sexta-feira, 2 de abril de 2010

OS GRANDES EMBUSTES - Laerte Braga


O primeiro grande comercial da História da Civilização foi o Éden. Um “deus” perverso, cercado de anjos e arcanjos com espadas flamejantes, colocou um casal – homem e mulher – a habitá-lo. Tinham o direito a tudo exceto ao amor em sua plenitude.

A conseqüência dessa avidez de amor foi a chegada do exército de anjos e arcanjos e o fim do Éden. Fechado, extinto, não importa. E esse “deus” proclamou que doravante cada um dos gerados por Adão e Eva teria que ganhar o seu sustento com o suor do seu próprio rosto. Ou com as armas de Caim. Morre o amor com Abel.
Elizabeth Bishop que viveu no Brasil por vários anos e era ligada a antiga UDN, afirmou certa feita que “o paraíso deveria ser muito chato”. Nem todo udenista era necessariamente tucano. Havia ou houve Elizabeth Bishop, Adauto Lúcio Cardoso e um ou outro mais, Afonso Arinos por exemplo.
Ganhar o sustento com o suor do próprio rosto não significava nas palavras daquele “deus” perverso o trabalho em seu sentido de realização do ser humano. Mas a submissão àquele “deus”, senhor do capital da onipotência.
De comercial em comercial a História vem se desenrolando. David e Golias, que lembra as outras histórias, aquelas contadas sobre gigantes que dominavam terras, pessoas e eram senhores absolutos dos seus castelos.
O “Gato de Botas”, que leva o gigante a transformar-se num rato para que possa devorá-lo é só mais uma história, uma ilusão que permanece em cada um que o lê o ou escuta, sem perceber que o gigante está ao seu lado. O banqueiro, os latifundiários, os grandes empresários, na prática variações daquele “deus” perverso, dos barões da Idade Média, ou dos sumo sacerdotes que interpretavam a vontade desse “deus”, conduzindo o “suor do próprio rosto” para a acumulação nossa de cada dia.
Da mesma forma que os “miseráveis” se prostravam a passagem do rei e admiravam-se extasiados com os mantos bordados a ouro, se postam hoje diante da tela da televisão. Hipnotizados pela nudez do BBB, ou pelo “terrorismo” de palestinos, afegãos, iraquianos, que insistem em dispor do amor em sua forma absoluta (a posse do seu âmago, do seu ser, da sua terra).
O que chamam de classe média, aquela que não é nada, apenas lustra os sapatos desse monte de “deuses perversos”, imaginando-se parte da corte (fica com as sobras, olha com os olhos as revistas que ensinam como emagrecer, ter maior prazer, e lambe com a testa), é o embuste dos bilhões de gotículas contidas numa garrafa e que com a explosão da rolha, conseguem, poucos milhares, passar pelo gargalo da caverna/garrafa e perceber a existência da luz.
Don Perignon 1957.
Se tomarmos a figura de Cristo como ponto de referência para lutadores, não sobrarão dúvidas que a mesma estatura têm Gandhi, tem Martin Luther King, tem Madre Tereza de Calcutá (que teve dúvidas atrozes sobre sua fé), tem Guevara e alguns outros.
Para o caso de diferenciarmos formas de luta, cada pensador que foi capaz de abalar os alicerces dessa sucessão de comerciais haverá de ser um São Paulo, estamos tomando como exemplo o cristianismo. Marx, Freud, Darwin, para citar três que, a moda de Sansão, puxaram as colunas do grande templo. Existem outros, evidente.
Que diferença existe entre os gladiadores no Coliseu e os prostitutos e prostitutas no BBB? A diferença talvez esteja na expressão prostituta, ou prostituto. O que o vulgo jornalístico classificava de meretrizes e rufiões certamente não merece o epíteto de gladiadores da moderna arena, a tevê em sua forma BBB. Mas de FIESP/DASLU.
É bem mais ampla que o programa em si. Estende a comentários daqueles que lustram botas dos senhores (Arnaldo Jabor. Juka Kfoury, ou por altos salários e presunção de genialidade, ou por torcer pelo Palmeiras).
Tem seu ápice no JORNAL NACIONAL.
A mentira repetida várias vezes até que se transforme em verdade, na constatação de Goebells, o homem que “dirigiu” Hitler.
O “deus” de hoje negocia com juros, armas nucleares, grandes invasões de hordas de anjos e arcanjos chamados mariners e se apropria do suor de cada rosto na invenção da “democracia cristã e ocidental”, que pode ser representada tanto nas prisões do Iraque, ou de Guantánamo, como no coral dos meninos do irmão do papa Bento XVI.
José Roberto Arruda é só um gene deformado que por isso mesmo é expulso do seio da sagrada família. Demóstenes Torres e sua teoria sobre a escravidão ser um item de exportação da economia africana vai para o purgatório.
Como anjo e arcanjos não têm sexo, Ana Maria Braga dá as mãos a Suzana Vieira e exibem a juventude eterna descoberta não nas fontes avidamente buscadas pelo ser, mas nos bisturis/cinzéis dos cirurgiões plásticos.
Descem a Terra em forma de mortais comuns. Seja nos pratos confeccionados por personalidades, ou nos shoppings onde o sangue escorre no desespero do vício das drogas de Álvaro Uribe espalhadas mundo afora.
Tudo com o made in american way life. A nova versão do Éden. O diabo é a versão made in China.
Lúcifer são muitos. Chávez, Evo Morales, Fidel e Raul Castro, Ortega e o dízimo é pago a muitas formas que anjos e arcanjos tomam. Ora em Miami, Edir, o Macedo. Ora no Vaticano, Bento, o XVI. Ora nos tacões que despejam bombas e matam civis.
Basta o arrependimento e o pedido de desculpas para que homens, mulheres e crianças sejam mortos em sacrifício pela democracia cristã e ocidental.
“O que são quinhentas mil crianças mortas de fome por conta do bloqueio norte-americano contra o Iraque”, perguntou um jornalista a secretária de Estado Madeleine Albright? “É o preço a ser pago pela democracia”, resposta que cabe tranquilamente na boca da senhora Clinton. Não faz diferença.
Senhoras e senhores, segundo o senador DEM Demóstenes Torres, citando Gilberto Freyre, “Casa Grande e Senzala”, em texto fora do contexto, “as negras se esfregavam nos senhores brancos”. Não sei se à época Arnaldo Jabor esteve em alguma senzala. Sei que quando pode saiu e saiu lambendo botas.
Os garanhões serviam a baronesas pias e puras nos porões da hipocrisia.
Já não rasteja, anda de quatro, sonha ser bípede. Tem direito a expelir lavas de vômito da acumulação capitalista em sua telinha e num determinado horário, para o gáudio do idiota na definição de William Bonner, o Homer Simpson.
Que marca de cerveja o Homer bebe?
Ah! A dignidade de Zeca do Pagodinho, demônio que atormenta as cercas imaculadas do paraíso e mandou tudo ao espaço Skin, para ir beber sua Brahma.
Que tal o embuste Obama? Teria se esfregado em senhores brancos quando na senzala? Mas quem disse que Obama é negro, ou foi item de exportação da economia africana?
Ali boma yé! É um Lúcifer em forma de vida e amor, até nos tremores. Ou no fogo da chama olímpica.
Não se esqueça que em todos os supermercados existe aquele produto que dispensa esfregação e limpa sozinho, sem falar no que desinfeta sem que você precise usar máscara de escafandrista.
O cheiro fétido de empresários, banqueiros e latifundiários, da classe média amestrada que se esfrega nos donos, fica tudo com perfume tucano/DEM e flores com forma de José Collor Serra Arruda.
Se você prestar atenção, olhar com cuidado, verá que ao fundo das flores existe a sombra de FHC. Aí, nem abelhas chegam, não há pólen a recolher.
São embustes que se desdobram em cópias por todos os cantos.
O direito de venda de terrenos nos céus é exclusivo de Edir, o Macedo. Bento XVI cuida dos corais. E Obama cuida das bombas que limpam e ceifam os demônios.
Constroem o novo Éden. Mas você fica de fora até aprender a rastejar e lamber botas. Jabor vende um curso completo pela tevê GLOBO. Boninho também, no BBB.
William Bonner é o profeta, o que anuncia.
Pague em prestações eternas de suor do seu próprio rosto. E nãos e esqueça da novela das oito.
Chore, chore muito pela dor representada em vários ângulos de um diretor eficiente.
Nas horas vagas jogue vídeo game, aquele que permite a você matar todos os demônios palestinos, venezuelanos, afegãos, iraquianos, os que desafiam o “deus” Wall Street.
Dê a largada assim que o sino bater. Ou o martelo, é indiferente.
Passou pela sua cabeça que AVATAR (um filme vazio segundo José Wilker com um extra no bolso) pudesse perder para GUERRA AO TERROR?
Ora meu caro, vazio, cheio, oco, repleto, AVATAR é a teia da solidariedade. GUERRA AO TERROR é a mensagem do “deus” e seus anjos e arcanjos.
Curve-se, ajoelhe-se e dê graças a esse “deus” pelo “vidro moído” que Gonzaguinha exibe em versos/música que soam plenos mas não ecoam nas cortes celestiais.

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