terça-feira, 13 de setembro de 2011

BISPO LUTA PELO DIREITO AO CASAMENTO DOS PADRES CATOLICOS ROMANOS. - Ir Alberto

O bispo emérito de Lusaka, Zâmbia, e Patriarca da África, Emmanuel Milingo, disse ontem em Belém que a Igreja Católica não pode prosseguir com a excomunhão que ele sofreu por defender o casamento dos padres e a Igreja Católica Carismática, da qual ele é o patrono - duas coisas que a Igreja repudia. “Essa atitude de punição é contra a própria ideologia da Igreja Mãe. Ela não pode excluir seus filhos e condená-los sem perdão”, disse Milingo, que participou pela manhã, da abertura do Congresso Nacional dos Padres Casados, no auditório da Universidade do Estado do Pará, no Telégrafo.
O bispo Emmanuel Milingo ficou famoso no mundo inteiro depois de se aposentar e virar assessor do Papa João Paulo II. Ele poderia até ter sido o primeiro papa negro da história, como chegou a ser cogitado depois da morte de João Paulo II, mas suas ideias contra o celibato o levaram para o limbo da Igreja e finalmente à excomunhão, depois que ele decidiu se casar com a médica coreana Maria Sun, que o acompanha na visita a Belém.
“Estamos apelando para que ela (a Igreja Católica) volte a ser mãe e como mãe ela tem que abraçar todos os seus filhos. Jesus não veio para os justos, mas para os pecadores. A Igreja tem que aceitar a fraqueza das pessoas, não pode excluí-las”, afirmou o bispo de 82 anos. “O celibato é um preceito, não uma lei divina”.
O celibato não existia nos primeiros mil anos da Igreja Católica, que o teria adotado como uma forma de não perder bens conquistados pelos padres daquela época. Depois de observar que alguns monges praticavam o celibato por opção, a Igreja decidiu então impor esse sistema para todos, diz o bispo. “Isso trouxe a hipocrisia para a Igreja, que fala do celibato, mas não mantém o celibato. A Igreja não quer o casamento, mas comete o abuso sexual”.
Hoje existem em todo o mundo mais de 200 mil padres casados, mas a maioria não quer aparecer. ”Eles se preocupam e sentem medo, estão numa prisão”, afirma o bispo.
Sobre a Igreja Carismática, ele cita Lucas, capítulo 9, que diz que Jesus mandou os discípulos irem pelo mundo ensinar o Evangelho, expulsar os demônios e curar os doentes. “A Igreja Carismática faz isso”, segundo Milingo. “Quando Jesus começou o seu ministério, ele deu essa demonstração e viveu assim, orientando todos a fazerem a mesma coisa”.
O movimento carismático dentro da Igreja Católica teria crescido a partir do Concílio Vaticano Segundo, em 1967, o que preocupou os bispos diretores que passaram a condenar a prática. Mas o carismatismo, segundo Dom Milingo “é aquele que age de acordo e pelo dom do Espírito Santo”.
ATOS ILEGÍTIMOS
Em comunicado divulgado na última quinta-feira por Dom Alberto Taveira, a Arquidiocese de Belém afirma que a Igreja Carismática “não está em comunhão com a Igreja Católica” e que o bispo Milingo persiste “na contumácia e no exercício ilegítimo de atos sem mandato pontifício”. Dom Alberto Taveira não foi encontrado pela reportagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário