quinta-feira, 11 de março de 2010

A PETROBRAS VERSUS DILMA - Laerte Braga

O jornal THE GLOBE, um dos departamentos de uma agência de comunicação norte-americana voltada para a América Latina e, neste momento, porta-voz da candidatura José Collor Arruda Serra, editado no Brasil sob o título O GLOBO, estampou em sua primeira página da edição de hoje, 10 de março, que a ministra chefe do Gabinete Civil inflou os números dos investimentos da PETROBRAS neste ano. Dilma falou em 85 bilhões e a empresa, em nota oficial posterior, “corrigiu” para baixo, 79 bilhões de reais.

Pedro Bial, apresentador do BBB, capa da revista ROLING STONE do mês de
março, disse em entrevista àquela publicação que

*“Esse papo de credibilidade...quem quer isso é pastor, padre. Não vou
fundar igreja, não quero que acreditem em mim. Os jornalistas em geral se
levam muito a sério”.*

* *
É um dos golden boys da organização norte-americana. Ao fazer uma declaração
desse jaez assume publicamente que pouco importa a veracidade do que diz, ou
deixa de dizer (isso é muito importante) a agência para a qual trabalha ou
os próprios jornalistas desse enclave estrangeiro na comunicação no Brasil.
Empresas públicas, estatais (de economia mista, como a PETROBRAS) são
empresas construídas a partir dos contribuintes brasileiros, tomando por
contribuinte todos os cidadãos deste País. Têm deveres o obrigações com o
Brasil e os brasileiros. Não são feudos de grupos corporativos, montados em
privilégios que não se justificam e nem têm nada a ver com a luta popular,
no caso específico, a luta pela volta do monopólio estatal do petróleo.
Muito menos a PETROBRAS, resultado de uma história de lutas que deixou
sangue escorrendo nas páginas de nossa História e abrigou figuras do porte
de Monteiro Lobato, a campanha do PETRÓLEO É NOSSO…
Uma das dificuldades do presidente da Venezuela foi a de obter de um
sindicalismo comprometido com as elites, compromissos com políticas públicas
da PDEVESA. No documentário “A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA” o principal
desses líderes aparece ao lado dos golpistas.
Setores estratégicos da economia de um País como o Brasil devem ser dos
brasileiros, logo, estatizados. O governo FHC levou a cabo um processo de
privatizações que, ao largo da corrupção que o caracterizou, entregou vários
desses setores a grupos estrangeiros, abrindo mão de parte da soberania
nacional, do próprio território no caso da privatização da VALE e das
perspectivas de avanços tecnológicos já visíveis à época, para além desse
conjunto de empresas, na EMBRAER por exemplo.
Da mesma forma que o sucateamento da IMBEL e da ENGESA é um crime de lesa
pátria.
Empresas estatais qualquer que seja a sua natureza diferem de empresas
privadas exatamente por aí.
Se o monopólio do petróleo é fundamental, de ponta a ponta, como no decreto
assinado por João Goulart pouco antes do golpe e uma das razões do golpe
desfechado pelos EUA contra àquele governo (comandando e através da maioria
das forças armadas brasileiras), é exigência mínima que esse monopólio sirva
aos interesses nacionais e não a corporações de funcionários, sindicatos, ou
conjunto de forças aos quais se agrega parte das elites políticas e
econômicas.
O presidente Lula ou chama o diretor, ou responsável pela “correção” e
determina que a verdade seja dita, ou manda de vez, que esse cidadãos, ou
esses se for o caso, peçam o boné e instalem-se de vez onde deveriam estar.
No esquema FIESP/DASLU, enclave territorial estrangeiro em nosso País, uma
espécie de Mônaco dentro do Brasil, levando-se em conta que o principado
europeu é o paraíso de sonegadores, mafiosos, o de sempre.
É claro que nem todos os setores sindicais da PETROBRAS (está citada aqui
por conta do fato, a discrepância entre o que foi dito pela ministra e o que
foi dito pela empresa, subordinada ao presidente da República, à própria
ministra) têm esse compromisso pelego e anti-nacional, corporativo. Mas é
evidente que muitos deles têm a estatal como propriedade privada e geradora
de privilégios que nada têm a ver com o povo brasileiro.
Dessa deformação surgiram argumentos capazes de iludir os brasileiros à
época de FHC, que privatizando estaríamos tomando o caminho do futuro. Nos
afundamos na irresponsabilidade criminosa do ex-presidente que, pelo visto,
mantém bastiões dentro da empresa.
Empresa privada em setores estratégicos da economia, capazes de gerar
tecnologias de ponta e manter preservadas e intactas a soberania nacional e
a integridade de nosso território são uma aberração. Uma contradição, não
existe isso.
É o caso da VALE, da EMBRAER, dos setores de mineração, da produção e
distribuição de energia elétrica e telecomunicações. Do setor bancário.
Ficamos com as privatizações como que uma nação torta, senhora de parte do
seu destino e governada de fora para dentro de outra parte. Há pouco mais de
três anos o governo venezuelano desejava comprar aviões da EMBRAER e o
governo dos EUA que têm participação na empresa vetou a operação.
Há bem mais que recuperar o monopólio estatal do petróleo. É fundamental
reestatizar esses setores básicos da economia. E dar-lhes transparência e
caráter popular, do contrário acabam apoiando golpes, ou trazendo a público
declarações como a contida na nota oficial que “desmente” a ministra, com
claros e notórios interesses políticos de corporações pelegas que se alojam
nas estatais, escondidos na bandeira do Brasil brasileiro, mas com a roupa
de baixo pronta para ser mostrada ao BRAZIL dos EUA.
O que foi construído por FHC e que agora espera que José Collor Arruda Serra
conclua a “obra”.
O sindicalismo brasileiro, em boa parte, perdeu suas características de
instrumento de luta da classe trabalhadora, para transformar-se parceiro das
elites políticas e econômicas, mesmo quando empunha bandeiras públicas de
defesa do interesse nacional.
O episódio envolvendo a PETROBRAS e a ministra Dilma Roussef mostra que ou o
governo age como Chávez agiu na Venezuela, dá transparência a estatal de
petróleo, compromete-a com políticas populares (há setores do sindicalismo
na empresa que têm essa visão, não mergulharam no corporativismo pelego e
nem na visão estritamente técnica/cega), ou vai ser tragado pelo peleguismo,
pelo tecnicismo dos que entendem que ser popular é só aparecer na camisa do
Flamengo.
E outra vez o discurso privatizante que tanto prejuízo causou e causa ao
Brasil e brasileiros vai ganhar força.
THE GLOBE e todo o conjunto chamado grande mídia está aí cheio de gente como
Pedro Bial, para os quais credibilidade é irrelevante. Bial só tornou mais
clara a declaração de William Bonner que o telespectador do JORNAL NACIONAL
é “Homer Simpson”, um nível abaixo do leitor contumaz de VEJA, a tal classe
média.
O episódio é em si, por si, ilustrativo dessa situação. Defensores da
privatização, tucanos/DEM e pelegos sindicais precisa ser afastados e
enquadrados.
Do contrário a PETROBRAS não é do Brasil e nem dos brasileiros, mas de uma
pequena corporação de privilegiados.
A ministra não mentiu, quem agiu de maneira solerte e deliberada foram
setores da empresa comprometidos com o que quer que seja, mas certamente não
o são nem com o Brasil e nem com a PETROBRAS como empresa estatal.
A grande frustração do esquema FIESP/DASLU, é que a princesa de Mônaco era
Grace Kelly, agora Caroline, enquanto a de cá ou é Miriam Leitão, ou Lúcia
Hipólito ou o terror da Amazônia, miss desmatamento, a senadora corrupta do
DEM que atende pela alcunha de Kátia Abreu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário