quarta-feira, 21 de abril de 2010

SERÁ QUE É ASSIM DO JEITO QUE ELES DIZEM? - Laerte Braga


O dia das Forças Armadas do Irã foi comemorado com um desfile na capital Teerã. O governo apresentou caças de quinta geração, o sistema de defesa antiaérea S-300 (tecnologia de ponta) e mísseis de ogivas múltiplas capazes de atingir alvos a curta, média e longa distâncias.
Caças de quinta geração são protótipos (têm caráter experimental) nas três maiores potências militares do mundo, EUA, Rússia e China e o sistema de defesa antiaérea é de tecnologia original da Rússia. São eficientes e capazes de defender e garantir as instalações nucleares do país no caso de um ataque norte-americano ou por parte de Israel.
É óbvio, levando em conta as declarações do presidente Bush, quer dizer Obama, que armas atômicas só “em último caso”. Vale dizer que potencial exibido pelas Forças Armadas do Irã exigirão armas atômicas para ser destruído.
O que há de terrorismo nisso?

O povo iraniano derrubou um regime podre, o do Xá, que mantinha o país atrelado aos interesses das grandes corporações dos EUA e alinhado com os interesses daquele país. Desde então o processo político da revolução islâmica passa por ampla participação popular. Há uma integração entre Forças Armadas, Guarda Revolucionária e toda a nação civil na certeza que se está construindo um país livre, soberano e capaz de ditar seu destino a partir da vontade de seu povo.
Há dias li um comentário em que se dizia que se uma freira cobrir o seu rosto por vocação religiosa estará exercendo o direito de professar sua fé. Se for uma cidadã que tenha como fé o islamismo é rotulada de submissa.
As distorções da mídia ocidental, o principal instrumento do império norte-americano, grandes corporações, bancos e forças sionistas, para impor o modelo político e econômico da verdade única de Washington.
Neste final de semana a REDE GLOBO, partido da coligação que apóia o funcionário norte-americano José Collor Arruda Serra à presidência exibiu um vídeo comemorativo dos seus 45 anos (45 é o número do PSDB) e com o slogan de Arruda Serra – “nós podemos mais” –. A reação partiu de atores usados na gravação. Um deles, do primeiro escalão da turma, avisou que se sentia usado e iria tornar o fato público, ou seja, o objetivo do partido REDE GLOBO. Gravou sem saber dos reais objetivos dos bandidos e teve o apoio de vários colegas.
Militares brasileiros têm tradição de serem submissos aos grandes impérios. A “heróica” guerra do Paraguai foi decidida em Londres e imposta ao imperador Pedro II. O Paraguai era um dos maiores exportadores de tecidos e chá mate do mundo, concorrendo com o império britânico, ameaçando interesses desse império, então o maior e mais poderoso do mundo (os britânicos diziam que ”no império britânico o sol não se põe”, em alusão ao fato de terem colônias, à época, em todos os cantos do mundo).
Registre-se que o Brasil estava, àquele momento, de relações cortadas com a Grã Bretanha, mas aquele negócio de ficar no canto choramingando por uns trocados a mais, algumas vantagens comerciais aqui e ali e a tarefa de promover o genocídio que promoveram no Paraguai (mataram a população feminina quase toda para evitar que o país recobrasse sua força e seu crescimento demográfico).
Isso está em qualquer livro de história sério e existem muitos que tratam do assunto. O “ditador” Solano Lopez, que morreu lutando no campo de batalha, era um governante que cuidava dos interesses do seu país, do seu povo.
Proclamada a República, no susto, foi um golpe de estado e os interesses se prendiam a soldo dos militares, por pouco o Brasil não vai para o brejo no desgoverno do marechal Deodoro da Fonseca. Foi forçado a renunciar e outro marechal, Floriano Peixoto, assumiu o governo.
Começa aí uma diferença fundamental entre os militares. Se Deodoro não sabia para que lado apitava o navio, Floriano sabia. Ditador, o que tenha sido, naquele momento histórico, errado ou certo, segurou a barra.
E quando os ingleses tentaram meter o nariz por aqui perguntaram a ele como os receberia, falavam dos navios no porto do Rio, mandou uma resposta curta e grossa – “à bala” – Floriano ia para o palácio de bonde.
Ao longo da história militares têm tentado ser algo mais que responsáveis pela garantia da soberania e da integridade do território nacionais. Não têm conseguido nem uma coisa e nem outra e nas oportunidades em que militares responsáveis se dispuseram a tal foram golpeados, expulsos, muitos presos, torturados e mortos, principalmente no golpe militar de 1964 conduzido e comandado por forças norte-americanas.
A maior parte das forças armadas brasileiras, historicamente, pensa como Washington pensa, desde a ruína do império britânico. Pensavam ou eram pensados por Londres antes dos norte-americanos.
Não mudou com o fim da ditadura militar. Continuam intocados os baús da ditadura. Permanece o véu da vergonha encobrindo o patriotismo canalha dos torturadores. Dos corruptos que se apoderaram do Brasil à força e são recentes as declarações do general Augusto Heleno, ex-comandante militar da Amazônia e das tropas norte-americanas disfarçadas de tropas da ONU no Haiti, defendendo posições de Washington, postando-se tal e qual em 1964, quando um governo legitimo foi derrubado para impor um modelo bárbaro, cruel e á feição dos patrões, dos comandantes reais, os norte-americanos.
Quando um grupo de militares pensou o Brasil em termos de potência e pensou a questão da segurança nacional –a real – não a partir da opressão a camponeses, a trabalhadores, mas de compromissos reais com a nação, esse grupo foi marginalizado.
O último grande militar brasileiro, dentre muitos, foi o marechal Henrique Dufles Baptista Teixeira Lott. Seus pares lhe negaram honras militares quando morreu, na mediocridade dos fardados subordinados a interesses de nações estrangeiras. Pode simbolizar o major Cerveira. O sargento Gregório Bezerra. O capitão de mar e guerra Milton Temer. O brigadeiro Rui Moreira Lima (96 missões na FEB). O general Ladário Telles. O almirante Cândido Aragão. O capitão Carlos Lamarca. O marechal Luís Carlos Prestes, símbolo de uma geração e de uma nação capaz de dizer-se presente, livre e soberana. E muitos mais, foram mais de dois mil expurgados na quartelada de 1964 para atender aos donos.
O exemplo do capitão Sérgio Macaco que com seu sacrifício pessoal evitou atentados de um brigadeiro maluco, Burnier, com o fim de colocar a culpa nos “comunistas”.
Esses que citei acima não iriam nunca agir da maneira covarde que agiram dois golpistas na tentativa de atentado contra o Riocentro, matando milhares de pessoas para justificar outro massacre e evitar a ordem democrática em marcha. Não são militares, militares por excelência têm honra, não é o caso deles.
O exemplo do Irã é significativo.
Será que as coisas são de fato como eles dizem? Os donos da mídia, os comandantes norte-americanos das forças armadas brasileiras? Será que devemos nos conformar e nos resignar a ser uma potência de segunda categoria, quiçá uma unidade da federação norte-americana se um político corrupto e sem entranhas como Arruda Serra virar presidente?
É claro e evidente que armas nucleares são uma estupidez. Muito mais claro no entanto que estúpidos são aqueles que acreditam nas intenções pacifistas dos EUA, desconhecendo que o verdadeiro terrorismo é a posse dessas armas (Israel tem).
Imagine um cenário em que nove pessoas numa comunidade de dez estejam desarmadas e apenas uma tenha um revólver. É o dono. Impõe sua vontade.
No caso específico das forças armadas brasileiras, em sua imensa maioria, nem é necessário esse tipo de realidade. São pensados em Washington, pelo Pentágono, pelo War College e tremem de “patriotismo” quando escutam falar em bases norte-americanas no Brasil. Vão ter brinquedinhos de última geração para defender e garantir interesses estrangeiros aqui e massacrar nosso povo como o fizeram no golpe de 1964.
Esse é o patriotismo canalha a que se refere o pensador e político inglês Samuel Johnson.
O grande temor dos norte-americanos é não poder controlar o petróleo no Oriente Médio a partir do momento em que o Irã se torna potência e ganha condições de resistir e enfrentar as ditaduras aliadas aos EUA, garantir o povo Palestino (assassinado em genocídio pelo governo de Israel). No Egito começam a eclodir manifestações de protestos contra a corrupção da ditadura de Osni Mubarak. Na Jordânia a reação ao governo pró-EUA é forte.
No Brasil é o contrário. Vão ocupando e tomando o País de forma solerte, tranqüila, sem preocupações a partir das próprias forças armadas brasileiras, em sua imensa e esmagadora maioria submissas aos interesses dos donos do mundo. Sem nenhum compromisso com o Brasil que não a retórica assassina da tortura e da barbárie como em 1964, no estufar de peitos cheios de medalhas por assassinatos e estupros ao tempo da ditadura.
A rigor não temos forças armadas brasileiras. Temos uma corporação pronta a garantir, em sua maioria sempre é bom repetir, pronta a garantir os donos se houver necessidade.
Quando o JORNAL NACIONAL (JORNAL DA MENTIRA), VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, institutos de pesquisa como GLOBOPE (antigo IBOPE) e DATA FOLHA, além de outros pequenos, se juntam para tentar eleger um agente estrangeiro corrupto e desqualificado para a presidência da República, fica claro que não é no Brasil que estão pensando. Pensam neles e agem a partir dos donos.
O que incomoda no Irã é que o povo e os governos do país, todos eleitos pelo voto desde a derrubada do Xá, estão construindo uma nação livre, soberana, senhora de si e de sua vontade.
As armas da boçalidade, as armas que podem destruir o mundo cem vezes, quem as têm é Obama, são os sionistas que controlam Israel, os países europeus ocupados pelas tropas da OTAN. Rússia, China e Coréia desenvolveram seus projetos em caráter defensivo. O Brasil nem isso, nossos militares caíram e continuam em sua maioria de quatro.
O presidente do Irã Ahmad Ahmadinejad propôs ao mundo um desarmamento pleno e total em se tratando de armas nucleares. Obama concordou? Hilary Clinton falou alguma coisa?
Nada disso, os boçais, como sempre, na mídia, nos partidos políticos, nas forças armadas submissas em vários cantos do mundo (Paquistão, Afeganistão, Iraque, Brasil, Colômbia, Peru, etc) estão prontos a garantir o mundo livre, mas o deles.
Os militares brasileiros, historicamente, até agora, não provaram nenhum compromisso real e efetivo com o Pais. Nas reiteradas vezes que tentaram intervir ou foram esmagados se contrários aos donos, os que pagam, ou assumiram o governo e se submeteram ao domínio do império dos EUA.
Na Argentina o general Mignone, ditador como Medice, Geisel, Figueiredo, Castelo, ou agentes disfarçados como FHC, foi condenado por crimes contra seu povo. Aqui escondem-se numa lei de anistia que apenas garante a impunidade diante da covardia da tortura (o torturado não está em combate, está preso e imobilizado).
E muitos dos torturados e mortos pelos covardes da democracia, que enchem o peito para proclamar o patriotismo canalha, eram militares que pensavam o Brasil a partir do Brasil.
O que o desfile militar no Irã mostrou foi que a nação pensa em si, na paz, garante sua defesa através de forças armadas integradas ao desejo do povo. Não são polícia travestida de militares para oprimir camponeses e operários e servirem a grandes empresas, caso do general Augusto Heleno e os latifundiários na reserva indígena de Raposa do Sol.
Rotulam índios, esbravejam contra reservas, mas entregam almas e consciências a grandes empresas, bancos, latifundiários.
O Brasil, com todo esse tamanho, é um gigante fácil de ser dominado, pois está sendo dominado progressivamente, dominado e ocupado, com a cumplicidade dos militares em sua maioria. E agora querem Arruda Serra.
Será que é assim do jeito que eles dizem? O Irã será mesmo fonte de terror? Ou de dignidade?
É um caso a pensar. No meu caso, não preciso mais pensar, tenho certeza que estamos à mercê do inimigo.


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