O ministro presidente do Supremo Tribunal Federal fez mais que transformar a corte em STF DANTAS INCORPORATION LITD. Uma empresa do banqueiro Daniel Dantas. Em um ano e um mês do seu mandado como presidente – dois anos – Gilmar recebeu R$ 114 205, 93 em diárias de viagens. Esse valor é quase quatro vezes superior ao que seu antecessor, a ministra Ellen Gracie, recebeu em seus dois anos de mandato, R$ 31 159,90. Diárias, em tese, se prestam a despesas de hospedagem, locomoção e alimentação em viagens nacionais e internacionais.
Vale dizer que Gilmar Mendes recebe a cada mês aproximadamente R$ 8 700,00 em diárias. No período da ministra Ellen Gracie o valor mensal era de apenas R$ 1 300,00. O STF DANTAS INCORPORATION repassou a Gilmar Mendes nos cinco primeiros meses deste ano mais que todo o valor repassado à ministra Ellen Gracie.
Há vários aspectos a serem vistos, ou que podem ser vistos nesse fato. A corrupção, é notória, o ministro presidente do STF foi indicado por ser corrupto e para defender a garantir interesses dos grupos que representa. O banqueiro Daniel Dantas especificamente. O governo FHC. Todo o conjunto de banqueiros, empresários e latifundiários que se apoderou do País na onda neoliberal.
As diárias são mera conseqüência daquilo que Gilmar Mendes de fato tem como tarefa. Da razão de ser de sua indicação, à época questionada por juristas com notório saber e reputação ilibada, caso de Dalmo Dallari, como por políticos ligados a FHC, o falecido senador Antônio Carlos Magalhães, com notório saber na área da corrupção e do “coronelismo”.
Gilmar Mendes me traz à memória Mariel Mariscot. Um policial do antigo estado da Guanabara exibido pela direita como exemplo de combatente contra o crime e que, num dado momento, era apenas um criminoso.
Gilmar nesses anos em que vem exercendo o papel de limpa trilhos da sujeira tucana, da corrupção do esquema FIESP/DASLU, defensor de banqueiros e bancos, foi se cacifando e hoje é dono de uma rede de faculdades, através de um instituto de estudos de direito e latifundiário em sua cidade, Diamantino, no Mato Grosso. E que controla com mão de ferro. Elege prefeito, destitui prefeito, faz contrato da municipalidade com suas empresas. Toda a sorte de trapaças possíveis.
São dois aspectos aí então. O papel que lhe cabe no STF e o que vai amealhando no correr desse “trabalho”.
Mariel Mariscot num dado momento, no mundo crime, capa de revista, pinta de galã, namorando atrizes, cismou que era um dos grandes, ou poderia ser um dos grandes e foi pleitear junto a figuras como Castor de Andrade, capitão Guimarães, etc, donos do jogo do bicho, uma fatia do mercado para si. Queria deixar de ser menino de ouro como era chamado – os homens de ouro da polícia, na versão do antigo apresentador de tevê Flávio Cavalcanti, fascista contumaz – e virar um dos parceiros dos donos, um dos condôminos do “negócio”. Um deles.
Castor, Guimarães, essa turma resolveu o problema Mariel Mariscot dentro do código que presidia seus “negócios”. O policial apareceu morto e pronto. O risco de chantagens – valia-se disso – e de ter mais um a repartir o botim do jogo do bicho foi liquidado com uns tiros.
Gilmar vai ser útil a essa turma da qual é empregado enquanto for útil. É simples assim. Passada essa utilidade vira bagaço, ganha uma aposentadoria, mas milionário e vai para o ostracismo com a patente de “coronel” Gilmar Mendes, dono de Diamantino no Mato Grosso.
A lógica é a mesma. Tanto da que liquidou Mariscot, como da que garante e vai liquidar Gilmar com uma única diferença. No crime legalizado, o de Gilmar – Mariel Mariscot era do organizado – não se mata, ou quando se mata, mata-se bagrinhos que querem virar tubarões –. Para que isso aconteça é necessário que o estrago coloque em risco toda a turma. E Gilmar e figuras como ele têm consciência dos seus limites.
Sabe que acima dele, com toda a presunção e arrogância, existem obstáculos instransponíveis. É uma espécie de capataz. Isso, exatamente isso. O estágio intermediário entre os donos e os empregados somos as vítimas desse processo.
Os R$ 114 205,93 são um adereço nesse esquema todo. Deve ser inclusive, se já não foi, alertado por seus superiores para maneirar um pouco e evitar a exposição na mídia com fatos assim, que podem acabar por complicar o esquema, ou principalmente prejudicar o que lhe cabe como tarefa e aí o problema é dele. Arranjam outro com facilidade.
Que tenha contratado o jornalista Heraldo Pereira da GLOBO para seu instituto/arapuca em Brasília, faz parte do esquema. É uma rede. Há um comando geral, um comando nacional e os tentáculos. Gilmar é um, a GLOBO é outro. Quando a revista VEJA, logo após a prisão de Dantas, inventou a história das gravações no gabinete de Gilmar – nunca apareceram porque não existem – estava cumprindo o seu papel no esquema. Forjando, mentindo para ilaquear a opinião pública e começar o processo de liquidação do delegado Protógenes Queiroz. Funciona como demonstração do que são capazes de fazer. Como qualquer quadrilha.
O PCC elimina os que se lhe opõem dificuldades, ou atravessa os caminhos do grupo. Beira-mar a mesma coisa. Por que o esquema em que Gilmar está dentro, digamos assim, seria diferente? São criminosos. Só que uns amparados e guardados pelas leis que eles fazem e eles julgam.
O que espanta é que ministros como Eros Graus, com notório saber jurídico e um passado de lutas aceite ser solidário com alguém que ele sabe ser bandido. Preservar a instituição? Ora quando Gilmar foi a instituição? É um câncer na instituição. Graus tem votos importantes como no caso da reserva de Raposa do Sol, na Lei de Imprensa, no caso das licitações das bacias sedimentares, no monopólio postal da União, no impedir a cobiça irresponsável dos donos na questão do Banhado do Taim, enfim, por que comprometer tudo isso com uma instituição que na visão de Gilmar é STF DANTAS INCORPORATION LTD?
A soma de todos esses braços ou tentáculos joga com um interesse maior e de suma importância para cada cidadão brasileiro. O controle desse imenso país de dimensões continentais, com um peso político e econômico no mundo cada vez maior. Apostam num projeto José Serra 2010 que vem de fora. Representa a entrega definitiva do Brasil ao capital internacional. Vamos virar um País sem rosto. Mero adereço em todo o conjunto de nações do mundo.
E não é isso, certamente, que queremos. Mas é isso que precisamos perceber e é simples perceber todas essas manobras dessa grande quadrilha. A figura maior no Brasil é FHC. Serra se prepara para assumir o trono e Gilmar é um dos braços desse projeto. Um funcionário qualificado desse esquema.
Há quem diga que isso “é briga de cachorro grande” e assim foge do debate. “Não é comigo”. Ou “tenho meu emprego, minha casa, não quero saber, cuido de mim”. Não percebe que paga a conta e não falo só de conta em espécie, dinheiro, mas paga a conta de um futuro que não vai existir e não somos apenas, cada um de nós, um ser que se esgota em si. Temos extensões, nos prolongamos nos filhos, nos netos, como somos prolongamento dos pais, dos avós.
O que está em jogo é muito mais que a bandalheira das diárias. Essa é conseqüência, não é causa.
Temos o hábito de só tomar conhecimento do problema quando nos atinge diretamente. Somos induzidos a isso pela mídia, que é deles. Acreditamos nas fantasias vendidas pelos meios de comunicação. Nos horrorizamos com as “denúncias” de jornalistas corruptos como Heraldo Pereira. Ou Miriam Leitão.
Aceitamos passivamente, sem discutir, que classifiquem um presidente eleito pelo voto e confirmado pelo voto, Hugo Chávez, como ditador. Claro, contrariam seus interesses e defendem os interesses de seus países. Chávez, Morales, Corrêa, Ortega e muitos outros.
É inacreditável que um deputado que se afirma comunista pretenda ignorar o genocídio que foi a guerra do Paraguai. Brasil, Argentina e Uruguai financiados pela coroa inglesa, em função dos interesses britânicos massacrando um povo. E voltamos as costas às legítimas pretensões do presidente Lugo de rediscutir o tratado de Itaipu montado e orquestrado por duas ditaduras hediondas. A militar no Brasil e a do general Stroessner no Paraguai. Onde Aldo Rebelo é comunista com essa posição?
É simples a percepção que o modelo está falido. Isso não significa que tenhamos que desprezar o processo eleitoral. É um instrumento e Serra é um retrocesso. As diárias pagas a um funcionário do segundo escalão dessa gente, Gilmar Mendes, são detalhes em todo o jogo.
É de cachorro grande sim, mas é preciso enfrentá-los. É mais ou menos como um pit bull partindo para cima de você. Se você tem onde se esconder vai ficar escondido o tempo que o pit bull estiver ali. Caso contrário vai lutar por você e suas extensões, vamos ficar nessa expressão, que são o futuro. Ou vai se deixar estraçalhar.
Vou abrir a janela e olhar minha roseira. E daí? Até quando? Qual o significado da roseira? Estou vivo, estou no mundo dito real? Vai ficar até o dia que Ermírio de Moraes achar que é preciso passar a máquina na roseira e na sua vida para plantar “progresso”. Tem idéia de quantos perderam casas, terras, vidas por conta desse “progresso”? Não dá na GLOBO.
O caso Protógenes encerra uma lição importante. A simples percepção, é simples, que o modelo está falido e os bandidos, os verdadeiros bandidos, ou os maiores bandidos, a maior quadrilha, da qual Gilmar Mendes é parte, não vão hesitar um só minuto em passar por cima da sua, da minha, das nossas roseiras em função do que representam e do que querem.
E o que querem é o horror de Gaza. Os escombros do Afeganistão. As torturas de Guantánamo. O controle dos “negócios”.
Ou será que você acredita que políticos venais como Tasso Jereissati, pilantra lato senso, está preocupado com alguma irregularidade na PETROBRAS quando exige uma CPI? Quer é a PETROBRAX o mais breve possível para embolsar o seu e danem-se os brasileiros.
Não há saída sem constatar que o modelo está falido. Não existe capitalismo a brasileira. Capitalismo é capitalismo e pronto.
Num momento único na América Latina, particularmente na América do Sul, ou nos percebemos e nossa identidade, ou viramos bagaços dos donos.
As diárias de Gilmar servem para pagar ações nesse sentido. A coisa é por aí.
Você acha que um deputado corrupto como Raul Jungman, de um partido de um corrupto como Roberto Freire, está preocupado com “terroristas” no Brasil? Um comerciante libanês indignado com as barbáries de Israel contra seu povo? Por detrás disso está o Aqüífero Guarani, estão águas, estão riquezas de nosso País e de todos nós brasileiros, o projeto de uma base militar dos EUA na região de Foz do Iguaçu que FHC quase conseguiu. Ficou na quase, felizmente.
Por isso que Protógenes vai ser sempre culpado – é para servir de exemplo a outros Quixotes – E que a Coréia do Norte vai ser parte do “eixo do mal”. Já Hiroshima e Nagasaki foram decisões “necessárias” pela paz, pela democracia, pelos direitos humanos.
Se não percebemos essa lógica perversa e simples vamos dançar e sem música, talvez com uma marcha fúnebre.
E um pequeno detalhe. Quixote? Sim, mas nada quixotesco com o sentido que pretendem imputar à expressão. Essa luta não quixotesca, é de sobrevivência.
Refazer o modelo passa entre outras coisas por formação e organização popular e desemboca numa Assembléia Nacional Constituinte onde todos estejamos representados e presentes ao mesmo tempo.
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