terça-feira, 1 de dezembro de 2009
O Xingu vai virar sangue? - Barbet
E lá se vai mais uma tentativa de diálogo com o governo sobre a construção da usina de Belo Monte. O Ministério Público convocou uma audiência pública para ser realizada hoje (1/12) em Brasília sobre o mega empreendimento que vai alagar 51 hectares de floresta, onde vivem mais de 20 mil indígenas e cerca de 13 mil extrativistas. Para compor a mesa, o MP convidou o Ministério de Minas e Energia, FUNAI, IBAMA, Eletronorte, Eletrobrás, Consórcio Belo Monte, Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Desenvolvimento, Instituto Chico Mendes, BNDES e Casa Civil.
Só os últimos quatro mandaram representantes. Mesmo assim, como eles próprios reconheceram com todas as letras - ou demonstraram em seus brevíssimos, vergonhosos e vazios discursos – são apenas técnicos que não estão acompanhando o processo. O debate novamente ficou na linha de “nós para nós mesmo”. A proposta de levar representantes do governo para esclarecer as dúvidas das pessoas que serão atingidas pela construção da usina foi por água abaixo.
A audiência virou um grande desabafo dos mais de 60 moradores da região de Altamira (PA) que lotaram dois ônibus e viajaram por mais de dois dias até Brasília, para representar os diversos povos indígenas, os ribeirinhos e os pequenos agricultores que serão atingidos se a usina for construída.
Não chega a ser uma surpresa para esse povo que há vinte anos tem conseguido protelar a construção de Belo Monte. Mas não deixa de ser mais uma frustração. Frustração que vem aumentando o grau de tensão na região. Na fala dos índios era freqüente a profecia em tom de ameaça: o rio Xingu vai virar sangue. E a culpa vai ser do governo.
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