sábado, 4 de agosto de 2012

A SEMANA - "EU SOU VOCÊ AMANHÃ" - Laerte Braga

A falência do capitalismo transformou a guerra que era um “negócio” disfarçado, num “grande negócio” às claras. Desde Bush o processo de privatização das forças armadas norte-americanas, iniciado com o fim do serviço militar obrigatório, ganhou força e as mesmas empresas que destruíram a Líbia participam agora das licitações para a “reconstrução”.
Em meio a seu governo o atual presidente Barack Obama afirmou que não conseguiria reverter nada além de 7% dos contratos de privatizações e terceirizações no setor militar (incluindo inteligência), dado ao fato de não ter maioria expressiva no Congresso e as chamadas amarras legais criadas por seu antecessor. Lá empresas também compram congressistas.
Uma empresa que tenha vencido uma licitação no setor de inteligência (informações) passa a dispor de um poder de barganha dentro do grupo acionário que detém o controle dos Estados Unidos – não é mais uma nação, mas um conglomerado empresarial e financeiro – e de tal maneira essa rede se associa que controla qualquer passo ou movimento de qualquer cidadão dentro do país. E fora também.
É evidente, exceto aqueles malucos que invadem escolas, salas de cinema, escritórios, pois esses não oferecem riscos aos “negócios”, são efeitos colaterais.
O jornal O GLOBO, um dos principais instrumentos dessa grande corporação ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A, no Brasil, dedica hoje, 4 de agosto, sua primeira página a tentar estabelecer vínculos entre o presidente Hugo Chávez, da Venezuela e o narcotráfico. Com a desmoralização absoluta de VEJA tem que assumir o serviço sujo.
Repete o mesmo esquema do fracassado golpe de 2002 quando derrubaram Chávez numa quinta-feira e o presidente voltou ao poder por exigência popular no domingo. Ao dar a notícia em pleno JORNAL NACIONAL, a derrubada de Chávez, William Bonner, por exemplo, mostrou que determinadas mentiras têm um efeito semelhante ao Viagra e na segunda-feira, que a ressaca pode ser desastrosa.
Em outubro serão realizadas eleições presidenciais na Venezuela, Chávez é o favorito e sua vitória não interessa à grande corporação nazi/sionista.
É como se fosse um aviso vindo do Oriente Médio, mais precisamente do Iraque, da Líbia, da Síria, para todos os povos latino-americanos, tipo “eu sou você amanhã”.
A guerra é a tábua de salvação que o capitalismo encontrou para tentar se recuperar da falência absoluta.
Uma União Européia falida, multidões nas ruas protestando contra medidas de restrição a direitos do trabalhador, contra o desemprego, o privilégio de bancos e uma OTAN espalhada por todos os esses países à espera da ordem de devastar o próximo inimigo.
A eventual queda da Síria significa que o Irã é o próximo alvo.
Entre nós a Venezuela, a Bolívia, o Equador, a Argentina e de quebra o Brasil, hoje, sem identidade e parte do Plano Grande Colômbia.
O “capitalismo a brasileira” que Lula inventou está se dissolvendo nas mãos perdidas de Dilma Roussef. Mãos e passos.
Os oito anos de Lula não trouxeram nenhuma mudança estrutural. Todo o aparato neoliberal de FHC permaneceu intocado.
O golpe contra o presidente do Paraguai não foi um ensaio. Foi uma jogada para controlar a chamada Tríplice Fronteira e facilitar o processo de recolonização dessa parte do mundo.
Recolonizar. Países como Portugal, Espanha, Itália, Grã Bretanha, França e Alemanha não têm mais “minas gerais” para sustentá-los na exploração desmedida que a América Latina foi vítima. Em si e por si, hoje, são filiais da grande corporação terrorista.
A perspectiva de grave crise econômica e social nos EUA com a seca que atinge os estados do meio oeste, quebra de 76% nas safras de trigo, milho e soja, já nos transforma em grandes exportadores de etanol – as empresas hoje são multinacionais, não detemos mais o controle do que Lula chamou de “nosso futuro” -, mas também aumenta a fome “em grandes plantações” como cantou Geraldo Vandré.
A alta popularidade de Dilma se sustenta no clientelismo eleitoral do bolsa família. Um programa destinado a conscientizar e que virou o grande “coronel” eleitoral do seu partido, ironicamente, o Partido dos Trabalhadores. Cada vez mais semelhante ao PRI do México, o Partido Revolucionário Institucional.
É possível que nem seja preciso usar os drones em se tratando de Brasil. Pode prevalecer o “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda e “yes nós temos banana”.
O que acontece na Síria, o que aconteceu no Iraque e na Líbia, acontece no Afeganistão, é inominável em matéria de barbárie.
O ser humano é detalhe na voracidade do conglomerado terrorista. O IV RECH.
Centenas de milhares de pessoas em abrigos precários, centenas de milhares mortas na estupidez do controle de recursos naturais, na construção da nova Idade Média, a da tecnologia e das bombas nucleares.
No fim, a ameaça acaba sendo o Irã. Os senhores do mundo assim o determinam e o mundo assim o acata.
O belo cidadão assentado ao seu lado pode ter sido vítima de bronquite aguda e salvo pelo rum creosotado.
Milhões de norte-americanos estão vivendo abaixo da linha da miséria. Têm o Batman como consolação e outro tanto de malucos em feiras de armas a comprar pistolas e metralhadoras para pipocar a sessão cinematográfica.
Segundo Milt Romney, candidato republicano às eleições de novembro, “Deus criou os Estados Unidos da América para dirigir o mundo”. Suas contas bancárias estão a salvo nas Bahamas. Seus eleitores gostam de entradas vips para polpudas doações em carros alaranjados com toques azuis e arranjos de mortos pelo mundo afora, ou guardados em Guantánamo.
Por aqui, Gilmar Mendes pega o telefone e afirma a um senador que “sou homem de confronto”. Joaquim Barbosa já havia alertado sobre isso, seus capangas. Vai julgar um dos muitos mensalões da política brasileira, na presunção de honestidade do procurador Gurgel, o que esqueceu de olhar para o lado de Carlos Cachoeira e ignora o mensalão tucano.
“Para onde se inclinar o Brasil se inclinará a América Latina”. Foi a senha que Nixon passou ao seu embaixador ao dizer que Garrastazu Medice era um ditador carniceiro, mas “um bom aliado”. Torturadores continuam soltos, impunes, ameaçando e praticando o velho esporte do terror.
Neste momento o Brasil não se inclinou. Está despencando ladeira abaixo.
O único momento lúcido partiu do ministro Marco Aurélio ao pedir a suspensão por alguns minutos do julgamento do mensalão para ir ao banheiro. “Senhor presidente, estamos no limite do nosso fôlego fisiológico”.
Ministro do Supremo também faz xixi.
O que a Síria está dizendo para nós é simples – “eu sou você amanhã”. É só olhar a manchete do jornal O GLOBO, edição de 4 de agosto.

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