O PT e os partidos aliados, além de governadores, senadores e deputados reeleitos reuniram-se em Brasília nesta segunda-feira (04) e discutiram como será a atuação nos estados até 31 de outubro, data do segundo turno das eleições. A reunião mostrou a força política de Dilma e animou os participantes a recomeçar com fôlego redobrado a campanha presidencial.
Muitas avaliações foram apresentadas para explicar o bom desempenho da candidata do partido verde, Marina Silva, que acabou levando a eleição para o segundo turno.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro, reeleito por Pernambuco, a comparação entre o governo tucano e o de Lula deve ser aprofundada. "Se eles não tiraram FHC do armário nós vamos abrir a porta do armário. Temos que ir para o confronto entre os dois governos", defendeu.
Aliados no PV
Ferro disse que integrantes do PV e do PSOL já o procuraram para conversar, após o resultados das urnas. Ele defende a aproximação com o PV e acredita que o PT "fará pontes" utilizando seus deputados e senadores.
De acordo com Fernando Ferro, Gilberto Gil, que ocupou a pasta da Cultura nos dois mandatos do governo Lula, e o deputado Zequinha Sarney, lideranças do PV com bom diálogo com o PT, devem ser procurados para essa aproximação. Além disso, o PT buscará diálogos com segmentos da sociedade ligados ao PV e à questão ambiental.
"Marina poderá manter a neutralidade por conveniência política, mas isso não impede o PT de buscar esses diálogos", disse Ferro. "Se observarmos as propostas de Marina, vamos perceber que está muito mais próxima do PT que do PSDB", avaliou.
Já outros aliados acreditam que a boa votação de Marina não deveu-se a preocupações ambientais dos eleitores. "Este tema não é prioridade na cabeça do eleitor que optou por Marina, e sim a proposta de 'um novo jeito de governar' que a candidata defendeu durante a campanha", diz um observador da cena política aliado de Dilma e que pediu para não ser identificado.
O governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), defendeu a aproximação dos petistas com os "eleitores apaixonados por Marina" e jogou charme para a candidatado PV. "Marina é maior do que o PV. O PV que me desculpe, mas ela é uma liderança maior. Temos que olhar os eleitores que se apaixonaram por Marina e os que se apaixonaram por Dilma", afirmou o governador baiano, antes da reunião com o comando da campanha, em Brasília.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), mostrou-se bastante confiante na vitória de Dilma. "Vamos ganhar no segundo turno e daqui (da reunião) sai a estratégia da vitória", afirmou, antes de entrar para a reunião.
O governador eleito, Eduardo Campos, no entanto, preferiu ser mais cauteloso. "Veio um recado das urnas. Temos que ouvir, ter humildade e fazer um bom segundo turno. O lado bom disso é que os dois candidatos terão mais tempo para discutirem as propostas, e acho que foi isso que levou a população a forçar um segundo turno", afirmou.
Dilma destaca proximidades com Marina
Durante a primeira entrevista coletiva após a realização do primeiro turno das eleições, a candidata petista Dilma Rousseff reconheceu que a votação de Marina foi o principal fator que provocou o segundo turno. Dilma disse que ligou para a candidata do PV para parabenizá-la pela disputa e campanha qualificada. "Marina faturou e tirou (votos) do meu adversário", afirmou.
Sobre o apoio de Marina nesta nova fase da campanha, Dilma afirmou que existem mais proximidades do que diferenças entre as duas, mas que a decisão é de “foro íntimo” da candidata verde e ainda não pediu apoio a ela. "Nao acho adequado especular sobre o que alguém vai fazer. Hoje liguei para cumprimenta-lá. Em um segundo momento vamos conversar", afirmou Dilma.
A decisão oficial do PV sobre o apoio só será conhecida após uma convenção partidária que deve ser realizada em 15 dias, no máximo. O estatuto da legenda prevê a possibilidade de que aqueles que forem minoria na convenção se manifestem de maneira contrária ao que foi decidido, respeitando a posição majoritária, não sofrendo nenhum tipo de sanção por conta dessa postura.
Isso deixa aberta a possibilidade de que o posicionamento adotado por Marina seja diferente daquela tomado pela maioria. "Eu prefiro fazer uma manifestação partidária", afirmou ela, em referência à postura de Fernando Gabeira (PV), que declarou nesta quinta apoio à candidatura de José Serra. Marina disse que a decisão de Gabeira é uma postura individual do deputado.
Marta: Serra foi rejeitado como opção
A reunião de governadores e parlamentares da base em Brasília mostra a força política da candidatura de Dilma. Todos acreditam que os votos de Marina Silva tendem a migrar para a petista. A senadora eleita Marta Suplicy (PT-SP) disse que o importante é que o eleitor votou em Marina e não no candidato tucano José Serra.
"Foram muitas coisas que se somaram para ter segundo turno. Mas as pessoas não resolveram votar no Serra. O voto foi para Marina, que é uma pessoa ética e do bem. Então isso não comprometia. E, agora, esse voto vai para Dilma", disse Marta Suplicy.
O senador eleito Roberto Requião (PMDB-PR) disse que é amigo de Marina Silva, e, se necessário, irá procurá-la para conversar sobre segundo turno. Na mesma linha, o senador eleito do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), disse que os mais de 40% dos votos de Marina no DF vão para Dilma.
"Quase a totalidade dos votos de Marina no DF vão para Dilma, podem ficar certos", afirmou.
Lula e Dilma convocaram pessoalmente a reunião
Foram o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata Dilma Rousseff que dispararam telefonemas convocando governadores eleitos, presidentes de partidos e senadores para a reunião.
Eles planejam a formação de uma frente de atuação nos estados para o segundo turno. O objetivo é iniciar imediatamente uma ofensiva e reverter a tendência de queda nas intenções de voto observada nos últimos dias da disputa do primeiro turno.
O governador reeleito do Rio de Janeiro , Sérgio Cabral (PMDB), esteve na reunião e comentou que a população deu um recado claro nas urnas com a votação de Dilma e Marina. "A Dilma foi beneficiada por essa parceria (com o PMDB), ela foi líder no Rio. O recado das urnas é claro, o Brasil quer uma mulher para presidente. No Rio, as duas mulheres ficaram na frente, somam 65% dos votos para mulheres. É hora de eleger uma mulher", afirmou.
Também estiveram na reunião com a candidata do PT o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e os senadores eleitos Eduardo Braga (PMDB-AM), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Renan Calheiros (PMDB-AL), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Delcídio Amaral (PT-MS), entre outros.
Com agências
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