SÃO PAULO (Reuters) - as primeiras doses devem ser produzidas a partir de outubro, informou o presidente da Fundação Butantan, Isaias Raw. Nesta terça-feira, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul tiveram novos registros de mortes pela doença.
Para Raw, de acordo com a Agência Câmara, o Brasil será pressionado para atender também a seus países vizinhos, já que o Butantan é o único instituto na América Latina habilitado para produzir vacinas. O governo pretende vacinar até 18 milhões de pessoas contra a doença até metade do ano que vem.
Nesta terça-feira, durante sessão na Câmara dos Deputados em Brasília, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, voltou a criticar a distribuição do medicamento usado no tratamento da gripe H1N1.
"É uma medida perigosa", afirmou. Temporão acrescentou que casos de resistência ao medicamento já foram registrados no Canadá e na China.
Na semana passada, o ministro havia classificado como "irresponsável" a distribuição indiscriminada do medicamento e disse que seu uso descontrolado poderia tornar o vírus mais resistente.
Temporão reafirmou que o ministério está atento à evolução da gripe H1N1 no país mas que não se deve transformar a nova doença em uma "peste".
"O sistema de saúde que construímos vai dar conta do recado", disse Temporão. "Gripe é uma doença complicada, que deve ter muita atenção e cuidado, não apenas agora".
Nesta terça-feira, o município paranaense de Cascavel proibiu a aglomeração de pessoas em locais fechados para evitar a disseminação da nova gripe.
Até o dia 17 de agosto, ficarão proibidas reuniões em cinemas, igrejas, faculdades, casas noturnas e shoppings. Bancos e supermercados permanecerão abertos, informou a prefeitura em nota.
O Paraná é um dos Estados com maior número de mortes pela nova doença -- 39 óbitos.
GRÁVIDAS: GRUPO DE RISCO
Temporão indicou que a nova doença já representa 77 por cento do total de casos de gripe registrados no Brasil. Segundo o ministro, 192 pessoas morreram no país em decorrência do vírus H1N1, o dobro de vítimas em relação ao último boletim do ministério, divulgado há uma semana, que contabilizava 96 óbitos.
Dados das Secretarias Estaduais de Saúde, no entanto, colocam o número de mortes no país em pelo menos 211.
No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a morte de mais seis pacientes vítimas pela nova gripe. O Estado soma 55 mortes pelo vírus H1N1.
No Rio de Janeiro, foram confirmadas duas novas mortes --um homem de 33 anos e uma gestante de 34 anos. São 35 óbitos pela doença no Estado, informou a Secretaria de Saúde.
As mortes foram confirmadas após a divulgação dos números de vítimas fatais por Temporão em sessão na Câmara.
Segundo Temporão, as gestantes correspondem a 14,5 por cento dos óbitos e 30 por cento delas apresentavam pelo menos um fator de risco adicional, como pressão arterial elevada.
"Eles se somaram à gravidez e contribuíram para uma evolução ruim do caso", afirmou.
Para evitar a contaminação de gestantes, a Secretaria de Saúde de São Paulo recomendou restrições ao trabalho de grávidas no Estado.
A medida recomenda a transferência de profissionais gestantes para setores nos quais não haja contato com pacientes da nova gripe.
"A Secretaria ainda estuda o motivo pelo qual a mortalidade tem sido alta entre as gestantes", afirmou a pasta em nota. "Mas um dos possíveis fatores é a redução da imunidade entre essas pacientes, além de diminuição da capacidade pulmonar".
São Paulo é o Estado com maior número de vítimas fatais (69). De acordo com a Secretaria de Saúde, dos óbitos registrados, 13 foram de mulheres grávidas.
(Por Hugo Bachega, com reportagem de Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro)
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