Espetáculo
narra tortura e resistência de mulheres brasileiras à Ditadura Vargas e ao Golpe
Militar de 64
Depois
de estrear no Festival Internacional de Curitiba e permanecer em cartaz por 4
meses em Ribeirão Preto, “Mulheres Vermelhas”, chega a São Paulo para curta
temporada no Teatro Studio 184, da Praça Roosevelt.
Dirigida
pelo jornalista Gilson Filho e construída na linha do teatro narrativo, a peça
traz ao palco memórias de uma geração de brasileiras que estiveram presentes nas
diferentes instâncias da luta contra regimes totalitários. O espetáculo conjuga
dois períodos históricos, proporcionando recorte temporal que tem seu início em
1928 na Alemanha Nazista, passa pela Era Vargas e Golpe Militar de 64, chegando
a 1979 quando foi instituída a Anistia no Brasil.
Com
depoimentos verídicos extraídos das obras “Mulheres que foram à luta armada”, de
Luis Macklouf de Carvalho; “Luta, substantivo feminino”, de Tatiana Merlino; “A
resistência da mulher à ditadura militar no Brasil”, de Ana Maria Collins e
“Sombras da repressão, o outono de Madre Maurina Borges”, de Matilde Leone, o
texto narra tempos de forte ideologia e participação massiva de mulheres
brasileiras na luta revolucionária. Por
setenta minutos, 25 atores, músicos e dançarinos profissionais, com música ao
vivo, desfilam as historias de Olga Benário Prestes, Maria Werneck, Damaris
Lucena, Rose Nogueira, Hecilda Fontelles Veiga, Marise Egger Moellwalde,
Eleonora Menicucci, Maria Diva de Faria, Dulce Maia, Maria Amélia de Almeida
Telles, Cecília Coimbra, Gilse Cocenza, Maria Aparecida Santos, Áurea Moretti,
Madre Maurina Borges, entre outras
A
temática, segundo Gilson Filho, não faz proselitismo político e está sintonizada
com a necessidade de defesa dos direitos humanos, o mesmo que inspira a
“Comissão da Verdade e Reconciliação”. Essa postura humanista, segundo ele,
fortalece a prática democrática e o exercício da cidadania, com a preocupação de
mostrar “fragmentos da vida privada de pessoas que se entregaram a uma causa
pública, resistindo a ditaduras militares, ao nazifacismo e que foram mortas ou
barbaramente torturadas.” A concepção do espetáculo foi inspirada no teatro
narrativo com base em trabalhos teóricos de Walter Benjamin e Bertolt Brecht,
que leva o espectador a se envolver mais criticamente. Renato Ferreira,
terapeuta psicocorporal que preparou o elenco junto com o diretor, usando as
técnicas de Etienne Dacroux e Rudolf Von Laban, disse que sensibilizou os atores
para passar a informação no aqui e agora também através do físico. Gilson Filho,
que já passou pelo teatro de São Paulo nos anos 60 e vive em Ribeirão Preto há
quase 30, procurou fazer com que a encenação esteja “a serviço da busca de um
equilíbrio entre a composição estética, a transmissão do enredo e o estímulo à
reflexão”. Mesmo sem intenção, garante o diretor, “é difícil as pessoas não
saírem emocionadas ao final do espetáculo, especialmente os que passaram pelos
mesmos problemas e voltam ao clima da época ao som de Chico Buarque, Milton
Nascimento e João Bosco, por exemplo”.
Serviço:
Mulheres
Vermelhas – Cia Nuvem da Noite – IREC
Duração
75’
De 12
a 15 de Julho
Teatro
Studio 184 – Praça Franklin Roosevelt 184 –São Paulo – 70 lugares
Horário:
21hs
Ingressos:
R$ 20 e R$ 10
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