A Islândia (em islandês: Ísland; AFI:
[ˈislant]) é um país nórdico insular europeu situado no Oceano Atlântico Norte.
O país possui uma população de cerca de 319 575 habitantes e uma área total de
103 000 km². Sua capital e maior cidade é Reiquiavique, cuja área metropolitana
abriga cerca de dois terços da população nacional. Localizada na Dorsal
Meso-Atlântica, a Islândia é muito ativa vulcânica e geologicamente, o que
define sua paisagem. O interior é constituído principalmente por um planalto
caracterizado por campos de areia, montanhas e geleiras, enquanto vários grandes
rios glaciais correm para o mar através das planícies. Aquecida pela corrente do
Golfo, a Islândia tem um clima temperado em relação à sua latitude e oferece um
ambiente habitável.
Segundo Landnámabók, o
povoamento da Islândia começou em 874, quando o chefe norueguês Ingólfur
Arnarson se tornou o primeiro morador norueguês permanente da ilha. Outros
exploradores já tinham visitado a ilha antes mas lá ficaram apenas durante o
inverno. Nos séculos seguintes, os povos de origem Nórdica e Céltica se
assentaram no território da Islândia. Até ao século XX, a população islandesa
era fortemente dependente da pesca e da agricultura e o território do país era,
entre 1262 e 1918, parte das monarquias norueguesa e, mais tarde, dinamarquesa.
No século XX, a economia e o sistema de proteção social da Islândia
desenvolveram-se rapidamente e, nas últimas décadas, o país tem implementado o
livre comércio no Espaço Econômico Europeu, acabando com a dependência da pesca
e partindo para novos domínios econômicos no setor de serviços, finanças e de
vários tipos de indústrias. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A2ndia)
ISLÂNDIA. O POVO É QUEM MAIS ORDENA. E JÁ TIROU O PAÍS DA
RECESSÃO
por Joana Azevedo Viana, Publicado em 26 de Março de 2011
http://www1.ionline.pt/conteudo/113267-islandia-o-povo-e-quem-mais-ordena-e-ja-tirou-o-pais-da-recessao
por Joana Azevedo Viana, Publicado em 26 de Março de 2011
http://www1.ionline.pt/conteudo/113267-islandia-o-povo-e-quem-mais-ordena-e-ja-tirou-o-pais-da-recessao
A crise levou os islandeses a mudar
de governo e a chumbar o resgate dos bancos. Mas o exemplo de democracia não tem
tido cobertura
Os protestos populares, quando surgem, são para ser levados até ao fim. Quem o mostra são os islandeses, cuja acção popular sem precedentes levou à queda do governo conservador, à pressão por alterações à Constituição (já encaminhadas) e à ida às urnas em massa para chumbar o resgate dos bancos.
Desde a eclosão da crise, em 2008, os
países europeus tentam desesperadamente encontrar soluções económicas para sair
da recessão. A nacionalização de bancos privados que abriram bancarrota assim
que os grandes bancos privados de investimento nos EUA (como o Lehman Brothers)
entraram em colapso é um sonho que muitos europeus não se atrevem a ter. A
Islândia não só o teve como o levou mais longe.
Assim que a banca entrou em
incumprimento, o governo islandês decidiu nacionalizar os seus três bancos
privados - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Mas nem isto impediu que o país
caísse na recessão. A Islândia foi à falência e o Fundo Monetário Internacional
(FMI) entrou em acção, injectando 2,1 mil milhões de dólares no país, com um
acrescento de 2,5 mil milhões de dólares pelos países nórdicos. O povo
revoltou-se e saiu à rua.
Lição democrática n.º 1:
Pacificamente, os islandeses
começaram a concentrar-se, todos os dias, em frente ao Althingi [Parlamento]
exigindo a renúncia do governo conservador de Geir H. Haarde em bloco. E
conseguiram. Foram convocadas eleições antecipadas e, em Abril de 2009, foi
eleita uma coligação formada pela Aliança Social-Democrata e o Movimento
Esquerda Verde - chefiada por Johanna Sigurdardottir, actual
primeira-ministra.
Durante esse ano, a economia
manteve-se em situação precária, fechando o ano com uma queda de 7%. Porém, no
terceiro trimestre de 2010 o país saiu da recessão - com o PIB real a registar,
entre Julho e Setembro, um crescimento de 1,2%, comparado com o trimestre
anterior. Mas os problemas continuaram.
Lição democrática n.º 2:
Os clientes dos bancos privados
islandeses eram sobretudo estrangeiros - na sua maioria dos EUA e do Reino Unido
- e o Landsbanki o que acumulava a maior dívida dos três. Com o colapso do
Landsbanki, os governos britânico e holandês entraram em acção, indenizando os
seus cidadãos com 5 mil milhões de dólares [cerca de 3,5 mil milhões de euros] e
planejando a cobrança desses valores à Islândia.
Algum do dinheiro para pagar essa
dívida virá directamente do Landsbanki, que está neste momento a vender os seus
bens. Porém, o relatório de uma empresa de consultoria privada mostra que isso
apenas cobrirá entre 200 mil e 2 mil milhões de dólares. O resto teria de ser
pago pela Islândia, agora detentora do banco. Só que, mais uma vez, o povo saiu
à rua. Os governos da Islândia, da Holanda e do Reino Unido tinham acordado que
seria o governo a desembolsar o valor total das indenizações - que corresponde a
6 mil dólares por cada um dos 320 mil habitantes do país, a ser pago mensalmente
por cada família a 15 anos, com juros de 5,5%. A 16 de Fevereiro, o Parlamento
aprovou a lei e fez renascer a revolta popular. Depois de vários dias em
protesto na capital, Reiquiavique, o presidente islandês, Ólafur Ragnar
Grímsson, recusou aprovar a lei e marcou novo referendo para 9 de
Abril.
Lição democrática n.º 3:
As últimas sondagens mostram que as
intenções de votar contra a lei aumentam de dia para dia, com entre 52% e 63% da
população a declarar que vai rejeitar a lei n.o 13/2011. Enquanto o país se
prepara para mais um exercício de verdadeira democracia, os responsáveis pelas
dívidas que entalaram a Islândia começam a ser responsabilizados - muito à conta
da pressão popular sobre o novo governo de coligação, que parece o único do
mundo disposto a investigar estes crimes sem rosto (até agora).
Na semana passada, a Interpol abriu
uma caça a Sigurdur Einarsson, ex-presidente-executivo do Kaupthing. Einarsson é
suspeito de fraude e de falsificação de documentos e, segundo a imprensa
islandesa, terá dito ao procurador-geral do país que está disposto a regressar à
Islândia para ajudar nas investigações se lhe for prometido que não é
preso.
Para as mudanças constitucionais,
outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses
sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas,
agricultores, representantes sindicais, etc. A nova Constituição será inspirada
na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projecto de lei, o
Initiative Media - que visa tornar o país porto seguro para jornalistas de
investigação e de fontes e criar, entre outras coisas, provedores de internet. É
a lição número 4 ao mundo, de uma lista que não parece dar
tréguas: é que toda a revolução islandesa está a passar despercebida nas midias
internacionais.
* * *
Abraço fraterno
Elio
Nenhum comentário:
Postar um comentário