A QUEM INTERESSAM OS CONFLITOS NA AMÉRICA DO SUL?
28/04/2012
- Laerte Braga (*)
Original
no blog Juntos Somos Fortes
A história real dos países
latino-americanos, especialmente os sul-americanos é contada em regime de conta
gotas, uma forma de fugir do oficialismo e do ufanismo que
historicamente as elites buscam vender desde os bancos
escolares.
E há uma explicação simples para
isso. As elites econômicas (cidade e campo) da América do Sul não têm uma
identidade nacional, mas reportam-se aos modelos europeu
e norte-americano, vale dizer, cingem-se às normas do capitalismo
internacional.
É comum, por exemplo, contar os feitos
heróicos de brasileiros na guerra contra o Paraguai a pintar Solano Lopez como
um ditador sem entranhas.
A realidade só é encontrada em publicações independentes que mostram que o País entrou em guerra com o Paraguai a soldo da Inglaterra – da qual estava afastada, mas o dinheiro fala mais alto – e porque o Paraguai de Solano Lopez afetava os negócios dos britânicos. O governante paraguaio implementava um programa de reforma agrária, concorria com as indústrias têxteis dos britânicos e afetava os “negócios” do mate. Fomos apenas o instrumento do poder imperial da Grã Bretanha. Não houve patriotismo algum no confronto.
Para
registro, os Estados Unidos, à época, já buscando hegemonia junto ao império
britânico se opôs ao Brasil e a seus aliados.
Os
governos e forças
armadas comprados pelos ingleses.
Quando Nixon disse que o Brasil arrastaria a América Latina para onde se inclinasse, estava levando em conta o nível de desenvolvimento de nosso País, seu tamanho continental e justificando o apoio de seu governo à ditadura militar que encharcou de sangue o território nacional e preserva até hoje intocada em boa parte a barbárie militar.
A exceção do movimento tenentista, que mesmo assim se dissolveu em boa parte absorvido pela ditadura Vargas, nossas forças armadas são forças auxiliares do poder maior, sem identidade, e de uma polícia maior e melhor qualificada da grande potência de hoje. Estamos no Haiti sem saber por quê, em vias de irmos à Síria para fazer não sei o quê e mantendo um fragata na frota de “paz” nas proximidades do estreito de Ormuz para garantir os interesses das companhias que transformaram os EUA em conglomerado terrorista ao lado de Israel.
Máquina de guerra
O governo de Lula não privatizou
setores essenciais, mas abriu as portas do País ao nazi/sionismo no tal tratado
bi-lateral de livre comércio com Israel. São os donos dos
setores estratégicos dos Brasil. Governos como o do presidente Chávez, ou do
presidente Evo Morales, do presidente Rafael Corrêa, de
Cristina Kirchner, de Daniel Ortega não interessam ao grande irmão. Promovem a
reforma agrária, o fim do analfabetismo, estabelecem
políticas públicas de participação popular, constroem habitações de qualidade
para as pessoas, democratizam as relações do Estado com o
cidadão, a despeito de uma ou outra limitação. Abrem caminhos para uma revolução
popular a partir da consciência
política.
Cuba desafia os EUA desde 1959 e
se mantém heroicamente a despeito de todas as tentativas golpistas e do
bloqueio
imposto pelo conglomerado ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
A Colômbia no entanto é o caso
mais grave.
Em guerra civil há anos o país
está mergulhado num regime de terror e barbárie e é hoje o maior produtor de cocaína do
mundo – o governo não tem interesse na paz, a guerra favorece os grupos
produtores da droga e o presidente, todos são meros
quadrilheiros ao lado de militares e latifundiários, os chefes dos grandes
cartéis. No país são frequentes os assassinatos de lideranças de
oposição, sindicalistas, camponeses, há mais de 10 mil presos políticos e
milhares de assessores militares norte-americanos, que controlam
polícias, forças armadas e governo, além dos grupos paramilitares formados por
latifundiários e pistoleiros de grandes conglomerados, os
principais controladores da produção e distribuição de droga.
O próprio jornal brasileiro
(brasileiro?) O GLOBO, noticiou que o traficante Fernandinho Beira-Mar havia
sido preso com as FARC-EP, para anos depois num canto de página
admitir que Beira-Mar foi entregue pelos paramilitares numa tentativa de
minimizar os conflitos com o Brasil em torno do
bandido.
A ex-senadora Ingrid Betancourt,
prisioneira de guerra durante anos das FARC-EP, quando liberada estava
em perfeita
integração com a guerrilha, tinha um
filho com um líder guerrilheiro, filho que abandonou – fato denunciado por sua
secretária – e foi
tentar o prêmio Nobel da Paz patrocinada por uma indústria de cosméticos para
mostrar que os anos na selva não a envelheceram.
É a história vendida pela mídia
de mercado, fabricada na sociedade do espetáculo, com o objetivo de transformar
o ser humano em zumbi diante de um projeto de poder
que é mundial. Ao perceber que um controle como o que exercem na Colômbia – até
porque o tráfico de drogas paga os custos da guerra
e com sobras, já que a guerra hoje é privatizada, empresas cuidam do
“negócio”, não seria possível no Brasil, os norte-americanos
criaram o chamado PLANO GRANDE COLÔMBIA, que inclui parte do Brasil, a Amazônia,
enquanto tentam, através de um governador
provincial na Argentina, a instalação de uma base militar para controle total da
América do Sul.
A Colômbia hoje é sócia do
Brasil no antigo projeto SIVAM – monitoramento aéreo da Amazônia –, ao lado dos
EUA e aviões de
fabricação brasileira, mas capital e
tecnologia norte-americanos (ao privatizar a EMBRAER FHC abriu mão de dispormos
de tecnologia nossa no campo). Detêm informações
estratégicas sobre nosso País, inclusive e principalmente sobre nossas reservas
minerais estratégicas, caso do nióbio.
Marchamos para deixarmos de ser
uma nação e caminhamos celeremente para o formato conglomerado da chamada nova
ordem econômica,
criada com o fim da União Soviética. Lula inventou - frase do secretário geral
do PCB Ivan Pinheiro, “o capitalismo a brasileira".
Só que os donos são os norte-americanos e grupos sionistas (controlam a indústria bélica brasileira). Como leite em pó instantâneo estamos nos dissolvendo na obsessão da guerra cambial que custou o poder a Kadafi.
Um estudo das Nações Unidas
feito na década de 70 mostra que a América do Sul é uma futura área de
conflitos. Não são conflitos provocados pelos povos sul
americanos, mas pelos interesses de elites políticas, econômicas do campo e da
cidade que controlam o País sem que o governo reaja, pelo
contrário, se deixa levar pela crença de potência de ilusão. Estamos sendo
engolidos, tragados nessa voracidade falida do
capitalismo, mas montado em milhares de ogivas nucleares.
Um Eike Batista, um Daniel
Dantas, um FHC, um Serra, um Alckmin, um Aécio (já apareceu uma prima de
Cachoeira nomeada pelo ex-governador do bafômetro ou
corruptômetro) e os políticos que controlam, parte expressiva do Poder
Judiciário, tudo isso nos transforma definitivamente numa república
de bananas, onde um Brilhante Ulstra tortura, assassina e permanece impune e a
mídia faz e fala o que bem entende. Um banqueiro de
jogo de bicho faz tremer a república. Coloca na berlinda um governador corrupto
como Sérgio Cabral e abre perspectiva para outro
criminoso Anthony Garotinho, que chega em nome do
“senhor.”
Que república?
Somos uma democracia consentida.
O Código Florestal nos condena a sermos um futuro deserto e a reforma agrária
vai para o brejo. Mas somos uma potência, só que de
ilusão. Não há saída dentro do processo político vigente, dentro do jogo sujo
das eleições financiadas por empresas privadas, por bancos e
latifundiários. Ou vamos às ruas e viramos essa mesa para rearrumá-la segundo a
vontade popular, que tem que ser despertada, está
anestesiada pela mídia, ou vamos de fato virar apenas um departamento do PLANO
GRANDE COLÔMBIA.
Esse é o desafio que as forças
populares enfrentam. Os conflitos aqui interessam aos donos para que sejamos
sempre o gado marcado que fala José Ramalho. Só isso,
mais nada.
(*)
Laerte Braga é jornalista e reside em Juiz de Fora. Colabora no blog
Juntos Somos Fortes
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