quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

[Carta O BERRO] BATTISTI - NÃO EXTRADITAR, RECUSANDO O COMANDO DE BERLUSCONI. - Vanderley-Revista

As opiniões sobre a questão "BATTISTI", ou têm sido ideológicas ou resultam do desconhecimento da história política do pós-guerra da Europa e das condições em que Battisti foi preso, julgado e condenado, à revelia.Exatamente nos anos em que tanto as forças de direita, quanto as eclesiásticas dominavam o cenário italiano, pelas mãos dos cidadãos acima de qualquer suspeita, como o arcebispo Paul Marcinkus e os banqueiros Roberto Calvi e Michele Sindona. Culminando com o assassinato do papa Albino Luciani e, posteriormente, de Sindona e Calvi.
Durante os 40 anos posteriores ao final da II Guerra, frente ao que se considerava uma ameaça às instituições democráticas do Mundo Ocidental - o Pacto de Varsóvia - os serviços secretos dos EUA e Inglaterra, juntamente com a OTAN, estruturaram forças secretas e clandestinas (stay behind), ao arrepio das leis de cada país, constituídas de para-militares: armados, remunerados, treinados e agindo sob as suas ordens, conhecidas sob denominações diversas, todas na forma de exércitos secretos. Na Itália denominou-se Operação GLADIO. Em todos os países em que se instalaram, não só se transformaram em instituições armadas e organizadas para o combate ao perigo comunista, como passaram a interferir diretamente na política e funções do Estado, implementando ações terroristas, como ficou demonstrado pelos juízes de MÃOS LIMPAS, todas as vezes que qualquer partido julgado de esquerda assumisse posição política capaz de disputar o poder. Na realidade, apesar da força crescente de um partido comunista italiano, jamais as instituições democráticas européias estiveram em perigo, ou o comando escapou das forças de direita.
As palavras de Henry Kissinger sempre foram a vanguarda das ações mlitares dos Estados Unidos: "Não vejo por que deveríamos deixar um país se tornar comunista devido à irresponsabilidade de seu próprio povo".
Em 31de maio de 1972, um carro explodiu na cidade italiana de PETEANO, matando um carabineiro e ferindo um civil. Esse atentado "foi assumido" pelo grupo terrorista "BRIGADAS VERMELHAS". Doze anos depois, em 1984, inquérito dirigido pelo juiz Felice Cosson, concluiu:1) que o atentado usara explosivo que as Brigadas não possuíam, mas era parte dos estoques da OTAN; 2) que um especialista em explosivos Marco Morin, da policia, falsificara relatórios sobre o caso, de forma a jogar a culpa sobre os comunistas e os extremistas de esquerda. Morin pertencia à organização fascista "ORDINE NUOVO"; 3) que o atentado havia sido preparado pela "ORDINE NUOVO", em cooperação com o SID - Serviço de informação da defesa, pertencente aos serviços secretos do exercito italiano; 4) que a bomba fora colocada por Vincenzo Vinciguerra, do Ordine Nuovo, que fugiu sob a proteção da polícia. Anos após, declarava ele: "É todo um mecanismo que é posto em movimento, desde os carabineiros até o Ministro do Interior, passando pela alfândega e os serviços de inteligência civil e militar, que aceitam o raciocínio ideológico que sustenta o atentado".
Foi no contexto da guerra fria da luta pelo poder - capitalistas x comunistas - que os extremistas italianos - da direita e da esquerda - recorreram ao terrorismo.
À esquerda destacando-se as BRIGADAS VERMELHAS, que no computo final foram responsáveis diretos por 75 mortes.
À direita, destacavam-se os exércitos secretos da OTAN e, especificamente na Italia a OPERAÇÃO GLADIO E ORDINE NUOVO.
A diferença fundamental na atuação das organizações estava no alvo escolhido. Enquanto os terroristas de esquerda tinham como alvo pessoas e instituições definidas, os terroristas de direita sempre tiveram como alvo a população civil, buscando espalhar o pânico na população, através do maior número de mortos, possível. Dessa forma, através de uma política midiática, transferiam para os comunistas e os extremistas de esquerda, toda responsabilidade pelos atentados. Outra diferença fundamental foi o apoio que os terroristas de direita tiveram do estado italiano. Não foram presos, à exceção de Vincenzo Vinciguerra. Todos os lideres das Brigadas Vermelhas e de outras organizações terroristas da esquerda, foram presos, julgados e condenados.
As estatísticas indicam que entre janeiro de 1969 e dezembro de 1987, haviam sido praticados 14.591 atos de violência por razões políticas, nos quais morreram 491 pessoas e feridas 1 181.
Em 03/agosto/1990, o primeiro ministro italiano, Giulio Andreotti reconheceu, perante o Parlamento, as atividades facínoras - atentados violentos seguidos de morte e sofrimento - da organização GLADIO. Declarou ainda que GLADIO e as organizações para-militares existiam e estavam sob o comando da OTAN. Não só na Itália, disse ele mas em toda Europa, inclusive França dirigida pelo partido socialista. Em novembro de 2002, Andreotti foi condenado a 24 anos de prisão, acusado de corrupção, de manipulação clandestina das instituições do Estado, colaboração com a Máfia e do assassinato de políticos da oposição - do jornalista Miro Pirelli, que investigava a morte de Aldo Moro, pelo mafioso Gaetano Badalamenti, e do próprio presidente da república, o social democrata Aldo Moro. Em 2003, Andreotti conseguiu a anulação dos veredictos, tendo sido solto.Uma outra qualidade de Andreotti, à época - anos 70/80 - era a de ser obreiro de Deus, sendo, juntamente com o presidente do banco do Vaticano, monsenhor Donato de Bonis, gestor dos fundos da FUNDACAO CARDEAL FRANCIS SPELLLMAN, cuja propriedade era dele, Andreotti. Acontece que essa era uma fundação fantasma,que movimentou bilhões de dólares, usados na compra de partidos políticos, de políticos e prelados italianos. Incluindo a Democracia Cristã e seus administradores Arnaldo Forlani e Severino Citaristi e o partido socialista italiano e seu líder Bettino Craxi. O novo presidente do IOR nos anos 90 - Angelo Caloia - levantou todas as falcatruas de Andreotti e seus sequazes. Esses dados e informações estão no livro "VATICANO S.A", de Gianluigi Nuzzi, Editora LAROUSSE.
Dado o nível das mentiras e dos acumpliciamentos clandestinos, da deterioração moral, das manipulações, da crueldade, dos atentados, dos assassinatos impostos pelo terrorismo de estado,da cumplicidade do judiciário à época em que Battisti foi condenado, com as forças da extrema direita e com a máfia, sua extradição representará uma aceitação, por nosso País, da política e crimes de assassinatos, comandada pelas forças do mal da extrema direita italian. Nada de democrática ou de judiciário independente, à época em que Battisti foi condenado.
O PT e a senadora Marina só merecem o apreço de todos os brasileiros, ao tentar impedir que o Brasil se envolva num processo politicamente incorreto, amoral, cruel e desumano.
Luiz Fernando Victor.
Brasília, verão de 2011

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