terça-feira, 24 de novembro de 2009

QUE TAL ESCOLHER AS NOTÍCIAS AO INVÉS DA GRAVATA? - Laerte Braga

Toda essa badalação em torno do apresentador do JORNAL NACIONAL William Bonner tem como pretexto os 40 anos do noticiário e como razão de ser a constante perda de audiência, conseqüência de outra perda, a da credibilidade.
Como a prática da GLOBO é mentir em função de interesses que representa e formar no batalhão de veículos que procura moldar a opinião pública a esses interesses, resolveram transformar Bonner numa espécie de princípio, meio e fim da notícia, da verdade, daí o lançamento de livro, conferências compradas em universidade públicas e privadas e presença em programas dos vários canais da rede, até chegar ao ridículo de permitir que o telespectador escolha a gravata a ser usada na edição do dia do porta-voz oficial de Washington e Wall Street.

Entre nós, o esquema FIESP/DASLU e PSDB/DEM.



A própria forma como Bonner tem sido conduzido aos vários eventos mostra o conceito do jornalista e da rede sobre a vítima, a que vai ser bombardeada com todo aquele conjunto de mentiras e distorções de cada dia, tanto no JORNAL NACIONAL, como nos demais noticiários da rede.



O jornalista lembra um candidato a deputado federal em Minas, ao da graça de 1970. O cidadão incapaz de pensar decorou um discurso e a todos os lugares que chegava começava “quis o destino...”



Quis o destino que os brasileiros sejam vistos como um bando de Homer Simpson, um tipo abóbora e Bonner possa mentir sem a menor preocupação de vir a ser desmentido pelos fatos, à medida que uma dose de passividade tomou conta de boa parte da população, aquela que Nixon chamava de “maioria silenciosa”.



Que tal se um dia Bonner deixasse os telespectadores escolherem as notícias da noite? Ao invés da gravata.



Na greve dos professores mineiros em 1979 uma professora virou-se para um deputado e perguntou a ele se tinha noção do preço do pãozinho de sal. Não tinha a menor idéia. Foram dadas três chances ao deputado para acertar e em nenhuma delas o parlamentar passou perto.



Não consigo entender bem esse negócio de bonecos e bonecas infláveis, a não ser pelo lado da solidão produzida em massa pelo capitalismo.



Mas não tenho dúvidas que Bonner é um deles. Não pelo lado da solidão que em si significa a necessidade do outro, mas do absoluto vazio de quem acha que no dia agá vai ressuscitar dentre os mortos e ascender aos céus sob aplausos, transmissão direta com direção de Boninho (BBB), comentários de Miriam Leitão (vão morrer milhões no Brasil de gripe suína e a economia vai para o brejo) e toda aquela corte na qual não deixará de estar presente Xuxa e sua filha Sacha.



Se estiver chovendo vão dar um jeito de arrumar uma lona imensa para que os milhares de fãs possam despedir-se do ídolo. O discurso vai de Bial cercado de BBs e ex-BBs falando sobre heroísmo.



Alexandre Garcia vai estar presente autografando exemplares antigos de ELE e ELA.



Um minuto de silêncio na bolsa, nos estádios e a dançarina Gilmar Mendes vai mandar constar de ata o pesar de toda a boate.



Por onde o cortejo for passar terão sido feita ranhuras para evitar aquaplanagens.



O monte de seguranças em torno da gravata e seu adereço, Bonner, é para evitar que um terrorista chegue com um alfinete e flim, faça um furo. Deve ser esse o barulho do furo, flim.



O canal GNT – GRUPO GLOBO – no horário da madrugada, naqueles programas que mostra os novos tempos, os novos costumes, trouxe uma ilha na Venezuela para onde vão algumas mulheres comuns e lá recebem homens sem qualquer restrição a qualquer tipo de “negócio”, digamos assim.



Segundo o apresentador as moças vão para a tal ilha tentar ganhar um dinheiro para pagar universidades, pagar tratamento dentário, ajudar no sustento da família e envergonhadas voltam para suas casas com um bolo de notas, o que resta, segundo uma delas, compensando as vergonhas enfrentadas.



Na democracia cristã e ocidental aqui mesmo, no Nordeste, é possível comprar uma virgem de 12 anos por algo em torno de 200 reais e direto com os próprios país. Na Inglaterra uma jovem negociou sua virgindade por alguns milhões de libras e outra abandonou o marido depois de receber proposta financeira excelente de um banqueiro por contrato de casamento de dois anos, renováveis por mais dois.



No programa do canal GNT, o fundo era um discurso do presidente venezuelano Hugo Chávez. No Iraque, assim que as tropas derrubaram o regime de Saddam Hussein os comandantes militares norte-americanos chegaram a conclusão que a melhor forma de começar a diminuir a resistência popular a invasão era a farta distribuição de filmes pornográficos e a presença ao vivo de algumas atrizes especialistas no assunto.



Na avaliação desses comandantes militares não haveria Islã que agüentasse.



Tentavam fazer refletir apenas a sociedade capitalista. Podre, desumana, perversa e vazia.



É só um alfinete e flim.



A Venezuela é um dos países latino-americanos onde o analfabetismo foi plenamente erradicado, a saúde pública é de boa qualidade e a educação acessível a todos os venezuelanos entre outras coisas. Por isso é preciso dizer o contrário. Nos EUA 90 milhões de norte-americanos não dispõem de qualquer forma de assistência de saúde e por isso Obama (o branco disfarçado de negro) está lutando por um novo programa governamental para diminuir essa característica de barbárie da sociedade onde se mata em bases militares, em escolas, em escritórios, etc. Terra onde Barbra Bush, mulher do primeiro George e mãe do segundo, afirma que refugiados do furacão Katrina estão vivendo melhor nos acampamentos que em suas casas (destruídas), pois pelo “menos comem três vezes ao dia”. Piedosa senhora.



As gravatas e seu manequim William Bonner são objeto e boneco repulsivos, disformes, retratos de um mundo perverso e injusto onde se pretende uma verdade única, a do espetáculo, que permite às elites cada vez mais acumular e agregar capital nas novas formas de escravidão.



Bonner não deita e dorme. Guardam a gravata e a figura repugnante é esvaziada, dobrada e guardada numa caixa até começar a mentira do dia seguinte.





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