O
principal impasse na RIO + 20 foi a discussão em torno da transferência de
tecnologias dos países considerados de primeiro mundo, para países periféricos,
caso do Brasil e outros, numa escala às vezes de miséria absoluta.
A idéia
de desenvolvimento sustentável além de ser uma falácia criada pelo capitalismo
se restringe apenas aos castelos do primeiro mundo na nova Idade Média, a da
tecnologia.
Uma
espécie de raio-x de qualquer país no mundo já foi feita há anos pelos
norte-americanos através de milhares de satélites. Sabem mais do Brasil que nós
brasileiros. Isso lhes permite formular planos a curto, médio e longo prazo para
seus projetos de ocupação e recolonização de países como o nosso.
Quando
Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA disse que o “Brasil terá que compreender que
a Amazônia tem que ser internacionalizada”, já sabia o conteúdo de cada
milímetro da região. Hoje não temos o controle dessa importante parte do
território nacional. Está dentro do chamado Plano Grande Colômbia, a rigor,
fomos rebaixados. Gore, considerado em seu país um especialista em meio-ambiente
(desde que a favor das grandes companhias que controlam a Casa Branca), fez essa
declaração por volta do ano 2000, portanto, há 12 anos.
O
aumento da escalada norte-americana sobre o Brasil se deu a partir do governo de
Fernando Henrique (funcionário da Fundação Ford) e as políticas de
privatizações, criação de agências reguladoras, a idéia de Estado mínimo, a
entronização do “deus” mercado como marco de todas as relações humanas, o
controle da mídia, toda a parafernália tucana que se mantém entocada e ávida de
completar o processo de entrega. O fim do monopólio estatal do petróleo se deu
no governo FHC.
Do lado
de dentro dos castelos os barões da tecnologia, do lado de fora os “mortos
vivos”. A definição é de Guy Debord.
O
presidente da COCA COLA, uma das maiores corporações do mundo e uma das
principais acionistas dos EUA, afirmou numa palestra na RIO + 20 “que toda a
água do mundo deve ser privatizada, pois só o mercado tem condições de explorar
essa riqueza”.
Não
imaginavam, os senhores do mundo, que poderiam contar com portas escancaradas no
governo Lula e, agora derrubadas no governo Dilma.
O
presidente da CODEVASF – COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DOS VALES DO SÃO FRANCISCO
E DO PARNAÍBA –, uma empresa pública, em tese brasileira, tem como objetivo
fomentar o progresso das regiões ribeirinhas dos rios São Francisco e Parnaíba,
atingindo seus afluentes em Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Distrito Federal,
Goiás, Sergipe, Piauí e Maranhão.
A Bacia
do Rio São Francisco possui uma área total de 640 000 quilômetros quadrados e
soma outros 330 000 o lhe permite uma área de atuação em 970 000 quilômetros
quadrados, cerca de 11,3% do território brasileiro. Um dos objetivos era
beneficiar as populações ribeirinhas, dotá-las de meios para desenvolvimento em
todos os sentidos.
Os
delírios de grandeza do ex-presidente Lula não são necessariamente delírios de
grandeza, mas esperteza política, naquela de uma no cravo e outra na ferradura.
Ao vetar a ALCA – ALIANÇA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – que tornaria o Brasil
colônia norte-americana, o Brasil e todo o continente americano (Norte, Central
e Sul), preferiu caminhos diversos para que esse objetivo fosse
atingido
Foi ao
Oriente Médio, manifestou apoio aos palestinos, visitou o Irã, condenou as
políticas norte-americanas naquela parte do mundo, arrancou um acordo que Obama
jogou no lixo com a Turquia sobre sanções contra o Irã e ao final, numa guinada
impressionante à direita, assinou um tratado de livre comércio com Israel, o
grupo que detém o maior número de ações dos EUA. Por caminhos obscuros abriu as
portas do País ao avanço dos EUA através de grupos sionistas, os verdadeiros
senhores de Wall Street e da Casa Branca. Presidentes são figuras
decorativas.
Tudo
isso somado às privatizações de FHC (setores estratégicos como a EMBRAER, o
petróleo, o financeiro, as telecomunicações, etc) completou o primeiro ciclo de
domínio do Brasil.
Não
temos sequer um carro brasileiro. Todos os veículos que circulam pelas ruas e
estradas de nosso País são de montadoras estrangeiras. E com forte presença na
subsidiária de ISRAEL/EUA TERORRISMO HUMANITÁRIO S/A, a BRASIL S/A.
A
CODEVASF vai contratar o exército norte-americano para concluir as obras de
transposição das águas do São Francisco, em si e por si, uma agressão descomunal
ao meio ambiente, às famílias ribeirinhas, contra as quais toda a sorte de
violências tem sido praticadas com o silêncio e a cumplicidade da
mídia.
Engenheiros
dos EUA já estão no local e receberão a contrapartida de controlar todo o
processo após a conclusão das obras. O acordo está sendo firmado com o Comando
Militar do Sul.
O
Comando do Sul dos Estados Unidos é a organização militar regional unificada ao
processo de defesa geral dos EUA, com ação sobre a América Central, a América do
Sul e especialmente o Canal do Panamá. Tem sede em Miami, Flórida e de joelhos
em peregrinação para esse bastião capitalista já lá esteve o presidente da
CODEVASF. Se tirou os sapatos ou não não sei, mas caiu de quatro, ajoelhou-se.
A área
de atuação do Comando abrange 30 países, o Brasil inclusive, é lógico, hoje
somos integrantes do Plano Grande Colômbia e 26 milhões de quilômetros
quadrados.
Já
professores universitários e de colégios técnicos ou institutos técnicos em
greve, ou a saúde, os servidores públicos, a geração de tecnologias próprias, a
reestatização de setores estratégicos, a recuperação da IMBEL e da ENGESA,
essenciais ao País, tanto quanto a mudança de mentalidade das forças armadas –
colonizadas –, isso fica para as calendas. Dilma está de olho na Copa do Mundo e
nas Olimpíadas.
O golpe
militar no Paraguai acentuou esse cerco sobre o Brasil. A cumplicidade de elites
econômicas do campo, latifundiários, com empresas controladoras em maior ou
menor quantidade de ações da corporação EUA, tipo MONSANTO, CARGILL, DOW
CHEMICAL, etc, derrubou o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, com o objetivo
de manter intocados os “negócios” do agronegócio que transformam aquele país de
pequenas dimensões territoriais num dos maiores produtores de soja do mundo, no
milagre da fraude, da sonegação, através do trabalho escravo, etc.
O
Paraguai é hoje a principal base norte-americana na região da Tríplice Fronteira
e ameaça a Itaipu – basta um grito de avançar de qualquer militar dos EUA – e
coloca os olhos grandes sobre o Aqüífero Guarani, o quinto maior do mundo.
A
Argentina é outro alvo e Cristina Kirchner que ensaiou uma reação já foi avisada
que pode ser a próxima vítima de um golpe constitucional, o golpe branco,
fórmula inventada para salvar os negócios quando ameaçados.
Dilma
nem reação e nem nada. Seu chanceler Anthony Patriot foi a Assunção e
sacramentou o golpe embora dissesse o contrário. A presidente engoliu em seco a
ação do “presidente paralelo” senador Álvaro Dias, o Brasil foi um fracasso na
RIO + 20 e a crise econômica ronda o País.
O
milagre do “capitalismo a brasileira” começa a se esgotar. As estruturas feudais
continuam intactas.
As
reservas de água do Brasil estão ao alcance de uns poucos drones dos EUA, a nova
forma de guerrear, os aviões não tripulados. Baratos e mais eficazes em relação
a um grande número de soldados.
De água
e de quebra, todo o Brasil. No duro mesmo é o institucional falido, a fusão
PT/PSDB, algo como PTSDB, onde o jogo é jogado apenas em função do poder e não
pelos interesses nacionais, dos brasileiros.
A luta
para recuperar o País vai ter que ser travada nas ruas, nas manifestações
populares, na percepção que o atual governo difere dos tucanos apenas no estilo,
mas na essência é a mesma coisa. Como foi o de Lula.
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