quarta-feira, 11 de novembro de 2009

OS PERIFÉRICOS - PERIFÉRICOS DE QUE? OS "ABÓBORAS" - Laerte Braga

O presidente de Israel Shimon Peres em discurso feito no Congresso brasileiro disse que o peso do Brasil é grande e o apoio ao Irã repercute em todo o mundo. Peres não criticou diretamente o governo brasileiro, deu um tom de apelo a suas palavras e lamentou não entender esse apoio a um país que “manda fabricar armas nucleares”.
Em nenhum instante Shimon Peres falou das barbáries cometidas pelo estado terrorista de Israel contra palestinos. Violações denunciadas internacionalmente por várias organizações de direitos humanos e objeto de resoluções da ONU que condenam a ação criminosa do estado nazi/sionista.
Invasão de território palestino e anexação a Israel. Saque de riquezas naturais dos palestinos (água principalmente) e políticas que impeçam a sobrevivência econômica da Palestina. Prisões indiscriminadas de palestinos, prática sistemática de tortura, assassinatos seletivos (líderes palestinos) e estupro de mulheres palestinas. Destruição de propriedades palestinas da maneira cruel e perversa, lembrando os piores anos do nazismo.
E armas nucleares. Ao contrário do que afirma Shimon Peres, Israel é o único estado no Oriente Médio a dispor de um arsenal nuclear.
O presidente de Israel veio ao Brasil tentando diminuir o impacto da visita do presidente do Irã, Mahamoud Ahmadinejad, ainda neste mês. Israel e os Estados Unidos assustaram-se com a posição do governo brasileiro contrário a sanções contra o Irã, diante da absoluta falta de provas de uso inadequado de energia nuclear por aquele país, ao contrário de Israel. E assustaram-se mais ainda quando o presidente Lula reconheceu o resultado das eleições iranianas que reconduziram o atual presidente do país, frustrando uma tentativa de golpe de estado branco patrocinada por Washington e Tel Aviv.
O tratado de prescrição de armas nucleares é uma imposição dos EUA e das grandes potências para manter o monopólio das armas de destruição em massa, garantir o poder e a hegemonia sobre os países chamados periféricos e o Irã não comete crime algum, pois não o subscreveu.
O discurso de Shimon Peres no Congresso tem uma explicação simples. Tanto os norte-americanos como os israelenses, por trás das conversas de acordos comerciais, culturais, perceberam que é fácil obter apoio de alguns expressivos setores do Congresso brasileiro, comprometidos até a medula com o capital estrangeiro, com interesses de outros países e a serviço de empresas estrangeiras. Foram os mesmos deputados e senadores que, no início do primeiro mandato de FHC (funcionário da Fundação Ford), votaram a lei de patentes em inglês, tamanha a subserviência do governo tucano. Um braço de interesses estrangeiros sobre o Brasil.
Bem mais que isso, tanto os EUA como o estado terrorista de Israel, aliados (Israel tem o controle de grandes instituições bancárias e de empresas naquele país) incondicionais, perceberam de longa data o peso do Brasil, a importância do Brasil para além da América do Sul, da América Latina, em todo o mundo, exatamente agora que organizações internacionais constatam que estamos em vias de ser a sexta economia do mundo e a única em ascensão. Ou seja, num curto espaço de tempo, dentro do próprio sistema capitalista, o Brasil cresceu e continua a crescer para além das expectativas e desejos de norte-americanos e israelenses, até porque com uma postura independente em muitos pontos considerados vitais pelos dois países. O principal deles, a submissão à lógica da globalização centralizada em Washington.

Um centro com as grandes potências, ou assim chamadas, e uma periferia a sustentar esse centro. Esse modelo que começou a ser implantado no governo Collor, foi interrompido por motivos que conhecemos, voltou e se impôs no governo teleguiado de FHC, sofreu reversões significativas no governo Lula (malgrado as críticas que possam e devem ser feitas), acima de tudo no que diz respeito à política externa. O Itamaraty deixou de ser uma espécie de escritório privilegiado do Departamento de Estado, como o era ao tempo de Lampreia e Láfer (ministros de FHC) e retomou sua própria história com o porte e a competência do ministro Celso Amorim.

Samuel Pinheiro Guimarães, um dos grandes diplomatas de nossa história, em seu livro “Quinhentos anos de periferia”, editado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em parceria com a Contraponto, trata com maestria desse tema. Exerce atualmente a chefia da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo brasileiro. Foi durante todo o mandato do atual presidente e até agora, Secretário Geral do Ministério das Relações Exteriores.

Define a estratégia ideológica dos EUA – “A sociedade americana considera que seu sistema político é o mais perfeito jamais desenvolvido pelo homem”. “A sociedade americana acredita que sua política exterior é essencialmente pacífica, que as ações militares que empreende visam ao bem estar da comunidade internacional e nunca proveito para os Estados Unidos e que os demais estados têm inata tendência agressiva, expansionista e competitiva”.

“A sociedade americana considera que é sua missão, como principal Estado, preservar os valores ocidentais – que seriam a liberdade política e religiosa, a democracia e o capitalismo – no mundo e lutar pela sua difusão contra seus inimigos”.

E um dado de suma importância, que o ministro e embaixador cita em descrição sintética, como ele próprio afirma.

“Garantir o livre acesso dos sistemas de divulgação do American way of life a todas as sociedades”.
O eufemismo “liberdade de informação” é utilizado pelos norte-americanos a partir de várias agências de seu governo (USAID, CIA, DEA), de fundações de empresas privadas (Ford, Rockfeller, fundações sionistas). O controle dos grandes veículos de comunicação nos chamados países periféricos – como acontece no Brasil – e por um motivo simples que levou os EUA a abandonar a UNESCO. Protesto contra projetos de financiamento incentivo e proteção de produção cultural em outros países, produção local.

Vale dizer, destruir culturas de povos outros e introduzir valores norte-americanos.

“Promover a divulgação dos ideais americanos através de sistemas de treinamento profissional para prováveis integrantes das futuras elites de terceiros países”

O golpe de 1964 no Brasil foi inteiramente produzido nos EUA, com direção do embaixador Lincoln Gordon e comando do general Vernon Whalters. Ex-diretor da CIA, amigo de militares brasileiros (particularmente do primeiro ditador, Castelo Branco) e designado, à época, adido militar na embaixada norte-americana no Brasil.

Os golpes militares em países outros na América Latina foram todos montados e financiados por Washington.

Militares, elites econômicas e políticas se enquadravam e se enquadram hoje em “prováveis integrantes das futuras elites de terceiros países.”

Caso específico de Fernando Henrique Cardoso que teve sua relação com os interesses estrangeiros, particularmente os norte-americanos, tornada pública através dos documentos de governos e fundações dos EUA, liberados como determina a lei naquele país, depois de um determinado tempo. FHC foi financiado, desde os tempos de exílio no Chile, pela Fundação Ford.

Àquela época a Ford integrava a chamada Comissão Tri-lateral – AAA – (América, África e Ásia), responsável pela formulação da chamada doutrina de segurança nacional. Era formada por outras fundações e setores do governo dos EUA. Todo o processo de construção política de FHC se deu com recursos estrangeiros.

E assim, evidente, a formação do PSDB, a cooptação dos setores mais retrógados das elites e classes políticas no País (DEM, partidos e organizações supostamente de esquerda, caso do PPS de Roberto Freire e agora o avanço de empresários como Paulo Stack, presidente da FIESP, em direção ao chamado Partido Socialista Brasileiro).

O controle dos principais veículos de comunicação no Brasil se deu de forma mais intensa com a fundação da REDE GLOBO, do empresário Roberto Marinho, então dono do jornal THE GLOBE, editado em português com o título de O GLOBO. A REDE foi o principal ponto de apoio da ditadura militar na comunicação.
Para que se tenha uma idéia simples, num exemplo banal do que isso significa, é só mensurar a presença do Halloween, uma típica tradição dos EUA, na cultura brasileira. Deixamos de lado o Saci e nos vestimos de abóboras para celebrar o que não tem nada a ver com a nossa história, nossa cultura.

É o objetivo principal da forma de ser das políticas dos EUA. Transformar-nos a aos povos que chamam de periféricos, em abóboras.

Senadores e deputados é simples. Compram. Caso dos integrantes da bancada ruralista. De tucanos (boa parte dos senadores e deputados tucanos ou têm emissoras de rádio ou tevê, ou são associados a empresas de grande porte, caso de Tasso Jereissati cuja família foi beneficiada na privatização dos setores de telefonia, ou simplesmente lustram sapatos dos senhores a troco de alguns trocados, caso de Eduardo Azeredo). Há os que tiram sapatos em absoluta submissão, foi o que fez o chanceler de FHC, Celso Láfer. Aceitou passivamente uma revista total num aeroporto dos EUA logo após os acontecimentos de setembro de 2001. O temor que mesmo sendo um empregado pudesse estar carregando alguma bomba. A bomba é ele. E noutro sentido.

Uma das máximas a serem veiculadas pela mídia controlada é simples também – “apresentar o modelo socialista de organização política, econômica e social como intrinsecamente mau, destruidor dos valores ocidentais”.
“Apresentar os Estados Unidos como paladinos da independência dos povos coloniais, da liberdade individual, da democracia, da iniciativa privada e dos valores do homem, da igualdade e da não discriminação étnica, social, religiosa e econômica”.

A barbárie e a violência registrada cotidianamente no modo de ser norte-americano é “acidente de percurso”, com certeza que enxergam assim. Deve ser por isso que quando desses acontecimentos, presidentes daquele país pedem orações para invocar a proteção divina e preservar os valores da nação norte-americana. Faz parte do jogo da hipocrisia

E deve ser por isso também que montaram e apoiaram o golpe contra o presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya. Não importa que isso fira a vontade do povo hondurenho e o golpe se imponha pela barbárie e violência típica dos golpes militares/boçais. Mas com a bênção do cardeal, a proteção divina e acordos furados que não se cumprem, pois não são feitos para ser cumpridos, apenas para ludibriar os abóboras do resto do mundo.

Na América Latina a política dos EUA é direta e objetiva.

“Manter e preservar a Doutrina Monroe e estruturar um organismo hemisférico que legitime as intervenções militares americanas, quando se fizerem necessárias”...

...”Manter os mercados latino-americanos para as exportações em especiais industriais – e seus investimentos – através da defesa infatigável das teorias econômicas liberais, em especial das idéias de vantagens comparativas, de especialização agrícola e de livre comércio”...

E a estratégia militar – “influência militar exclusiva americana... Influência sobre o pensamento estratégico militar através de programas de formação de oficiais e defasagem tecnológica das Forças Armadas, de acordos de venda de armamentos de segunda ou terceira geração e da garantia do acesso preferencial americano às matérias primas estratégicas da região”

Em todos os setores – “A criação e a existência de grupos nacionais simpatizantes dos ideais e das políticas dos Estados Unidos torna indispensável a garantia do acesso a todas as sociedades, dos meios de divulgação do American Way of Life, em especial o cinema e a televisão e a expansão do uso da língua inglesa e da influência cultural americana através dos institutos de língua, do intercâmbio de estudantes e dos programas de bolsas de pós-gradução”

James Monroe foi o presidente dos EUA que proclamou advertindo os ingleses e seus apetites coloniais sobre a América Latina, isso no século XIX – “A América para os americanos”

E Theodore Sorensen Roosevelt, no início do século XX, defendendo intervenções militares em países da América Central – “a política do big stick” (o grande porrete).

Governos que contrariem interesses de toda essa estrutura perversa, cínica e cruel, são objeto de golpes, de intervenções militares como aconteceu em Honduras em julho, como acontece no Haiti. A transformação da Colômbia, numa aliança com o narcotráfico na figura do presidente Uribe, em colônia e base militar para operações contra os governos democráticos da Venezuela, do Equador e da Bolívia e agora contra o do Paraguai.

Obama não é diferente de nenhum dos presidentes dos EUA. Sejam aqueles que preferem a vaselina, seu caso inclusive, ou os que preferem a areia, caso de Bush.

O Brasil é como um pêndulo em todo esse processo. O governo Lula mesmo buscando espaços dentro da lógica capitalista, ou inventando “o capitalismo a brasileira”, na perfeita definição de Ivan Pinheiro, não é de inteiro agrado dos EUA, principalmente levando em conta a popularidade do presidente e a possibilidade de Lula eleger seu sucessor, derrotando os interesses dos EUA expressos no candidato José Jânio Serra, desgovernador de São Paulo, condado FIESP/DASLU.

É sintomático que, diante das dificuldades eleitorais de Serra, seu fracasso no governo paulista, comece a surgir o nome do desgovernador de Minas, Aécio Neves, um tresloucado que vive num mundo de loucuras e insensatez, mas não rasga nota de cem, considerado eleitoralmente mais palatável aos “abóboras”. Mais fácil de ser vendido pela GLOBO e periferia da grande mídia (FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, VEJA, ÉPOCA, REDE BANDEIRANTES, etc).

É bom lembrar que tresloucado ou não, Aécio além de na rasgar nota de cem, compra apartamento de doze milhões de reais.

De agora até o dia das eleições toda a sorte de trapaças, golpes, sabotagens (o apagão gerado em Itaipu a partir de um curto circuito em São Paulo), dossiês, produção e direção dos “atletas globais e seus coadjuvantes noutros espaços.

Transformar o MST e todo e qualquer movimento popular em organização “terrorista”, é parte do processo.

A coordenação do programa de Fausto Silva, robô que inaugurou a era obesidade na robótica (obesidade mental) demitiu a moça que apresentava alguns produtos durante intervalos comerciais do programa. Adriana Colin.

O motivo? Adriana Colin tem 43 anos e sua idade foi considerada elevada para os padrões a serem vendidos aos “abóboras”.

É necessário que a carne seja sempre nova e fresca para o gáudio do que William Bonner chama de Homer Simpson, o típico idiota.

Tudo foi descrito com perfeição por Samuel Pinheiro Guimarães.

O que Shimon Peres tem a ver com isso? O presidente de Israel é um funcionário de segunda categoria das organizações terroristas Cervejaria Casa Branca e Tel Aviv. Veio aqui para alertar os colonizados e comprados (deputados e senadores em grande número), com apoio de elites empresariais apátridas, que não ousem desafiar o “grande senhor”.

A linguagem é diplomática, mas o porrete não. A Colômbia hoje é uma base terrorista dos EUA e com apoio de Israel (que se volta agora para essa parte do mundo de maneira explícita), pronta a cumprir os desígnios do American Way Life.

Não é filme de ficção. É realidade pura. Sadismo na realidade, se você olhar os filmes produzidos em Hollywood e mostram o tal american way life em ação. Assim tipo estudante matar dezenas em sua escola. Militar matar dezenas numa base. Por aí afora. E uma boa dose de masoquismo no aceitar esse modo de ser.

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