A INDIGNAÇÃO E A CPMI DO
CACHOEIRA
Um eleitor de Paulo Hartung,
ex-governador do Espírito Santo, motorista de táxi, levou Dona Cremilda
Fernandes, professora aposentada, ao ato que na quinta-feira mostrou a
indignação popular naquele estado diante de outro estado, o de coisas gerado
pela quadrilha Hartung. Ao final da corrida o motorista se disse estarrecido com
o que ouviu de Dona Cremilda sobre o ex-governador e que a partir daquele
momento deixaria de ser eleitor do dito.
Aos 72 anos de idade a professora
Cremilda Fernandes foi participar de atos dos professores e outro contra a
corrupção generalizada na máquina institucional do Espírito Santo. Buscar o
reconhecimento de direitos fundamentais, já que lesada pelo complexo mafioso que
controla o estado. Ela e o povo do Espírito Santo. Anos de empulhação, Camata,
Hartung, o inexplicável Casagrande (não se sabe se de fato existe, é apenas uma
marionete inventada por Hartung, ou banana mesmo).
Panfletou, mostrou sua indignação e
ao término do protesto um infarto fulminante matou-a.
O deputado Cláudio Vacarezza, um dos
principais líderes do PT, assustado com a possibilidade de convocação do
governador Sérgio Cabral – Rio de Janeiro – para depor na CPMI do Cachoeira, em
plena sessão enviou mensagem de texto através de seu celular ao governador para
“tranqüilizá-lo”. Ao final escreveu o seguinte – “a relação com o PMDB vai
azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu”.
De um lado a indignação e a coragem,
de outro lado a farsa, o embuste. A CPMI nasce morta no interesse dos partidos
majoritários no Congresso, da mídia venal padrão VEJA/GLOBO e de todos os
envolvidos. Vai-se um anel, Demóstenes Torres, ficam os dedos, continua tudo
como dantes no quartel do Abrantes. Nem falo do tal Procurador Geral Roberto
Gurgel e da Procurada/esposa Cecília Sampaio.
Quartéis estão se deixando envolver
por velhos golpistas fardados, no temor da Comissão da Verdade. Temem que a
História revele a covardia que buscam encobrir de todas as formas em nome do
“patriotismo canalha”, definição precisa de Samuel Johnson – “o patriotismo é o
último refúgio dos canalhas”.
Cabral anunciou um “código de
conduta” para os que exercem cargos de confiança em seu governo e para ele
governador. A tranca depois da porta arrombada e escancarada na luta política no
Estado do Rio entre duas máfias. A dele Cabral e a de Anthony
Garotinho.
Aí nem marcha para Jesus. A massa de
alucinados na ilusão de terrenos no céu ao custo de dízimos e coisas que tais.
Como a ação do deputado estuprador/religioso padrão Gildevan
Fernandes.
A CPMI sem pressão popular não vai a
lugar algum. Dona Cremilda terminou seus dias vibrando de indignação e deixando
o exemplo que a luta é nas ruas e é contra o modelo político e econômico gerido
por elites que estão bem acima de Carlos Cachoeira. Banqueiros, grandes
empresários, latifundiários, bancada evangélica e todo o retrocesso que traz
consigo, ou ameaça de.
É assustador que em determinados
assuntos estejamos marchando de volta a Idade Média ou sob ameaça de lá pararmos
em meio a fogueiras que sacrificam humanos pela “verdade divina”.
Toynbee previu nunca é demais
repetir. E algumas coisas Freud explica, outras nem ele.
Há um golpe em organização contra o
presidente Hugo Chávez na Venezuela. “Patriotas” venezuelanos (banqueiros,
grandes empresários, latifundiários) associados a grupos internacionais e
inseridos no Plano Grande Colômbia que prevê o controle da América do Sul pelos
norte-americanos, buscam criar condições para a tentativa de derrubada do
presidente – sabendo de antemão das dificuldades por conta das reações populares
e da impossibilidade de derrotar Chávez nas urnas –, mas abrindo o caminho para
uma guerra civil, ensejando uma intervenção estrangeira “humanitária” e
colocando o país no curso dos seus interesses.
Foi assim que destruíram a Líbia e é
assim que estão tentando destruir a Síria.
Não são os interesses dos
trabalhadores venezuelanos. É uma tentativa que atinge em cheio a América do
Sul, toda a América Latina, ainda mais depois que o governador da província do
Chaco na Argentina e o presidente Piñeda, Chile, escancaram o sul dessa parte do
mundo a Washington e o que Washington representa.
As eleições na Venezuela serão em
outubro, Chávez é o favorito, o país cresceu ano passado mais de 5%, índice
surpreendente e a perspectiva é de um crescimento maior ainda neste
ano.
Os resultados não interessam às
elites que querem um crescimento em seus negócios e não participação popular no
processo político. Lá, como aqui, elites entendem que democracia é fazer
eleições dirigidas pela mídia facciosa, podre e marqueteiros capazes de vender
ilusões. Quando se rompe esse esquema partem para o golpe.
Não tem escrúpulos em jogar o país
no precipício de uma guerra se entenderem ser necessário, tampouco de aceitar a
intervenção estrangeira. Já nascem colonizados.
Nesse diapasão, na desintegração da
União Européia, o povo grego, valente e determinado, vai às urnas de novo. Não
aceita as imposições do governo de Ângela Merkel, vocação frustrada de Hitler e
da “superioridade germânica”, agora com um obstáculo, pelo menos no início, o
francês François Hollande. Hollande quer renegociar o pacto fiscal, não aceita
medidas restritivas. Sabe onde pega o chicote de Merkel e percebe seu país rumo
a uma crise semelhante a que afeta a Grécia, a Espanha, a Itália e Portugal e
começa a desintegrar o tal Reino Unido, principal colônia do complexo ISRAEL/EUA
agora sob nova denominação – ISRAEL/EUA TERRORISMO HUMANITÁRIO E DEMOCRÁTICO
S/A.
“Gosto de demitir pessoas”. É uma
afirmação de Milt Romney, adversário de Barack Obama na disputa pela presidência
dos EUA. O republicano é um empresário especialista em “recuperar empresas” e
isso sempre significa demissões, pois empresas são uma aberração própria da
aberração maior, o capitalismo. A recuperação via de regra é com dinheiro
público, como foi o caso da General Motors no início do governo
Obama.
Pior, cegos por elevado consumo de
hambúrguer especiais da rede McDonald’s, na crença que fora do basquete e do
beisebol não existe saída, as pesquisas mostram que há um empate técnico entre
os dois candidatos. Isso talvez porque saibam que ninguém muda nada, quem
governa são outros.
Breve um massacre qualquer em
qualquer parte, é a alternativa que os norte-americanos sempre encontram, ainda
mais agora, que a guerra se escancarou como grande negócio e é gerida por
empresas privadas.
Fora isso uma tonta, Soninha
Francine, do PPS, partido de Roberto Freire, um esperto, mas nem por isso isento
de faniquitos como o que deu com o boato de “louvado seja Lula” e a moça que
considera o Nordeste e os nordestinos como peso para o Brasil, ou “indignos” do
Brasil.
Os muitos anos de tucanato em São
Paulo geraram figuras assim. Sem percepção da realidade achando que São Paulo é
a Paris da América do Sul, ou a New York sei lá. Quem passa o domingo mergulhado
em shopping não tem a menor noção da realidade e se bobear acaba acreditando que
existe um tantinho assim, um cadinho de verdade em VEJA. Ou que pizza tem que
ter toneladas de catchup com dez tomates para ser mais autêntico. Pior elege
Roberto Freire deputado.
Aí acaba falando esse monte de
besteira. Não é culpa do paulista, é o efeito PSDB/DASLU/FIESP. Fábrica de Boris
Casoy.
O presidente da FIESP foi candidato
a governador pelo Partido Socialista, precisa mais?
Fica a lição da professora Cremilda
Fernandes. Não há saída fora das ruas e o desafio é despertar os trabalhadores
para a luta que certamente não terá gente como Vacarezza em seu meio. Nem
Cabral, mas nem Garotinho. E tampouco o festival de “patriotismo” dos
torturadores, mas o esculacho que os estudantes promovem para identificar essas
figuras repulsivas. Esse sim.
O general Leônidas Gonçalves,
ministro do Exército escolhido por Tancredo em comum acordo com o general
Ernesto Geisel (Tancredo e Geisel eram amigos próximos e o ex-presidente apoiou
abertamente a indicação de Tancredo para a presidência, como incentivou o racha
na antiga ARENA/PDS e depois PFL), foi o responsável pelo penúltimo golpe branco
no Brasil (o último foi a reeleição comprada de FHC).
Na impossibilidade da posse de
Tancredo e diante do estado de saúde do então eleito presidente, comunicou que
os militares não aceitariam a posse de Ulisses Guimarães como
presidente e a convocação de novas eleições como determinava o texto
constitucional. Sarney, um oportunista, era mais fácil de controlar, aliás
Ulisses não seria controlado, não era de sua natureza, nem do seu caráter de
homem íntegro. Para evitar que os militares permanecessem no governo Ulisses
aceitou a solução e Sarney virou presidente. Agora o general investe contra a
Comissão da Verdade. Tem sentido.
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