quinta-feira, 15 de abril de 2010

A SENADORA E O LÍDER RACISTA por Laerte Braga

A morte de um extremista de direita na África do Sul reacendeu as tensões entre brancos e negros e serve para mostrar a fragilidade do regime sul-africano. Numa rede de televisão onde participava de um debate com uma ativista negra, um líder de extrema-direita, branco, levantou-se e jogou o microfone ao chão, afirmando que não admitia ser interrompido pela moça. Ato contínuo saiu em direção ao apresentador do programa – negro – e já na presença dos seguranças buscou o caminho de saída não sem antes se voltar para a ativista e dizer que “eu ainda não acabei com você"

Líder de direita perder a cabeça é impossível. Normalmente não a tem. A direita em si é uma doença, é só olhar a senadora Kátia Abreu e seus discursos no Senado brasileiro, ou qualquer latifundiário desses que se vale, até hoje, de trabalho escravo para sustentar a Casa Grande. Vivem em séculos passados, acreditam no poder da chibata e acreditam na supremacia branca. Isso não acontece só na África do Sul.

A conquista dos direitos civis nos EUA começou a se materializar no governo Kennedy, virou realidade legal no governo Johnson, mas de fato permanece o caráter segregacionista da maioria branca, é só lembrar a forma como Bush agiu em relação ao socorro às vítimas – a maioria negra – em New Orleans, quando do furacão Katrina.
E da frase de Barbra Bush, mãe do então presidente – “eles estão melhor nos acampamentos que na casa deles, pelo menos aqui fazem três refeições diárias” –.
Essa doença que teve o seu momento agudo no III Reich, a supremacia ariana na concepção de Adolfo Hitler, é viva em Israel a partir do movimento sionista que controla o País e tem o conceito de “povo eleito”, “povo superior”. No fundo esse fanatismo doentio tem sua razão de ser no livro caixa.
Kátia Abreu sonha ser vice na chapa de José Serra. É latifundiária, grileira de terras públicas, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (responde a processo por desvios de verbas para a entidade em proveito de sua campanha eleitoral) e segundo ela o MST é parte do “crime organizado”.
Grandes plantações de maconha em grandes propriedades de grandes latifundiários nada disso é crime organizado, é direito legítimo à propriedade privada.
Ou transgênicos, que no fundo não diferem de droga alguma.
Quando o presidente dos EUA, Barack Obama manifestou-se contrário à construção de casas para colonos israelenses em Jerusalém, na parte Palestina, jornais de Israel chamaram o presidente de “negrito” e conclamaram os norte-americanos a não reelegerem o presidente. Difícil prever isso, reeleição ou não, mas os sionistas são os detentores da maior parte das ações dos EUA S/A. Logo, existem riscos para Obama.
Carter foi vítima desses acionistas, pois não teria agido com o “rigor necessário” para colocar um fim a ocupação da embaixada dos EUA em Teerã por estudantes iranianos. Não se reelegeu, perdeu para Reagan, naturalmente da extrema-direita.
O preconceito hoje é explicitamente mais amplo, sempre existiu. Se volta contra negros, contra latino-americanos (mexicanos que o digam no muro que separa seu país dos EUA), contra homossexuais, lésbicas e acentua-se a cada dia contra muçulmanos.
A África é um imenso deserto de vida repleto de miséria por todos os lados, controlada por quadrilhas submetidas ao grande capital e a interesses de empresas e governos imperiais, onde somalis que resistem a permitir que seu mar territorial seja transformado em depósito de lixo nuclear e hospitalar das grandes potências virem piratas.
O acordo militar assinado entre o Brasil e os EUA é um retrocesso sem tamanho e um equívoco do atual governo.
O Brasil é a jóia da coroa na América Latina para os interesses dos norte-americanos. Vale, mais que nunca num momento como esse, a frase de Nixon – “para onde se inclinar o Brasil se inclinará a América Latina –.
O ano eleitoral cria na farsa democrática, no arremedo de democracia que temos, a perspectiva da extrema-direita chegar ao poder com todo o seu baú de preconceitos através de um político corrupto abrigado na coligação GLOBO/PSDB/DEM/PPS/VEJA e menores. Falo de José Collor Arruda Serra.
A cidade mineira de Juiz de Fora, em 2008, virou manchete depois que o seu prefeito Carlos Alberto Bejani foi preso com a mão na massa, recebendo dinheiro de um empresário do setor de transportes coletivos urbanos. O prefeito foi preso em duas oportunidades, acabou renunciando ao cargo e é candidato a deputado federal. Tem chances de ser eleito.
O atual prefeito, Custódio Matos, é um velho tucano, pilantra, que mantém o mesmo esquema de Bejani (dividem o lucro da privatização do sistema de coleta de lixo e aterros sanitários), com uma diferença. Não faz o movimento, a onda que Bejani fazia, ou seja, o faz de contas que está fazendo alguma coisa.
Há dias levou a cidade o ex-governador Aécio Neves e inauguraram a promessa de um investimento de bilhões de dólares, uma siderurgia. O golpe é velho, fizeram o mesmo quando da instalação da fábrica da Mercedes Benz (a que não produz nada). No dia seguinte ao anúncio descobriu-se através de jornais especializados em economia que nada do que fora dito era verdade, que a tal empresa é máfia e presta-se a lavagem de dinheiro, tem sede em paraíso fiscal, vai por aí afora.
Mas a cidade está cheia de faixas anunciando obras para todos os lados. Invisíveis mas está. As visíveis são superfaturadas, asfaltamento.
Um motorista de táxi revoltado com a situação de Juiz de Fora fez a seguinte declaração a propósito do prefeito – “o Bejani roubava, mas fazia alguma coisa, esse rouba e não faz nada, só propaganda” –. A conclusão dele foi simples – “se o Bejani for candidato voto nele pelo menos faz” –.
Disse a ele que ficasse tranqüilo, alguma coisa seria feita neste ano, o filho do alcaide é candidato a deputado estadual e um forte investimento vai ser realizado para eleger o pimpolho. A conta vem depois no aumento de impostos e taxas. Nesse caso veio até antes com o aumento desproporcional do IPTU.
Ao transpor essa situação para o Brasil escutei que o paulista sente saudades de Pitta e Maluf diante do descalabro que foi a administração de José Collor Arruda Serra. A mesma situação. Os três roubam, ou roubaram, Pitta morreu, mas Maluf e Pitta faziam alguma coisa, Serra não fez e não faz nada.
No caso de Pitta e Maluf a corrupção é o ponto principal. No de Arruda Serra não. A corrupção é parte do modelo vendido por Arruda Serra e qualquer tucano em qualquer lugar do País.
É só pegar item por item do governo Lula, passível de muitas críticas e comparar com o governo tucano de FHC, ou mesmo, guardadas as proporções, com o governo de Arruda Serra em São Paulo.
E imaginar que Kátia Abreu, a miss desmatamento, possa vir a ser, por exemplo, vice, ou ministra da Agricultura.
Em breve em nossos pratos lixo da melhor qualidade, lucros em maior quantidade e o Brasil voltando à condição não de gigante adormecido, mas gigante dominado, emasculado, controlado e gerido a partir dos interesses dos que compraram e pagam a Arruda Serra, como compraram em pagaram a FHC.
O líder racista sul-africano não é diferente de qualquer líder de extrema-direita em qualquer parte do mundo. São iguais. Ao dizer que não admitia ser interrompido, num debate, por uma negra, estava apenas proclamando sua convicção de ser maior, melhor, mais apto, um eleito, um escolhido.
E tente imaginar uma espécie de loteria, diferente das outras. Ao invés de acertar números num volante, imagine quantas certidões e escrituras falsas de propriedades do latifúndio no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil não existirão.
O prêmio é simples se você acertar e não errar no meio do caminho para colocar essa gente onde deveria estar, na cadeia. Um Brasil livre, de pé, com perspectiva de futuro, afinal temos filhos, netos, a vida não se esgota no eu.
As eleições de 2010 transcendem à escolha do futuro presidente da República. Iremos decidir sobre se desejamos um Brasil independente e soberano, ou vamos todos caminhar de quatro como caminham tucanos na subserviência corrupta e mentirosa que os caracteriza diante dos poderosos aos quais servem com dedicação e zelo incomparáveis e, lógico, participação nos lucros.
A extrema-direita é igual em qualquer parte do mundo. Tem dois epicentros essa doença. Wall Street e Washington.
O Forte Knox dessa gente é em Tel Aviv. O sonho? Transformar o mundo, Brasil inclusive, num grande campo de objetos supostamente humanos como Guantánamo.
Esse é o sentido do tal “o Brasil pode mais”.
Um grande castelo cheio de espelhos onde figuras como Arruda Serra e FHC possam se auto adorar na presunção que são deuses. Mas com contas bancárias recheadas e de preferência em paraísos fiscais seguros e garantidos.
Os sorrisos forçados de agora são só de agora. O que vem depois é o “não admito que você me interrompa”, ou o “ainda não acabei com você”.
No caso do Brasil, ficou faltando, depois dos oito anos de FHC, privatizar alguns setores, PETROBRÁS por exemplo e passar a escritura. Ai completam a obra.
Às vésperas do ano novo o jornalista Boris Casoy, remanescente ativo da extrema-direita de 1964, sem perceber que o áudio estava ligado, classificou os garis de “a mais baixa categoria de trabalhadores do Brasil”, não sem antes lamentar que o “feliz ano novo” estivesse sendo dito por um grupo desses garis. E lamentar com a expressão “que merda, logo os garis....”.
A pesquisa do Instituto Sensus que mostra um empate técnico entre a candidata Dilma Roussef e José Collor Arruda Serra foi desqualificada pelo senador Artur Virgílio, envolvido em casos de pedofilia, por ter sido contratada por um sindicato de trabalhadores. Virgílio se esqueceu de dizer que o SENSUS pesquisa também para a Confederação Nacional de Transportes, máfia de patrões.
Não há diferenças na extrema-direita, exceto no maior ou menor grau de boçalidade, levando em conta que o menor grau de boçalidade é em si animalesco. São todos boçais no preconceito, como o sul-africano.

Kátia Abreu sem a focinheira é letal. Não existe antídoto.





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