quinta-feira, 9 de julho de 2009
FUNDAÇÃO FORD – CHAPEUZINHO VERMELHO E O LOBO MAU - Laerte Braga
O trem começa a ficar bravo quando você passa a usar ok, yes, so much, em conversas normais, corriqueiras, do dia a dia. Paulo Henrique Amorim referiu-se ao jornalista Élio Gaspari – ex-comunista – como “colonista”. Se o cumprimento matinal é good morning vira caso de psiquiatra. Daí a bater sentido e ajoelhar-se diante da flag norte-americana e se imaginar milico a serviço da burguesia, pronto para qualquer emergência, um golpe, é um pulo.
Você corre o risco de acabar na Barra da Tijuca imaginando que está em Miami e fretar um helicóptero para levar a cachorrinha ao cabeleireiro. É que a pobre coitada não suporta o stress do trânsito sempre congestionado. Um monte de gente cujo objetivo é dirigir um “Ford”. É exatamente assim, por isso a propaganda é assim.
Preconceito puro. Contra o motorista, contra o cidadão dito comum – consumidor – O problema é adquirir o direito de dirigir um “Ford”. Conquistar.
A imensa e esmagadora maioria das fundações, em qualquer lugar do mundo cumpre o papel de lavar dinheiro, vender a ideologia dos donos, não importa qual seja a sua área de atuação, seu alcance. Em alguns casos, não poucos, de lavar dinheiro de quadrilhas padrão Roberto Marinho, para citar uma fundação “brasileira”. As aspas são em “homenagem” aos verdadeiros donos.
No caso da FUNDAÇÃO FORD é um dos principais instrumentos do complexo Wall Street/Washington que conhecemos como Estados Unidos. Vende a ideologia do american way life. É exibida em letreiros fantásticos da Broadway, em cadeias de lanchonetes, em campos de concentração em Guantánamo, ou bases militares espalhadas pelo mundo, ataque a insurgentes no Afeganistão e golpes militares. A última ação dos que conquistam o direito de dirigir um “Ford” foi o golpe em Honduras.
Uma parceria entre a FUNDAÇÃO FORD, a FUNDAÇÃO ROCKFELLER, o senador John McCain – presidente de fato do conglomerado EUA –, do ex-vice presidente Dick Chaney, dos chamados porões do aparelho estatal, algo assim como CIA – AGÊNCIA CENTRAL DE INTELIGÊNCIA – e um monte de milicos a serviço dessa gente e eivados de patriotismo até o depósito nas respectivas contas.
É uma grande loja FIESP/DASLU especialista em contrabando, sonegação, lavagem de dinheiro, tudo certinho, arrumadinho e transformado, embrulhado para presente em democracia, mundo melhor.
O deles.
A FUNDAÇÃO FORD preocupada com as comunicações no Brasil e de olho na Conferência Nacional de Comunicação, convocada para dezembro deste ano. Temerosa que grupos que trazem em si extremo patriotismo, compromisso com as liberdades e com a democracia, possam vir a ser afetados nesses rumos gloriosos do JORNAL NACIONAL nosso de cada dia, a perspectiva que Homer Simpson largue a cerveja, a preguiça e vá às ruas pedir explicações, cismar de querer decidir, a FUNDAÇÃO FORD, nesse idealismo puro e sincero, sabedora das dificuldades para a Conferência, ofereceu ajuda.
Quer dar um dinheirinho assim meio que de graça para que a comissão organizadora não tenha dificuldades em permitir que tudo se processe na mais perfeita ordem a partir dos interesses da ANJ – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS – e da ABERT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMISSORAS DE RÁDIO E TELEVISÃO –. De repente, faltando recurso os caras podem perder o rumo e cismar que a real democratização das comunicações, os privilégios e os mecanismos que favorecem quadrilhas como a GLOBO, a ABRIL, a FOLHA, etc, etc, que tudo isso vá para o brejo e esse fantástico mundo, o das comunicações, caia nas mãos de “despreparados” que cismem de perguntar, achar as respostas e ser parte do processo.
Rádios comunitárias com esse sentido, por exemplo. Fim do direito de participação de capital estrangeiro em grupos de rádio e telecomunicações.
É só recusar a ajuda dos generosos senhores que administram a FUNDAÇÃO FORD? Os caras que estão encarregados de organizar a Conferência, supostamente comprometidos com a comunicação no seu sentido lato, amplo, sem privilégios, popular, acham que a FUNDAÇÃO FORD é boazinha, quer apenas ajudar e pegaram a grana. Segundo eles a FUNDAÇÃO FORD não quer interferir e nem ditar nada. Só ajudar.
A grande lição de Chapeuzinho Vermelho é que ela só chamou os caçadores depois que o lobo mau fez o que tinha que fazer. Aquele negócio de tirar vovó da barriga do lobo foi nove meses depois. Os senhores da ordem e da moral restabelecendo os costumes, as tradições e mandado que todos se ajoelhem diante do aparelho de tevê e dos “doutores” que escrevem na FOLHA DE SÃO PAULO.
Zelosa e cuidadora de suas partes pudentas a FOLHA só publica doutores, mesmo que os títulos sejam falsos como aconteceu faz alguns anos. Mas são doutores. Têm a chave da porta do Nirvana. Assim que nem FHC. Uma espécie de grande loja de departamentos onde o país inteiro é vendido.
A FUNDAÇÃO FORD esteve envolvida em pelo menos cem dos noventa e nove últimos golpes de estado promovidos pelo complexo Wall Street/Washington (aquele que alguns imaginam presidido por Obama e com sede no Staple Center, em Los Angeles, onde Michael Jackson foi exibido a 17 mil pagantes, fora os direitos de transmissão, para o gáudio e a felicidade dos que conquistaram o direito de dirigir um “Ford”).
Conforme-se em conquistar o direito de dirigir um “Ford”. Mesmo que o objeto do desejo tenha pulado para o banco de trás e se transformado em leitora atenta do WALL STREET JOURNAL.
Objeto de desejo não significa necessariamente alguém com belas formas. Pode ser tão somente o direito de existir, coexistir e conviver em bases dignas e humanas.
O objetivo da Conferência Nacional de Comunicação é reunir setores da chamada sociedade civil organizada, movimento popular, todo um amplo espectro que pensa, sonha e imagina a comunicação cumprindo o papel básico de informar e educar – que seja –, desenhando um modelo que possa ser proposto como caminho para a efetiva e real democratização desse mundo que hoje é apenas o principal tentáculo de um modelo perverso e podre.
Não se pode num artigo de opinião – como este – discutir todo o significado da Conferência, óbvio. Mas digamos que se vá buscar evitar que deputados e senadores promovam o loteamento de concessões de rádio e tevê entre si e grupos que os sustentam.
Discutir a exaustão o efeito dos grandes conglomerados que concentram emissoras de tevê, rádio e jornais e revistas num só grupo, que resta sendo seis ou sete famílias a decidirem o que deve ou não ser noticiado, debatido, o que deve ser levado ao conhecimento do cidadão e de que forma. A participação do capital estrangeiro, o que isso significa, que efeitos causa.
A comunicação popular, rádios comunitárias, tevês comunitárias.
Comunicação popular não significa necessariamente um veículo a vender determinada ideologia, qualquer que seja, mas que ao mesmo tempo que informe as trapaças da família Sarney, informe as trapaças da família FHC. E permita o exercício dessa desgasta palavra cidadania, da qual os donos tomaram posse e transformaram apenas em código do consumidor.
E muito mais que isso, bem mais que isso. Sarney e FHC são conseqüências do modelo. Que seja, a comunicação, o instrumento de debate de todas as questões que digam respeito ao Brasil e aos brasileiros. Uma verdadeira e real discussão sobre a presença de MONSANTO e dos transgênicos à mesa de cada um todos os dias. Que interesses estão por trás disso? Se cada um de nós deseja consumir roundup diariamente.
A realidade de cada um de nós, de todos, começa nas nossas cidades. O modelo atual em seu caráter perverso e centralizador ignora essa realidade. O cidadão não acorda no Brasil ou no seu estado. Acorda em sua cidade. Vive o seu dia a dia em sua cidade. Dita, por sua natureza centralizadora, deliberada, uma cultura externa, impõe esses valores e molda cidadãos à forma de zumbis retirando-se-lhes o espírito crítico.
E vai por aí afora um montão de coisas como dizemos os mineiros.
Você acha que a FUNDAÇÃO FORD, integrante da chamada Comissão Tri-lateral, que ao lado de outras fundações – ROCKFELLER, por exemplo –, da CIA, do Departamento de Estado, da USAID – agência do complexo Wall Street/Washington para o “desenvolvimento” – essa turma, digamos assim, que gerou a doutrina de segurança nacional, os golpes militares na América Latina nas décadas de 60 e 70 do século passado, as intervenções militares norte-americanas em várias partes do mundo, inclusive a guerra do Vietnã, você acha que a FUNDAÇÃO FORD vem assim que nem vovozinha caridosa, desejosa de receber a visita da neta, ou vem de lobo mau pronta para engolir Chapeuzinho?
Pior, Chapeuzinho – a comissão organizadora da Conferência – acredita que a FUNDAÇÃO FORD seja exatamente como a vovó. Queira apenas o bem da neta, esse imenso país continente e está pegando a grana desprendida e pura dos “democratas” que acham que o direito de dirigir um “Ford” se conquista.
O direito de ser cidadão também. De ter espírito crítico também. De escolher um sabão diferente de OMO também. E de ser capaz de entender e perceber que a escolha de mandatários públicos é a escolha de mandatários públicos e não privados dos grupos que dominam o setor.
E acima de tudo entender que o principal ator da novela é ele. Ator, roteirista e diretor. Vale dizer o dilema existencial não é o sabão em pó e nem o sanduíche do dia a dia.
“Diz, tempestade da planície da Mandchúria. Diz, noite da floresta espessa. Quem é o partidário sem igual na história, quem é o patriota sem igual no mundo?”
Canto da GLOBO da Coréia do Norte em louvor a Kim Il Sung, o “o homem que guia a Ásia no mundo”.
“Brasil – Ame-o ou deixe-o”. GLOBO do Brasil. E nos porões centenas de brasileiros presos, torturados, prisioneiras estupradas, muitos assassinados, tudo patrioticamente. Conduzidos à desova pelos carros da FOLHA DE SÃO PAULO partícipe da OBAN – OPERAÇÃO BANDEIRANTES – o terror repressor financiado por empresas.
A FUNDAÇÃO FORD está preocupada com a democracia igualzinho o “patriota sem igual no mundo”.
Vide Honduras, o porta-aviões do complexo Wall Street/Washington que conhecemos como EUA.
Ah! E o ministro das Comunicações é Hélio Costa. Bial do período jurássico, boy da GLOBO, por extensão, das famílias que controlam os “negócios” da comunicação no Brasil. A sede é no complexo EUA, no resort Holyywood, ou no parque de diversões Disneyworld.
Não querem que você pense que é diferente da boiada que já vai ali à frente. Chegam de mansinho para incorporar você, todos, à boiada.
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