sábado, 28 de novembro de 2009

O PERDÃO DO PERU - Laerte Braga

Barack Obama cumpriu o ritual, obedeceu às tradições e publicamente perdoou o peru Coragem. A ave colocada sobre uma espécie de mesa nos jardins da Cervejaria Casa Branca comportou-se à altura do momento e, quieta, recebeu o perdão presidencial.
É que amanhã é dia Ação de Graças, feriado nos Estados Unidos e milhões de perus serão servidos durante o almoço dos norte-americanos. Como o presidente Lincoln determinou que o peru fosse perdoado numa sugestão que norte-americanos deveriam se perdoar, todos os presidentes seguintes fizeram o mesmo.
A bem da verdade a intenção de Lincoln não logrou o resultado pretendido. A guerra civil – Guerra da Secessão – explodiu e os Estados Unidos continuam até hoje em guerra contra quem se lhe desafie ou contrarie seus interesses.
Vale registrar que caso Coragem, o peru perdoado, não tivesse um comportamento correto, um outro peru, reserva, estava pronto para substituí-lo e receber o perdão de Obama.
Coragem e o reserva viajam agora para a Califórnia em vôo especial e lá vão passar num local com características de hotel cinco estrelas, o resto de seus dias.

Amanhã outros milhões estarão sendo servidos às mesas norte-americanas. Dentro do território dos EUA, para os soldados espalhados pelo mundo nas bases e países ocupados e a democracia estará salva. O perdão mais uma vez fica como registro das intenções pacíficas, democráticas e cristãs deste maravilhoso país, onde as pessoas invadem escolas, escritórios, bases militares, matam colegas, e Obama, como todos, roga a proteção divina para que possam continuar garantindo a segurança mundial.
Na África, um exemplo, o maior, milhões morrem de fome e talvez nem saibam o que seja peru. No máximo galinha d”Angola.
Obama manifestou indignação com o fato de ter sido morta por apedrejamento uma cidadã da Somália, acusada de adultério. Criticou o atraso dessas tradições (são boçais sim, indiferente do aspecto e características culturais). Na França a cada dois dias morre uma mulher vítima de violência doméstica, via de regra praticada pelo marido. O governo está criando uma pulseira e um sistema para socorro imediato a essas vítimas.
Esse é outro tipo de boçalidade. É civilizado.
O governo golpista de Honduras distribuiu instruções sobre a votação de domingo quando querem eleger na marra um novo presidente. É simples de entender. O povo não está convocado a votar, isso é eufemismo. Ou vota ou leva porrete. Claro está que a ausência será vista como ação rebelde, terrorista, contra os que salvaram o país de Zelaya e garantiram os “negócios” da banana e do tráfico para os empresários, banqueiros, além da base militar dos EUA onde se treinam militares latino-americanos para golpes militares em seus países.
A ordem é simples. Baixar o porrete.
Nesse caso Obama não perdoou o povo hondurenho. Acobertou os golpistas.
Se pensarmos bem são cidadãos hondurenhos, não são perus norte-americanos. Há uma enorme diferença entre uns e outros. As democráticas instruções do governo golpista podem ser lidas na íntegra em com direito a timbre, chancela oficial e tudo.
http://hondurasurgente.blogspot.com/2009/11/golpistas-e-torturadores-ameacam-quem.html
Significa dizer que hondurenhos não têm seu dia de peru. Ou por outra, de peru Coragem, mas sim de almoço para norte-americanos e seus sequazes militares e golpistas de um modo geral.
Outro que tem tomado bordoada por todos os lados é o presidente do Irã, Mahamoud Ahmadinejad. O iraniano em momento algum disse que o Holocausto não existiu e foi inventado por Israel. Essa afirmação foi colocada em sua boca pela mídia cristã, democrática e ocidental para melhor atender à fome de perus palestinos dos insaciáveis sionistas de Israel.
O que Ahmadinejad disse foi simples. Israel usa o Holocausto como pretexto para o genocídio que pratica contra o povo palestino e que no Holocausto não morreram só judeus, mas homossexuais, ciganos, negros e adversários de Hitler. E disse algo que soou terrível às lideranças terroristas de Tel Aviv. Que muitos judeus (banqueiros), aderiram ao regime nazista, foram beneficiados por Hitler e alguns se tornaram colaboradores diretos do regime, do Reich.
Foi aí que aprenderam a como tratar palestinos.
Muito pior ainda, que esses judeus que aderiram a Hitler sequer tomaram conhecimento do sofrimento dos judeus prisioneiros em campo de concentração, voltaram as costas a essas pessoas e que o papa Pio XII, nazista de carteirinha, como Bento XVI, num acordo com Hitler, entregou judeus para salvar o Vaticano e suas riquezas.
É muita verdade de uma vez só para mentirosos contumazes e aí precisam do socorro da gravata de William Bonner.
Corre o boato que Obama é negro e viveu na África em condições miseráveis. Só boatos, isso é produção de Hollywood. Obama é branco da gema e se bobear ariano puro.
Por coincidência ou não, o peru Coragem, perdoado pelo presidente, é branco como neve.
Geyse Arruda, a moça do vestido curto, hostilizada por colegas e expulsa (depois expulsão revogada) pela direção da Universidade Bandeirantes (empresa que vende diplomas), desistiu de continuar seu curso, disse que vai prestar alguns vestibulares ano que vem e escolher o que for o melhor curso. Não conseguiu segurar a barra e está vivendo seus quinze minutos de glória e fama.
Num desses programas de tevê que pululam por aí no formato terror disfarçado de comédia e critica, não conseguiu responder a perguntas simples, assim do tipo dois e dois são quatro. Caiu de quatro.
Tudo bem, nada disso invalida a irracionalidade dos colegas e da UNIBAN, como é conhecida a Universidade, mas serve de sugestão. Que tal por exemplo sabatinar a apresentadora Maria Beltrão sobre cada um dos assuntos que trata no seu programa “ponto I”, ou qualquer coisa assim? Mas sem o teleprompter e o diretor.
Será que a moça tem idéia do papel que cumpre, toda sorridente, crítica e vai por aí afora?
Tem não, aposto, deve imaginar que tal e qual naquela propaganda os japoneses provavelmente inventaram a roda.
Esse perdão presidencial do peru lembra, nunca é demais, a história do judeu prisioneiro num campo de concentração que ao saber da morte do cachorro do comandante prontificou-se a substituí-lo fazendo melhor o papel que o cão fazia, ou cumpria. O general comandante pensou e aceitou. Ao final, quando o campo foi libertado pelas forças aliadas ele simplesmente não conseguia ser outra coisa que não cachorro.
Cair de quatro dá é nisso.
Obama deveria ter chamado Bento XVI para coadjuvar o perdão.

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