Embaixador de Israel na ONU: não há como interditar reconhecimento do estado palestinoNa avaliação do embaixador Ron Prosor, Israel não tem chance de reunir um número substancial de estados para se opor à resolução na Assembleia Geral da ONU que reconhecerá o estado palestino, em setembro. Fontes no Ministério das Relações Exteriores israelense estimam que entre 130 e 140 países votarão a favor dos palestinos. Permanece em aberto qual a posição dos 27 membros da União Europeia.
Barak Ravid – Haaretz
O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Ron Prosor, enviou uma mensagem confidencial em vídeo para o Ministro do Exterior na semana passada, dizendo que Israel não tem chance de reunir um número substancial de estados para se opor à resolução na Assembleia Geral da ONU que reconhecerá o estado palestino, em setembro.
Enquanto isso, fontes no gabinete do primeiro ministro Benjamin Netanyahu dizem que ele está considerando não participar da Assembleia Geral, neste ano. Provavelmente Shimon Peres o representaria.
Sob a título “Informe da linha de frente na ONU”, Prosor – considerado um dos mais experientes e antigos diplomatas israelenses – apresentou uma avaliação muito pessimista quanto à capacidade de Israel de afetar significativamente os resultados da votação. Embora não o tenha dito explicitamente, Prosor sugere que Israel enfrentará uma derrota diplomática.
“O máximo que podemos esperar obter [no voto na ONU] é um grupo de estados que vão se abster ou estar ausentes durante a votação”, escreveu Prosor, acrescentando que seus comentários estavam baseados em mais de 60 encontros que teve nas últimas semanas com seus pares na ONU. “Só alguns poucos países votarão contra a iniciativa palestina”, escreveu.
Espera-se que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas contate o secretário geral da ONU em 20 de setembro e peça o reconhecimento da Palestina como membro pleno das Nações Unidas. No Ministério de Relações Exteriores a avaliação é que, para evitar o veto dos EUA, os palestinos buscarão o voto na Assembleia Geral e não no Conselho de Segurança, mesmo que aquela seja menos vinculante. O voto na assembleia geral provavelmente ocorrerá em outubro.
Fontes no Ministério das Relações Exteriores estimam que entre 130 e 140 países votarão a favor dos palestinos. Permanece em aberto qual a posição dos 27 membros da União Europeia.
A alta comissária para assuntos de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, vai se encontrar com Benjamin Netanyahu e com o ministro de Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, em Jerusalém hoje (28/08), tendo em vista o encontro de ministros do exterior em 3 de setembro.
Uma fonte sênior no Ministério de Relações Exteriores, que está trabalhando para frustrar os movimentos palestinos na ONU, disse que até agora só cinco países do ocidente tinham prometido a Israel que votariam contra o reconhecimento do estado palestino – os EUA, a Alemanha, a Itália, a Holanda e a República Tcheca.
“A maioria dos países ocidentais não quer estar na sala e votar contra o estado palestino”, disse a fonte sênior do ministério de relações exteriores.
No entanto, a posição de quatro países europeus pode mudar, de acordo com os termos da resolução que os palestinos proporão. Se o texto for moderado e incluir a possibilidade de retorno à mesa de negociações imediatamente depois da votação na ONU, esses quatro estados podem alterar sua posição e se abster.
No ministério de Relações Exteriores eles acreditam que os 27 membros da União Europeia vão se dividir entre um grande grupo que apoiará os palestinos e dois pequenos grupos que vão se abster e se opor à resolução.
O ministro de Relações Exteriores palestino Riyad al-Maliki disse neste fim de semana que a Autoridade Palestina está perto de obter o apoio de 130 estados que reconhecerão o estado palestino. Isso inclui o recente reconhecimento do estado palestino por Honduras e El Salvador. A China também anunciou que apoiará a resolução palestina na ONU.
Os palestinos avaliam que a Guatemala e vários países caribenhos também anunciarão seu reconhecimento do estado palestino nas próximas semanas. Israel continua a sua campanha internacional para evitar o apoio da resolução e uma série de ministros estão sendo enviados para a África e a Ásia.
Contudo, parece que Benjamin Netanyahu desistiu desse esforço, com sua decisão de não ir à Assembleia Geral no mês que vem. “A estas alturas, o primeiro ministro não acredita que sua ida a ONU contribuirá para uma mudança na votação da resolução pelo reconhecimento do estado palestino”, disse um dos assessores de Netanyahu.
O presidente Peres provavelmente irá substituir Netanyahu. Lieberman, que também viajará para a ONU, recomendou ao primeiro ministro que Peres se dirigisse à Assembleia Geral, de modo que a posição israelense ouvida na ONU fosse a mais conciliatória e moderada possível.
A maioria dos oficiais experientes de Israel acredita que o país deve tratar o voto na ONU como o fez com o Informe Goldstone – como algo inevitável que deve ser condenado. Um grupo menor de oficiais, que incluir membros do gabinete do ministro de relações exteriores, da Shin Bet [a política federal israelense] e ligados ao gabinete de planejamento das Forças de Defesa de Israel acredita que Israel deve tentar influenciar a linguagem da resolução, visando à retomada das negociações depois do voto.
Tradução: Katarina Peixoto
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