lo se o quiserem."

É claro que isso não satisfez os sacerdotes. Eles não ousariam crucificar Jesus sem uma aprovação inequívoca de uma autoridade Romana, porque fazer isso os sujeitaria a uma represália, possivelmente até a morte, nas mãos dos Romanos.

"Nós temos uma lei", eles insistiram, "e, segundo a nossa lei, ele deve morrer porque se fez Filho de Deus." E ao dizer isso, eles revelaram a Pilatos que sua verdadeira queixa contra Jesus era, na verdade, a acusação de blasfêmia.

Pilatos, que não havia ouvido ainda essa acusação, mais uma vez levou Jesus à parte e perguntou "Donde és tu?" Essa era a equivalente à nossas modernas perguntas "De onde você vem? Qual é a sua intenção?" Pilatos queria saber o que Jesus poderia ter feito para enraivecer tanto os sacerdotes ao ponto de violarem as leis sagradas de sua nação para condená-lo à morte ilegalmente.

Jesus não respondeu nada. Pilatos então vociferou "Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?"

Jesus apenas respondeu "Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado."

Pilatos novamente procurou soltar Jesus, mas os sacerdotes enraivecidos exclamaram "Se soltas este, não és amigo do César." Essa era uma ameaça à Pilatos. Poderia haver graves conseqüências se a mais alta corte de Israel denunciasse Pilatos à César. Pilatos sentiu que uma interpretação errada de seu julgamento poderia chegar aos ouvidos de César. Ele poderia ser visto como se estivesse protegendo alguém que era considerado pelos mais influentes de seus conterrâneos como culpado de traição. Pilatos não teve a coragem de lutar pela justiça contra esses sacerdotes coléricos.

Foi então que a esposa de Pilatos lhe enviou uma mensagem: "Não entres na questão desse justo."

Seu apelo levou Pilatos a tentar um último esforço para salvar Jesus sem arriscar seu cargo. Era costume durante a Páscoa de libertar um prisioneiro escolhido pelo povo. Pelo voto popular, as pessoas poderiam conceder anistia a qualquer um sentenciado à morte.

Eu vejo esse como um dos mais dramáticos momentos de toda a História, mas muito do drama passou despercebido pelos autores e dramaturgos, e uma lamentável confusão resultou em 2000 anos de animosidade desnecessária entre Cristãos e Judeus. Foram os sacerdotes Judeus que buscaram a morte de Jesus, não o povo.

O nome Barrabás em Hebraico significa filho de Abás. Pedro era referido por Mateus como "Pedro bar Jonas", isto é, Pedro filho de Jonas. Bar Mitzvah é traduzido literalmente como Filho da Lei. O nome de Barrabás também era Jesus: Jesus Barrabás.

A pergunta de Pilatos aos sacerdotes foi "Qual quereis que vos solte? [Jesus] Barrabás, ou Jesus chamado Cristo?" Eles clamaram, é claro, pela libertação de Barrabás, o notório ladrão e assassino. "Que farei então de Jesus, chamado Cristo?", perguntou Pilatos. Eles gritaram "Seja crucificado!" "Hei de crucificar o vosso rei?", perguntou Pilatos. E aqueles sacerdotes (que odiavam César como só os povos conquistados podiam odiar) disseram a Pilatos "Não temos rei senão o César!"

Pilatos enfraqueceu diante daquela ferocidade implacável e entregou Jesus para que o crucificassem. Ele tomou uma bacia de água diante dele, lavou suas mãos nela e anunciou "Estou inocente do sangue deste justo: considerai isso."

Pilatos mandou gravar na cruz "Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus". Caifás e os outros sacerdotes foram a Pilatos e pediram "Não escrevas 'Rei dos Judeus', mas que ele disse 'Sou Rei dos Judeus'." E Pilatos respondeu "O que escrevi, escrevi."

Jesus foi julgado desde antes de sua audiência. Ele foi acusado de três crimes separados. Os sacerdotes do Sinédrio o condenaram ilegalmente por blasfêmia. Pilatos se recusou a reconhecer esse procedimento inicial. Pilatos, por duas vezes, absolveu Jesus da acusação de traição. Ele foi acusado de sedição diante de Pilatos e Herodes mas foi absolvido por ambos. E ainda assim, Jesus foi executado porque pretensamente se assumiu que ele havia sido considerado culpado de traição. Ameaçado com a possível perda de seu cargo, Pilatos escolheu crucificar Jesus como a maneira mais fácil de calar os coléricos sacerdotes.

Antes das doze horas daquele mesmo dia, Jesus foi crucificado em violação às leis de Israel e Roma, fechando o mais tenebroso capítulo da história da administração judicial e invocando o supremo chamado que o mundo jamais ouvira para que humanos obrassem pela justiça. Dois dos sistemas de leis mais esclarecidos que existiram foram prostituídos para destruir o homem mais inocente que já passou pela face da Terra.

Essa história nunca vai morrer, porque de sua verdade sempre nasce a esperança de toda a humanidade. Mais do que qualquer outro episódio na história do mundo, o julgamento de Jesus clama a todos os homens e mulheres de boa vontade para que trabalhem por um sistema de governo humano pelo qual possamos viver juntos em paz e segurança sob um Estado de Direito administrado com reverência pela Verdade e pelo Amor Caridoso.

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