segunda-feira, 20 de abril de 2009

Mundo - Pintora iraniana será enforcada Hoje - Ir Alberto


Wálter Fanganiello Maierovitch
Delara Darabi tinha 17 anos de idade quando foi presa no Irã. Foi acusada de ter matado com uma punhalada a prima de 58 anos de idade.

Respondeu, também, por furto na casa da prima morta e por manter relacionamento sexual com o namorado Amir Hossain de 19 anos de idade: no Irã, sexo só com o casamento e a adúltera recebe pena capital.

Hoje, Delara Darabi está com 23 anos. Continua presa desde os crimes consumados em 2005. Na segunda-feira, 20, será enforcada por ter sido considerada autora da punhalada, com intenção de matar.

Pelo furto e intimidade com o namorado, cumpriu pena de 3 anos de cadeia. Recebeu, em público, 50 chicotadas pelo furto e mais 20 pelas relações amorosas com o namorado.

Delara Darabi nega ter matado a prima. Ela disse que confessou quando presa para “salvar” o namorado da pena de morte. Frisou que imaginava, pelos seus 17 anos, que não seria condenada à morte. Errou nos cálculos pois a responsabilidade criminal no estado teocrático do Irã começa aos 15 anos de idade para homens e 9 anos para as do sexo feminino.

O crime de homicídio, frise-se, consumou-se em 2005 e a sentença condenatória à pena de morte foi confirmada pela Corte Suprema em 2007.

A única chance legal para Delara Darabi seria a família da vítima, — sua prima –, aceitar uma indenização em dinheiro. O pai da condenada já fez a oferta, mas não houve aceitação. O genitor da vítima pretende renovar a proposta até o último momento, ou seja, até antes de o cadafalso se abrir e a filha ficar pendurada.

Segundo o advogado e as organizações internacionais de defesa de direitos humanos ficou provado nos autos, por laudo pericial oficial e único, que Delara Darabi é inocente. Para os peritos, o golpe de punhal foi desferido por uma pessoa destra. Darabi é canhota.

PANO RÁPIDO. Depois da China, o Irã é o país que mais condena e executa penas capitais.

No dia 18 de dezembro de 2007, — e ainda em face do impacto causado pela morte por enforcamento de Saddam Hussein–, houve Assembléia Geral da ONU para aprovar uma suspensão (moratória) das penas capitais. Dos estados-membros da ONU, 104 votaram a favor, incluído o Brasil. Ocorreram 29 abstenções. Votaram contra a moratória 54 países, dentre eles o Irã, a China e os EUA.

Segundo a Human Rights, o Irã, em 2008, enforcou oito menores de 18 anos de idade. Neste 2009, um menor já foi executado. No chamado corredor-da-morte, aguardam 150 menores de 18 anos de idade.

Para Delara Darabi, que pinta quadros na cadeia e se tornou uma pintora conhecida internacionalmente, só resta a pressão internacional por clemência ou a família da vítima aceitar uma indenização.

Vamos torcer por ela, pois pena de morte é inaceitável.


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