quarta-feira, 4 de julho de 2012

Dilma - Cada vez menor - Laerte Braga

O grande equívoco de Dilma Rousseff é imaginar que seja presidente do Brasil. E por conseqüência sonhar com a reeleição. Não que isso, a reeleição, seja impossível. Seu partido o PT (Partido dos Trabalhadores) é cada vez mais um PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) com cores e nuances diversos. Nada além disso, o fundo é igual. Nesse jogo as políticas populistas que herdou de Lula funciona.


Cedo ou tarde Dilma Roussef vai perceber que está esquentando a cadeira para a volta de Lula e aí lhe restará decidir se de fato vai manter a cadeira quente para o ex-presidente, ou vai buscar vôo solo, enfrentando o seu criador. É esse o horizonte político da presidente, do ex-presidente e do clube de amigos e inimigos cordiais de Brasília.
Dilma é economista e pensa o Brasil segundo a nova ordem econômica mundial. É neoliberal na essência e a "presidente" não foge desses conceitos em sua política econômica, cerne do seu governo.
Tem um viés autoritário de quem sabe tudo e mostra não se importar de virar à direita sempre que a guinada for necessária. Bater de frente, no entanto, com o capitalismo e suas garras que começam a tomar ares golpistas na América Latina, isso de jeito nenhum.
Faz que grita, que protesta, mas engole, afinal o chanceler é Anthony Patriot (alguns chamam de Antônio Patriota) e neste momento o Brasil perde o chanceler do MERCOSUL, um dos mais qualificados diplomatas de toda a história da diplomacia brasileira, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.
O golpe "constitucional" contra o governo de Fernando Lugo no Paraguai foi a gota d'água. No meio da estrada, quando enxergou a bifurcação, um lado ou outro, Dilma fez que ia para o caminho da democracia e virou feio no caminho de disfarçar a legitimação da derrubada do presidente paraguaio.
As "sanções" contra o governo golpista do Paraguai são para inglês ver. Ganhou o sinal verde de Lula, quando o ex-presidente declarou que o Brasil deve manter distância do novo "governo", até que "eleições recoloquem o Paraguai no caminho da democracia". "Eleições" legitimaram o golpe militar em Honduras, também travestido de "constitucional.
Em entrevista ao jornal FOLHA DE SÃO PAULO, edição de 29 de junho, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães afirma que "há um neogolpismo na América do Sul, promovido pelas classes tradicionais, hegemônicas, que enfrentam governos populares. Essas classes tradicionais, diante da vitória de candidatos progressistas, constroem todo uma teoria que foram eleitos, mas não governam democraticamente, de que fazem políticas populistas, de que são contra a liberdade de imprensa (deles) e assim por diante. Constroem e favorecem na sua mídia uma imagem de que tais governos são não realidade ditaduras e criam o clima para sua derrubada, com auxílio muitas vezes externo"
E mais – "a reforma agrária pretendida pelo governo Lugo seria uma das principais razões para o golpe, assim como o início de um movimento popular para reformar o sistema eleitoral de listas fechadas que beneficia oligarquias agrárias e corruptas ligadas ao comércio exterior. Certamente a queda de Lugo não contraria a política exterior americana, assim como a erosão do poder e da unidade do MERCOSUL e o enfraquecimento dos governos progressistas do Uruguai, do Brasil e da Argentina. O projeto dos EUA para a América do Sul não é o MERCOSUL e sim as mini-Alcas bilaterais, Aliança do Pacífico".
Um dos acordos mais lesivos ao Brasil foi firmado no governo Lula o de livre comércio com Israel que permite a entrada de grupos sionistas em nosso País. Controlam em pouco tempo setores essenciais da economia e já provocam mudanças substanciais na política externa do Brasil. Como a reforma constitucional promovida por FHC que permitiu a participação de grupos estrangeiros em veículos de rádio e telecomunicações.
Sobre os riscos da democracia na América Latina, Samuel Pinheiro Guimarães disse o seguinte – "Sim, permanentemente. A América Latina é o continente de maior concentração de renda do mundo. Em regimes democráticos, os candidatos progressistas são eleitos para cargos majoritários (presidentes), enquanto os que representam as classes hegemônicas tradicionais controlam os Legislativos. A tentativa de realizar programas sociais, que implicam em distribuição de renda, encontra forte resistência e aí começam as manobras do neogolpismo".
Como o senador John McCain foi o principal introdutor do golpe contra o presidente Manoel Zelaya em Washington, passando por cima do presidente Barack Obama e obtendo o reconhecimento do processo golpista, o senador Álvaro Dias, do Paraná, por onde o Paraguai exporta – Porto de Paranaguá – cumpre esse papel no Brasil.
Há um detalhe no golpe contra Lugo. Cerca de 400 mil proprietários rurais no Paraguai são brasileiros, a maior parte formada por latifundiários que ganharam terras na ditadura Stroessner e hoje são associados tanto ao latifúndio brasileiro, como a empresas líderes no agronegócio, caso da MONSANTO e da DOW CHEMICAL.
Na prática o Paraguai hoje é BRASILGUAI S/A, uma corporação controlada por latifundiários, empresas do setor e as elites paraguaias, como sempre, servis e prontas a carregar pastas de figuras assim, padrão Álvaro Dias. Não por acaso o irmão do senador é o governador do Paraná, Osmar Dias.
No seu livro QUINHENTOS ANOS DE PERIFERIA, editado pela CONTRAPONTO em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 3ª. Edição, 2001, o embaixador afirma que "a grande estratégia militar dos Estados Unidos poderia ser resumida na idéia de manter a hegemonia militar adquirida na Segunda Guerra Mundial, em termos de presença e de liderança tecnológica, de modo a garantir a expansão econômica pacífica dos interesses americanos, o bem estar e a segurança da sociedade americana".
E mais além – "impedir a emergência de potências militares capazes de desencadear conflitos e de contestar ainda que regionalmente, a hegemonia americana". Ou – "além disso, a política de exportação de armas de segunda geração e mesmo de equipamentos sofisticados visa suprir a demanda das Forças Armadas em países periféricos ao mesmo tempo que contribui para reduzir a veleidade de desenvolvimento de indústrias bélicas nacionais".
No caso específico do Brasil a indústria bélica foi sucateada, caso da IMBEL e da ENGESA, como hoje o que resta está sob controle de grupos sionistas, no delírio lulista de Brasil potência. Nas privatizações de FHC, no caso a da EMBRAER.
"Proteger os interesses americanos em terceiros países, se necessário pela força e, em especial, assegurar o acesso a insumos básicos como o petróleo".
Que o digam o Iraque devastado pelo terrorismo norte-americano, a Líbia e todo o Oriente Médio submetido ao nazi/sionismo de Israel, ou o Irã, sob constante ameaça desse padrão terrorista que faz dos EUA um grande conglomerado e não mais a nação norte-americana. ISRAEL/EUA TERRORISMO HUMANITÁRIO S/A.
"Manter uma capacidade de intervenção militar direta rápida em qualquer região do mundo". O presidente do Paraguai já está solicitando a presença de militares norte-americanos para "aconselhar" seu governo, numa região delicada para o Brasil. Itaipu, a binacional dos dois países e o Aqüífero Guarani, o quinto maior do mundo.
E o tal Conselho de Segurança da ONU – "implantar por tratado uma organização política internacional, de âmbito universal, de duração indefinida e garantir o direito de veto dos Estados Unidos nas decisões dessas organizações e a preponderância das decisões do governo americano sobre qualquer decisão internacional".
É, sem tirar nem por o que está acontecendo em todo o mundo, começa a acontecer na América Latina e Dilma pensa que preside o Brasil e que somos uma potência mundial.
Quando do anúncio do Ministério da presidente o noticiário da mídia norte-americana proclamou um "alívio" do governo dos EUA com a saída do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos.
Foi substituído por Moreira Franco, indicação do PMDB, nessas alianças que terminam em Paulo Maluf e mostram um Brasil cada vez mais submisso a interesses da matriz.
Na crise que resultou na derrubada do presidente do Paraguai e na transformação daquele país numa grande empresa de latifundiários brasileiros e brasilguaios, associados a empresas do agronegócio, Dilma saiu bem menor que já era. E pior, dois fatos negativos de uma só vez a mostrar a verdadeira dimensão da presidente (?). O fracasso da Rio + 20 e o golpe contra Lugo. O terceiro? O pedido de demissão de Samuel Pinheiro Guimarães.
Tem mais ainda – "a estratégia militar para a América Latina tinha como objetivo central manter as Américas como zona de influência militar exclusiva americano. Esse objetivo seria alcançado por meio de influências sobre o pensamento estratégico militar, através de programas de formação de oficiais e da defasagem tecnológica das Forças Armadas, de acordos de venda de equipamentos de segunda ou terceira geração e da garantia de acesso preferencial americano às matérias primas estratégicas da região".
Temos uma força armada que pensa como americana, em sua esmagadora maioria, é formada na escola militar golpista de Honduras, ocupa o Haiti para controlar o trânsito e reprimir movimentos populares como polícia da ONU e nossos equipamentos são de segunda e terceira gerações, tanto quanto matérias primas estratégicas, o caso do nióbio, é de fácil acesso aos donos do mundo.
Como o Manifesto do Partido Comunista escrito por Karl Marx e Engels, ao ser lido, sugere que foi escrito hoje, o livro de Samuel Pinheiro Guimarães é assim também.
O Brasil continua periférico e Dilma brinca de governar e de Brasil potência.

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