domingo, 23 de agosto de 2009

Acordo Brasil-Santa Sé é "gesto de lucidez" Diz Dom Walmor - 17/08/09 - Ir Alberto

Dom Walmor de Azevedo enfatiza que tratado respeita a laicidade do Estado

BELO HORIZONTE, sexta-feira, 14 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, considera que será um “gesto de lucidez” dos deputados aprovar no Plenário da Câmara o Acordo Brasil-Santa Sé.
O Acordo foi aprovado nessa quarta-feira pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Poderá agora ser apreciado por outras Comissões da Câmara ou seguir direto para a votação em Plenário.
O arcebispo explica primeiramente – em artigo enviado a Zenit hoje – que “o entendimento da laicidade não pode, absolutamente, tornar-se um aríete iconoclasta destruidor da força própria que a experiência da fé possui em si - com propriedade específica para configurar sociedades mais equilibradas norteando-as com princípios de validade universal e fecundidade própria”.

A discussão do Acordo Brasil-Santa Sé – prossegue Dom Walmor – “tem ensejado abordagens que estão iluminando compreensões que precisam considerar elementos outros com importância própria”.
“Há quem aponte, por limitação no uso de conceitos e princípios, que um Acordo internacional desta ordem seja um simples privilégio para a Igreja Católica em detrimento de outras opções confessionais.”
“Este tipo de consideração nivela o que precisa ser considerado na diferença para não se perder a riqueza própria de cada contribuição, ou conjunto de contribuições próprias, que vem do exercício singular de cada confissão religiosa”, afirma.
A proposta do Acordo Brasil-Santa Sé “põe em evidência a herança ética, espiritual e religiosa de uma história - como frisa o Papa Bento XVI, herança nascida da fé”.
“E que não pode ser considerada como menos importante do que o numerário em divisas como posse de uma sociedade ou mesmo em relação aos seus superávits primários ou secundários.”
O arcebispo de Belo Horizonte considera que “desconhecer ou desconsiderar esta herança da fé como alavanca é cometer um grande crime contra a própria cultura”.
“A fé cristã, com seu arcabouço de valores, oferecida e vivenciada pela missão da Igreja Católica no Brasil, numa história de mais de quinhentos anos, remodelando e alargando perspectivas antropológicas, abrindo caminhos novos de comprometimentos com os pobres, produzindo cultura, em valores, monumentos, arte e educação - esta fé cristã católica não pode, repentinamente, ser desconsiderada ou vista como possivelmente nociva ao conceito de laicidade do Estado.”
“A maneira de viver e pensar da sociedade brasileira tem nesta alavanca da fé cristã católica uma herança de alta qualidade e indispensável significação, em se considerando também o cenário mundial”, afirma Dom Walmor.
Na verdade –assinala o arcebispo– “trata-se, não de uma tinta, mas de questão de raiz na história e na vida de um povo”.
“Assim, o Acordo Brasil-Santa Sé caracteriza-se pela vontade de respeitar a laicidade do Estado. Uma laicidade positiva, entendida não como aquela que preconceituosamente considera a religião como perigo ou nega o seu direito próprio e histórico.”
Dom Walmor destaca que “espera-se a aprovação deste Acordo, no plenário da Câmara dos Deputados, como gesto de lucidez, garantia de diferenças, direitos, reconhecimento da fé na busca dos equilíbrios que só ela oferece - não como privilégio, mas como trunfo e alavanca”.

Fonte: www.zenit.org

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