quinta-feira, 11 de junho de 2009

A TRADIÇÃO, A FAMÍLIA E A PROPRIEDADE - Laerte Braga

A idéia que tucanos só existam no Brasil é equivocada. Os daqui são conseqüência dos de fora. Ser tucano é uma espécie de estado de espírito. Espírito de porco. O jornal espanhol EL PAIS publica na edição desta sexta-feira, cinco de junho, fotos de uma festa numa das mansões existentes na região da Sardenha, Itália. Até aí tudo bem, estou passando pelo décimo andar quero ver quando chegar ao chão.

A casa é de sua excelência o primeiro ministro Sílvio Berlusconi. A foto mostra jovens descontraídas em companhia da histriônica figura e algumas em confortável topless na piscina. Uma das fotos mostra um homem nu em companhia de algumas das jovens.

Alphonsus Gabriel Capone era filho de um barbeiro e uma costureira italianos que imigraram para os Estados Unidos e nasceu no Brooklyn, na cidade de New York. Transformou-se num dos maiores chefes mafiosos dos EUA. Cuidava de contrabando e venda de bebidas durante o período da lei seca, da prostituição, do jogo e bancas específicas de corridas de cavalos.

Em 1929, aos 26 anos de idade foi escolhido um dos três homens do ano. Seus dois outros “companheiros” foram o físico Albert Einstein e o líder pacifista Mahatma Ghandi. Aqui no Brasil, em qualquer lugar do mundo, qualquer GLOBO da vida vende esse tipo de título, que nem comendador, desde que a verba seja boa. Vira “paladino do progresso e da liberdade”. Coisas assim.

Do mesmo jeito que tucanos têm bancadas na Câmara e no Senado do Brasil, Capone tinha bancada em assembléias legislativas – os tucanos também seguem à risca o modelo – senados estaduais, Câmara dos Representantes e Senado Federal nos EUA. Controlava juízes e como os tucanos, ministros da suprema corte. Lá AL CAPONE SUPREMA CORTE INCORPORATION, aqui STF DANTAS INCORPORATION LTD.

Se, porventura, seus pais o tivessem chamado de Fernando Henrique ou José Serra, ou Aécio Neves, ou Gilmar Mendes seria a mesma coisa. São apenas nomes e designam, no caso, a patologia tucana.

Sílvio Berlusconi é banqueiro – não tem diferença nenhuma de qualquer criminoso de maior porte, são iguais -, empresário – a mesma coisa – e fundou um partido político para ser o primeiro-ministro da Itália. Já está no segundo partido político continua primeiro-ministro e suas relações mais próximas com o Brasil se dão através do seu embaixador em nosso País. O dito cujo detém a chave da porta dos fundos do gabinete de Gilmar Mendes. Entra ali para tratar dos assuntos relativos a Cesare Battisti. Um ex-ativista da luta armada na Itália – década de 60 – e mantido vergonhosamente na cadeia aqui no Brasil.

Tanto por porta dos fundos, como por fundos.

Daniela Santanche, líder do Movimento para a Itália – envolve partidos fascistas e OPUS DEI – ao tomar conhecimento das fotos publicadas pelo jornal espanhol declarou que Berlusconi é um homem que se “sacrifica” pela família, pelos italianos e pela propriedade. Segundo a senhora em questão, a mulher do primeiro-ministro Verônica Lario tem um amante há algum tempo e Berlusconi aceita a situação para não prejudicar a família, a pátria e lógico, o patrimônio. É o homem mais rico da Itália e considerado um dos 20 mais ricos do mundo.

O problema é que Verônica Lario quer o divórcio. Disse isso quando viu as fotos do estóico marido ao lado de uma menor de idade. Noemi Letizia é o nome da moça. Berlusconi esteve na festa de aniversário de Noemi, convidou Noemi para a festa de Natal em sua casa na Sardenha e a moça em recente entrevista disse que ele é apenas “um papai”.

“Sou virgem” proclamou a moça em entrevista coletiva. Faltou dizer que não tem nada a ver com a Ferrari meio que desconjuntada no campeonato mundial de fórmula 1. Ou com a crise que abala países da Comunidade Européia, entre eles, lógico, a Itália. Quinto maior PIB – Produto Interno Bruto – do grupo e décimo do mundo.

O primeiro-ministro Sílvio Berlusconi é o favorito para as próximas eleições italianas. O que não significa que vá ganhar. A verdade é que segundo analistas políticos daquele país Berlusconi é produto de um vazio. A roupa suja que até então não tinha causado maiores estragos ao banqueiro, empresário e dono da AC Milan, começa a abalar a reputação de sua excelência, justo no país onde se acha o enclave chamado Vaticano, sede da Igreja Católica Romana.

Intra-muros já se diz que respeitáveis integrantes do cardinalato católico fizeram chegar a Berlusconi, católico de quatro costados, que é necessário maior comedimento nesses eventos pagãos. Vale dizer, tomar providências para que os escândalos não venham a público. E se a denúncia de Daniela Santanche se confirmar, um suposto amante da mulher de Berlusconi a fama de super-homem vai para o espaço e aí nem um golaço de Kaká, nem Sophia Loren a notável atriz italiana, mas simpatizante declarada do fascismo.

A coisa está mais para Cicciolina que para tradição, família e propriedade, valores que Berlusconi vive a repetir e dos quais se proclama principal guardião na Itália.

Toda essa confusão deveria dizer respeito apenas a Berlusconi e ao resto da turma envolvida. Estende-se a todo o mundo quando o cidadão em epígrafe é primeiro-ministro da Itália e mistura a res pública com a res privada.

Não tem como dar descarga.

Exceto se morasse no Brasil. Deu bobeira, poderia ter aprendido com FHC. Bastava namorar uma jornalista da GLOBO – o que não significa que todas sejam namoráveis nesse nível – e no contratempo de um filho renegá-lo, conseguir a transferência da namorada para o exterior, polpudo salário e verbas públicas para regar a mídia. Por aqui foi a GLOBO. Que é também uma espécie de guardiã desses valores – tradição, família e propriedade –, mas segundo os critérios de gente como Berlusconi. Depende de quanto vai ser pago.

O deles no bolso. O resto é fachada, hipocrisia.

Qualquer semelhança com o diretor de jornalismo da GLOBO Ali Kamel não é coincidência, é mau caratismo mesmo. O dito vai e faz uma palestra onde estudantes contrários e que protestam contra o jornalismo marrom da rede são proibidos pelo reitor da Universidade – cumprindo ordens do todo poderoso do jornalismo global – de entrar. E quando entram, na marra, com apoio de professores, Kamel diz que não sabia de nada.

Como FHC. Não sou o pai. Ou como Berlusconi, na visão de Daniela Santanche no Movimento pela Itália. “Sílvio sacrifica-se pela sua família, pela pátria e pela propriedade valores da grande Itália que sonhamos e estamos construindo”. É importante notar que num país europeu onde o hábito é referir-se a quem não se conhece ou a autoridades pelo sobrenome, a senhora em questão, dona Daniela, chama o primus inter pares de “Sílvio”. Deve ter confundido com o lateral esquerdo do Barcelona, o brasileiro Silvinho. Futebol é um dos ramos de Berlusconi e quando Lula lá esteve o “notável” homem público disse ao brasileiro que “sou o dono de Kaká e Ronaldinho Gaúcho”.

Esqueceu-se de dizer que é dono de Gilmar Mendes ainda no Brasil. Que se acha dono da Itália e dos italianos e que foi admoestado – termo exato afinal trata-se de uma rainha com cinqüenta anos de coroa – pela rainha Elizabeth II por ter chamado o presidente Obama dos EUA com um grito ao fim de uma dessas fotos coletivas de chefes de governo.

“Mr. Obama...”

“Senhor Berlusconi mais respeito com as pessoas, não se fala aos gritos aqui”. Foi o que disse sua majestade que levou um baita susto com a voz de tenor do primeiro-ministro.

Al Capone tinha fama de devasso. Valeu-lhe uma sífilis. Doença quase fatal à época e hoje ainda de muita gravidade. Berlusconi já nasceu com sífilis. Só que numa etiologia ainda desconhecida da medicina – sífilis mental –.

Capone era uma variável do tucanato. Um dos precursores dos DEMocratas. São seres unicelulares que juntaram ao longo da história se transformando em multicelulares – não confundir com o telefone – e gerando epidemias as mais variadas nos mais diversos países do mundo e que se voltam diariamente para New York, Wall Street, assim que o sino toca. Aí deu a pandemia capitalismo.

Sacam os revólveres, podem ter a forma de juros, extorsões, chantagens, neoliberalismo, casas bancárias, montadoras de automóveis, etc, etc, mineradoras e cultuam o deus mercado. Os coroinhas via de regra são conhecidos como Pastinha.

Ah! Berlusconi apóia o estado terrorista de Israel. O governo de Tel Aviv encheu uma determinada região de Londres de cartazes imensos com propaganda das excelências do país para turistas. Entre as regiões incluiu Gaza e Cisjordânia, terras palestinas. São golpistas antigos, acostumados à arte de larapiar. Foram obrigados a retirar os cartazes pela justiça britânica.

A culpa disso tudo é do Irã.

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