UM POUCO DA HISTÓRIA DE EL CID.
Rodrigo Díaz de Vivar
(Burgos, Espanha) (1043 -1099). Conhecido como El Cid e de
Campeador, foi um nobre guerreiro espanhol que viveu numa época em que a
Hispânia estava dividida entre reinos rivais de cristãos e mouros. Sua vida e
feitos se ornaram com as cores da lenda, sobretudo devido a uma canção de gesta
(a Canción de Mio Cid), datada de 1207 transcrita no séculos XIV, cujo
manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional da Espanha.
A imagem
que emerge desse manuscrito é a do cavaleiro medieval idealizado: forte,
valente, leal, justo e piedoso. Mas há outras fontes que lhe pintam um retrato
bem menos favorável.
Rodrigo nasceu em Vivar, uma pequena aldeia
próxima à cidade de Burgos, capital do Reino de Castela. Era filho de um nobre
cavaleiro da corte castelhana, Diego Laínez, e de D. Teresa Nunes da Maia, filha
de Nuno Álvares da Maia — Senhor de Entre Douro e Minho.
Órfão de
pai aos 15 anos, foi levado para a corte do rei Fernando I, onde se tornou amigo
e companheiro do príncipe Sancho. Sua educação se fez no monastério de San Pedro
de Cardeña, recebendo ensinamentos sobre letras e leis.
Com a morte
de Fernando I, o reino foi dividido entre seus filhos: Castela ficou para
Sancho; a Galiza para Garcia; Leão para Alfonso; Toro para Elvira; e Zamora para
Urraca. Ocorre que Sancho não concordou com a divisão e passou a lutar pela
reunificação e ampliação da herança paterna, sob sua coroa, e nessa luta, contou
com a ajuda de Rodrigo, nomeado Alferes do reino.
Rodrigo tinha 23 anos
quando venceu, em combate singular, o alferes de Navarra, Jimeno Garcés, façanha
que lhe valeu a alcunha de "Campeador", e já no ano seguinte começou a ser
conhecido como "El Cid", entre os mouros.
Investindo contra o irmão
Alfonso, Sancho tomou-lhe o reino de Leão e, em seguida, voltou-se contra
Zamora, empreendendo o cerco do castelo onde vivia Urraca. Foi durante esse
cerco que ele foi assassinado, a traição, por Bellido Dolfos, suspeito de ser
agente de Alfonso.
Sancho não deixou herdeiros e Alfonso VII tornou-se
rei de Castela. Mas só foi coroado depois de prestar o Juramento de Santa Gadea,
exigido por Rodrigo, eximindo-se de qualquer envolvimento na morte do
irmão.
Após esse episódio, as relações entre o rei e Rodrigo se foram
tornando cada vez mais tensas, até que, em 1081, El Cid foi desterrado, pela
primeira vez, de Castela.
El Cid Em sua Última Batalha, 1981, sua
história é contada em duas versões diferentes.
Segundo a "Canción de Mio
Cid", 300 dos melhores cavaleiros castelhanos decidiram acompanhá-lo no exílio,
fazendo de Zaragoza seu quartel general e travando batalhas vitoriosas contra os
mouros.
Segundo uma versão alternativa, Rodrigo refugiou-se nas
montanhas de Aragão, arregimentando um pequeno exército cujas armas eram postas
ao serviço de quem lhes pagasse mais, fosse cristão ou muçulmano. Aliás, é
também essa fonte alternativa que, ao mencionar seu casamento com Jimena ( ou
Ximena), filha do Conde de Oviedo, ocorrido pouco antes do exílio, diz,
maliciosamente, que a dama era mais velha do que ele, e muito feia … porém tinha
um patrimônio invejável.
O certo é que, nesse tempo, Rodrigo estabeleceu
vínculos com o rei mouro da taifa de Valência, Al-Cádir, que se tornou seu amigo
e protegido (segundo uma versão) ou seu cliente (segundo outra). Foi em
benefício de Al-Cadir que El Cid conquistou os pequenos reinos de Albarracín e
Alpuente.
Em 1089, o almorávida Yusuf cruzou o estreito de Gibraltar, à
frente de um numeroso exército. A invasão ameaçava a segurança de todos os
reinos espanhóis, e o rei Alfonso pediu ajuda a Rodrigo, fazendo-o retornar a
Castela. Mas não tardou para que a hostilidade voltasse a se manifestar entre
ambos, e El Cid foi desterrado pela segunda vez.
Nos dez anos que se
seguiram, a fama do "Campeador" cresceu. Agora liderando um grande exército,
conquistou e se tornou senhor dos reinos mouros de Lérida, Tortosa, Dénia,
Albarracín, e Alpuente.
Por volta de 1093, ao saber do assassinato de
Al-Cádir, atacou a taifa de Valência, conseguindo tomá-la em junho de 1094, após
19 meses de cerco da cidade.
Segundo a versão que não o enobrece,
Rodrigo mandou torturar, e depois queimar vivo, o governador da cidade, Ben
Yehhaf, implicado na morte de Al-Cádir. E não teria poupado sua mulher e filhos
se não fora a intervenção dos nobres cavaleiros que o seguiam.
Já a
versão mais difundida sustenta que ele, ao se tornar senhor de Valência,
mostrou-se um governante justo e equilibrado. Outorgou à cidade um estatuto de
justiça, implantou a religião cristã mas, ao mesmo tempo, renovou a mesquita dos
muçulmanos, cunhou moedas e rodeou-se de uma corte de estilo oriental, composta
tanto por poetas árabes e cristãos, quanto por pessoas eminentes no mundo das
leis.
Mas os almorávidas não estavam inertes e se apresentaram às portas
da cidade, sob a liderança de Mahammad, sobrinho de Yusuf. Após vários combates,
El Cid obteve uma vitória decisiva, que contribuiu para tornar sua pessoa objeto
de narrativas heroicas, várias delas absolutamente inverídicas.
Até sua
morte, Rodrigo governou Valência em nome de Alfonso VII mas, na verdade, seu
poder era independente do rei. E ele tratou de aumentá-lo, fazendo casar uma de
suas filhas, Cristina também conhecida como Elvira, com o príncipe Ramiro
Sanchez de Pamplona, e a outra, María Rodriguez de Bivar, com o conde de
Barcelona, Raimundo Berenguer III.
Ao contrário da tradição lendária, que
aprecia vê-lo morrendo heroicamente em combate, Rodrigo Díaz de Vivar, chamado
de "Campeador" ou "El Cid" ou "Mio Cid", faleceu numa cama de seu castelo em
Valência a 10 de julho de 1099. Seus restos mortais, juntamente com os de sua
esposa, Jimena, estão sepultados na Catedral de Burgos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário