segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

''Vem, gente, tá na mesa'' - Laerte Braga

A convocação foi feita pela empresária Marlene Tuffi, namorada do playboy Chiquinho Scarpa. Foi dirigida aos convidados de uma bacalhoada em sua residência para comemorar os cinco meses de namoro do casal Marlene/Chiquinho. A dupla acaba de regressar de um tour por Lisboa e Porto e recebeu algo em torno de 50 convidados – socialites – para o evento.
Segundo os colunistas do assunto Marlene é “socialite recente”. A anfitriã confessou não conhecer todos os convidados, o objetivo para além da comemoração era o de apresentar-se ao grand monde quatrocentão, na prática, hoje, um amontoado de falidos qual moscas em torno de novos ricos. Chiquinho Scarpa é o troféu de Marlene. “Um dia ele dorme em minha casa, outro dia eu durmo na casa dele”. Um dos filhos de Marlene confessa que nos finais de semana costumam fretar ônibus para levar convidados a uma propriedade da empresária e sua família no interior do estado. Uma casa com 24 suites e não menos que cem convidados. A moça em questão, Marlene, é dona de uma rede de escolas de computação, levanta as sete, vai a academia fazer ginástica, trabalha o dia inteiro e só chega a casa de volta às oito horas da noite. “Não é esnobe” e só pega helicóptero para ir ao trabalho quando está muito atrasada. Há bons anos atrás Federico Fellini o notável diretor italiano escreveu essa história que é igual em vários cantos do mundo e chamou-a de LA DOLCE VITA. Termina de forma trágica. Isso não significa que essa burguesia podre e louca por manchetes de jornais igualmente podres vá se explodir. Não. O trágico está na comédia da vida para além da compreensão de seu sentido, sua razão de ser, sua essência. Tal e qual os que lutam por um mundo alternativo, se um se atira do alto do prédio por não ter mais caviar no dia a dia, um camponês é assassinado de forma brutal pelos trogloditas das elites e sempre nascem outros. O nome é luta de classes. O cartão de visitas de Chiquinho Scarpa, segundo o próprio, contém apenas a frase “meu cartão”, para evitar incômodos de pedidos, telefonemas indesejáveis, etc. No mais, Dani Bolina caminhou pela orla marítima do Rio de Janeiro – Leblon – com o celular entre os seios. A matéria sobre Marlene e Chiquinho Scarpa, naturalmente, foi paga. A mídia não vive só das mentiras dos grandes jornais, redes de tevê, rádios, etc, vive também da vaidade desmedida e sem senso desse tipo de gente É o preço que paga por esse festival de mediocridade. O sonho é o de ser recebido no palácio de Elizabeth II, em Londres, quem dera, ser ungido com aquele negócio de espada sobre cada ombro mostrando a natureza nobre do “vem gente está na mesa”. Milhões de pessoas no mundo inteiro provavelmente não têm nem idéia do que seja mesa tamanha a dor do tamanho da fome. Os chefes de Estados e Governos dos países da América Latina e do Caribe se reuniram em Caracas, Venezuela, cumprindo a III CUMBRE DE AMÉRICA LATINA Y EL CARIB E SOBRE INTEGRACIÓN Y DESARROLLO (CALC) e a XXII CUMBRE DEL GRUPO DE RIO I EN EL AÑO DE LA COMEMORACIÓN DEL BICENTENÁRIO DE LA INDEPENDÊNCIADE VENEZUELA. Os compromissos reafirmados pelos signatários da nota final do encontro giram em torno de maior integração dos países que formam o grupo, construção de processos democráticos com ampla participação popular, plena independência diante de uma realidade que marca o início do século XXI como o da “recolonização (César Benjamin é o autor do diagnóstico em dezembro de 2004) e declaração de 2010 no México, de “constituir la Comunidad de Estados Latino Americanos y Caribeños (CELAC), que envolve os 33 estados soberanos de “nuestra región”. É ampla a nota e abre espaços para a integração efetiva desses países em todos os setores através de fóruns específicos, com foco nas questões ambientais, energéticas, financeiras e comerciais. Ao contrário do que acontece na Comunidade Européia reafirma compromissos sociais de inclusão, crescimento com igualdade, desenvolvimento sustentável e integração. Do encontro participaram comunidades indígenas, afro-descendentes o que resultou numa declaração de reconhecimento das diversidades e da importância de espaço para todas elas no processo de integração latino-americana. O CELAC sepulta uma morta/viva, a OEA – ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS –, tentáculo do imperialismo terrorista dos EUA. Se transforma no fórum legítimo ao proclamar que “la CELAC, único mecanismo de diálogo y concertación que agrupa a los 33 países de América Latina y el Caribe, es la más alta expressión de nuestra voluntad de unidad em la diversidad donde em lo sucesivo se fortalecerán nuestros vínculos políticos, econômicos, sociales y culturales sobre la base de uma agenda común de bienestar, paz y seguridad para nuestros pueblos, a objeto de consolidarnos como uma comunidad regional”. As FARCs-EP (FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS COLOMBIANAS-EXÉRCITO POPULAR) decidiram após mediação de figuras interessadas no processo de paz na Colômbia, entregar seis prisioneiros de guerra em seu poder, libertá-los. Operação montada, dados definidos, para o local se dirigiram os mediadores internacionais e o grupo das FARCs-EP que levava os prisioneiros. Foram emboscados no caminho por militares colombianos (o exército da Colômbia é controlado numa ponta pelos EUA e noutra pelo tráfico de drogas) e quatro dos seis prisioneiros morreram. O governo do presidente Manoel Santos não desejava a entrega dos prisioneiros vivos. Seria um golpe político ao processo de barbárie que impõe aos colombianos escorado na mentira da mídia. No Brasil redes como a GLOBO, parte dos tentáculos imperialistas norte-americanos noticiaram o fato ao sabor dos interesses dos terroristas fardados. Os mediadores internacionais denunciaram a ação determinada pelo presidente Manoel Santos como farsa e com o objetivo de invalidar qualquer tentativa de acordo de paz. O mesmo que acontece em relação a Israel e Palestina. A chamada indústria do anti-semitismo é financiada por Israel para justificar a boçalidade do dia a dia contra os palestinos. O comunicado das FARCs-EP revela que os prisioneiros pouco antes da chegada ao local onde seriam entregues aos observadores internacionais e os guerrilheiros que os conduziam foram atacados por militares – que haviam se comprometido a respeitar o acordo com os mediadores –. Forças armadas latino-americanas, notadamente a colombiana, a chilena, a hondurenha, a maioria dos militares brasileiros, de boa parte dos países da região são entraves à paz, ao progresso e a liberdade. A mídia que mente e distorce os fatos é uma telenovela para “idiotas”, como o jornalista brasileiro William Bonner chama os telespectadores do jornal que apresenta – JORNAL NACIONAL – (“Homer Simpson), nas lágrimas da apresentadora Fátima Bernardes ao transmitir a coroa de rainha do JORNAL NACIONAL para Patrícia Poeta. Na nota das FARCs-EP, corroborada pelos observadores internacionais, omitida pela mídia a indignação diante do desrespeito aos direitos internacionais – “Indigna la manipulación mediática del infausto suceso por parte del gobierno colombiano. La enrevesada explicación del ministro de Defensa, Juan Carlos Pinzón, de que no se trató de un operativo de rescate, sino de búsqueda, no es más que un precario eufemismo que no alcanza a tapar la perfidia de un gobierno ni su desprecio a normas esenciales del Derecho Internacional Humanitario. Si universalmente es aceptado que el rescate militar entraña un riesgo, la responsabilidad del éxito o fracaso, siempre es imputable a quien lo asume”. A integração latino-americana depende ainda de percepção que países como o Chile, a Colômbia, Honduras, Guatemala, México e outros, além da ocupação do Haiti são problemas que têm de ser resolvidos. É simples entender isso. O Chile está de novo em mãos de líderes do que chamam “pinochetismo”, a cruel ditadura que marcou a história do país. Há um levante de estudantes contra a privatização da educação. Vai em linha contrária ao documento Da CELAC. A Colômbia é uma possessão norte-americana e os outros extensões do território/bases militares dos EUA. O Brasil, nesse contexto, é apenas um país que vacila e arrota ares de potência mundial, sem sentir que está sendo tragado pela voracidade do capitalismo e sua face terrorista seja econômica ou militar. Maior economia e maior território dentre os países latino-americanos as principais contradições que caracterizam o Brasil não foram resolvidas nem pelo governo Lula e muito menos pelo governo Dilma, por um ou outro avanço que seja real. É o contrário. Cada dia mais nos caracterizamos como uma espécie de entreposto do capitalismo internacional, na política de concessões e proceder de um subimperialismo na região. Acabamos não sendo nada. Foram tantas as concessões que o governo Dilma hoje é como uma casca de ovo, fragilizado no fato da presidente ser menor que o cargo que ocupa – solução doméstica única do PT – e equilibrando-se em alianças precárias com os setores mais perigosos das elites políticas e econômicas do País. Joga o jogo por dentro e o “vem gente tá na mesa” é exatamente isso. A classe trabalhadora devorada por elites vorazes, inconsequentes e predadoras. E num momento que o terrorismo capitalista, falido, monta em cima de um arsenal militar de destruição e inconsequência.

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