A política econômica em absoluta e
estrita obediência às diretrizes de instituições como o Banco Mundial, o FMI. A
privatização (que disfarçam com o eufemismo concessão) de quatro grandes
aeroportos do País e o anúncio que mais rodovias serão entregues à administração
de empresas privadas. A plena falta de tino da presidente para questões de
importância decisiva para o futuro do Brasil (basta dizer que Moreira Franco é o
ministro Secretário de Assuntos Estratégicos) e um retrocesso sem tamanho na
política externa com o ministro Anthony Patriot, funcionário qualificado do
Departamento de Estado. A soma de tudo isso mostra um governo neoliberal e
servil a uma ordem mundial que se sustenta em arsenais nucleares, já que falida
em seus pilares políticos e econômicos.
Um velho e experiente domador de
leões costumava dizer que esse negócio de colocar a cabeça na boca do rei da
selva é complicado. Numa determinada hora o leão vai fechar a boca e a cabeça
vai ser arrancada.
Dilma decidiu colocar o Brasil na
boca do leão e já estamos sendo abocanhados aos poucos.
O jornalista Beto Almeida, membro da
junta diretiva da TELESUR, faz uma análise precisa e correta da política externa
do governo Dilma Roussef e conclui que o País “involuiu” em relação ao governo
Lula e seu ministro de Relações Exteriores Celso Amorim.
Às vésperas do carnaval, denuncia
que o representante brasileiro nas Nações Unidas votou a favor de sanções contra
a Síria, afastando-se do chamado BRICs, países que no governo anterior se
constituíram em bloco para afastar-se das imposições norte-americanas em todos
os campos políticos (Brasil, Rússia, Índia, África do Sul e China).
Já havia votado contra o Irã e
apoiado a criminosa invasão e destruição da Líbia.
A Líbia hoje é um país destruído
depois de mais de duzentos dias de bombardeios, em guerra civil e na sexta-feira
o governo sírio prendeu 160 soldados franceses que incitavam grupos rebeldes a
lutar contra o presidente Bashar Al Assad. A velha hipocrisia da “intervenção
humanitária”, o pretexto para assegurar os ganhos nos negócios.
Dilma é um embuste até em relação ao
próprio Lula, muitas vezes adepto de uma no cravo e outra ferradura, ou quase
sempre.
O PSDB e as forças que o movimentam
agradecem ao poste eleito pelo ex-presidente.
Acendeu a luz ao contrário. A
sensação que deixa é que ao entrar na cabine telefônica para transformar-se na
Super Dilma, sai de lá com a camisa amarela de Super FHC. Delúbio Soares, um dos
porta-vozes do petismo oficial chama a classe média de “base da pirâmide social
brasileira”. É uma síntese da visão neoliberal do governo.
Há um processo de privatizações e
terceirizações, estão sendo desqualificados os serviços públicos, há submissão a
interesses das grandes potências (que na verdade são apenas duas Israel e
Estados Unidos, a Europa Ocidental é só uma grande base militar), enfim, o
roteiro traçado e executado nos oito anos de FHC com um discurso um pouco
diferente, lógico, para atenuar o impacto do retrocesso. A América Latina já
está sob controle. A Central com a base militar em Honduras e a do Sul com a
base britânica nas Malvinas (território argentino ocupado) e pior, com armas
nucleares.
Voltamos aos tempos de entreposto do
capital estrangeiro. Ou posto de troca dos cavalos na rota das diligências da
Wells Fargo, hoje um poderoso conglomerado financeiro nos EUA e com tentáculos
espalhados pelo mundo inteiro.
Quando o milionário Eike Batista diz
que em poucos anos será o homem mais rico do mundo está afirmando que o BNDES –
Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – vai financiar essa
paranóia e o dinheiro do BNDES é do trabalhador brasileiro.
A privatização dos quatro
aeroportos, que petistas insistem em chamar de “concessão”, na prática vem a
ser, a grosso modo, abrir as pernas, da mesma forma vai ser financiada pelo
BNDES.
É mais ou menos assim. Se um grupo
econômico faz parte dos grupos amigos do poder, o dinheiro surge e os transforma
em grupos cada vez mais ricos. Um “socialismo” às avessas do governo do PT e da
presidente/poste que acendeu a luz e ilumina apenas a direita.
Ela própria, em sua descoordenação,
que é o afã de obter o aval das forças mais retrógradas do País, não percebe que
está sendo engolida pelo leão. Ou percebe e acredita que o leão vai ser
bonzinho.
É bem mais que um embuste, é um
fracasso redondo e rotundo.
Aquela história de esquerda se
presta apenas a vender a imagem do que não existe mais, uma lutadora do povo.
Luta agora pelos esquemas FIESP associados a interesses estrangeiros.
Os retrocessos na política externa
brasileira dão a dimensão que outra vez estamos a reboque, no papel de
coadjuvantes de segunda categoria. No governo Lula, malgrado as críticas ao seu
todo, éramos protagonistas. E o chanceler era brasileiro.
Entreposto? Se prestarmos atenção
não somos donos de nada. Sequer temos um carro brasileiro. O arsenal da Marinha
tem plenas condições de produzir os submarinos nucleares necessários à guarda do
litoral do País. Os setores estratégicos da economia estão privatizados e nem
Lula mexeu nisso, enquanto Dilma aprofunda essas políticas de
entrega
As grandes mineradoras ou são
estrangeiras (caso do nióbio), ou grupos nacionais associados a grupos
estrangeiros. Vale dizer que no caso da VALE – supostamente ainda brasileira – a
imensa extensão de terras da empresa aqui e em outros países, significa a cessão
do subsolo. Nem a Constituição de 1946, liberal no sentido clássico do termo,
abria ou permitia esse tipo de concessão.
A água está escoando pelas mãos de
grupos como a Nestlé. A privatização da EMBRAER privou o Brasil de tecnologias
que já estavam ameaçando as empresas internacionais. Como a própria indústria
bélica, IMBEL e ENGESA.
No estado de Minas Gerais, ao sabor
da doença Aécio Neves e agora Antônio Anastasia, as grandes companhias
mineradoras destroem o ambiente com reflexos que se fazem sentir em outros
estados como o Rio de Janeiro, por conta do curso dos rios. As licenças são
concedidas pela FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente – onde a corrupção é
generalizada.
Somos donos de que? Em determinadas
regiões da Amazônia brasileira a presença de estrangeiros disfarçados em
religiosos, bondosos voluntários a ajudar índios, populações ribeirinhas, etc,
vão aos poucos transformando em realidade a frase de Al Gore (foi
vice-presidente de Clinton) – “a Amazônia é importante demais para ser só
brasileira, o Brasil tem que entender que deve reparti-la com o resto do
mundo”.
O viés tacanho de militares
brasileiros, em sua maioria aceita passivamente essa dominação num acordo
militar que nos torna subalterno com os EUA. Entendem que demarcação de reservas
indígenas e proteção ambiental têm cheiro de comunismo, sem ter a menor idéia,
além de aprender que 1964 foi uma “revolução”, sendo um golpe conduzido por
potência estrangeira, que a ocupação do País se dá de forma organizada e
consistente desde o governo FHC, que na prática apenas sistematizou uma
realidade que vem desde tempos imemoriais
A classe trabalhadora brasileira
anestesiada por um dos tentáculos mais poderosos desse sistema – o capitalismo –
a mídia de mercado, não percebe, por exemplo, todo esse processo e acredita que
é capaz de mudar os rumos do País pela via eleitoral.
Temos um modelo institucional
falido. É uma bolha onde um clube de amigos e inimigos cordiais repartem entre
si o País e suas riquezas. O governo Dilma não foge desse esquema, pelo
contrário, caiu de braços abertos no clube.
A emenda constitucional que pôs fim
ao monopólio estatal do petróleo – governo FHC – permanece intocada e o pré sal
vai se esvaindo aos poucos para mãos de grandes empresas petrolíferas do
conglomerado que controla o mundo.
A política externa é sintoma disso.
O governo Dilma deu as costas aos seus compromissos, o seu partido tenta
justificar o injustificável e isso coloca para os partidos populares, as forças
do movimento social, o desafio de buscar sacudir os trabalhadores e mostrar-lhes
a realidade que vai muito além do assistencialismo de programas como o bolsa
família.
O que é o Congresso? O que são
governadores? Em sua esmagadora maioria eleitos por grupos religiosos ultra
conservadores e a serviço de potência estrangeiras, os financiados por empresas
e pelo sistema financeiro e poucos a lutar pelos interesses do País e dos
trabalhadores. De quebra os latifundiários agregados a empresas como a MONSANTO,
despejando em nossas mesas as doenças de cada dia do transgênico e do
agrotóxico.
É o desafio que se tem pela frente.
A tarefa que deve ser cumprida, antes que o leão feche a boca de vez e triture a
cabeça/país.
Com Dilma não vamos a lugar algum
seguro. Pelo contrário, o poste eleito por Lula é um embuste político, um atraso
em relação a algumas conquistas dos últimos anos.
Não é só uma luta
político/partidária, é pela sobrevivência do Brasil como nação soberana e dos
brasileiros como seres livres e capazes de definir o nosso destino.
Muito bom texto. Parabéns!
ResponderExcluirApenas discordo quando desqualifica o ministro Moreira Franco, um dos maiores políticos pensantes e inteligentes do país.
Basta ver como ele mudou Niterói quando prefeito.