Rui Martins, de Genebra
O Alto Comissariado da ONU anunciou hoje a situação dos refugiados em todo o mundo. Inclusive os mais recentes que fogem da Líbia e aguardam países de acolha em situações precárias, na fronteira com a Tunísia e o Egito. Em Genebra, nosso correspondente entrevistou o coordenador principal do Acnur, que pediu para o Brasil dar refúgio aos que fogem da Líbia.
Existem atualmente oitocentas mil pessoas desalojadas em todo o mundo, em virtude de perseguições e ameaças as mais diversas. Vivem num país de acolha provisória, à espera de um país que as acolha definitivamente como refugiadas.
A situação é grave porque anualmente o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados só encontra acolha para 80 mil refugiados, ou seja para 10% dos necessitados.
Os países europeus, com ligeiras exceções aceitam dar apenas contribuições financeiras para o Alto Comissariado, mas negam-se a receber novos refugiados, alegando já terem um problema com os refugiados econômicos voluntários, acabando-se assim com o antigo conceito de ser a Europa uma terra de acolha.
O coordenador principal do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, Johannes van der Klauw, diante da negativa da França, Inglaterra e Alemanha, lança um apelo para outros países, inclusive o Brasil, receberem os novos desalojados da Líbia que fogem para a Tunísia e para o Egito.
“Atualmente, diz ele, nós temos a crise na Líbia, que como sabemos era uma país de imigração e de refúgio. Eram milhares de imigrantes que trabalhavam mas também estrangeiros que tinham fugido da Eritréia, do Sudão, da Etiópia e da Somália para escapar da violência em seus países. E agora se encontram nas regiões fronteiras da Líbia, três mil na Tunísia e mil pessoas na região fronteira com o Egito”.
Para esses 4 mil desalojados, o Alto Comissariado só encontrou pouco mais de mil possibilidades de acolhas, oferecidas pela Suécia, Noruega, Austrália e Canadá, mas espera que países da América Latina também se mostrassem solidários.
“Gostaríamos, acrescenta van der Klauw, que países da América do Sul como o Brasil aceitem também esses refugiados da Eritréia, da Somália e do Sudão que se encontram atualmente no Egito e na Tunísia e que agora precisam fugir novamente da Líbia, mas até agora esses países não se mostraram apoiadores desse programa”.
O Brasil tinha acolhido em 2002, em colaboração com o Alto Comissariado, cerca de 500 refugiados, entre palestinos e colombianos. Porém, tanto o Brasil como a Argentina argumentam não ter as condições para o atendimento dos refugiados que inclui integração e uma breve autosufiência.
Outros refugiados são os que fogem da Síria, explica van der Klauw.
“Vemos agora que existem sírios fugindo para a Turquia, dez mil, e algumas centenas para o Líbano. Por enquanto a Turquia cuida desse afluxo sozinha. Oferecemos nosso apoio, mas a Turquia nos informou ter os equipamentos, as barracas, os víveres, podendo se ocupar desses refugiados na zona fronteira, pois espera que logo possam retornar ao seu país”.
Para Johannes van de Klauw, a situação na Costa do Marfim, em termos de refugiados, não está de todo resolvida. Existem ainda milhares de desalojados, esperando que se crie o Estado de direito para retornarem.
Rui Martins, correspondente em Genebra.
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