sexta-feira, 5 de março de 2010

Senadora Marina caminha para a direita - [ 3setor ] Ana Santana - Comite Bolivariano de SP

Numa entrevista faz algumas semanas
Numa entrevista, Marina afirmou que o governo Lula perdeu a grande oportunidade de uma grande unidade com o PSDB. Não incluiu o PFL (DEM), com certeza, porque este é muito débil. Como se imagina que ela tivesse alguma afinidade ideológica com Chico Mendes, não é difícil concluir-se que muita gente ficou perplexa.
Na verdade, ainda que indiretamente, com tal afirmação, a senadora acabava de fazer elogio ao partido do entreguismo e dos lesa-pátria bem sucedidos.
Passam-se os dias. Ocorre a morte do dissidente cubano Zapata, após muitos dias de greve de fome. Aí, Marina não vacila: une-se às forças de direita, atacando a política externa de Lula – exatamente o que existe de mais avançado no governo lulista – por não aceitar determinação dos Estados Unidos de interferência nos assuntos internos dos países em geral. Fala ela de desrespeito aos direitos humanos em Cuba e aproveita para incluir a Venezuela entre os seus alvos de ataque.
Marina disse o que todas as oligarquias queriam ouvir de uma pré-candidata à Presidência da República. A grande mídia regozijou-se.
Para se aliar à direita, a pré-candidata do PV sequer se preocupou em fazer alguma comparação entre o que ocorre em Cuba e na Venezuela e o que se dá nos Estados Unidos e no nosso próprio país. Nesse caso, opta pela omissão. Por exemplo, tem esquecido de que dezenas de trabalhadores do campo foram assassinados por agentes do Estado em varias regiões do Brasil; que nos últimos 10 anos, segundo dados de jornais, cerca de 10 mil pessoas foram mortas por ações policiais; que os arquivos da ditadura continuam fechados, impossibilitando que se identifiquem os crimes da ditadura, com sua matança e torturas, não obstante nosso país ser signatário de leis internacionais que tratam tais delitos como atos de lesa-humanidade, por conseguinte, imprescritíveis. Marina não fala das torturas do Iraque, Afeganistão e de Guantânamo, praticadas pelas forças militares dos Estados Unidos, sem falar de genocídios cometidos nos países agredidos por tal
império.
Marina não fala que a Revolução Cubana foi um ato soberano de um povo para libertar-se de um ditador apoiado pelo imperialismo americano, responsável pela morte de milhares de cidadãos cubanos do campo e da cidade, que apenas queriam ser um povo livre, mormente livre da miséria. E oculta o fato de que nenhum dos chamados dissidentes, vivendo em Miami ou outras partes do mundo, chegou a afirmar ter sido vítima de tortura em Cuba. Quanto à Venezuela, esquece a senadora que quem aboliu a liberdade de expressão foram os que realizaram golpe contra Chávez, chegando a proibir que emissoras noticiassem o paradeiro do deposto.
Já sabemos: a liberdade de que fala Marina para a Venezuela é a liberdade de redes de televisão servirem-se de centro de organização de golpe de estado contra um governo eleito democraticamente pelo povo. Ela sequer imagina o que ocorreria com qualquer meio de comunicação americano que se metesse a participar da organização de um golpe de estado contra um governo dos Estados Unidos.
Não somos contra que se debata a questão dos direitos humanos em qualquer parte do mundo, mas essa discussão não queremos fazê-la com os agentes de um sistema que, para se manter a qualquer custo, realiza guerras mundiais, genocídios, colonialismo e neocolonialismo, que tenta convencer toda a humanidade que o direito do capital é direito humano. Queremos essa discussão com quem com erros e acertos persegue a construção de uma sociedade sem exploração, expressão concreta e única dos direitos de todos os humanos. Marina pensa diferente; une-se aos que tudo fazem para que apenas alguns humanos tenham direito. Uma lástima: mais um membro da esquerda que caminha para a direita.
Comitê Bolivariano de São Paulo


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