Retrospectivas de um ano, de um modo
geral, são marcadas por uma estrita observância ao tempo cronológico. Janeiro,
fevereiro, março e vai assim. É possível no entanto fugir desse modo usual de
relacionar catástrofes, fatos de maior ou menor importância a critério de quem
escreve, evidente.
Janeiro de 2011, por exemplo, a
posse de Dilma Roussef. Prefiro olhar o fim dos dois mandatos de Lula, é
inevitável o confronto com os oito anos de FHC – quatro por eleição e mais
quatro num golpe branco –. A história começa a mostrar que Lula não trouxe
avanços reais e efetivos para os brasileiros à medida que no afã de se
equilibrar no fio da navalha aberta por Fernando Henrique fez de seu governo um
exercício de malabarismo incrível. O resultado? Dilma era a figura que estava à
mão, mostra-se, até agora, menor que o cargo.
O Brasil dança segundo as regras da
“globalitarização”, de vez em quando emite mugidos de reações que Getúlio Vargas
chamava de “guampada de boi manso”. Está assentado à mesa de negociações para a
partilha do botim chamado Líbia. Devastada e com centenas de milhares de mortos
pelo terror capitalista travestido de “ajuda humanitária” na preocupação
democrática do terrorista Barack Obama, através do braço OTAN. Foram 20 mil
bombardeios aéreos para “libertar” o país.
O ano em que o PT –
Partido dos Trabalhadores – acentua e acelera seu processo de
transformação em PSDB alternativo, pelas mãos de uma cúpula de “consultores”, no
desespero da militância histórica que tenta evitar o naufrágio. Alternativo
costuma ser pior que o original. Quem anda em companhia de Orlando Silva,
Wellington Moreira Franco, Carlos Alberto Luppi, Paulo Bernardo e Fernando
Pimentel não pode pretender respeito, ou ser aquinhoado com o epíteto de governo
sério. É claro que a presidente não mete a mão em grana pública, nem de ninguém.
Mas isso é outra história. Itamar não fazia isso. Enriqueceu boa parte da
chamada “república de Juiz de Fora”.
O ano marca também a presença viva e
nociva da quadrilha Sarney. O controle do Maranhão, do Amapá e toda a sorte de
trapaças cometidas pelo “coronel” e seu séquito de filhos, cunhados, noras,
sobrinhos, netos, amigos, etc. Sobrevive mais um ano sem que nada se lhes
aconteça. Exceto, evidente, a impunidade.
Já no final do ano os tucanos se
percebem devastados com as revelações do livro do jornalista Amaury Ribeiro
mostrando que o processo de privatizações foi um grande negócio de quadrilhas
que entre outros, envolvia desde o presidente de então, FHC, passando pelo
candidato eterno José Serra e sua família, Tasso Jereissati, Aécio Bafômetro
Neves, Daniel Dantas, Gilmar Mendes, uma extensa quadrilha com ramificações
internacionais e que mesmo fora do poder central, detém o poder em algumas
regiões, ou estados.
Caso do Rio Grande do Norte, João
Faustino, ex-sub-chefe da Casa Civil de José Serra no governo de São Paulo, foi
pego com a mão na grana no negócio de terceirização das vistorias de automóveis.
Kassab está no meio e o plano era irradiar o “negócio” para todo o
País.
Sobre o livro de Amaury Ribeiro – A
PRIVATARIA TUCANA – nem um comentário da mídia podre. GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO
PAULO, ESTADO DE MINAS, RBS, ÉPOCA, etc. São os paladinos da “liberdade de
expressão” segundo suas conveniências e interesses, pautados pelo número de
zeros à direita nas faturas.
Foi um ano muito bem pago a gente
como William Waack, agente preferido de Hilary Clinton, mas dançou Fátima
Bernardes, na disputa pelo poder na maior empresa de comunicações/mentira do
Brasil. Uma dúvida! Será que o programa MANHATTAN COLECTION continua com os
mesmos cinco telespectadores ou caiu para quatro, quem sabe subiu para seis? O
desespero de arranjar um novo Paulo Francis continua aterrador para a rede e o
programa. Junta mediocridades absolutas e incorpora agora a turma de VEJA que
foge do risco de cadeia por aqui, por conta das mentiras de toda
semana.
Nem tudo, no entanto, tem cara
daquele personagem que chamam de Funério. Helena Tavares do blog QUEM TEM MEDO
DA DEMOCRACIA realizou uma entrevista histórica e extraordinária, fundamental,
com o brigadeiro Moreira Lima, um militar em extinção. Sério, comprometido com a
democracia e a legalidade constitucional e que por isso mesmo foi posto à margem
dentro das forças armadas que permanecem agarradas ao golpe de 1964, temerosas
da Comissão da Verdade (estão escondidos, torturadores “valentes” dentro de
câmaras de repressão e covardes diante da história, escondidos atrás da saia da
anistia).
O câncer acometeu Hugo Chávez,
Fernando Lugo, Lula e agora Cristina Kirchner. Um paranóico diria que isso é
coisa da CIA. Paranóia mesmo, recheada de cinismo, é coisa de norte-americanos e
sionistas, naquela história de poder divino sobre o resto do mundo. Os caras,
antes de dormir, olham embaixo da cama. É para ver se lá não está algum
“terrorista” árabe.
O ano em que a Comunidade Européia
afunda e se transforma numa grande base militar do complexo ISRAEL/EUA
TERRORISMO S/A e a sede do IV Reich deixa de ser, como seria natural Berlim,
para dividir-se entre Washington e Tel Aviv. Tiro nos palestinos, líbios,
afegãos, iraquianos e colombianos, além de alguns eventuais por outras plagas, é
o esporte preferido do complexo.
Beth Carvalho numa entrevista
concedida em seu apartamento no Rio explicou tim por tim tudo o que acontece e
fez renascer a saudade de Leonel Brizola, o líder indispensável que a morte
levou. Fica, no entanto, a imagem de Cid Moreira lendo a nota do
ex-governador, em pleno JORNAL NACIONAL – o da mentira – e engolindo a saliva, a
boca seca, na raiva do puxa saco eterno. A entrevista de Beth Carvalho foi outro
acontecimento memorável. E nem importa que a nota de Brizola tenha sido em anos
passados. Está viva na luta pelo marco regulatório da mídia.
Não há desnutrição infantil em Cuba.
Único país do mundo onde isso acontece segundo a Organização Mundial de Saúde e
a FAO, braços da ONU. Nos EUA o OCUPA WALL STREET, movimento destinado a buscar
junto a bancos e especuladores o dinheiro que foi e continua sendo roubado aos
trabalhadores, revela que existem no país 40 milhões de indigentes.
E perto de cinco mil ogivas
nucleares para garantir a “democracia”.
Um desses boçais que pontificam na
tevê brasileira em programas de boçalidades, desejou boa sorte ao líder
norte-coreano no “inferno”. Vai esperar a chegada de Bush, pai e filho, de
Clinton, de Obama, de Netanyahu, de tantos outros. O perigo vai ser quando FHC
chegar. Vai descer em carruagem iluminada e em forma de pirâmide, afinal é o
último faraó, isso segundo sua própria concepção. “FhC pensa que é superlativo
de PhD”, definição precisa do gênio de Millôr Fernandes. E lógico, para um
quitinete apertadinho nos domínios do demo, do próprio cara da tevê.
Duas grandes pragas assolam o
Brasil. A bancada evangélica com o senador Magno Malta (pedófilo) e a bancada
ruralista, pronta para desmatar toda a Amazônia e substituí-la por gado e
transgênicos recheados de agrotóxicos, no Código Floresta do deputado Aldo
Rebelo, hoje ministro dos Esportes e um dos sócios de PC do B S/A. Empresa de
porte médio que atua no setor de partidos políticos.
Tem a Primavera Árabe. Derrubou
Mubarak, o presidente da Tunísia, mas nem tem rumo e nem tem direção, do que se
aproveitam militares norte-americanos, quer dizer, egípcios, para manter uma
junta governando o país de Cleópatra. Enrolaram-se, como fez a imperatriz diante
de Júlio Cesar, em tapete especial e se desnudaram em Washington e Tel
Aviv.
Não têm os encantos de Cleópatra e
cedo ou tarde acabarão sumindo.
O capitalismo em crise não significa
necessariamente o fim. Crise e capitalismo estão associados, um não vive sem o
outro. As crises são necessárias e fazem parte do processo de exploração do
homem pelo homem. Os gregos sabem disso e estão nas ruas, com rumo e direção,
protestando contra um governo títere de banqueiros. É como a corrupção. É
fundamental para o capitalismo. Corruptores montam congressos, montam tribunais
e ocupam executivos. Transformam nações em grandes corporações, é um fenômeno
que se mostra claro neste ano, rateiam o controle acionário e deixam o óleo
vazar por todas as baías enquanto em nota oficial se mostram preocupados com o
meio-ambiente. Tem gente que acredita. Sérgio Cabral, que não é bobo, bota a
boca no trombone pelos royalties enquanto embolsa no canto escuro da casa do
sogro os “royalties” do bem fazer pelos donos. Tem outro nome,
propina.
Os royalties são desculpa para
entregar o petróleo do pré-sal para empresas que remuneram bem a governadores,
deputados, senadores, prefeitos, etc, os que se dispõem a isso, inclusive
ministros de cortes superiores.
Cabral, Eduardo Paes, Antônio
Anastasia, Paulo Hartung, Renato Casagrande (faz o papel de banana) e Geraldo
Alckimin são outros que se associaram aos “negócios” da política. Beira-mar
preferiu o das drogas. São iguais, diferem no ramo. No caso de Alckimin tem a
bênção da OPUS DEI, quadrilha que se arvora a voz de Deus. É a principal
controladora de Vaticano S/A. Uma espécie de parafernália Edir Macedo com
tradição e mais sofisticação.
No finalzinho do ano mais três
entraram no “negócio” de “gratificações indevidas”. Um, para ajudar os que
receberam, Marco Aurélio Mello. Dois, que embolsaram 700 mil, César Peluso –
presidente da dita suprema corte – e Ricardo Lewandowsky. E mais a turma do STJ,
um número expressivo de “abnegados” com o tal “auxílio moradia”. É o Judiciário
indo para o esgoto a despeito de muitos de seus integrantes honestos. Já os
funcionários ganharam uma big banana no final do ano, no orçamento neoliberal de
D. Dilma Roussef.
Vai emprestar dinheiro para o FMI e
49% das receitas vão servir para pagar a dívida pública, a tal que foi paga no
governo Lula, mas está aí vivíssima.
De qualquer forma é um ano em que os
robôs que acham que automóvel é Deus, começam a sair do tacão alienante da mídia
e perceber que apenas mudamos a forma de ditadura. Sai a borduna, entra a mídia
de mercado e suas “verdades”. Mas é também o ano em que a classe média – mérdia
– se perde na crença que caviar iraniano é o bom gosto supremo e que VEJA tem
alguma coisa a dizer além de mentiras.
No fim de tudo a culpa é da Síria,
do Irã, dos palestinos. Uma esplendida festa de fogos de artifícios e a contagem
regressiva feita pelo Faustão – no caso do Brasil – ainda faz com que muitos
acreditem que tudo vai ser diferente a partir do dia seguinte.
Dia de começar regime e parar de
fumar.
Vai daí que ou acordamos e vamos
para as ruas lutar pela construção de uma democracia em todos os sentidos,
plena, sem Sarney, sem essa gente toda, ou vamos naufragar nas explicações
inebriantes de Miriam Leitão e nas receitas de Ana Maria Braga. Mudar o modelo
roto e opressor.
A panqueca de Dilma, até agora, só
causou uma baita indigestão. E tem Obama. Protagonista do CANTOR DE JAZZ,
célebre filme dos tempos de antanhos em Hollywood. O cantor original era negro,
engraxaram o ator branco para ficar negro. Obama é remaker.
O gangster Jáder Barbalho foi
empossado no Senado em pleno recesso. Salva um “dinheirinho” sem trabalhar. No
ato seu filho fez caretas para os fotógrafos. Estendem-se a todos os
brasileiros. Setecentos mil alguns ministros do STF e do STJ podem embolsar
também sem trabalhar e ao mesmo tempo têm o poder de paralisar as investigações
sobre essa irregularidade. Já ficha limpa não.
Fica no arquivo das vistas, mantém
impunes bandidos como Barbalho. É amigo e aliado de outro dos muitos gangsters
de nossa política. O presidente do Senado José Sarney. Se a turma não abrir os
olhos, os senadores sérios – menos de 20% - a chamada Câmara Alta vira um
daqueles cassinos de Las Vegas com shows explícitos de sem vergonhice política.
É outra marca de 2011.
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