terça-feira, 20 de abril de 2010

Mulheres conjuradas Sociedade machista relega a segundo plano - Frei Beto

*Autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco)*

Rio - Nessa cultura machista que nos assola, quase não se destacam as figuras heróicas de mulheres envolvidas com a Conjuração Mineira liderada por Tiradentes. Mulheres que tiveram coragem de apoiar os homens que amavam, comprometidos com a principal conspiração de nossa história: a que pretendeu libertar o Brasil do domínio português. Tomás Antônio Gonzaga apaixonou-se por Maria Doroteia Joaquina de Seixas, 23 anos mais nova, eternizada sob o pseudônimo poético de “Marília de Dirceu”. Bárbara Heliodora, mulher de Alvarenga Peixoto, teria evitado que o marido, uma vez preso, passasse de conspirador a delator. Outra mulher que merece destaque é Inácia Gertrudes, a quem Tiradentes recorreu, no Rio de Janeiro, quando soube que o vice-rei o perseguia. Quitéria Rita era filha de Chica da Silva, que nascera escrava na fazenda do pai de padre Rolim. O padre e ela amasiaram-se. Antes de ser preso, Rolim internou Quitéria e as filhas no Recolhimento de Macaúbas. Ao sair da prisão, 13 anos depois, foi ao Recolhimento e as resgatou. Hipólita Teixeira casou-se com o coronel Francisco Antonio de Oliveira Lopes. Preso o marido, e degredado para a África, teve ela todos os bens sequestrados. Foi ela quem contra-atacou, em carta ao governador de Minas, a delação de Joaquim Silvério dos Reis. E também redigiu e espalhou os avisos sigilosos dando notícias aos conjurados de que Tiradentes havia sido preso no Rio, em 1789. História é substantivo feminino. Contudo, nela, as mulheres costumam figurar como mera adjetivação de heróis masculinos. É hora de voltarmos aos tempos em que os hebreus ressaltavam a atuação destemida de mulheres
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"Sonho, é só um sonho, ...,
Sonhar junto e realidade."

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