quinta-feira, 11 de junho de 2009

LENCINHO DE PAPEL UMEDECIDO – A CURA PARA TODOS OS MALES - Laerte Braga



O pior de toda essa movimentação em torno do acidente com o avião da AIR FRANCE é a forma como a mídia tenta definir as razões da queda do AIRBUS. Nessa correria para chegar à frente e mostrar-se melhor canal para as verbas publicitárias da empresa – e das outras, evidente – cada veículo de comunicação vai dando seus chutes, seus tiros, sem que se esqueçam das caras ou textos compungidos com a situação das vítimas e seus familiares, parte do programa lencinho de papel umedecido.

E destilando seus interesses políticos em função do esquema que representam. Caso da REDE GLOBO. Segundo os jornais, rádios e as tevês do grupo, o presidente francês Nicolas Sarkozy chegou logo ao aeroporto Charles De Gaulle para estar ao lado de parentes da vítima e Lula estava ausente, fez-se representar pelo vice-presidente José Alencar.

Sem uma única palavra nesse sentido criaram a sensação que o presidente do Brasil deveria ter deixado de lado a visita a El Salvador – posse do novo presidente daquele país – e retornar imediatamente. Não sei se esse cinismo GLOBAL teria poderes para retroagir ao momento em que o AIRBUS caiu e evitar que isso acontecesse. A aeronave pousasse suave e docemente em Paris, como previsto.

Ou tampouco se o vice-presidente da República, no exercício da presidência, não teria as credenciais que a rede julga necessárias para representar o Governo Federal num momento dramático e doloroso como esse.

Não disseram que antes de tomar o caminho para o aeroporto Charles De Gaulle, Sarkozy estava numa reunião com a SECURITÉ francesa para tentar impedir que algumas revistas publicassem a foto de sua mulher, Carla Bruni, nua, cujo original seria vendido num leilão no dia seguinte.

Transformam tragédia em espetáculo e enchem telas de tevês e páginas de jornais e revistas de gráficos inúteis mostrando pontos equivocados sobre a queda do AIRBUS, sem uma única palavra sobre a disputa que se dá entre as principais empresas fabricantes de aeronaves desse porte e a guerra surda travada tipo “o meu não cai”, “o seu cai”. O que seria mais ou menos “viaje em BOEINGS e chegue a Paris”. Mais ainda – “nossos aviões suportam tempestades de qualquer porte, os do concorrente não” –.

Como a AIR FRANCE tomou cuidados e cautelas para evitar expor os familiares das vítimas nenhum meio de comunicação conseguiu, pelo menos até agora, declarações dramáticas, arrancadas em momentos de dor e sofrimento, como fez a GLOBO quando da morte do cantor Agostinho dos Santos. Um episódio bem ao estilo Ali Kamel e todo o conjunto William Bonner e seus miquinhos.

O “espetáculo” de uma tragédia ao gosto dessa mídia manteve-se contido e frustrou editores e a turma que gosta de sangue e dor no estilo infográfico.

Uma coisa é certa. Como os últimos grandes acidentes aéreos têm acontecido com os AIRBUS a empresa vai ter que gastar uma nota de propaganda para restaurar a credibilidade. Isso é fácil. Tem sempre uma VEJA da vida disposta a culpar o piloto.

E com certeza Faustão vai mencionar o acidente em seu programa dominical lamentando o ocorrido e exigindo providências das autoridades responsáveis. É a versão GLOBO da tragédia DATENA da Bandeirantes. Naquele negócio de comentar o fato em cima do fato, falou em 11 mil quilômetros de altitude, um monte de barbaridades, mas solidário em defesa das famílias.

O ator Brad Pitt, casado com a atriz Angeline Joie, considerada uma das mais belas mulheres do mundo, revelou que nem sempre tem tempo de tomar uma ducha tal a agenda de trabalho e os compromissos familiares. Vive de lá para cá e de cá para lá.

Resolveu o problema de um jeito simples. Tem sempre ao alcance das mãos, ao final de cada dia, uma caixa de lenços de papel umedecidos. Usa-os para limpar as axilas, declarações dele e as parte ditas pudentas do corpo. Não citou a marca preferida, mas em breve, com certeza, nas telinhas o lenço de papel umedecido – e perfumado lógico – que mantém Brad Pitt ao alcance de paixões, frenesis e sempre com o frescor de quem saiu de uma ducha.

“Suo muito a camisa quando trabalho e os lenços me ajudam se não tenho tempo de tomar uma ducha”.

É considerado pela revista FORBES como a nona pessoa mais influente do mundo. FORBES é chamada de bíblia dos milionários.

Usar lenços umedecidos, não tomar duchas, é problema de Brad Pitt. No máximo diz respeito a Angeline Joie, seus filhos e os que eventualmente estejam ao seu redor.

O risco desse trem todo é o tucanato no Brasil entender que lenços umedecidos e com perfumes variados possam vir a ser a solução para a gripe suína, por exemplo. Ou para a dengue. Ou para os excluídos que não têm acesso a água potável.

Já posso supor o governador de São Paulo José Serra em campanha eleitoral dizendo que no seu estado adotou a solução lenço de papel umedecido para atender à população carente e com isso transformou aquela unidade da Federação na mais perfumada e higienizada do Brasil, diminuindo os riscos para a saúde pública.

A EDITORA ABRIL, sem concorrência é claro, passa a fabricar lenços de papel umedecidos e perfumados e o item passa a fazer parte das prioridades na área de saúde.

Para a distribuição a todos os cidadãos dentro do princípio que somos todos iguais perante a lei em direitos e obrigações, o governador terceiriza esses serviços de distribuição dos lenços. Contrata uma empresa de fogos de artifício para registrar a chegada do caminhão dos lenços a Sapopemba e discursa dizendo que para não pegar a gripe suína “é só não chegar perto do porquinho”. E como gosta de exportar seus feitos para o resto do País na ânsia de votos, veicula filmes em todo o Brasil mostrando que Serra age. Como fez com a companhia de águas de São Paulo.

E, na certa, Aécio, que disputa a indicação tucana com Serra vai retrucar com lenços perfumados, umedecidos e nas mais variadas cores. A distribuição fica a cargo das empresas que o secretário de Saúde de Minas Marcus Pestana contrata – terceirizadas – depois de montá-las através de laranjas, nos caminhões de outro laranja, que presta serviços ao seu sócio, o ex-líder da bancada tucana na Câmara Federal, Custódio Matos, ora saqueando a Prefeitura de Juiz de Fora.

Um laranjal.

E pronto, em dois tempos tucanos terão lenços umedecidos, coloridos, perfumados em todo o Brasil, grande economia de água, com uma beirada para os parceiros democratas. O ex-senador e ex-honesto Roberto Freire vai ficar encarregado de presidir o Conselho de Controle de Qualidade dos Lenços Umedecidos, Perfumados e Coloridos para o bem e a Saúde dos Brasileiros.

E todo ano, num dia do ano, como acontece com as campanhas de vacinação, haverá o dia de distribuição obrigatória dos lenços, obrigatória também para cidadãos que sejam pais de menores de 10 anos e assim passíveis de sanções caso mostrem-se descurados na educação e formação de seus filhos.

E tudo estará salvo. O JORNAL NACIONAL vai ser patrocinado pelos lenços. Ao lado de Bonner e sua parceira ficarão visíveis caixinhas contendo as preciosidades que fazem de Brad Pitt o nono homem mais influente do mundo.

Quem quiser entender melhor aguarde. Assim que tudo estiver pronto a FOLHA DE SÃO PAULO monta um infográfico com setas indicando. “Entenda os efeitos terapêuticos e curativos dos lenços ABRIL e seja você como Brad Pitt”. Um monte de linha, desenhos, curvas, etc, etc, para ninguém entender nada, mas fazer um ar de sabedoria e dizer que entendeu tudo.

É um show onde as cortinas não se fecham. E por isso mesmo dona Lu Alckimin vai lançar lenços estilizados na DASLU. Com direito a sonegação.

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