domingo, 15 de julho de 2012

COMO VENDER UM PAÍS - FHC - Laerte Braga

Ao mesmo tempo em que a Mercedes (e outras empresas) financiavam a Operação Bandeirantes para dar suporte à repressão contra os resistentes ao golpe de 1964, Fernando Henrique Cardoso desfilava de Mercedes em Santiago do Chile (onde estava “exilado”), já dentro do bolso da Fundação Ford.
Foi um dos fundadores de um organismo voltado para a América Latina cujo principal objetivo era abrir as portas para o controle norte-americano sobre essa parte do mundo e em particular o Brasil, até então, a principal potência latino-americana.
O grande receio dos EUA é que o Brasil retomasse programas nucleares com caráter militar, acentuasse o controle de tecnologias de foguetes e satélites e recuperasse o poder de empresas como a ENGESA e a IMBEL (indústria bélica).
Uma força armada bem equipada, detentora de tecnologias de ponta nesses setores considerados estratégicos para o domínio que mantêm sobre o mundo, não interessava e nem interessa aos norte-americanos.
E principalmente independente. Livre das lavagens cerebrais das escolas de formação de golpistas e torturadores espalhadas por todo o mundo.
Fernando Henrique foi decisivo nesse processo de submissão e isso vem a tona agora com novas revelações do site WIKILEAKS, como explica a sede que os Estados Unidos têm sobre Julian Assange, ora refugiado na embaixada do Equador em Londres.
Telegramas da Embaixada norte-americana em Brasília mostram o inteiro teor das pressões e do controle sobre as pretensões brasileiras e sobre FHC, homem chave no processo de recolonização do Brasil, como de resto, o tucanato.
Num dado momento as esperanças foram depositadas em Collor de Mello. Empossado na presidência da República o caçador de marajás foi até a Serra do Cachimbo fechar um “buraco”, aparentemente destinado a experimento com armas nucleares desenvolvidas pelo Brasil.
Os telegramas mostram as pressões sobre o governo da Ucrânia no caso do acordo de uso da base de lançamentos em Alcântara.
A mídia, dócil e no bolso dos EUA, nunca tratou dessa questão.
Para reconstruir a avidez com que FHC se jogava no braço do poder na tentativa de implementar o projeto norte-americano para o Brasil basta lembrar alguns episódios.
No início do processo de impedimento do ex-presidente Collor de Mello, em meio ao naufrágio, Collor tentou salvar-se oferecendo ao País a nomeação de FHC como uma espécie de primeiro-ministro, na presunção de dar credibilidade ao seu governo. Sem consultar a ninguém em seu partido, mas recebendo ordens de fora, o então senador disse a imprensa que estava pronto para colocar ordem na casa.
Houve fortes reações, a queda de Collor era inevitável e FHC ficou falando às moscas.
Quando Tancredo foi eleito presidente da República FHC ofereceu-se para ser ministro e foi rejeitado com um comentário jocoso e depreciativo do ex-presidente. Virou ministro de Itamar, terminou candidato a presidente e traiu ao próprio Itamar no golpe branco da reeleição.
E foi por aí que a venda do Brasil ganhou contornos nítidos através de privatizações, abertura do mercado financeiro para bancos estrangeiros, controle da mídia por grupos estrangeiros (o grupo Murdoch é sócio das Organizações GLOBO e se tirar o capital que tem lá a empresa quebra).
O fim do monopólio estatal do petróleo (na hora agá faltou peito para privatizar a PETROBRAS, nem a direita das forças armadas aprovava), mas entregou o subsolo de boa parte de nosso território à VALE, abriu as portas para a crescente internacionalização da Amazônia e entregou setores estratégicos como a EMBRAER, a essa altura, já detentora de tecnologias capazes de em curto prazo transformá-la em concorrente das grandes empresas do mundo, notadamente as norte-americanas.
Assinou o tratado de prescrição de armas nucleares e colocou o Brasil a reboque dos EUA, mais ou menos como nossas forças armadas responsáveis pelo trânsito nas ruas do Haiti, isso já no governo Lula.
Alcântara só não virou território norte-americano dentro do Brasil por conta da rejeição pelo Congresso e pelo governo Lula de um tratado nesse sentido.
O principal acionista dos EUA, o Estado terrorista de Israel, em função de toda essa engenharia de entreguismo tucano/FHC, é hoje o controlador também da indústria bélica brasileira.
A Lula coube, no início de seu governo, rejeitar o tratado que cedia Alcântara e depois escancarar o País no acordo de livre comércio com Israel (uma no cravo e outra na ferradura).
As tecnologias essenciais a uma independência real e efetiva nesse novo mundo neoliberal, capazes de permitirem uma alternativa a essa forma de totalitarismo capitalista, foram para o espaço. FHC foi mais ou menos 50 anos para trás.
O caráter de FHC pode ser visto em mais dois fatos determinantes.
Quando George Bush decidiu invadir o Iraque com a desculpa das armas químicas e biológicas a AGÊNCIA INTERNACIONAL NUCLEAR era presidida pelo embaixador brasileiro José Maurício Bustani, um dos mais categorizados diplomatas brasileiros. Bustani reagiu às pressões dos EUA e os relatórios dos inspetores enviados ao Iraque não eram conclusivos sobre a presença das ditas armas.
Bush passou por cima do Conselho de Segurança depois de criar armadilha para Bustani e destituí-lo da Agência com falsas acusações. Países que estavam em débito com a citada Agência tiveram suas dívidas quitadas pelos EUA e adquiriram direito de voto destituindo Bustani. FHC ficou calado, aceitou o insulto sem reagir, típico de canalhas. É remunerado pela Fundação Ford, está na “folha”.
Na eleição de 2010, fato denunciado por este jornalista com fotos e testemunhos, participou de um evento em Foz do Iguaçu, junto a investidores norte-americanos, onde anunciou que a eleição de Serra significaria a privatização de tudo aquilo que não fora possível privatizar em seu governo (a denúncia que fiz foi a partir de corajosos companheiros que fotografaram FHC no evento, anotaram seu discurso e o evento foi promivod por um “ex” diretor da GLOBO).
Por mais graves que sejam quaisquer outros fatos desta semana que termina, esse é o mais grave, pois mostra o tamanho do processo de ocupação do Brasil. É preciso repensar a luta. O governo Dilma é fraco, tem se mostrado incapaz de enfrentar e reverter esse processo, pratica políticas neoliberais, o PT hoje é um PSDB disfarçado no clube de amigos e inimigos cordiais do mundo institucional. O mundo do sai Demóstenes, entra outro empregado de Cachoeira.
Toda essa história pode ser lida, inclusive alguns telegramas, no artigo do jornalista Beto Almeida no link
Essa é a demonstração cabal que a luta é nas ruas, não no mundo institucional.

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