terça-feira, 11 de agosto de 2009

CONFESSIONARIOS VAZIOS fonte UNISINOS dos Jesuitas - Bismarck Frota de Xerez


"Não deixem que os confessionários fiquem vazios", clamou o Papa há algum tempo. Não é que eles estejam sempre vazios. Mas nos meios eclesiásticos está claro que os católicos em todo o mundo se confessam cada vez menos há meio século. A Argentina, certamente, não foge a essa tendência: estima-se que a quantidade de confissões se reduziu para uma quarta parte nesse período.
A reportagem é de Sergio Rubin, publicada no jornal Clarín, 04-08-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
As razões são múltiplas, segundo os especialistas. Entretanto, em uma sociedade em que muitos crentes – não só católicos – relegam a mediação do clero ("Eu tenho o telefone direto com Deus", diz-se popularmente), o apelo ao sacerdote está em baixa. Entre as razões, está a de recorrer a eles para obter o perdão divino pelos pecados cometidos.

Mas existem muitas outras razões para explicar a queda. O padre Francisquito van der Bosh – licenciado em Pastoral Catequética e ex-diretor nacional de Catequese – afirma, em primeiro lugar, que existe "uma confusão" sobre o sacramento da reconciliação (confissão), que leva a não valorizá-lo em sua reta significação.

"Não é um processo que deve ser feito a cada quinze dias para não cumprir com certos princípios – assinala –, mas uma conversão (que não acontece a cada momento) por ter falhado diante de Deus e que deve ser feito pelo menos uma vez por ano (ou se a pessoa quiser comungar e está em pecado grave)".

Van der Bosh também menciona a perda do sentido do pecado. "A fronteira entre o bem e o mal, devido ao relativismo moral, tornou-se muito difusa e existe a tendência a 'fazer o que eu sinto'", afirma. Ele também menciona a falta de uma adequada formação religiosa (catequese) no começo. "Começamos para uma nova vida, de comunhão com Jesus, ou transmitimos o que os católicos acreditam?", questiona.

Finalmente, ele considera que a falta de sacerdotes – muitas vezes para atender fiéis distribuídos em uma vasta geografia – também incide negativamente.

A psicóloga Ada Morales – que trabalha no campo religioso – diz que a diminuição na quantidade de confissões acompanha a queda nos ofícios litúrgicos, salvo as principais datas ou as festas populares.

Mas ela acredita que o modo de se confessar melhorou. "As confissões estão mais enquadradas no acompanhamento espiritual dentro de encontros de participação ou de retiros espirituais. Dentre os fiéis "participativos", vai se conseguindo uma diferença entre confessar qualquer coisa e uma verdadeira reconciliação com o Senhor. É algo semelhante – diz – com aqueles que se casam na igreja: cada vez são mais aqueles que o fazem porque acreditam no sacramento e menos os que o fazem por costume ou pelo 'show' social".

O bispo auxiliar de Buenos Aires e vigário de Pastoral, Eduardo García, tem uma leitura parecida. "As confissões diminuíram porque houve pessoas que se afastaram da fé e porque aqueles que se confessam não o fazem por obrigação ou por medo, como antes. Agora, buscam um espaço de reconciliação e cura do coração. A confissão – afirma – já não é considerada um mero passaporte para poder comungar, mas sim um encontro com nosso Pai e sua misericórdia".


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