terça-feira, 22 de maio de 2012

A INDIGNAÇÃO E A CPMI DO CACHOEIRA

Um eleitor de Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, motorista de táxi, levou Dona Cremilda Fernandes, professora aposentada, ao ato que na quinta-feira mostrou a indignação popular naquele estado diante de outro estado, o de coisas gerado pela quadrilha Hartung. Ao final da corrida o motorista se disse estarrecido com o que ouviu de Dona Cremilda sobre o ex-governador e que a partir daquele momento deixaria de ser eleitor do dito.
Aos 72 anos de idade a professora Cremilda Fernandes foi participar de atos dos professores e outro contra a corrupção generalizada na máquina institucional do Espírito Santo. Buscar o reconhecimento de direitos fundamentais, já que lesada pelo complexo mafioso que controla o estado. Ela e o povo do Espírito Santo. Anos de empulhação, Camata, Hartung, o inexplicável Casagrande (não se sabe se de fato existe, é apenas uma marionete inventada por Hartung, ou banana mesmo).
Panfletou, mostrou sua indignação e ao término do protesto um infarto fulminante matou-a.
O deputado Cláudio Vacarezza, um dos principais líderes do PT, assustado com a possibilidade de convocação do governador Sérgio Cabral – Rio de Janeiro – para depor na CPMI do Cachoeira, em plena sessão enviou mensagem de texto através de seu celular ao governador para “tranqüilizá-lo”. Ao final escreveu o seguinte – “a relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu”.
De um lado a indignação e a coragem, de outro lado a farsa, o embuste. A CPMI nasce morta no interesse dos partidos majoritários no Congresso, da mídia venal padrão VEJA/GLOBO e de todos os envolvidos. Vai-se um anel, Demóstenes Torres, ficam os dedos, continua tudo como dantes no quartel do Abrantes. Nem falo do tal Procurador Geral Roberto Gurgel e da Procurada/esposa Cecília Sampaio.
Quartéis estão se deixando envolver por velhos golpistas fardados, no temor da Comissão da Verdade. Temem que a História revele a covardia que buscam encobrir de todas as formas em nome do “patriotismo canalha”, definição precisa de Samuel Johnson – “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.
Cabral anunciou um “código de conduta” para os que exercem cargos de confiança em seu governo e para ele governador. A tranca depois da porta arrombada e escancarada na luta política no Estado do Rio entre duas máfias. A dele Cabral e a de Anthony Garotinho.
Aí nem marcha para Jesus. A massa de alucinados na ilusão de terrenos no céu ao custo de dízimos e coisas que tais. Como a ação do deputado estuprador/religioso padrão Gildevan Fernandes.
A CPMI sem pressão popular não vai a lugar algum. Dona Cremilda terminou seus dias vibrando de indignação e deixando o exemplo que a luta é nas ruas e é contra o modelo político e econômico gerido por elites que estão bem acima de Carlos Cachoeira. Banqueiros, grandes empresários, latifundiários, bancada evangélica e todo o retrocesso que traz consigo, ou ameaça de.
É assustador que em determinados assuntos estejamos marchando de volta a Idade Média ou sob ameaça de lá pararmos em meio a fogueiras que sacrificam humanos pela “verdade divina”.
Toynbee previu nunca é demais repetir. E algumas coisas Freud explica, outras nem ele.
Há um golpe em organização contra o presidente Hugo Chávez na Venezuela. “Patriotas” venezuelanos (banqueiros, grandes empresários, latifundiários) associados a grupos internacionais e inseridos no Plano Grande Colômbia que prevê o controle da América do Sul pelos norte-americanos, buscam criar condições para a tentativa de derrubada do presidente – sabendo de antemão das dificuldades por conta das reações populares e da impossibilidade de derrotar Chávez nas urnas –, mas abrindo o caminho para uma guerra civil, ensejando uma intervenção estrangeira “humanitária” e colocando o país no curso dos seus interesses.
Foi assim que destruíram a Líbia e é assim que estão tentando destruir a Síria.
Não são os interesses dos trabalhadores venezuelanos. É uma tentativa que atinge em cheio a América do Sul, toda a América Latina, ainda mais depois que o governador da província do Chaco na Argentina e o presidente Piñeda, Chile, escancaram o sul dessa parte do mundo a Washington e o que Washington representa.
As eleições na Venezuela serão em outubro, Chávez é o favorito, o país cresceu ano passado mais de 5%, índice surpreendente e a perspectiva é de um crescimento maior ainda neste ano.
Os resultados não interessam às elites que querem um crescimento em seus negócios e não participação popular no processo político. Lá, como aqui, elites entendem que democracia é fazer eleições dirigidas pela mídia facciosa, podre e marqueteiros capazes de vender ilusões. Quando se rompe esse esquema partem para o golpe.
Não tem escrúpulos em jogar o país no precipício de uma guerra se entenderem ser necessário, tampouco de aceitar a intervenção estrangeira. Já nascem colonizados.
Nesse diapasão, na desintegração da União Européia, o povo grego, valente e determinado, vai às urnas de novo. Não aceita as imposições do governo de Ângela Merkel, vocação frustrada de Hitler e da “superioridade germânica”, agora com um obstáculo, pelo menos no início, o francês François Hollande. Hollande quer renegociar o pacto fiscal, não aceita medidas restritivas. Sabe onde pega o chicote de Merkel e percebe seu país rumo a uma crise semelhante a que afeta a Grécia, a Espanha, a Itália e Portugal e começa a desintegrar o tal Reino Unido, principal colônia do complexo ISRAEL/EUA agora sob nova denominação – ISRAEL/EUA TERRORISMO HUMANITÁRIO E DEMOCRÁTICO S/A.
“Gosto de demitir pessoas”. É uma afirmação de Milt Romney, adversário de Barack Obama na disputa pela presidência dos EUA. O republicano é um empresário especialista em “recuperar empresas” e isso sempre significa demissões, pois empresas são uma aberração própria da aberração maior, o capitalismo. A recuperação via de regra é com dinheiro público, como foi o caso da General Motors no início do governo Obama.
Pior, cegos por elevado consumo de hambúrguer especiais da rede McDonald’s, na crença que fora do basquete e do beisebol não existe saída, as pesquisas mostram que há um empate técnico entre os dois candidatos. Isso talvez porque saibam que ninguém muda nada, quem governa são outros.
Breve um massacre qualquer em qualquer parte, é a alternativa que os norte-americanos sempre encontram, ainda mais agora, que a guerra se escancarou como grande negócio e é gerida por empresas privadas.
Fora isso uma tonta, Soninha Francine, do PPS, partido de Roberto Freire, um esperto, mas nem por isso isento de faniquitos como o que deu com o boato de “louvado seja Lula” e a moça que considera o Nordeste e os nordestinos como peso para o Brasil, ou “indignos” do Brasil.
Os muitos anos de tucanato em São Paulo geraram figuras assim. Sem percepção da realidade achando que São Paulo é a Paris da América do Sul, ou a New York sei lá. Quem passa o domingo mergulhado em shopping não tem a menor noção da realidade e se bobear acaba acreditando que existe um tantinho assim, um cadinho de verdade em VEJA. Ou que pizza tem que ter toneladas de catchup com dez tomates para ser mais autêntico. Pior elege Roberto Freire deputado.
Aí acaba falando esse monte de besteira. Não é culpa do paulista, é o efeito PSDB/DASLU/FIESP. Fábrica de Boris Casoy.
O presidente da FIESP foi candidato a governador pelo Partido Socialista, precisa mais?
Fica a lição da professora Cremilda Fernandes. Não há saída fora das ruas e o desafio é despertar os trabalhadores para a luta que certamente não terá gente como Vacarezza em seu meio. Nem Cabral, mas nem Garotinho. E tampouco o festival de “patriotismo” dos torturadores, mas o esculacho que os estudantes promovem para identificar essas figuras repulsivas. Esse sim.
O general Leônidas Gonçalves, ministro do Exército escolhido por Tancredo em comum acordo com o general Ernesto Geisel (Tancredo e Geisel eram amigos próximos e o ex-presidente apoiou abertamente a indicação de Tancredo para a presidência, como incentivou o racha na antiga ARENA/PDS e depois PFL), foi o responsável pelo penúltimo golpe branco no Brasil (o último foi a reeleição comprada de FHC).
Na impossibilidade da posse de Tancredo e diante do estado de saúde do então eleito presidente, comunicou que os militares não aceitariam a posse de Ulisses Guimarães como presidente e a convocação de novas eleições como determinava o texto constitucional. Sarney, um oportunista, era mais fácil de controlar, aliás Ulisses não seria controlado, não era de sua natureza, nem do seu caráter de homem íntegro. Para evitar que os militares permanecessem no governo Ulisses aceitou a solução e Sarney virou presidente. Agora o general investe contra a Comissão da Verdade. Tem sentido.

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