domingo, 8 de março de 2009

Religioso, médico que realizou aborto se diz triste com a Igreja Católica

Religioso, médico que realizou aborto se diz triste com a Igreja Católica
Pela segunda vez, por razões profissionais, Rivaldo Albuquerque entra em choque com a Igreja nessa questão. Quando participou da criação, no Recife, de um serviço de atenção às mulheres violentadas, que faz o aborto nos casos previstos por lei, ele foi excomungado pela primeira vez. Mesmo assim, o médico diz que não vai deixar de ir à missa.- A minha tristeza se dá porque a Igreja poderia levar para um outro lado, o lado da fraternidade, mas leva para o lado do conflito. O povo quer uma igreja de perdão, amor e misericórdia, não essa igreja - afirma o obstetra.O caso causou comoção e revolta no Recife e pelo mundo. A menina, que estava com quatro meses de gravidez, foi violentada pelo padrasto. A gestação de gêmeos foi interrompida na última quarta e ela recebeu alta nesta manhã. A repercussão foi ainda maior pela reação da Igreja ao aborto.Entretanto, para o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, Jaílson José da Silva, que violentava a menina, não pode ser excomungado.- Ele cometeu um crime enorme, mas não está incluído na excomunhão, porque existem tantos pecados graves... Esse padrasto, primeiro responsável, que estuprou a menina, é claro que cometeu um pecado gravíssimo; agora mais grave do que isso, sabe o que é? É o aborto, é eliminar uma vida inocente - defende o religioso.Quem é excomungado fica proibido de receber sacramentos da Igreja, como batismo, comunhão, crisma e casamento.- Existe uma gama imensa de compreensões diferentes; a abordagem tem que ser individual. Cada caso é um caso e tem que ser analisado como tal - acredita dom Antônio Muniz, presidente da regional Nordeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).A equipe que fez o aborto vem recebendo e-mails de médicos do país inteiro - foram mais de 500 mensagens de apoio até agora. Para os especialistas, não havia e não há nenhuma dúvida de que interromper a gravidez foi a decisão correta e de que, sobre essa conduta, não cabe a intervenção da Igreja.- Nós estávamos dentro de um princípio legal, uma criança vítima de estupro e que corria risco de morte se continuasse gestante - encerra o médico.Nesta manhã, em Vitória, no Espírito Santo, durante o lançamento de um programa de prevenção à violência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a atitude dos médicos.- Como cristão e como católico, lamento profundamente que um bispo tenha um comportamento conservador como esse. Acho que, nesse aspecto, a medicina está mais correta do que a igreja - disse o presidente.A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil divulgou nota, nesta sexta, em que destaca o mandamento "Não matarás" e reforça as críticas feitas ao aborto.Pe360graus
às
17:25

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