A SEMANA – II
AHMADINEJAD – “ATACAM E INVADEM
OUTROS TERRITÓRIOS PARA ESCRAVIZAR OS POVOS”
“Os norte-americanos e sionistas têm
bombas de todas as espécies e as usam contra as pessoas”. A afirmação é do
presidente do Irã Mahamoud Ahmadinejad em entrevista que concedeu num hotel do
Rio, um dia depois de discursar na RIO+20 defendendo uma nova ordem mundial
“baseada na paz e no respeito entre os povos”.
Sem citar uma única vez o nome da
presidente Dilma Roussef, mas classificando de “definitivo” o documento firmado
entre os governos do Brasil, da Turquia e do seu país sobre a questão nuclear,
Ahmadinejad lembrou Lula, à época desse acordo o presidente da
República.
Lúcido e seguro em sua análise o
presidente iraniano não teve dúvidas em falar da guerra midiática, uma das
frentes do complexo terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO “HUMANITÁRIO” S/A. “Mostram
nosso povo como pobre e atrasado. Somos a décima sétima economia do mundo, breve
seremos a décima quinta e temos posição de ponta nas questões que envolvem
biotecnologia”.
Distorcem para criar uma realidade
que não existe, mas agrade aos seus interesses.
“Querem as nossas riquezas naturais,
explorar nossos povos”.
Mahamoud Ahmadinejad fez alusão ao
regime anterior à revolução islâmica, que definiu como de submisso aos
interesses dos EUA. “Tínhamos uma população de 35 milhões de iranianos e 90%
vivia na pobreza”. Hoje somos bem mais e a realidade é diferente daquela”.
Enfatizou que quatro milhões de iranianos são judeus e muitos “foram tentar a
vida em Israel após a revolução, mas voltaram, pois não conseguiram viver
naquele país”.
Um estado islâmico não significa
necessariamente restrição de liberdade religiosa. A Noruega, por exemplo, não é
um estado laico e isso está escrito em sua constituição.
O presidente do Irã reuniu-se com
intelectuais brasileiros e representantes dos movimentos sociais destacando a
história de luta pela democracia, da qual todos foram partes.
Denunciou mais uma vez que a ONU faz
o jogo dos EUA, através do controle do Conselho de Segurança. Com isso, países
que dispõem de arsenais nucleares não são punidos com sanções, caso de Israel,
com mais de 300 artefatos, enquanto o Irã que usa energia atômica para fins
pacíficos sofre sanções severas e constantes ameaças.
“Temos sete mil anos de história e
não nos submetemos nunca. Querem nos escravizar, voltar à ordem antiga, do
regime antigo e assim explorar nossas riquezas. Por isso nos satanizam.
Transformar o povo em escravo”.
“Os que querem o monopólio da
energia nuclear são os que têm bombas e já usaram em tempos passados, na Segunda
Guerra, contra seres humanos. Energia nuclear para todos, bombas para ninguém.
São os mesmos desse passado”.
“Seis milhões de barris de petróleo
dia os Estados Unidos tiravam do Irã no regime antigo e nosso povo estava na
miséria”, disse Ahmadinejad. “É o que querem fazer de novo”.
O presidente lembrou a guerra Iraque
e Irã. “Armaram Saddam contra nós, inclusive com armas químicas e biológicas,
numa guerra que custou milhares de vidas e depois destruíram o Iraque para ficar
com o petróleo”. “Não têm respeito pelos seres
humanos”.
Citou o fato dos EUA apoiarem
ditaduras no Oriente Médio como forma de assegurar o controle da região, de
ignorar o arsenal nuclear de Israel e permitir a opressão contra o povo e o
território palestinos.
Sobre a questão síria o presidente
declarou que “tem que ser resolvida entre os sírios, pelo povo sírio e não com
intervenção de outros países”.
“Não existem pessoas, seres humanos
para os norte-americanos e sionistas, só interesses. Querem dominar para
explorar”
Ahmadinejad deixou claro que só uma
nova ordem mundial poderá assegurar a todos os povos “paz e respeito” e isso
passa por contrariar os negócios das grandes potenciais mundiais, de Israel e
dos Estados Unidos.
Citou a fome na África, as guerras
do Afeganistão e travadas mundo afora pelos “colonizadores”, inclusive na
América Latina, onde lembrou a exploração das riquezas pelos países que
colonizaram a região e agora, pelos interesses norte-americanos diante das
dificuldades com vários governos contrários a essa exploração.
“É uma luta de todos os povos
oprimidos a nova ordem”.
A entrevista do presidente
Ahamadinejad, ao contrário das normalmente concedidas por chefes de governo e
estados, não registrou nenhuma paranóia típica de agentes norte-americanos e
israelenses. Foi descontraída, a segurança limitou-se aos procedimentos normais
e nenhum deles constrangedores. Nem o hotel onde estava hospedado e nem as ruas
nas imediações foram fechadas, nada de franco atiradores. E pela primeira vez
jornalistas das mídias alternativa e virtual lado a lado com os da mídia de
mercado, fato que, numa certa medida, inibe a costumeira mentira de GLOBO, VEJA,
FOLHA DE SÃO PAULO, etc.
Foram poucos os comentários sobre a
RIO + 20, levando em conta que seu discurso abrangeu bem mais que as questões
que ali estavam sendo discutidas. Foi um documento de amplo teor político com
diagnóstico da conjuntura atual e a posição de seu país, sob constante ameaça de
ataques tanto por parte dos EUA, como de Israel.
Coincidência ou não, no dia
seguinte, na sexta-feira, as avaliações de Ahmadinejad sobre a intervenção
norte-americana em função de interesses políticos, econômicos e militares, se
materializou no Paraguai, no golpe que derrubou o presidente Fernando Lugo. Um
dos objetivos dos norte-americanos é construir ali uma base militar que permita
monitorar o Brasil e a posse do quinto maior aqüífero do mundo, o Guarani. A
água hoje, segundo o presidente da Coca Cola, “vale mais que petróleo”.
Afirmação que dá, mais uma vez, razão ao pensamento de Ahmadinejad.
A afirmação do presidente da Coca
Cola foi feita na RIO + 20, num fórum restrito de empresários, quando defendeu a
privatização plena e absoluta da água. Ou seja, o controle pelas grandes
corporações e em função dos interesses que representam.
Ao contrário do “monstro” que a
mídia de mercado (GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, RBS, ESTADO DE SÃO PAULO,
ÉPOCA, etc) vende, o presidente do Irã se mostrou lúcido, sereno e correto em
suas avaliações e análises.
Não é um fato que possamos ignorar
levando em conta o que ocorre em todo o mundo hoje.
A percepção que a luta transcende ao
chamado mundo institucional, controlado em sua maioria – no Brasil inclusive –
por grupos ligados a interesses do imperialismo norte-americano, do capitalismo
internacional.
A luta é nas ruas como aconteceu na
Cúpula dos Povos, evento paralelo à RIO + 20.
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