terça-feira, 25 de agosto de 2009

Utopia - É Lugar nenhum, logo inexistente - TSM

O acordo Brasil-Vaticano - Terra Sem Males


Apesar da oposição de igrejas cristãs tradicionais, igrejas evangélicas e grupos ateus, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou parecer recomendando a ratificação da Concordata firmada no final do ano passado entre o Brasil e o Vaticano. A proposta vem tramitando em regime de urgência, sob forte pressão da Igreja Católica, e, graças a um acordo de lideranças, poderá ser submetida à votação de plenário nos próximos dias. Se for aprovada, seguirá para o Senado.
Envolvendo temas que sempre deram margem a polêmicas, como ensino religioso nas escolas públicas de um Estado laico, os 20 artigos da Concordata assinada pelo presidente Lula e pelo papa Bento XVI foram negociados durante um ano. Sob a justificativa de reunir leis esparsas e dar forma jurídica a um intercâmbio que já existia, a iniciativa partiu do Vaticano. Durante as negociações, o Itamaraty recusou as propostas de oficialização de feriados católicos e permissão para a entrada de missionários em áreas indígenas, mas acatou as demais solicitações do Vaticano.

Além da questão do ensino religioso, três pontos do acordo merecem destaque. O primeiro é a concessão de isenção fiscal para rendas e patrimônio de pessoas jurídicas eclesiásticas. O segundo é a manutenção, com recursos do Estado brasileiro, do patrimônio cultural da Igreja Católica, como prédios, acervos e bibliotecas. O terceiro é isenção para a Igreja Católica de cumprir as obrigações impostas pelas leis trabalhistas brasileiras.

Independentemente de suas implicações morais, essas três concessões ao Vaticano esbarram em problemas jurídicos e são incompatíveis com o Estado laico que nossas Constituições consagram desde a proclamação da República, no final do século 19. A concessão de isenção fiscal para pessoas jurídicas eclesiásticas, por exemplo, pode abrir um perigoso precedente, pois as demais igrejas sentir-se-ão estimuladas a invocar o princípio da isonomia para exigir o mesmo benefício. A Constituição, na alínea b do inciso VI do artigo 150, proíbe a União de instituir impostos sobre "templos de qualquer culto". Tributaristas alegam que o texto da Concordata é impreciso, abrindo campo para a ampliação do benefício, que poderia ser aplicado não só aos templos, mas a todos os negócios da Igreja Católica, que é dona de editoras, rádios e escolas. Além disso, que medidas legais poderão ser tomadas pelo Estado brasileiro no caso de mau uso da isenção fiscal de receitas e ativos da Igreja Católica?

No que se refere à manutenção do patrimônio cultural da Igreja Católica com dinheiro dos contribuintes - muitos dos quais, diga-se, são ateus ou seguidores de outras religiões -, os problemas jurídicos são ainda mais graves. O artigo 19 da Constituição é preciso ao determinar que o Estado não pode "subvencionar igrejas". E, mesmo que pudesse, faz sentido destinar recursos públicos para o custeio de bens que, segundo a Concordata, permanecerão sob gestão, custódia e salvaguarda de ordens religiosas? A Igreja Católica terá de se submeter à fiscalização dos Tribunais de Contas, como a lei brasileira prevê, ou gozará de autonomia, valendo-se da condição ambígua de ser formalmente subordinada ao Estado do Vaticano?

Por fim, ao eximir a Igreja Católica de obrigações trabalhistas, classificando a relação jurídica de padres e freiras como "vínculo não empregatício", sob a justificativa de que eles exercem uma função "peculiar", de "caráter apostólico, litúrgico e catequético", a Concordata comete dois pecados jurídicos. Além de dar tratamento privilegiado à Igreja Católica enquanto empregadora, violando o princípio da igualdade das partes perante a lei, ela não pode passar por cima dos dispositivos do artigo 5º da Constituição que asseguram o livre acesso à Justiça e determinam que "a lei não excluirá da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça ao direito". Como é "cláusula pétrea", o artigo não pode ser revogado.

Evidentemente, as chancelarias do Brasil e do Vaticano estavam conscientes desses problemas quando negociaram a Concordata. Talvez tenha sido por esse motivo que o texto tenha ficado muito retórico. A retórica parece ter sido a estratégia para tentar contornar os problemas jurídicos mais gritantes do acordo firmado por Lula e Bento XVI.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090824/not_imp423560,0.php

1º FÓRUM ESPIRITUAL MUNDIAL - Carta da Cidadania Planetária (Documento Final do Fórum)- Barbet


Em todos os continentes, espalham-se fóruns e redes de organizações sociais que buscam a Paz, a Justiça e maior comunicação entre a humanidade e a natureza. Os Fóruns Econômicos e Sociais Mundiais, grandes avanços da humanidade, representam visões importantes, mas parciais, de como deve ser o mundo. Em comunhão com todo esse processo internacional, nós, participantes do 1º Fórum Espiritual Mundial, em busca de "um novo mundo possível", reunidos em Brasília, de 6 a 10 de dezembro de 2006, em um coro de muitas vozes, afirmamos que as propostas econômicas e sociais não têm, isoladamente, como solucionar satisfatoriamente os problemas da humanidade. Urge uma perspectiva espiritual, baseada no amor universal. Espiritualidade constitui, afinal, o campo fértil de onde surge a sabedoria e a ética do amor, ampliando os significados da existência humana. É a percepção da unidade entre todas as coisas e da sacralidade que permeia o existir.

Acreditamos que a vida é regida por leis cósmicas. A água molha, o fogo queima, a chuva cai, a semente germina, o botão se transforma em flor, ao inverno segue a primavera, ao verão segue o outono, o amor constrói, traz felicidade e alegria. Cosmo, galáxias, sóis, planetas, minerais, céu, terra, nascentes, rios, oceanos, vegetais, animais, seres humanos são interdependentes e complementares. Do macrocosmo ao microcosmo a teia da vida é única. A vida é inteligente e amorosa, tudo faz parte de um equilíbrio perfeito e harmonioso.

A evolução científica, tecnológica, política e econômica constitui uma bênção para a humanidade. Mas, certamente, precisa de um ingrediente, um complemento mais significativo, mais efetivo, mais profundo, para que cada ser humano e a humanidade encontrem um estado de inteireza e felicidade. A falta de percepção da interdependência e complementaridade de toda a vida gera a visão individualista, materialista, a ilusão de separatividade. É necessária a percepção da irmandade de todos os seres viventes, de todos os reinos, de todas as raças, etnias, credos, gêneros e classes sociais. Todos pertencemos a uma mesma fonte de vida, somos todos feitos do mesmo barro. A nossa família é a humanidade e todos os seres que compõem a teia da vida, filhos e filhas da Terra.

Assim, a base fundamental para a construção de uma sociedade digna está na percepção da unidade da vida, que deve se revelar através da solidariedade efetiva, real, com atos concretos de sensibilidade, fraternidade, ética, simpatia, gentileza e cuidado. São atitudes que dependem da transformação de cada um de nós, da expressão de nossas potencialidades internas. Nenhum regime, sistema ou forma de governo, instituição política ou econômica pode, por si só, garantir uma sociedade digna. Somente com a incorporação, em nossas vidas, da solidariedade, da fraternidade, do afeto, da amorosidade, da espiritualidade e da ternura poderemos alcançar um saudável relacionamento humano e planetário. Não há ideologia superior à solidariedade.

Dentro desta perspectiva, é essencial uma nova ótica, uma nova visão filosófica que começa com o respeito e a valorização da diversidade, amplia-se na percepção da unidade da vida e se completa com uma nova atitude. Esse novo olhar – com os olhos do coração – deve mudar as nossas motivações e intenções para que sejam altruístas, promovendo uma revisão de nossos valores.

A revisão necessária deverá atingir a dimensão econômica, colocando-a a serviço da sustentabilidade e da justiça social. A revisão será necessária às instituições políticas e educacionais, que precisam repensar seus papéis na formação de uma civilização solidária que expresse suas inspirações maiores: felicidade, paz, respeito, autenticidade, harmonia e cooperação. Essa revisão deve chegar às instituições religiosas, para que se adaptem às necessidades de seu tempo, atualizando e aprofundando seus ensinamentos e gerando seres humanos maduros, mais sábios e responsáveis, capazes de amar e de trabalhar ombro a ombro com os diferentes. Nosso futuro depende de se alcançar a genuína sabedoria espiritual, pela integração das diferentes visões, sejam científicas, filosóficas, religiosas ou pela disposição de entregar-se ao profundo encontro com a energia do sagrado, seja qual for o nome que a ela se dê, já que essa força é a fonte de sabedoria profunda e do amor sem fronteiras. Não há ética verdadeira que não provenha dela.

A educação deve privilegiar os valores éticos; as ciências da saúde devem estar voltadas para uma percepção integral do ser humano; a economia e a tecnologia devem estar dirigidas prioritariamente para as necessidades humanas e planetárias; a política deve ter como base primordial a ética, o serviço público, o interesse coletivo; as religiões devem estar direcionadas para a espiritualidade, a religiosidade, a tolerância, o respeito mútuo e essencialmente para a irmandade universal; a sociedade deve formatar novos paradigmas lastreados na solidariedade e na proteção da vida. Todos os setores de atividades devem estar permeados de espiritualidade, de fé na sacralidade da vida, de atuação positiva, para o bem, para a plenitude do ser.

Em nossas efêmeras e transitórias vidas, somos os cidadãos e cidadãs do Planeta. As divisões que criamos são artificiais, um equívoco, eis que o Planeta é um só. Somos os tripulantes da Nave-Terra, somos a própria Terra, e é fundamental a união amorosa de todos, para uma viagem feliz, para a preservação da humanidade e da vida planetária, nessa saga maravilhosa da nossa Mãe-Terra girando harmoniosamente rumo ao infinito.

O mundo somos nós, seres cósmicos. Assim sendo, temos o poder de transformá-lo em um mundo melhor. A vida é regida por leis cósmicas confiáveis, o que nos permite agir com segurança para a mudança da vida planetária. Há uma perfeita e dinâmica correlação entre causa e efeito. Queiramos ou não, somos inexoravelmente responsáveis pelo mundo que temos, por ações ou omissões. Como ativistas da paz, haveremos de criar uma massa crítica que permita estabelecer novos paradigmas. Cada um de nós é um elo da corrente que une todas as criaturas. É preciso criar a consciência coletiva da responsabilidade individual, atuando para substituir o egoísmo pelo altruísmo, o individualismo pela solidariedade, o consumismo pela simplicidade, o ter pelo Ser, o materialismo pela espiritualidade.

Que cada um de nós possa assumir consigo mesmo, com o Eu interior, com a consciência, com a Humanidade e com Planeta um compromisso que tenha o seguinte conteúdo: "Consciente de que a edificação de uma sociedade justa depende da transformação individual de cada ser humano, comprometo-me a atuar - com amor, inteligência e solidariedade - empenhando o melhor de minhas capacidades e habilidades para a construção de uma sociedade livre, igualitária, fraterna, buscando proteger a vida planetária e construir uma organização social justa e digna, reconhecendo que minha família é a humanidade e que estou irmanado com todos os seres viventes”.



RECOMENDAÇÕES



O 1º FÓRUM ESPIRITUAL MUNDIAL aprova as seguintes recomendações:

a) promover a fraternidade entre todos os seres, - independentemente de reino, raça, etnia, gênero, credo, classe social -, como fundamento básico para a organização da sociedade e para a atuação política;

b) apoiar o trabalho das Nações Unidas e de outras organizações nacionais e internacionais na construção da paz mundial e na defesa dos direitos humanos;

c) fomentar a atuação harmônica e consensual para a integração política e econômica dos povos, respeitadas as culturas, as religiões, as tradições e as línguas locais;

d) fomentar a educação e o estudo comparativo de culturas, tradições religiosas, filosóficas, ciências e artes visando a maior aproximação e integração entre os seres humanos e os povos;

e) conscientizar a sociedade para a proteção da vida e a conservação do ambiente natural, em defesa da manutenção da biodiversidade, da flora e da fauna, dos rios, dos lagos e das nascentes; atuar para que aqueles que causaram ou venham a causar danos à natureza, notadamente aos mananciais hídricos, recomponham os ecossistemas;

f) empenhar-se em prol do desarmamento mundial e da eliminação das minas terrestres;

g) propor às Forças Armadas o direcionamento de seus efetivos para a execução de tarefas voltadas para o estabelecimento da justiça social e da defesa do equilíbrio ecológico planetário;

h) instituir um documento de identidade pessoal reconhecido em todo o Planeta;

i) incrementar a realização de plebiscitos como forma de valorizar a cidadania e ampliar a democracia direta e participativa;

j) propugnar pela democratização dos meios de comunicação, com o objetivo de garantir a todos a divulgação de suas idéias e pensamentos; trabalhar para que a mídia assuma o compromisso ético de estar a serviço dos valores que edifiquem e fortaleçam uma cultura de paz entre todos os seres;

l) propor a criação de uma unidade monetária, em âmbito planetário, a partir do respeito e da valorização da economia solidária e da vida das comunidades mais carentes;

m) defender uma legislação justa com a valorização do Estado de Direito;

n) criar mecanismos e sistemas que possibilitem a efetiva participação de todos na vida política, econômica, cultural e social em âmbito planetário;

o) desenvolver o respeito aos direitos individuais e coletivos e à pluralidade e à diversidade de idéias e pensamentos;

p) garantir igualdade de oportunidades a todos, sem quaisquer discriminações, com a erradicação da miséria;

q) promover o acesso de todos à educação, em especial a educação de valores;

r) promover o acesso à saúde, com adoção de vida saudável e alimentação natural;

s) instituir ações que promovam mudanças nos hábitos de consumo, de modo a substituir consumo exacerbado pelo consumo consciente, com o uso equilibrado dos recursos naturais;

t) incentivar, em âmbito mundial, a adoção de uma língua neutra - como o esperanto - como língua de comunicação e de intercâmbios cultural e comercial, com a conservação das línguas e dialetos locais, garantindo a democracia lingüística e a manutenção dos valores culturais de todos os povos;

u) recomendar a criação de empresas cujos participantes sejam, em sistema cooperativo e igualitário, seus proprietários;

v) apoiar e desenvolver atividades agrícolas que, a partir da percepção da unidade da vida, conservem o meio ambiente e a natureza, objetivando produção agrícola que garanta alimentação orgânica e ecologicamente correta;

x) congregar organizações sociais para potencializar suas forças e divulgar seus trabalhos;

z) apoiar e promover eventos culturais e espirituais ou campanhas que possam elevar os paradigmas da sociedade.

A humanidade precisa de todos nós! Cada um de nós tem o poder de mudar o mundo. E juntos nosso poder é maior!



1º FÓRUM ESPIRITUAL MUNDIAL
Brasília – dezembro 2006

PAJELANÇA - Ademario Ribeiro


Ê avá, avaeté!
Ê abá, avatar!
Ajuri caua! Curutêm oatá!
Ajuri caua! Curutêm oatá!

Ê Zumbi, Casaldáliga: ajuri caua!
Ê Kretã, Verger: curutêm oatá!
Ê Quelé, Tuira: ajuri caua!
Ê Prestes, Sepé: curutêm oatá!
Ê Pastinha, Bimba: ajuri caua!
Ê Darci, Raoni: curutêm oatá!
Ê Porantim, Ajuricaba: ajuri caua!
Ê Irmã Dulce, Betinho: curutêm oatá!
Ê os Sem Tudo, O Sem-Fim: ajuri caua!
Ê Crianças, Adolescentes: curutêm oatá!
Ê Puera – Retama, Brasil Ipanema:
ajuri caua! Curutêm oatá!
Ajuri caua! Curutêm oatá!...


ÔNIBUS ESCOLAR - Bismarck Frota de Xerez

Campo Largo município paranaense de colonização italiana.
As crianças da zona rural deixam de ir a escola porque o ônibus escolar não tem bancos, como a reportagem mostrou e APRESENTOU AO SECRETARIO (responsável ou ir responsável) DO MUNICÍPIO.
Homem alto, louro, olhos azuis, típico europeu, não fosse caboclo brasileiro, que diante da câmera e dos microfones da Globo local NÃO SABIA do estado do ônibus mostrado, isto é não conhece o ditado gaúcho que diz "que é o olho do patrão que engorda o gado".
TUDO ISSO É CULPA DO SARNEY, FORA SARNEY.
esta não é a 1a reportagem que a Globo local faz com os ônibus escolares. Uma coisa é o DNA ter vindo da Europa, outra coisa é ser europeu.
o Paraná tem 399 municípios e volta e meia a Globo local mostra que a importação de PPO não melhorou o plantel.
A cultura Sarney é mais forte, mesmo muito distante do Maranhão.
POR QUE? razões ESTRUTURAIS. A Democracia Representativa já deu o que tinha para dar.
Se o serviço de ônibus escolar continuar administrado pelos representantes do povo, ( o que pode o menor fazer, não faça o maior, principio da ........) nada vai mudará, a não ser para mostrar na próxima reportagem encomendada, com objetivos eleitorais, que AQUELE ônibus foi consertado.
Sempre a Globo local terá matéria para mostrar que é a defensora do povo.
A solução é democracia direta, democracia participativa.
Por que um pequeno município preciso da intermediação de um burrocrata relapso, apesar do DNA europeu, corrompido , acaboclado???
Precisamos criar EM LEI a gestão de serviços municipais, como ônibus escolar, pelos interessados, os pais. Onde a prefeitura assessoria as questões legais, e operaria o apoio logístico. Podendo o Grupo Gestor de Usuários buscar outras fontes de assessoria legal, como o Ministério Publico.
FORA TODOS OS SARNEYS, INCLUINDO OS EURO-BRASILEIROS, que não têm nenhum parentesco com o maranhense Sarney, mas se comportam como tais, que não sabem da qualidade do serviço que prestam.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Relação intrigante entre a gripe H5N1(aviária), H1N1(suína), DONALD RUMSFELD E O TAMIFLU - A Verdadeira Historia Sobre a Gripe Suina - Vânia de Farias



Observe a relação intrigante entre a gripe H5N1(aviária), H1N1(suína), DONALD RUMSFELD E O TAMIFLU.
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EU TENHO APRENDIDO - Barbet

DESDE QUE ME ENTENDO TENHO APRENDIDO, APRENDIDO QUE APRENDER É UM EXERCÍCIO, APRENDIDO...:
QUE NUNCA PODEMOS DESISTIR, MESMO QUANDO TODOS JÁ PARARAM;
QUE TEMOS SEMPRE QUE SONHAR;
QUE O MUNDO NÃO PARA QUANDO ESTAMOS FERIDOS E TRISTES;
QUE NÃO PODEMOS SER CRUÉIS;
QUE TEMOS SEMPRE PESSOAS ESPECIAIS EM NOSSAS VIDAS QUE DEVEMOS GUARDAR COM MUITO CARINHO;
QUE PRECISAMOS COLOCAR METAS;
QUE ESSAS METAS PODEM MUDAR INDEPENDENTE DE NOSSA VONTADE;
QUE ESTAMOS SOZINHOS EM NOSSA ESSÊNCIA, MAS SEMPRE BUSCAMOS ALGUÉM COM QUEM POSSAMOS COM PARTILHAR NOSSOS MAIS SUBLIMES IDEAIS;
QUE ERRAMOS MUITO, MUITAS VEZES POR INGENUIDADE;
QUE DEVEMOS CALAR AO PRIMEIRO IMPULSO;
QUE NÃO DEVEMOS CONDENAR A NINGUÉM, POIS, MUITAS VEZES ERRAMOS E FEIO;
QUE DEVEMOS DAR TEMPO AO TEMPO PARA QUE AS COISAS FIQUEM CLARAS;
QUE PRECISAMOS ACEITAR QUE AS PESSOAS ERRAM;
QUE NÓS NÃO SOMOS CENTRO DE NADA, APENAS OCUPAMOS UM LUGAR
DE CERTA FORMA IMPORTANTE MAS QUE CERTAMENTE OUTRO PODERIA FAZER AS MESMAS COISAS E TALVEZ BEM MELHOR;
QUE O SOL NASCE TODOS OS DIAS E PARA TODOS;
QUE O TEMPO NÃO EXISTE, NÓS O CRIAMOS;
QUE É MUITO BOM TOMAR UMA DUCHA E DEPOIS DORMIR COM A CONSCIÊNCIA LIMPA;
QUE DEUS É O SUPORTE, MAS SE NÃO CREMOS NELE MESMO ASSIM ESTARÁ DO NOSSO LADO;
QUE NUNCA PODEMOS NOS OMITIR PERANTE UMA COVARDIA, SE TIVERMOS QUE DAR A NOSSA VIDA NÃO DEVEMOS PENSAR DUAS VEZES;
QUE TEMOS QUE LUTAR PELO BEM COMUM, NÃO POR ESTARMOS PIORES OU MELHORES QUE OUTROS, MAS PARA QUE ESTEJAMOS JUNTOS;
NUNCA PODEMOS NOS CALAR QUANDO DEFENDEMOS A HUMANIDADE E OS SERES;
NUNCA PODEMOS DEIXAR DE ESCUTAR UMA MÚSICA, POIS ELA É O FUNDO MUSICAL DE NOSSA VIDA E UM DIA ALGUÉM SE LEMBRARÁ DE NÓS AO ESCUTÁ-LA;
APRENDI A GOSTAR DE UM PERFUME (GIVENCHI PI), ELE É O MEU JEITO DE SER TAMBÉM LEMBRADA;
TENHO APRENDIDO QUE AS PESSOAS SE CALAM POR MEDO;
QUE NO MUNDO PREPONDERA A INTOLERÂNCIA, O EGOÍSMO, O DESAMOR, MAS QUE PODEMOS E DEVEMOS LUTAR CONTRA ISSO;
AH, EU TENHO APRENDIDO TANTAS COISAS...
QUE O SER HUMANO MUITAS VEZES É FALSO,
CRUEL,
MESQUINHO E RUDE.
MAS TAMBÉM TENHO APRENDIDO QUE EXISTE GENTE MUITO BOA,
COM UM CORAÇÃO ENORME;
TENHO APRENDIDO QUE INTELECTO NÃO SIGNIFICA EVOLUÇÃO MORAL;
TENHO VISTO MUITA GENTE TRABALHAR E DURO PARA SE MANTER NO BÁSICO,
E
TANTA GENTE COM TANTO QUE NEM SABE O QUE FAZER COM O DINHEIRO E NÃO SE IMPORTA COM NADA A SUA VOLTA;
TENHO VISTO COMO O HOMEM PODE MUDAR QUANDO SE COLOCA EM POSIÇÃO SUPERIOR NA VIDA E AÍ SIM MOSTRA A SUA VERDADEIRA FACE;
TENHO APRENDIDO QUE ENTRE TER UM TÍTULO DE DOUTOR E USA-LO DE FORMA INDECENTE OU SER UMA PESSOA HONESTA E SEM TÍTULOS, MELHOR SEGUIR A SEGUNDA OPÇÃO;
TENHO APRENDIDO QUE NÃO IMPORTA A RELIGIÃO QUE UMA PESSOA ACATE E SIM O QUE ESTÁ DENTRO DE SEU CORAÇÃO;
TENHO APRENDIDO QUE AS PESSOAS ESTÃO MUITO DIVIDIDAS, É DEVIDO A ISSO AS GRANDES BATALHAS;
TENHO APRENDIDO A NÃO RECLAMAR MUITO;
TENHO APRENDIDO A PERDER E A GANHAR E QUANDO GANHO GOSTO DE DIVIDIR,
AH,
TENHO APRENDIDO TANTO E AINDA NADA SEI...
TENHO APRENDIDO QUE É BOM PODER ESCREVER AQUI O QUE SINTO,
TENHO AINDA MUITO A APRENDER,
UM DIA QUEM SABE ...

BARBET

domingo, 23 de agosto de 2009

Acordo Brasil-Santa Sé é "gesto de lucidez" Diz Dom Walmor - 17/08/09 - Ir Alberto

Dom Walmor de Azevedo enfatiza que tratado respeita a laicidade do Estado

BELO HORIZONTE, sexta-feira, 14 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, considera que será um “gesto de lucidez” dos deputados aprovar no Plenário da Câmara o Acordo Brasil-Santa Sé.
O Acordo foi aprovado nessa quarta-feira pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Poderá agora ser apreciado por outras Comissões da Câmara ou seguir direto para a votação em Plenário.
O arcebispo explica primeiramente – em artigo enviado a Zenit hoje – que “o entendimento da laicidade não pode, absolutamente, tornar-se um aríete iconoclasta destruidor da força própria que a experiência da fé possui em si - com propriedade específica para configurar sociedades mais equilibradas norteando-as com princípios de validade universal e fecundidade própria”.

A discussão do Acordo Brasil-Santa Sé – prossegue Dom Walmor – “tem ensejado abordagens que estão iluminando compreensões que precisam considerar elementos outros com importância própria”.
“Há quem aponte, por limitação no uso de conceitos e princípios, que um Acordo internacional desta ordem seja um simples privilégio para a Igreja Católica em detrimento de outras opções confessionais.”
“Este tipo de consideração nivela o que precisa ser considerado na diferença para não se perder a riqueza própria de cada contribuição, ou conjunto de contribuições próprias, que vem do exercício singular de cada confissão religiosa”, afirma.
A proposta do Acordo Brasil-Santa Sé “põe em evidência a herança ética, espiritual e religiosa de uma história - como frisa o Papa Bento XVI, herança nascida da fé”.
“E que não pode ser considerada como menos importante do que o numerário em divisas como posse de uma sociedade ou mesmo em relação aos seus superávits primários ou secundários.”
O arcebispo de Belo Horizonte considera que “desconhecer ou desconsiderar esta herança da fé como alavanca é cometer um grande crime contra a própria cultura”.
“A fé cristã, com seu arcabouço de valores, oferecida e vivenciada pela missão da Igreja Católica no Brasil, numa história de mais de quinhentos anos, remodelando e alargando perspectivas antropológicas, abrindo caminhos novos de comprometimentos com os pobres, produzindo cultura, em valores, monumentos, arte e educação - esta fé cristã católica não pode, repentinamente, ser desconsiderada ou vista como possivelmente nociva ao conceito de laicidade do Estado.”
“A maneira de viver e pensar da sociedade brasileira tem nesta alavanca da fé cristã católica uma herança de alta qualidade e indispensável significação, em se considerando também o cenário mundial”, afirma Dom Walmor.
Na verdade –assinala o arcebispo– “trata-se, não de uma tinta, mas de questão de raiz na história e na vida de um povo”.
“Assim, o Acordo Brasil-Santa Sé caracteriza-se pela vontade de respeitar a laicidade do Estado. Uma laicidade positiva, entendida não como aquela que preconceituosamente considera a religião como perigo ou nega o seu direito próprio e histórico.”
Dom Walmor destaca que “espera-se a aprovação deste Acordo, no plenário da Câmara dos Deputados, como gesto de lucidez, garantia de diferenças, direitos, reconhecimento da fé na busca dos equilíbrios que só ela oferece - não como privilégio, mas como trunfo e alavanca”.

Fonte: www.zenit.org

A CORAGEM DE DIZER - Ir Alberto Silva


Os índios galibis, palikurs e yanomanis viveram durante doze mil anos nas atuais terras do norte do Amapá e Roraima sem praticar um único pecado ou um único crime. Suas nações eram Terras Sem Males. Ajude o Brasil a se tornar uma Terra Sem Males.

"TODOS COMETERAM CRIMES" - TODOS QUEM CARA PÁLIDA? - Por Laerte Braga

Em abril de 1964 militares comandados pelo general Vernon Walthers e subordinados no todo ao embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, com apoio da IV Frota daquele país, em águas territoriais brasileiras, depuseram o presidente constitucional do Brasil João Goulart e tomaram de assalto o poder. Iniciava-se um período de vinte anos de ditadura cruel e sanguinária, num processo de transformação do Brasil em colônia de interesses dos grandes grupos econômicos que controlam o mundo a partir de Washington e Wall Street.
O Brasil foi um dos muitos países latino-americanos onde os EUA compraram parte expressiva das forças armadas para sustentar ditaduras de extrema-direita. Esse tipo de ação aconteceu na África e na Ásia e obedecia à chamada doutrina de segurança nacional formulada numa comissão conhecida como Tri-lateral (AAA – América, África e Ásia). Da comissão, entre agências do governo dos EUA, faziam parte fundações como a FORD e a ROCKFELLER, representando interesses de grupos privados. A Fundação FORD hoje tenta controlar a Conferência Nacional de Comunicação convocado no Brasil para dezembro.

Quer ajudar a manter o monopólio da mentira, a chamada grande mídia.
Um ano após o golpe militar eleições para governador de dois dos maiores estados brasileiros, Minas e o antigo estado da Guanabara, mostraram que os ditadores não conseguiriam manter a farsa democrática que revestiu o golpe e foram extintos partidos políticos, imposto o bi-partidarismo, as eleições indiretas para governos estaduais, criados mecanismos para o controle do Parlamento e de assembléias legislativas e acelerado o processo que montou um impressionante aparelho repressivo, sem o qual a ditadura não teria conseguido sobreviver.
Milhares de resistentes foram presos, outros se buscaram asilo em países mundo afora e muitos torturados, estuprados e assassinados em prisões brasileiras. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife eram os principais centros de tortura.
O aparelho repressivo foi montado numa espécie de complexo entre militares, policiais estaduais sob controle de Brasília e empresa privada. Um deles, a OBAN " OPERAÇÃO BANDEIRANTES " teve a participação de empresas como a Mercedes Benz, a Supergasbras, jornais como a FOLHA DE SÃO PAULO (emprestava seus veículos para o transporte de presos torturados e que eram assassinados e desovados em partes da capital paulista e do seu entorno).
O DOI/CODI, departamento e centro de operações repressivas, que juntava todo o conjunto das forças ditatoriais na área, mais tarde, sob a coordenação do governo dos Estados Unidos, somou-se a aparatos semelhantes de países do chamado CONE SUL (BRASIL, ARGENTINA, URUGUAI e incluía também CHILE e PARAGUAI, todos sob ditaduras militares) na OPERAÇÃO CONDOR.
Líderes de oposição eram presos e assassinados, um deles em New York (Orlando Letelier, consultor da ONU e ex-chanceler do governo deposto de Salvador Allende, no Chile). Outros eram presos, torturados e entregues em seus países de origem, caso do major Joaquim Cerveira. Preso na Argentina, levado para o Uruguai e entregue ao DOI/CODI de São Paulo, então comandado pelo coronel Brilhante Ulstra, um dos mais covardes e sanguinários torturadores brasileiros. Cerveira oficialmente foi morto no Rio de Janeiro.
Dan Mitrione, que chegou a virar nome de rua no Brasil (não é mais), foi um dos agentes enviados pelos EUA para treinar e instruir torturadores no Brasil, no Chile, na Argentina e no Uruguai. Foi capturado por forças resistentes em Montevidéu, julgado e executado.
A anistia concebida e formulada pelo regime militar tinha um objetivo principal, já que percebida a repulsa do povo ao governo ditatorial e a impossibilidade mantê-lo por um tempo maior. O de evitar, no caso do Brasil, a prisão e o julgamento de torturadores, caso do próprio Brilhante Ulstra, ou de figuras consideradas dentro da caserna, sob controle dos golpistas, como "patriotas" e "democratas".
Se na Argentina, no Chile e no Uruguai os principais agentes da repressão foram presos e julgados, o próprio Pinochet foi preso no exterior e em seu país, no Brasil permanecem impunes. E escondidos. A história da repressão, da boçalidade do regime militar, do caráter abjeto dessas figuras, entre nós, tem sido revelada em pingos de conta gotas, arrancada a fórceps diante da intransigência de boa parte dos militares de deixar vir a público os documentos oficiais desse período.
E da obstinação que compromete a própria instituição forças armadas, em manter impunes os responsáveis por essa fase sombria e repugnante da história do Brasil.
Casos como o da estilista Zuzu Angel, morta em condições misteriosas depois de denunciar ao mundo o caráter despótico e sanguinário do regime (seu filho Stuart Angel foi preso, torturado e assassinado pelos militares) chegaram a virar filme e a comover a opinião pública do País. Ou o do jornalista Wladimir Herzog, do operário Fiel Filho, mortos já no chamado período de distensão, nas dependências do DOI/CODI de São Paulo.
O que, aparentemente, era um instrumento legal destinado a permitir a volta de brasileiros que estavam no exílio, ou o fim dos crimes contra a "segurança nacional", numa pressuposta condição de "maturidade do povo brasileiro", para tomar em suas mãos o seu destino através de uma nova constituição, eleições diretas para presidente e governos estaduais, fim da censura da imprensa, ou do caráter de imprensa oficial da ditadura, REDE GLOBO, era e continua sendo uma forma de garantir a impunidade de torturadores.
A expressão "todos cometeram crimes" não tem sentido e implica na admissão de crimes por parte da ditadura militar. Se o regime foi oriundo de um golpe contra instituições em pleno funcionamento, contra um governo legal, a resistência não se constitui crime e nem pode. A tortura, à luz do direito internacional, é crime hediondo e imprescritível.
E até porque a repressão começa no próprio golpe, no dia do golpe, com as prisões das principais lideranças de oposição, lideranças populares, e muitas vezes meros desafetos, em fatos que revelaram de imediato a natureza e os propósitos do golpe. As cassações em massa. Deputados, senadores, professores, cientistas de renome internacional, figuras como Celso Furtado, Oscar Niemeyer, foram postos à margem da "lei" da estupidez e da boçalidade dos que tomaram o poder.
A história não contada da guerrilha do Araguaia e da execução de guerrilheiros a sangue frio e depois de incontáveis sessões de tortura e todo o regime de horror montado contra populações da área na sanha repressiva dos homens e instrumentos da ditadura.
A anistia foi um a conquista da luta como um todo e os golpistas no poder trataram de estendê-la aos seus carrascos. De torná-la ampla, geral e irrestrita, palavras que na verdade, antes de se referirem a resistentes políticos, opositores, garantiam a impunidade a figuras da repressão em todo o processo.
Os trinta anos da lei da anistia nos remetem à necessidade de rediscutir esse período da nossa história. Trazer a público toda a inteira dimensão da violência que foi o golpe de 1964 e levar ao banco dos réus os torturadores.
Não como ação de vingança ou revanche, rótulos que esses "patriotas" costumam usar para esconder as práticas covardes e desumanas. Mas como exigência de algo maior, a História. Para que toda a prática estúpida e golpista dos militares responsáveis por 1964 seja pública. Para que não se repitam anos de horror e crueldade, para que se puna o crime da tortura em todos os seus espectros, origem e conseqüência, já que, em si, descaracteriza o ser humano como espécie racional.
A reação e a resistência ao golpe militar foi uma conseqüência legítima e uma luta de bravura, dada até a correlação de forças, como agora em Honduras, onde saem das catacumbas os "célebres" generais do patriotismo canalha atrelado a interesses de grupos econômicos.
Os trinta anos da lei de anistia sinalizam na necessidade de ruptura com o passado golpista e ditatorial e essa ruptura passa por revelar toda a inconseqüência bestial do regime. Do contrário permanecem impunes assassinos, estupradores, escondidos sob o manto de uma lei que não pode permitir que um período de barbárie vivido por uma Nação permaneça oculto e seja desconhecido de boa parte do seu povo.
A expressão todos cometeram crimes é cínica, covarde e revela o inteiro teor dos golpistas.
Todos quem cara pálida? Desde quando resistir a golpes de estados, a violência e a boçalidade de regimes totalitários, é crime?
Existe ainda um longo caminho a ser trilhado na luta popular. Para que se conheça esse rio de sangue de milhares de brasileiros vítimas de 1964 e que permanece com seu curso oculto e escondido na costumeira covardia que é marca registrada de golpistas em qualquer lugar do mundo. Como desaparecidos, portanto ocultos, estão os corpos de brasileiros que tombaram na luta contra a ditadura. E órfãs as suas famílias. E a história do Brasil, logo, o povo brasileiro.
Essa história não pode ficar insepulta. Muitos dos seus protagonistas, do lado da ditadura, estão vivos e ativos, caso do presidente do Senado José Sarney, dos ex-presidentes da República Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso (o falso preso político, cabo Anselmo com "patente" de general Anselmo) e continuam causando males ao Brasil e aos brasileiros.




REDATOR CHEFE DA REVISTA VEJA - Bismarck Frota de Xerez


Mario Sabino é o Redator Chefe da revista Veja.
Acaba de lançar um livro.
O Caderno G da Gazeta do Povo, de Curitiba, comentando o escritor Mario Sabino assim o apresenta: "Antes de mais nada, faz emergir, sem nenhum disfarce, a sua visão de mundo. Ele não acredita em nada. Pode ser chamado de niilista. Não tem fé no futuro nem nas ações do ser humano".
A Gazeta do Povo apresenta a opinião do niilista, do escritor que não acredita no futuro, nem nas ações do ser humano.
MS opina: "Os melhores romances e contos são aqueles em que os protagonistas são movidos por angustia, tormento, sofrimento. A dor de existir, enfim".
Diz a Gazeta do Povo, "sua visão de mundo: ele não tem expectativa em relação a ninguém e a nada".
Este é o Redator Chefe da Veja.

[Carta O BERRO] Os Arns: o virtuoso e o sandeu - O PT é um partido sem mídia. O PSDB é uma mídia com partido - Mauro Carrara

Conheci o virtuoso pessoalmente, na década de 70. Eu era clandestino aqui e fingia ser ninguém na Itália.
Eu tinha muito nomes, utilizados para manter a integridade numa época em que eletrochoques, afogamentos e assassinatos faziam parte da disputa política.
Dom Paulo Evaristo Arns me pareceu um sujeito prático, menos místico do que eu imaginava. Resolvia as coisas com rapidez, movido por um evoluído senso de “redução de danos”.
Quanto menos gente morresse, melhor.
Arns, o virtuoso, aprendera muito com o Concílio Vaticano II e com o altruísmo pragmático de João XXIII.
Meu interesse, à época, era jornalístico. Procurava divulgar no Exterior a resistência à Ditadura na América Latina.
Nas duas entrevistas, acabamos por falar muito sobre nossa paixão comum, o Corinthians, que nos Anos de Chumbo simplesmente não ganhava nada.
Arns, o virtuoso, tinha uma paixão pelo povo sofrido, que ele via erguer a bandeira do clube dos operários, imigrantes e migrantes.

Nessas ocasiões, convenci-me de que o bom Arns era um homem de valores, ético de verdade. Nem de longe, todavia, me pareceu um moralista.

Por meio da Comissão Justiça e Paz e de outros movimentos, entabulou inúmeras conversações com os cafajestes que mantinham o regime de exceção.

Para poupar vidas, o arcebispo ofereceu mais que absolvição. Prometeu aos verdugos até mesmo o silêncio estratégico.

Como bom negociador, tirou muitas almas das garras do implacável general Milton Tavares de Souza, o Miltinho, homem forte do Centro de Informações do Exército (CIE) e Comandante do II Exército.

O Arns virtuoso (e inteligente) soube negociar com o general Golbery do Couto e Silva. Obviamente, efetuou trocas necessárias, táticas e que certamente seriam aprovadas pelo insurreto de Nazaré.

Ora, mas temos agora outro Arns na cena política. Este, o sandeu, já demonstrou inúmeras vezes que pouco conhece da história do tio.

Politicamente, o parlamentar paranaense, camarada de Álvaro Dias, mistura a vaidade e a ingenuidade. Adora o elogio fácil e a confetaria midiática.

Ao contrário do parente nobre, o discurso de Arns sandeu é ralo, pobre e tem como alicerces os clichês da ética ongolóide.

O Arns sandeu pouco conhece de estratégia política e pratica o moralismo hipócrita dos carolas pré-conciliares.

Não é à toa que esse Arns menor aninhou-se logo entre os rapineiros tucanos. Sua mísera cultura política obteve ali.

Um de seus grandes amigos é o bandalho Arthur Virgílio, o mais imundo dos representantes da Câmara Alta, que costuma santificar em seus discursos de sintaxe torta.

O sandeu moralista faz de conta que seu “chapa” nunca meteu a mão no bolso do contribuinte. Ao mesmo tempo, recusa-se a comentar a intervenção de Virgílio para salvar o comparsa Omar Aziz na CPI da exploração sexual de crianças e adolescentes.

Em Julho, pelos serviços prestados ao anti-lulismo, o Arns sandeu chegou a ser indicado pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para ocupar o lugar de Sarney na presidência do Senado, episódio decisivo para convertê-lo em um dos protagonistas do movimento golpista.

Arns, o sandeu, faz de conta que Lina não é pau-mandado, que Agripinos e Tassos são vestais e que a fonte de todos os males do Brasil é o partido (mudo) do operário.

Talvez, o Arns duas caras não seja apenas sandeu, mas também cínico. Saudações à crise, que nos revela o melhor e o pior das pessoas. Saudações ao Arns virtuoso, e que este reserve uma oração ao sandeu.

O caso Lina: as mentiras insinceras



Luis Nassif



Estou para ver episódio mais surreal do que esse super-factóide criado pela mídia em torno da ex-Secretária da Receita, Lina Vieira - que afirmou ter mantido um encontro reservado com a Ministra Dilma Rousseff, onde lhe teria sido solicitado apressar o inquérito sobre o filho do senador José Sarney.

A Casa Civil é o órgão mais importante de qualquer governo, porque é por lá que passam todos os projetos de lei, portarias, medidas administrativas, para que sejam avaliadas sua legalidade, sua relevância para o governo etc.

A primeira coisa que Lina fez, quando indicada Secretária, foi providenciar uma visita à Casa Civil, não para uma audiência com Dilma, mas com secretarias de lá, com as quais teria que conviver. Por aí pode-se entender o peso de qualquer pedido emanado da Casa Civil.

O episódio do suposto encontro entre ela e Dilma foi tão insólito, que desenvolveram-se duas versões sobre o caso.

A primeira, dos que achavam que qualquer pedido de informação da Casa Civil - mesmo não sendo uma interferência no processo (como a própria Lina admitiu), configuraria alguma espécie de irregularidade.

A segunda, dos que acham que é tão normal a Casa Civil pedir informações sobre processos internos que Dilma Rousseff deveria admitir que o encontro ocorreu e que seu procedimento foi absolutamente normal e legal.

Só tem um pequeno detalhe: e se o encontro não ocorreu? Dilma deveria endossar metade da mentira para desqualificar a segunda metade, a de que teria feito pedidos indevidos à ex-Secretária?

É a pátria de macunaíma.

Quais são os elementos que permitem sustentar que o encontro não ocorreu?

Quando Dilma desafiou Lina a indicar dia e hora, encerrou a questão. É como se fosse um jogo de poker em que um dos jogadores - Dilma - colocou todas as suas fichas na mesa, abriu suas cartas e desafiou o outro lado a mostrar as suas. E o outro lado recolheu suas fichas e não bancou a aposta, porque, com as cartas abertas, não podia mais blefar.

Se o encontro tivesse ocorrido, e a mídia acreditasse mesmo no que escreve, estaria feito sarna atrás de Lina para que mostrasse das seguintes cartas na manga:

1. Indicar dia e hora do encontro.

2. Indicar o nome do funcionário a quem ela pediu que levantasse os dados supostamente solicitados por Dilma.

3. Indicar o nome do motorista e o carro que a levou até o Palácio. Todo carro público tem um mapa com as viagens feitas.

4. Indicar nomes de pessoas que souberam, à época, da tal reunião.

No depoimento ela disse que não pediu para nenhum funcionário levantar as informações, não deu retorno a Dilma, não informou sequer seu marido dessa reunião absolutamente insólita.

Nenhum jornalista sério - e mesmo aqueles que faziam jogadas com Gilberto Miranda - deixaria de ir atrás dessas pistas se tivesse a mínima convicção de que a história é verdadeira.

Eles sabem que mentem. E mentem persistentemente, na frente de uma multidão cada vez maior de leitores que recorrem à Internet para confirmar se o que lêem nos jornais é mentira ou verdade.

Por Jorge

Atenção! Acabam de ser encontrados o grampo do áudio do Gilmar-Veja-Demóstenes e o original de papel da ficha “Dilma terrorista” da Folha: estavam na agenda da Lina.

Comentário

O nível de baboseira que esse episódio está gerando é campeão. Uma colega começa sua análise informando que Lina não apresentou uma evidência sequer de que teria havido o encontro com Dilma. No entanto, falou coisas muito pertinentes, sobre a importância da impessoalidade na atuação pública.

Minha Santa Maritaca, se não conseguiu comprovar que o encontro existiu, para quem foi a mensagem dela?

É ginástica permanente para atingir os objetivos que a empresa se propõe, atropelando a lógica e transformando pessoas inteligentes em seres semi-pensantes.

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/08/19/o-caso-lina-as-mentiras-insinceras/

PT/RS - NOTA PÚBLICA SOBRE O ASSASSINATO DE ELTON BRUM PELA BRIGADA MILITAR DO RIO GRANDE DO SUL.- Vanderley Caixe

O Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul manifesta seu pesar pelo falecimento do trabalhador rural sem terra, Elton Brum da Silva, morto com um tiro disparado durante ação truculenta realizada pela brigada militar do Estado hoje pela manhã, em São Gabriel.
Entidades que lutam pelos direitos humanos no Rio Grande, no Brasil e internacionalmente, tem pré-anunciado que acabaria em tragédia a atual política de segurança que busca, a todo momento, criminalizar e tratar como caso de polícia os movimentos sociais no RS.
Esperamos que haja das autoridades competentes uma rigorosa investigação e punição dos responsáveis diretos e indiretos por mais este episódio que mancha a história do nosso Estado.
O PT reafirma seu compromisso histórico com a reforma agrária e os que por ela lutam.
Alegre, 21 de agosto de 2009

CEPDH - NOTA PÚBLICA SOBRE O ASSASSINATO DE ELTON BRUM PELA BRIGADA MILITAR DO RIO GRANDE DO SUL.- Vanderley Caixe

O Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos (CEPDH) manifesta sua indignação à ação da Brigada Militar do estado do Rio Grande do Sul na desocupação da Fazenda Southal, que resultou na morte de Elton Brum da Silva, além de dezenas de pessoas feridas, na manhã do dia 21 de agosto de 2009, em São Gabriel.
O CEPDH manifesta seu apoio e solidariedade aos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e à família de Elton Brum da Silva e todos/as os/as feridos/as, manifestando-se ainda contra a criminalização dos movimentos sociais que está em prática no Rio Grande do Sul
A forma agressiva e truculenta da ação da Brigada Militar é inaceitável, pois reflete uma agressão à democracia e aos que se organizam para lutar por seus direitos fundamentais.
É de extrema importância que o relacionamento da sociedade com as forças da ordem seja marcado pelo respeito, e não pela agressão (como é próprio nos regimes ditatoriais).
Assim, esperamos que haja das autoridades competentes uma rigorosa investigação e punição dos responsáveis diretos e indiretos, com a maior brevidade.
Caxias do Sul, 21 de agosto de 2009.
Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos – CEPDH

NOTA PÚBLICA SOBRE O ASSASSINATO DE ELTON BRUM PELA BRIGADA MILITAR DO RIO GRANDE DO SUL.- Vanderley Caixe

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público, manifestar novamente seu pesar pela perda do companheiro Elton Brum, manifestar sua solidariedade à família e para:

1. Denunciar mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul que resultou no assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas.

2. Denunciar que além da morte do trabalhador sem terra, a ação resultou ainda em dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães.

3. Denunciamos a Governadora Yeda Crusius, hierarquicamente comandante da Brigada Militar, responsável por uma política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores urbanos e rurais. O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado. A criminalização não é uma exceção, mas regra e necessidade de um governo, impopular e a serviço de interesses obscuros, para manter-se no poder pela força.

4. Denunciamos o Coronel Lauro Binsfield, Comandante da Brigada Militar, cujo histórico inclui outras ações de descontrole, truculência e violência contra os trabalhadores, como no 8 de março de 2008, quando repetiu os mesmos métodos contra as mulheres da Via Campesina.

5. Denunciamos o Poder Judiciário que impediu a desapropriação e a emissão de posse da Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado. Sua vida teria sido poupada se o Poder Judiciário estivesse a serviço da Constituição Federal e não de interesses oligárquicos locais.

6. Denunciamos o Ministério Público Estadual de São Gabriel que se omitiu quando as famílias assentadas exigiam a liberação de recursos já disponíveis para a construção da escola de 350 famílias, que agora perderão o ano letivo, e para a saúde, que já custou a vida de três crianças. O mesmo MPE se omitiu no momento da ação, diante da violência a qual foi testemunha no local. E agora vem público elogiar ação da Brigada Militar como profissional.

7. Relembrar à sociedade brasileira que os movimentos sociais do campo tem denunciado há mais de um ano a política de criminalização do Governo Yeda Crusius à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Ouvidoria Agrária e à Organização dos Estados Americanos. A omissão das autoridades e o desrespeito da Governadora à qualquer instituição e a democracia resultaram hoje em uma vítima fatal.

8. Reafirmar que seguiremos exigindo o assentamento de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul e as condições de infra-estrutura para a implantação dos assentamentos de São Gabriel.

Exigimos Justiça e Punição aos Culpados!

Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio. Toda uma vida de luta!

Reforma Agrária, por justiça social e soberania popular!

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra


sábado, 22 de agosto de 2009

A CORAGEM DE DIZER - Ir Alberto


Some-se a luta dos indios brasileiros para reconquistarem suas Terras Males, invadidas pelo grileiro. Os índios galibis e yanomanis viveram durante doze mil anos nas respectivas Terras Sem Males, sem praticar pecados contra o Grande Espírito ou crimes.contra a sociedade.
Ir Alberto

Como A Cadeira De Balanço - Paulo Barbosa

"A preocupação é como a cadeira de balanço: mantém você
ocupado, porém, não o leva a lugar algum." (Hedy Silvado)
Quando colocamos nossas dúvidas, incertezas e preocupações
diante de Deus, não apenas descansamos, mas vivemos... muito
bem.
Paulo Barbosa

[Carta O BERRO] 30 anos de Anistia por Uraruano Mota

DIRETO DA REDAÇÃO

Recife (PE) - No próximo sábado 22 de agosto, comemoram-se os 30 anos da anistia no Brasil. Por isso recupero aqui algumas impressões da leitura de um livro fundamental, “Direito à memória e à verdade”, editado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

O livro “Direito à memória e à verdade” é um livro grande, com 500 páginas, nas dimensões de 23 x 30 centímetros. Por suas dimensões físicas, é um livro que somente comporta ser conduzido como um escudo, como um símbolo de orgulho, para ser ostentado nas praças e nos ônibus. Mas o que mesmo exibe e informa tal volume?

De um ponto de vista frio, o livro é como uma recondução a um mundo que se rebela contra a mediocridade, contra tudo o que for mesquinho e pequeno. Em suas páginas amarelas, quem lê suas letras lê o destino de homens. Quem lê as suas linhas lê a luta de uma geração. E, coisa mais interessante, este é um livro sem autor. Melhor, é um livro de autores, de muitos autores, um registro de vidas reunidas como em uma coleção de prontuários de polícia. Os seus perfis saem das páginas dos processos, e poucas vezes se viram processos tão antiprocessos. São homens e mulheres, são jovens e quase-crianças, são velhos, malditos e amaldiçoados pela dor na consciência. São renegados que se matam. São homens tornados seres desequilibrados, são gente, enfim, em condições-limite.



“Maria Auxiliadora Lara Barcellos (1945-1976)

Maria das Dores atirou-se nos trilhos de um trem na estação de metrô Charlottenburg, em Berlim... tinha sido presa 7 anos antes, Nunca mais conseguiu se recuperar plenamente das profundas marcas psíquicas deixadas pelas sevícias e violências de todo tipo a que foi submetida. Durante o exílio registrou num texto... ‘Foram intermináveis dias de Sodoma. Me pisaram, cuspiram, me despedaçaram em mil cacos. Me violentaram nos cantos mais íntimos. Foi um tempo sem sorrisos. Um tempo de esgares, de gritos sufocados, de grito no escuro’....



Nilda Carvalho Cunha (1954-1971)

Sua prisão é confirmada no relatório da Operação Pajuçara, desencadeada para capturar ou eliminar Lamarca e seu grupo. Foi liberada no início de novembro, profundamente debilitada em conseqüência das torturas sofridas e morreu no dia 14 de novembro, com sintomas de cegueira e asfixia. Nilda tinha acabado de completar 17 anos quando foi presa... ‘Você já ouviu falar de Fleury? Nilda empalideceu, perdia o controle diante daquele homem corpuloso. – Olha, minha filha, você vai cantar na minha mão, porque passarinhos mais velhos já cantaram. – Mas eu não sei quem é o senhor. – Eu matei Marighella. Vou acabar com essa sua beleza- e alisava o rosto dela....



Odijas Carvalho de Souza (1945-1971)

Odijas foi levado para o Hospital da Polícia Militar de Pernambuco em estado de coma, morrendo dois dias depois, aos 25 anos... ‘No dia 30 de janeiro de 1971 fui acordado cedo por uma grande movimentação. Por volta das 7 horas, Odijas passou diante da cela, conduzido por policiais. Apesar da existência da porta de madeira isolando a sala do corredor, chegaram até nós os gritos de Odijas, os ruídos das pancadas e das perguntas cada vez mais histéricas dos torturadores. Durante esse período, Odijas foi trazido algumas vezes até o banheiro, colocado sob o chuveiro para em seguida retornar ao suplício. Em uma dessas vezes ele chegou até a minha cela e pediu-me uma calça emprestada, porque a parte posterior de suas coxas estava em carne viva. Os torturadores animalizados se excitavam ainda mais, redobrando os golpes exatamente ali”.



Como vêem, difícil é manter a serenidade, a frieza, um ar apolíneo, razoável, sensato, diante desse mundo que se encontra submerso, mas jamais superado, morto, vencido. Eu, que não sabia como começar, confesso que também não sei como pôr fim a estas linhas. Eu havia escrito antes notas, reflexões, coisas digamos mais sociológicas, dignas de tese, que iludem toda a gente, que pode nos tomar como um ser culto, inteligente, sábio, espirituoso. Basta de falsidade, porque

“ – Teu nome completo é Mário Alves de Souza Vieira?

- Vocês já sabem.

- Você é o secretário-geral do comitê central do PCBR?

- Vocês já sabem.

- Será que você vai dar uma de herói? ...



Horas de espancamentos com cassetetes de borracha, pau-de-arara, choques elétricos, afogamentos. Mário recusou dar a mínima informação e, naquela vivência da agonia, ainda extravasou o temperamento através de respostas desafiadoras e sarcásticas. Impotentes para quebrar a vontade de um homem de físico débil, os algozes o empalaram usando um cassetete de madeira com estrias de aço. A perfuração dos intestinos e, provavelmente, da úlcera duodenal, que suportava há anos, deve ter provocado hemorragia interna”.

É terrível que a importância de um livro, que a importância da palavra escrita, se dê em relatos tão cruéis. Mas a realidade não se escolhe. Quem toca nesse livro, toca em destinos.

OS SOLDADOS DA BORRACHA E A ÉTICA - Bismarck Frota de Xerez

Quando o automóvel foi inventado, nasceu a necessidade de empurrar os nativos da amazonia e extrair o latex.
A ética para extração do latex é formulada então.
Mentiras de toda ordem foram criadas.
Alargarmos o territorio nacional mais uma vez.
É linda a historia da nossa ética. Plácito de Castro, gaucho, heroí acreano.
Esta lição aprendi com o meu professor Salvador, diretor do Instituto La-fayette.
Saudosa memória.
Eu e o Amaury Benigno volta e meia recordavamos o nosso La-Fayette. Os mesmos profesores, as mesmas lições de vida.
Estudavamos juntos, eu e o atual senador Geraldo Mesquita Filho. O pai do Geraldo, Congregado Mariano, foi deputado.
O mundo não iria parar de crescer porque tinham indios no pedaço.
Como não vai parar estejam quantas árvores e biodiversidade na frente.
Ou aproveitamos nós ou aproveitará o invasor.
O Pananá não existia, foi criado para poder criar o canal. Advinha quem perdeu!
Elejam quem quiserem.
O Estado Brasileiro tem razões que as razões partidarias não conhecem.
A Lógica medieval construiu o feudalismo, esgotado o Modelo feudal, não deu outra, nasceu outra Lógica, outra ètica, outra maneira de ver o criatianismo. Outra Ética religiosa.
O tempo passa, o Modelo ganha vida, Vida autonoma de seus gestores, é uma nova criatura, que seguirá uma Lógica e uma Ética que transcende os "passageiros" que viajam no Modelo, e esta Vida só se extinguirá quando o Modelo se esgotar, obrigando a criação de novo Modelo.
A ética não é abstrata, é aderente ao Modelo, que depende dos recursos tecnologicos.
Estamos vivendo a desaturalização do modelo mecanico, que substituiu a força humana e dos outros anmais de carga, pela "inteligencia" embutida nos mecanismos.
Novos problemas éticos são colocados.

OBAMA É BRANCO, USA COLGATE E ADORA O MCDONALDS - Laerte Braga


A secretária de Estado do governo dos EUA, Hilary Clinton, anunciou em entrevista à imprensa que o governo de Barak Obama não tem interesse em criar bases militares na Colômbia. Vai apenas ajudar o governo de Álvaro Uribe a "combater o terrorismo e o narcotráfico".
Ao lado de Hilary estava o ministro das Relações Exteriores da Colômbia. Uma espécie de boy de luxo na nova colônia norte-americana na América do Sul.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, realizou um referendo para consultar os venezuelanos sobre a adoção do processo de reeleições indefinidas em seu país. Vale dizer, mais que dois mandatos. Chávez foi ouvir o povo sobre o que o povo pensava. Ganhou o direito de concorrer a um novo mandato.
Álvaro Uribe começou sua carreira política debaixo do braço de Pablo Escobar, um dos maiores traficantes de droga da história da Bolívia e da Colômbia. Fazia campanha viajando em aviões de Escobar e foi apontado de Departamento de Combate às Drogas dos EUA como sendo ligado ao narcotráfico.

Uribe está à procura de um terceiro mandato. Não há referendo, nenhuma espécie de consulta popular só pressão sobre o Congresso colombiano para que vote logo a emenda que lhe permitirá disputar nova eleição. E assassinatos seletivos de adversários políticos.
Para William Bonner Chávez é ditador e Álvaro Uribe é presidente defensor e guardião da democracia. E assim, por extensão, para toda a chamada grande mídia, controlada e monitorada por Washington e Wall Street. “Os nossos amigos americanos”, segundo Bonner.
Barak Obama é uma das grandes farsas desse início de século. Fez campanha como o primeiro negro com chances de vir a ser presidente do seu país. Foi eleito presidente com propostas de mudanças nas políticas interna e externa em direção a novos tempos e não faz outra coisa que mostrar-se branco. Com os dentes brilhando pelo uso de colgate e muita malhação para combater as calorias dos sanduíches McDonalds.
Revelou-se em pouco menos de oito meses de governo um garçom de um bar especial, onde você pedir qualquer marca de cerveja, já que não existe contrato de fidelidade com nenhuma cervejaria, muito menos com princípios ou escrúpulos como sugeriu a muitos em todo o mundo durante a campanha eleitoral.
É uma das cenas mais usadas por diretores de cinema. O sujeito ou a moça, chegam num determinado lugar com uma determinada roupa, tampam uma briga dos diabos, dizimam meio mundo e como têm que ir a uma festa na embaixada, ou na Casa Branco, dão uma ajeitada no cabelo e tiram a roupa rasgada na briga. Por baixo está a verdadeira identificação do dito cujo, ou da dita cuja.
O golpe em Honduras mantém-se a despeito da luta popular naquele país. Mais de cento e cinqüenta pessoas já foram assassinadas pelos militares que tomaram o governo do país sob a alegação que Manuel Zelaya estava implantando o comunismo. Os EUA sustentam o golpe.
O cerco a governos democráticos, produtos da vontade popular, no caso de Ortega na Nicarágua, Chávez, Evo e Corrêa na Venezuela, Bolívia e Equador e as patas postas sobre a Argentina, o Paraguai, o Brasil e El Salvador, além de Cuba evidente, faz parte do tal processo de mudanças de Obama. E a Colômbia é no seu todo mera base de operações militares dos "libertadores".
O presidente Lula do Brasil telefonou a Obama e concitou-o a discutir a presença militar norte-americana na Colômbia e a comparecer à reunião da UNASUL (UNIÃO DAS NAÇÕES DA AMÉRICA DO SUL), dia 28, em Bariloche na Argentina.
Obama disse que não vai. Deve estar com a agenda lotada. Servir cerveja a policiais brancos que prendem professor negro sem razões e motivos e com violência. A seguranças do Carrefour que espancam cidadão negro supondo-o ladrão por ser negro. Ou à própria Hilary, que na verdade governa de fato os EUA ao lado de Dick Chaney (ex-vice-presidente de Bush), à medida que representam grupos militares, econômicos e sionistas, os proprietários dos EUA.
Não se espantem se Edir, o Macedo, receber condecorações por serviços prestados aos EUA, à "liberdade" e a "democracia", ainda mais agora que está ameaçando plantar "igrejas" no mundo muçulmano. O produto do achaque nos templos é dele, os negócios são dos norte-americanos.
A palavra "terrorista" usada pela secretária Clinton ao referir-se às FARCs e ao ELN, guerrilhas em ação na Colômbia, é uma das formas de justificar o verdadeiro objetivo dos EUA na região. O controle da Amazônia. Para isso contam com "militares nacionalistas" e elites podres tanto naquele país como em outros. Os grandes cartéis do tráfico aplicam seu rico dinheiro em bancos do modelo, têm grandes negócios com empresas norte-americanas. O tráfico de drogas não é problema para os norte-americanos. Muito menos para Uribe. Dá lucro.
Há um avanço militar dos EUA sobre a América do Sul. O terreno perdido no governo Bush está sendo buscado de forma brutal e violenta pelo governo Obama. Tem a cumplicidade de boa parte das forças armadas de países dessa parte do mundo (os tais patriotas e nacionalistas) e elites são apátridas.
Na manhã de hoje um trabalhador rural sem terra foi assassinado com um tiro pelas costas por um policial da Brigada Militar (PM) do Rio Grande do Sul. Daniel Dantas continua solto. José Sarney é o presidente do Senado. Tasso Jereissati e Artur Virgílio são senadores. José Serra é governador de São Paulo. Aécio Neves governador de Minas.
Em qualquer país latino-americano onde o povo não tenha exercido sua vontade livre das mistificações impostas pela mídia, por todo esse complexo de mentiras e corrupção, existem figuras iguais, só que com nomes diferentes. Uribe seria o correspondente de FHC na Colômbia. Espécie de pústulas que proliferam por todos os cantos.
Obama é só uma farsa que disfarçado de garçom conseguiu chegar à Casa Branca e vai passar quatro anos, quiçá oito, servindo cerveja enquanto os donos vão pondo e dispondo e as pessoas acreditando que Obama é negro. Não perceberam que ele trocou a roupa. Tirou a da campanha e está vestindo a de algoz da América Latina. Está branquinho, branquinho. Com cara e jeito de FIESP/DASLU.
E a culpa toda é do Irã.

COMPROMISSO ÉTICO - Bismarck Frota de Xerez

Minha amiga dos movimentos sociais está frustrada com o Lula porque ela votou No Grande Guia pensando em compromissos éticos.
Eu voto em PROJETO.
se meus antepassados tivessem compromissos éticos, este país não existiria.
Meus antepassados vieram para CONSTRUIR ENGENHOS, vieram em busca de liberdade.
Oh céus realizaram ambos os desejos.
Durante séculos expandiram, a despeito do "dono" da terra.
Avançaram nos territorios dos nativos e dos espanhóis.
E TODOS NOS ORGULHAMOS DESTE IMENSO TERRITORIO CONQUISTADO A BALA, SEM ÉTICA.
Quem não concordar que proponha devolvermos.
Quero ver o povo brasileiro ser ético e devolver!
A ética de meus antepassados foi casar com o maior numero de indias, de nações diferentes, assim se tornavam parentes de toda a tribo, que iriam morrer em defesa dos projetos do vovô.
Vovô se divertiu muito.
E os que vieram depois, hipocritamente, podem defender ética pois não tiveram que lutar pela posse da terra.
Cantam loas à miscigenação.
Esta também não seguiu nenhuma ética.
A ética seguida foi a do Grande Afonso Albuquerque, que deixou na India uma cunha de mestiços, produto de prisioneiras da guerra colonial na India com o portugues.
Regra aplicada na Nova Lusitania pelo sobrinho do Grande Afonso Albuquerque, Jeronimo de Albuquerque, o Adão Brasileiro, apelido conquisto pelo numero de mulheres tidas e filhos gerados.
Existe um documento da Rainha Catarina dizendo que soube que ele tinha trezentas mulheres, mandando ele casar com a avò do Fernardo Collor , dona Felipa de Mello.
Ele, colonizador muito ético, casou com dona Felipa de Mello, e ficou com as 300.
É esta a "memória transgeracional" que carregamos em nossas gônadas e óvulos.
Esta é a ética do brasileiro. Ainda não ocupamos todo o territorio que nossos antepassados conquistaram para nós.
SERÁ OCUPADO com a mesma ética usada nestes quinhentos anos.
Como nossos antepassados, temos PROJETOS para este país.

NA INDONESIA É PROIBIDO SER ATEU -Pensemos Nisso - Ir Alberto

Os indios galibis viveram doze mil anos na Terra Sem Males, onde não se conhece pecado, crime ou desarmor.
Ajude os indios brasileiros a reconquistarem suas Terras Males, usurpadas pelo colonizador português e pelo grileiro brasileiro.
Na República da Indonésia a religião e estado são separados. No entanto a Constituião do pais proibe ser ateu. O Estado reconhece apenas cinco religiões: islamismo, catolicismo, protestantismo, induismo e budismo. Nas escolas o ensino de religião é obrigatório por professores pagos pelo Estado, mas apresentados pela religtião. No Exército os soldados são obrigados a receberem instrução religiosa dos capelães militares de suas relitiões. Há no exercito indonesio 37 capelães militares catolicos romanos, sendo dois padres e trinta e cinco teólogos leigos .
Pensemos nisto
Ir alberto

Brasil - Sérgio Gabrielli: "Eu sou contra a privatização da Petrobras" - Vanderley Caixe

Revista Caros Amigos, Ano XIII número 149, agosto de 2009- NAS BANCAS.
19.08.09 - BRASIL
Brasil - Sérgio Gabrielli: ‘Eu sou contra a privatização da Petrobras’
Hamilton Souza,Lúcia Rodrigues,Marcelo Salles,TatianaMerlino *

Entrevista com o professor Sérgio Gabrielli, Presidente da Petrobras.

O economista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) José Sérgio Gabrielli de Azevedo preside, desde 2005, a maior empresa do país. No início do governo Lula, antes de ocupar o posto mais alto na hierarquia da Companhia, Gabrielli esteve à frente da Diretoria Financeira da estatal. Em pouco mais de seis anos e meio de trabalho, o baiano de Salvador, acumulou grandes êxitos na carreira de gestor, como a conquista para o país da tão almejada auto-suficiência em petróleo. Mas nenhum deles se compara à descoberta de petróleo na camada pré-sal, o hidrocarboneto encontrado abaixo da lâmina de água e do sal do fundo do mar. A competência demonstrada na prática, no entanto, foi temida e questionada por aqueles que o julgavam um nordestino desconhecido para assumir uma empresa do porte da Petrobras. Com o crachá pendurado no peito, como qualquer funcionário da Companhia, Gabrielli recebeu a equipe de Caros Amigos em mangas de camisa, na suntuosa sala da presidência, tendo ao fundo o Morro do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro. O soteropolitano fala com desenvoltura. Em quase seis décadas de vida, aliou o preparo intelectual à prática militante. Filiado ao Partido dos Trabalhadores desde sua fundação, Gabrielli conta com orgulho que na juventude foi ativista da APML (Ação Popular Marxista-Leninista), organização clandestina de combate à ditadura militar.

Hamilton Octavio de Souza - A gente sempre começa a entrevista pedindo ao entrevistado que conte um pouco de sua vida

José Sérgio Gabrielli de Azevedo - O José Sérgio é professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), titular de Macroeconomia. Entrou na UFBA, em 1979. Tem 59 anos, fará 60, este ano. Além de ser um professor, o José Sérgio Gabrielli foi um militante do movimento estudantil, em 68, contra a ditadura militar. No movimento sindical, foi dirigente do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), em 84. Tem doutorado em Economia pela Universidade de Boston, concluído em 87. Foi jornalista, de 69 a 72, na Bahia. É economista de 72 até hoje. Na área acadêmica trabalhou com Macroeconomia, Economia do Trabalho e Econometria. Fez pesquisas sobre reestruturação produtiva e processos industriais. Estudou questões regionais e de desenvolvimento regional. E participou da fundação do Partido dos Trabalhadores. Estou no PT desde 80, fui candidato a deputado federal, em 82, candidato a vice prefeito, em 86, candidato a governador, em 90. Não fui mais candidato desde então. E não pretendo ser candidato. Continuo militante político, ligado ao Partido dos Trabalhadores. Acredito na transformação social, acredito na luta institucional e na luta dos movimentos sociais. Acredito que a mudança da sociedade, para uma sociedade mais justa, igualitária deve ser o caminho da humanidade. Acho que do ponto de vista econômico, o país levou tempo demais com políticas de estabilização de curto prazo. Felizmente a partir de 2003, com o presidente Lula, o país priorizou o desenvolvimento, a expansão do mercado interno, a redução das desigualdades, a diminuição da pobreza. Desde 2003 estou na Petrobras. Entrei na Petrobras como diretor financeiro. Quando fui escolhido, como diretor financeiro, houve uma reação muito forte do mercado financeiro, principalmente, e da imprensa, que consideraram que esse professor desconhecido da Bahia ia fazer uma loucura na Petrobras. Depois de dois dias de assumir o cargo, eu estava em Nova Iorque, Londres, Milão e Tóquio. Em 2003 realizei mais de mil reuniões com representantes do mercado financeiro. E em 2004 passei a ser reconhecido como um excelente gestor financeiro. Em 2005, fui escolhido o melhor diretor financeiro do Brasil pelo Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças) do Rio de Janeiro, pela Associação Nacional de Agentes Financeiros, fui escolhido como melhor gestor financeiro da América do Sul, em Nova Iorque. Em 2008, fui escolhido como melhor gestor de empresas de petróleo do mundo pela Petroleum Economist e virei presidente da Petrobras a partir de 2005. Estou presidente da Petrobras. Na diretoria da Petrobras sou o único que não sou de carreira. Nesse período de Petrobras tive duas grandes satisfações. A primeira, foi ter conquistado a confiança dos petroleiros. Não é fácil conquistar a confiança dos petroleiros, não sendo petroleiro de origem. E acho que consegui conquistar essa confiança, com políticas coerentes, com uma posição transparente e competência. Porque a meritocracia é um valor extremamente importante para a Petrobras. Ela rejeita quem não se afirma do ponto de vista técnico. E acredito que consegui conquistar isso, com uma atitude de respeito e transparência. A segunda satisfação pessoal, mesmo sendo baiano, mesmo sofrendo toda a discriminação por ser baiano e desconhecido, ter me imposto como profissional competente para as áreas financeiras e técnicas do Brasil e internacional. Sou uma pessoa tranqüila, consegui fazer a tarefa, que era conduzir a gigante. Evidentemente que isso não é um mérito pessoal, isso é resultado da equipe da Petrobras. Sou professor, saindo daqui, provavelmente, voltarei para a sala de aula. Sou baiano de Salvador. Morei oito anos em uma cidade muito pequena no interior da Bahia, na região do cacau. Meu pai era médico nessa cidade. Ele voltou para Salvador quando eu tinha oito, nove anos de idade, e morreu com 50 anos de idade. Meu pai era extremamente racional e afetuoso, foi uma pessoa muito importante na minha formação, tanto de personalidade quanto de percepção social e racional. Passei a minha infância entre uma cidade muito pequena e Salvador. Minha mãe é uma mulher fantástica, tem 84 anos de idade, vive sozinha, independente, muito firme, não quer o apoio de ninguém. Mora em Salvador e me deixa preocupado, porque com 84 anos, sozinha é um problema, é professora de piano. O Azevedo é a mistura do português com índio. O Gabrielli vem do italiano e negro.

Lúcia Rodrigues - O senhor falou que acredita na transformação social. Como a Petrobras atua para transformar a realidade do país?

R - A Petrobras é responsável pela expansão da tecnologia brasileira, é responsável pela engenharia brasileira, pela indústria brasileira em termos de capacidade de desenvolvimento tecnológico. Isso cria um efeito multiplicador, enorme, na indústria brasileira. Além disso, é importante destacar a relação da Petrobras com a sociedade organizada do país. A Petrobras concilia a extração de petróleo ao mesmo tempo em que aumenta as relações com a sociedade e com a comunidade em sua volta. Para fazer isso, evidentemente que a empresa precisa ter lucro. Essa é uma atividade que tem um enorme volume de investimentos e um enorme volume de capital.

Tatiana Merlino - Quanto a Petrobras lucra por ano?

R - No ano passado teve um lucro de aproximadamente R$ 36 bilhões.

Tatiana Merlino - Desse valor quanto fica para a Companhia?

R - A Petrobras distribui aos seus acionistas entre 25% a 27% de dividendos. E reinveste entre 70% a 75% de seus lucros, que viram máquinas, empregos, petróleo, gasolina, diesel. Dos 25% que ela distribui, 65% vão para mais de 700 mil acionistas da Petrobras. Entre 70% a 75% dos lucros são reinvestidos.

Lúcia Rodrigues - Dos setecentos mil acionistas da Petrobras, quantos estão concentrados no país?

R - É difícil dizer. Porque não temos como saber quem é o acionista final dos fundos. Mas eu posso dizer que o programa de ações no mercado americano, mais os acionistas estrangeiros na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) representam 40% dos acionistas da Companhia. Portanto, aproximadamente 40% dos acionistas da Petrobras devem ser estrangeiros. Há uma diferença importante na composição do capital da Petrobras. O governo federal tem só 37%, mas tem 56% do voto. O que lhe dá o controle da Companhia. Como é que o governo controla a Petrobras? O governo elege diretamente na assembléia geral da Petrobras, cinco dos nove membros do Conselho de Administração. Mas o governo não tem nenhum membro que está no Conselho por ser do governo. Todos os membros do Conselho de Administração, mesmo os ministros, estão como pessoas físicas e respondem como pessoas físicas ao Conselho de Administração da Petrobras. O governo controla via orientação estratégica mensal quando o Conselho se reúne.

Lúcia Rodrigues - Que setores estão interessados na CPI da Companhia?

R - Eu não sei. Eu suspeito o porquê de a Petrobras estar sendo atacada. Mas não sei dizer exatamente quem são. Posso dizer o porquê de estar sendo atacada. A Petrobras incomoda. É hoje a empresa mais cobiçada do mundo. O pré-sal é a área exploratória mais prolífica neste momento. Os interesses de acessos às reservas movimentam e ativam grandes interesses geopolíticos nacionais e internacionais. A Petrobras é uma noiva cobiçada. É responsável por cerca de 8% a 10% do investimento brasileiro. Só nos primeiros três meses deste ano, a Petrobras investiu R$ 15 bilhões, R$ 5 bilhões por mês. É mais de R$ 160 milhões por dia, sete dias por semana. Investimento significa emprego, atividade econômica, geração de impostos, geração de renda e movimentação econômica. Em fevereiro deste ano, em pleno auge da crise mundial, a Petrobras apresentou o maior programa de investimento do mundo: U$ 174,4 bilhões para os próximos cinco anos. No imaginário popular, a Petrobras é símbolo da brasilidade, do Estado realizador. É um contraponto à ideia de que só o mercado é capaz de resolver essas questões. O conflito entre Estado e privado, mercado e planejamento, se materializa na Petrobras. No plano ideológico, a Petrobras também é alvo. Há má vontade de certos setores em relação à Petrobras e a favor de empresas menores do que a Petrobras, que foram privatizadas ou são privadas, é impressionante.

Tatiana Merlino - Há o interesse desses setores para que a Petrobras seja privatizada?

R - Eu não diria que necessariamente esse é o interesse, mas pode ser uma consequência se se desqualifica a Companhia. Eu tentei identificar fontes de ataques decorrentes da atividade específica da Companhia, do impacto que a empresa tem na sociedade, na economia e no plano ideológico, do Estado que dá certo. A quebra do monopólio estatal do petróleo levou a Petrobras a competir com empresas do setor privado. Competir tanto na produção de petróleo, como, principalmente, no que é mais complicado: compra de equipamentos, serviços, fornecimento e disputa do mercado de trabalho. E ao mesmo tempo estava amarrada a uma série de restrições por ser controlada pelo governo. Isso fez com que a Petrobras tivesse de ter uma dupla eficiência. Competente no plano controlado pelo Estado e competente e competitiva com as outras empresas privadas. A Petrobras cresceu na força e na marra. Em um determinado momento foi induzida a encolher, a não expandir a área exploratória, a se organizar de forma fragmentária.

Hamilton Octávio de Souza - Geralmente esse é o processo prévio para a privatização.

R - Exatamente.

Marcelo Salles - O senhor está criticando o governo FHC.

R - Estou dizendo o que aconteceu. Eu não posso dizer que a empresa seria privatizada, mas seria mais facilmente privatizada se caminhasse nessa direção.

Hamilton Octávio de Souza - Uma disputa direta com que setores?

R - Eu não acho que seja uma disputa direta. É um conjunto de questões, que envolvem a percepção do momento. A ideia de que tudo o que Estado fazia era ruim e de que tudo o que mercado fazia era bom, dominou o mundo político e ideológico. Se acreditava fielmente que o mercado poderia resolver todas as questões, que o planejamento era um desastre, que se deveria deixar o mercado funcionar livremente. Foi um momento dominante. As décadas de 80 e 90 caminharam nessa direção. A partir do século 21, isso começa a mudar. E, particularmente, a partir da última crise isso muda completamente em termos de domínio ideológico.

Hamilton Octávio de Souza - Onde ocorreu o crescimento da Petrobras?

R - O crescimento da Petrobras foi multifacetado. O primeiro vetor de crescimento importante foi o da área exploratória. A Petrobras aumentou as áreas de exploração, intensificou o processo exploratório, expandiu seu processo de descobertas e descobriu o pré-sal. Tudo isso ocorre depois de 2003. O segundo elemento, é que intensificou os investimentos na área de refino. De 1998 até 2006 os investimentos em refino ficaram na faixa de U$ 200 a U$ 250 milhões por ano. De 2006 para cá passaram a ser U$ 250 milhões por mês. Houve, portanto, uma enorme intensificação no investimento de refino. Hoje temos um programa para construir cinco refinarias até 2017.

Tatiana Merlino - Como o senhor vê as críticas dos movimentos sociais latinoamericanos que afirmam que a Petrobras exerce um subimperialismo na região?

R - Acho uma critica muito interessante, porque é uma critica geralmente feita na Europa. Feita pelas Ongs da Europa.

Tatiana Merlino - Não só. A Ong Fase lançou um livro.

R - Da Europa. As Ongs que fazem isso são da Europa.

Tatiana Merlino - André Soliz Rada, ministro de Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, afirma ter caído por pressões da petrobras?

R - Não. Ao contrário, ao contrário. O camarada Soliz tem uma posição anti Brasil em qualquer circunstância, por razões político ideológicas na Bolívia e não contra a Petrobras. Ele tem uma posição clara de que a relação Brasil - Bolívia é uma relação subimperialista, por razões ideológicas, não é fortuita. É consolidada, legítima. Historicamente a Bolívia tem uma experiência de expropriação muito grande, foi expropriada pelos espanhóis em um primeiro momento, quando construíram a Argentina e excluíram a Bolívia. Tem uma diferença histórica de expropriação por perder o acesso ao mar na guerra com o Chile. Tem uma experiência histórica de conflito com o Peru por expropriação de áreas. Tem uma experiência dolorosa, mesmo que negociada, quando perdeu o Acre para o Brasil. É um dos países em que a população indígena dominante foi oprimida internamente por longo período. A Petrobras é parte muito recente dessa história. O conflito que tivemos foi muito mais midiático, verbal, do que efetivo, no caso das refinarias. Na realidade, a Bolívia adquiriu as nossas refinarias pelo valor justo. A Bolívia em momento algum questionou e alterou as relações de contrato de venda do gás para o Brasil. Mas alterou, sim, legitimamente as condições de rentabilidade da atividade exploratória dentro da Bolívia. A Petrobras é hoje um dos maiores investidores na Bolívia. O presidente Evo Morales tem uma legitimidade muito grande. Evidentemente vai buscar melhorar sua participação na distribuição da renda. Agora eu não vou aceitar que o Brasil e a Petrobras são subimperialistas na Bolívia. Somos grandes, sim. Não dá para negar isso. Mas ser subimperialista significa ter uma relação de exploração, e nós somos grandes investidores na Bolívia, somos o principal importador da Bolívia, viabilizamos a maior parte das receitas fiscais da Bolívia.

Lúcia Rodrigues - Eu queria retomar a questão dos ataques à Companhia, e que o senhor deixasse explícito quem são os atores que estão interessados em desgastar a Petrobras.

R - Eu não vou dizer.

Lúcia Rodrigues - Vou dar um empurrãozinho. O senhor diz reiteradas vezes que as áreas do pré-sal são bilhetes premiados. Recentemente a mídia divulgou que a Exxon (petroleira norteamericana) encontrou um poço seco (sem petróleo), para justificar que o bilhete premiado não é tão premiado assim. Que interesses estão por trás disso?

R - A atividade exploratória envolve estudos de sísmica, avaliação de modelos, perfuração de poços. Ter um poço seco é absolutamente normal. Nós tivemos sucesso em todos os nossos poços. Mas não é esse o motivo que nos faz dizer que o risco exploratório é mínimo. Os volumes potenciais são gigantescos, mas não quer dizer que não haverá poços secos. O que está evidenciado é que na área do pré-sal brasileiro há enormes potenciais comprovados pela sísmica. Ninguém questiona isso, os técnicos não questionam. O que existe é uma disputa política, clara, sobre a necessidade ou não de modificar o marco regulatório brasileiro.

Lúcia Rodrigues - Como o senhor vê a redação do texto do novo marco regulatório proposto pelo governo, que retira os leilões da ANP [Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e cria uma nova estatal para administrar o pré-sal?

R - Eu não vou falar sobre isso, ainda não está público. Não vou comentar sobre hipóteses.

Lúcia Rodrigues - Mas o pré-sal continua com a Petrobras?

R - Depende do que você define por continuar com a Petrobras. Continuar só com a Petrobras, não sei se será possível. Da área mapeada do pré-sal, 38% já estão em concessão para as empresas. Dessa área concedida, a Petrobras tem 60%. Os outros 62% não estão concedidos ainda. Eu acho que nesses 62% a Petrobras tem papel fundamental, mas sozinha será um pouco mais difícil.

Tatiana Merlino - O que pode ser feito para garantir que essa riqueza seja utilizada em benefício do povo brasileiro?

R - O marco regulatório tem de definir os destinos para os benefícios que o Estado brasileiro terá.

Hamilton Octavio de Souza - Como está esse processo?

R - Está em discussão e não posso entrar em detalhes.

Marcelo Salles - Os petroleiros e os movimentos sociais defendem o restabelecimento do monopólio estatal do petróleo. O presidente da Petrobras é um entusiasta da volta do monopólio?

R - A Petrobras sobrevive sem monopólio. O problema principal não está no monopólio, mas em garantir a presença da Petrobras sob o controle do povo brasileiro. O governo deve manter o controle sobre a Petrobras. Eu sou contra a privatização da Petrobras. Mas não necessariamente a Petrobras precisa ter o monopólio. Porque o volume de recursos que serão necessários exige que a Petrobras seja exposta à competição. Ela precisa ser pressionada. Eu confio na Petrobras desde que seja controlada pelo Estado,

Hamilton Octavio de Souza - Qual a sua opinião sobre a CPI?

R - A CPI é um instrumento legítimo. Mas uma CPI ampla, sem clareza do fato que quer investigar é a nosso ver inadequada. Mas somos estritos cumpridores da lei e vamos dar o máximo de colaboração porque a Petrobras tem todas as condições de responder às questões colocadas. A Operação Águas Profundas envolve a empresa Angraporto. A Petrobras colabora com a Polícia Federal e com o Ministério Público desde o início da investigação, já demitiu três gerentes, suspendeu dois gerentes envolvidos nisso. Está no âmbito da Polícia Federal e do Ministério Público, a CPI não vai contribuir para o aprofundamento dessas questões. O tema P 52 e P 54 (plataformas) que se refere a variações cambiais e ajuste de preços em função da variação cambial que ocorreu no Brasil em 2004, 2005. É um tema que está em discussão no TCU (Tribunal de Contas da União). É uma discussão técnica entre a Petrobras e o TCU. Em relação à Refinaria do Nordeste temos uma diferença clara, técnica, sobre como medir o custo unitário de refinaria versus custo de estradas. Não dá para transferir o cálculo para se fazer uma estrada, para o da construção de uma refinaria. Além disso, em obras desse tipo sempre há situações inesperadas: lençóis de água não identificados, tipo de solo expansivo. É preciso fazer ajustes tecnológicos, para uma obra de terraplenagem em uma refinaria. O âmbito mais adequado para se fazer uma análise desse tipo não é em uma CPI. O outro tema é o dos patrocínios. A Petrobras tem orgulho de ter realizado patrocínios. É importante ter responsabilidade social. Avançou na transparência e na escolha pública dos patrocinados. Avançou na definição de metas de público fim e não dos intermediários para viabilizar os seus programas. Portanto, se quiserem analisar isso, vamos analisar. Agora, precisa CPI para isso? Tenho dúvidas. O critério tributário, regime de caixa ou de competência é uma discussão absolutamente técnica, que se tiver problema será entre a Petrobras e a Receita Federal. Até hoje nós não tivemos problemas com a Receita Federal. A Receita nunca nos intimou nem multou. No entanto, a imprensa vive dizendo que nós fomos multados, que nos intimou e que isso foi o motivo de demissão da secretaria da Receita Federal. E nada disso é verdade. O Globo publica uma matéria que é uma barriga (errada). A manchete diz: "Multa da Petrobras derruba secretaria." E a multa é falsa, não existe a multa. É tão incrível que o texto da matéria não se refere à multa, porque sabe que não houve a multa. Eu acho que a CPI é legítima, vamos colaborar. Eu vou depor na CPI no momento que for marcada minha ida, não tenho nenhum problema de explicar as questões, mas acho que não tem motivos para ter uma CPI.

Lúcia Rodrigues - Que interesses estão por trás dessa CPI?

R - A CPI é um instrumento da oposição. Politicamente a CPI sempre foi instrumento legítimo das oposições parlamentares, para chamar a atenção da opinião pública para determinados temas. Espero que essa CPI, além disso, traga contribuições. Dependendo da irresponsabilidade do conjunto das denúncias pode afetar a reputação da Companhia e de pessoas, que é difícil reconstruir. Isso tem impacto sobre a Companhia. E evidentemente pode enfraquecer a Petrobras. O grau de enfraquecimento é impossível de ser previsto antecipadamente.

Lúcia Rodrigues - O senhor considera que o capital privado, inclusive, internacional está por trás da instalação da CPI?

R - Eu não tenho uma visão paranóica da história. Os movimentos estruturais são importantes para entender as grandes tendências da história, mas as ações conjunturais dependem das pessoas e de subgrupos, das classes. Para explicar as conjunturas é melhor O 18 Brumário, de Marx, do que O Capital. Dificilmente conseguiremos identificar claramente os interesses de classes versus a ação política. Porque tem mistura de interesses de grupos. Sucessão presidencial é um elemento, a dificuldade eleitoral dos senadores é outro elemento, a crise da imprensa, a crise econômica, o pré-sal são outros componentes, os elementos ideológicos frente à crise recente compõem outro conjunto de vetores, a popularidade do presidente Lula e a falta de discurso da oposição para atacá-lo. Tudo isso cria o caldo de cultura para a instalação da CPI.

Hamilton Octavio de Souza - Qual será a estratégia adotada para enfrentar a CPI?

R - Montamos um conjunto de ações que tenta isolar dentro da Companhia a atividade normal que tem de continuar. Colocamos alguns quadros da empresa para tratar a questão da CPI. Nossa política é a da máxima transparência, maior colaboração possível com o âmbito da CPI. E uma permanente resposta aos questionamentos que apareçam. Para isso criamos um blog.

Tatiana Merlino - Que foi alvo de muitas críticas.

R - Foi alvo de muitas críticas. Não se pode quebrar o monopólio da construção da relação entre o formador da opinião pública e a opinião pública. Como nós quebramos isso, criou um deus nos acuda. Nossa posição é responder a todas as questões com o máximo de transparência possível. Nos últimos 45 dias respondemos 1.150 perguntas.

Tatiana Merlino - Por que o ataque à Petrobras e não a uma empresa privada?

R - Porque ela é grande. Não tem nenhuma empresa que tenha o simbolismo da Petrobras no Brasil. Não tem nada similar. Lembre que há alguns anos a Petrobras era petrossauro, um paquiderme, uma empresa ineficiente, que vivia cheia de marajás.

Lúcia Rodrigues - E que quase virou Petrobrax.

R - E que quase virou Petrobrax...

Tatiana Merlino - Esses setores que a atacam defendem a privatização da Petrobras?

R - Você não vai botar isso na minha boca, porque eu não vou dizer. Se fosse só isso, era fácil. A coisa é mais complexa do que isso, sinceramente. Seria muito fácil se identificássemos os inimigos da Petrobras, como aqueles que querem a sua privatização. Não é assim. Se fosse assim era fácil. Eu acho que tem gente que defende a Petrobras e é a favor da privatização. Não acho que seja tão preto e branco.

Hamilton Octavio de Souza - A Petrobras acabou recuando na questão do blogue.

R - Não. Antes, nós dávamos a entrevista para o veículo e colocávamos no ar. Agora, publicamos à meia noite do dia em que a entrevista sairá. Nos veículos online colocamos no ar imediatamente quando é postado.

Lúcia Rodrigues - Recentemente O Globo publicou uma manchete que parecia de 45 anos atrás, no governo do João Goulart. Acusou a direção da Petrobras de aparelhamento e de ter transformado a Companhia em uma república sindicalista. Como o senhor vê esse tipo de critica?

R - É o caldo ideológico que estamos vivendo. A crítica a uma república sindicalista tem três dimensões ideológicas. Primeiro, significa que por ser sindicalista é desqualificado. É uma posição ideológica contra a ação sindical que é uma representação legítima da luta econômica dos trabalhadores. Uma posição contra os trabalhadores, do ponto de vista ideológico. Segundo, essa mesma manchete significa outra coisa do ponto de vista ideológico. Precisa ser desconstruída. Afirma que há um aparelhamento da Petrobras. Escolhe 22 dirigentes entre 4.900 dirigentes, para tentar dizer que a Petrobras é um aparelho e não para tentar verificar se a Petrobras está de fato escolhendo seus dirigentes em função da ideologia. A terceira dimensão é ainda mais abjeta do ponto de vista ideológico: sindicalista é incompetente. É uma manchete preconceituosa, ideológica, claramente comprometida. Como você bem mencionou, tem raízes na velha direita brasileira .

Lúcia Rodrigues - O senhor disse no início de nossa entrevista que conquistou a confiança dos petroleiros. Mas a FUP (Federação Única dos Petroleiros) tem algumas críticas.

R - Muito justas. Se não tivessem, seriam pelegos.

Lúcia Rodrigues - Eles querem que a política de primeirização (contratação por meio de concurso público) da Companhia avance mais. A outra critica é sobre as punições da greve de março, que além de advertências e suspensões gerou também o desimplante (remoção) de trabalhadores do local de trabalho.

R - É uma situação difícil. Eu tenho conversado muito com os companheiros da FUP. A política da Petrobras nas relações de trabalho é manter permanentemente um diálogo aberto. Isso depois de 2003, porque antes nem sempre havia o diálogo aberto. Nossa política é intransigentemente de manter sempre o diálogo aberto, com as representações sindicais dos trabalhadores, de respeitar a autonomia sindical. Manter sempre uma possibilidade de negociação é melhor do que o confronto. Mas não podemos desconhecer que há uma relação capital-trabalho dentro da Petrobras.

Lúcia Rodrigues - Não é porque o Lula chegou ao poder ...

R - Que acabou a relação capital-trabalho. Quem está na gestão tem de cuidar da disciplina do trabalho, tem de cuidar da produtividade, da eficiência. Evidentemente que pode fazer isso de várias maneiras. Eu acho que deve se r::aé.manter a contínua negociação. Agora em certos momentos, quem está na gestão vai ter posições contraditórias com quem está na operação, ainda mais com quem está na direção sindical. Porque esses têm de defender prioritariamente os interesses dos trabalhadores da Petrobras. A função do dirigente sindical é autonomamente, em relação aos dirigentes da Petrobras, defender energicamente os interesses dos trabalhadores. Mesmo que chegue a limites de indisciplina.

Lúcia Rodrigues - Mas por que a punição?

R - Porque chegou ao limite da indisciplina.

Lúcia Rodrigues - Que tipo de indisciplina, a greve?

R - Ninguém foi punido por fazer greve.

Lúcia Rodrigues - Os petroleiros dizem que sim.

R - Todos que foram punidos, foram punidos porque tiveram excessos. Excessos do tipo: começar a greve, antes de a greve começar, ocupar a operação em áreas perigosas, impedir a ação de dirigentes da Companhia nas áreas da empresa. Evidentemente que eles têm todo o direito de ir para a Justiça. Têm todo direito. Mas a Petrobras e seus dirigentes não podem abrir mão da disciplina interna. É um problema de indisciplina. Nos cinco dias de greve. nós tivemos uma posição de confronto, porque o sindicato legitimamente queria parar a produção.

Lúcia Rodrigues - Greve tem de parar a produção.

R - Nós tínhamos que impedir a parada da produção. Então fomos para o confronto direto. Porque nós tínhamos um compromisso não só com os trabalhadores, mas um compromisso com o povo brasileiro, com o consumidor da Petrobras. Nós temos que fornecer o produto. Então é um momento de tensão. Não podemos usar esse momento de tensão para prejudicar a tendência de longo prazo de manter permanente diálogo para a negociação.

Lúcia Rodrigues - E em relação à questão da terceirização?

R - Há alguns setores que a nosso ver vão ser terceirizados, sempre: construção dentro de refinarias, algumas áreas de suporte que são eventuais vão ser terceirizadas, sempre. O que não podemos admitir no caso da terceirização é que haja um subtrabalhador, como terceirizado. Nós temos que dar aos terceirizados as mesmas condições de segurança, de benefícios. Nós estamos acelerando a primeirização. Nós admitimos no ano passado 23 mil pessoas. Hoje, 40% da força de trabalho da Petrobras têm menos de oito anos na Companhia. E 60% tem mais de 18 anos.

Lúcia Rodrigues - Mas isso foi para preencher os claros existentes ou foi porque a Companhia cresceu?

R - As duas coisas. Mas ninguém admite 40% da força de trabalho, em sete anos, se não for para crescer. Os números mostram isso. Evidentemente que a Petrobras não vai fazer a primeirização no ritmo que se quer. Não pode de imediato fazer um concurso para cem mil pessoas ou noventa mil pessoas, como se diz que há de terceirizados. Não pode crescer eternamente. Não pode fazer um concurso para substituir imediatamente, porque ela esgota e mata o mercado de trabalho em um primeiro momento. Tem de fazer isso ao longo do tempo.

Lúcia Rodrigues - A Petrobras ainda trabalha com o conceito de atividade fim e atividade meio.

R - Sim.

Lúcia Rodrigues - E por que não atividade permanente?

R - Porque não é uma questão de atividade permanente.

Lúcia Rodrigues - Mas os petroleiros afirmam que é.

R - Eu sei que eles colocam isso. Essa é a visão do movimento sindical, é legitimo.

Lúcia Rodrigues - Se a função existe dentro da Companhia porque não primeirizar?

R - Porque aquela atividade não é uma atividade nossa e aquela atividade pode terminar.

Lúcia Rodrigues - Mas a atividade de manutenção de dutos, por exemplo.

R - A atividade de manutenção de dutos pode ser mudada de um lugar para o outro. Não há a necessidade de se ficar com a mesma equipe.

Lúcia Rodrigues - Existem operadores terceirizados nas plataformas.

R - Não. Operadores na Petrobras, não. Você tem embarcados (trabalhadores) de empresas que fazem trabalhos para a Petrobras.

Lúcia Rodrigues - Mas esses funcionários terceirizados não têm o mesmo grau de treinamento e qualificação que os trabalhadores da Petrobras.

R - Às vezes têm mais.

Lúcia Rodrigues - Isso não pode comprometer, inclusive, a segurança da própria plataforma, da refinaria e seu entorno?

R - Com certeza, se tiver a prática da terceirização como redução de custos. A terceirização não pode ser vista como uma redução de custos. Tem de ser vista pela eficiência.

Lúcia Rodrigues - Mas por que um funcionário terceirizado trabalha 14 dias embarcado na plataforma e fica 14 dias em terra e o da Petrobras trabalha os mesmos 14 e permanece 21 dias em solo?

R - Os trabalhadores da Petrobras conquistaram os 14 por 21. Mas na prática mundial são 14 por 14.

Hamilton Octavio de Souza - O que o cidadão brasileiro pode esperar da Petrobras?

R - Uma Companhia que será uma das maiores empresas do mundo, comprometida com o Brasil e com o desenvolvimento do povo brasileiro.


* Revista Caros Amigos, Ano XIII número 149, agosto de 2009- NAS BANCAS.